PT1503630E

PT1503630E - Processo para a produção de um produto lácteo isento de lactose

Info

Publication number: PT1503630E
Application number: PT03725236T
Authority: PT
Inventors: Olli Tossavainen; Janne Sahlstein
Original assignee: Valio Ltd
Priority date: 2002-05-14
Filing date: 2003-05-13
Publication date: 2007-11-09
Also published as: EP1503630B1; AU2003227788B2; AU2003227788A1; HRP20041055B1; RU2004136296A; IL165149A0; WO2003094623A1; PL208750B1; JP2010279379A; FI20020907A; DE60317057D1; HRP20041055A2; ATE376362T1; US7829130B2; DE60317057T2; FI20020907A0; BR0309846B1; JP5027286B2; DK1503630T3; US20050214409A1

Description

1

DESCRIÇÃO

"PROCESSO PARA A PRODUÇÃO DE UM PRODUTO LÁCTEO ISENTO DE LACTOSE"

OBJECTO DA INVENÇÃO A presente invenção refere-se a um processo de produção de produtos lácteos isentos de lactose e particularmente à utilização de diferentes técnicas de membrana na produção dos produtos lácteos.

ANTECEDENTES DA INVENÇÃO

As técnicas de membrana são processos de separação conhecidos, utilizados tanto a nivel molecular como iónico. Estes processos consomem pouca energia e permitem a concentração e fraccionamento do leite. É poupada energia, por exemplo porque a utilização de técnicas de membrana não exige uma mudança de fase na drenagem como é o caso da condensação e evaporação.

Em termos gerais, são utilizados processos de filtração em membrana de quatro tipos básicos, cada um dos quais com um diferente objectivo de utilização. De acordo com a capacidade de separação, estes quatro tipos básicos são, começando no que tem a menor dimensão de poro para o que tem a maior dimensão de poro, osmose inversa (01), nanofiltração (NF), ultrafiltração (UF) e microfiltração (MF). Destes a osmose inversa é geralmente utilizada para a concentração, a ultrafiltração e microfiltração para o fraccionamento e a nanofiltração tanto para a concentração como a fraccionação. 2 A microfiltração, ultrafiltração e nanofiltração são processos de separação de membrana, em que o líquido é filtrado através de um membrana semi-permeável. Uma membrana semi-permeável é uma membrana que deixa passar apenas parte dos componentes numa solução. 0 sistema pode também incluir um filtro preliminar para a separação por filtração dos componentes maiores ou precipitados. A osmose é um movimento espontâneo de um líquido através de uma membrana semi-permeável a partir de uma solução diluída através da membrana para uma solução mais concentrada. Num dispositivo de osmose inversa, o fluxo é invertido por um aumento da pressão da solução concentrada para exceder a pressão osmótica. A osmose inversa permite a separação dos sais dissolvidos. Na prática, o líquido (permeato) obtido a partir de osmose inversa é suficientemente puro para ser descarregado num esgoto. A utilização mais vulgar da osmose inversa encontra-se na produção de água potável a partir de água do mar. A utilização de técnicas de membrana permite a separação dos componentes lácteos fazendo o leite fluir a uma pressão mais elevada através de uma membrana. Os componentes que são menores do que a dimensão do poro da membrana irão então passar através da membrana (permeato) e os componentes maiores serão retidos atrás da membrana (retido). Por outras palavras, são sempre gerados dois fluxos que saem do sistema de separação.

Durante as últimas décadas a indústria de lacticínios tem utilizado com êxito as técnicas de membrana, por exemplo no tratamento de soro de leite e águas residuais. No entanto, foi feita uma observação nas indústrias de lacticínios, que 3 as técnicas de membrana são extremamente adequadas para o tratamento de leite de vaca, que se sabe conter quantidades abundantes de valiosos nutrientes e compostos funcionais. Estudos recentes têm-se concentrado, de facto, na filtração por membrana do leite e utilização deste leite filtrado na produção de produtos lácteos, tal como queijo, gelado e iogurte.

Tem sido prestada uma atenção especial nestes estudos à crescente procura de produtos lácteos isentos de lactose ao longo dos últimos anos. É conhecido em geral que alguns indivíduos são intolerantes à lactose, isto é não toleram produtos lácteos contendo uma quantidade normal de lactose. Além disso, por vezes é necessário ingerir produtos lácteos com baixo teor de lactose por qualquer outra razão. Por exemplo, quando um indivíduo tomou antibióticos, a capacidade do intestino para fragmentar a lactose em monossacáridos pode ser afectada. Têm sido apresentados vários processos de eliminação da lactose do leite. Em termos gerais, o problema em todos os processos conhecidos reside numa alteração das características organolépticas. Um processo bem conhecido no campo é o processo enzimático convencional para eliminação da lactose, compreendendo o processo a etapa de adição de lactase ao leite, resultando assim na conversão de mais de 80% da lactose em monossacáridos, isto é glucose e galactose. Neste caso, o problema reside no sabor inaceitavelmente doce do leite, provocado pelos monossacáridos. A publicação WO 00/45643 apresenta um processo que tenha como objectivo a retenção das características 4 organolépticas do leite. De acordo com a publicação, este objectivo é atingido pela redução da guantidade de lactose de forma atingir uma razão de lactose para proteína de cerca de 1:1 e tratamento subsequente do leite com lactase de forma a converter a lactose residual em monossacáridos. De acordo com a publicação, a quantidade de lactose pode ser reduzida, tanto por ultrafiltração como por diafiltração. A característica essencial do processo apresentado reside na redução da proporção de lactose para proteína. Este objectivo é também atingido por meio do aumento da quantidade de proteína, seja por meio de concentração do leite original como por meio de adição de proteínas ao leite em qualquer etapa do processo. 0 problema neste processo reside no facto de, em associação com a ultrafiltração ou diafiltração, serem eliminados do leite não só a lactose como também parte dos sais que têm um nítido significado para o sabor do leite. Outra desvantagem da utilização da ultrafiltração reside na dificuldade da utilização do produto secundário, permeato, que contém água, lactose, sais e compostos de azoto com baixo peso molecular. A publicação finlandesa 104 783 Bl apresenta um processo de preparação de um pó salino de soro do leite a partir de soro do leite ou um permeato que permeia a ultrafiltração do leite. O processo inclui a nanofiltração, concentração e secagem do soro de leite ou do permeato. O pó de sal de soro de leite obtido pelo processo é utilizável como um substituto do sal de mesa convencional (NaCl). A publicação europeia 226 035 Bl apresenta um processo de separação específica da lactose do leite por cromatografia. No processo, o leite é fraccionado de tal forma que uma 5 fracção de lactose é separada e os sais mantêm-se na fracção de proteína ou na fracção de proteína/gordura. A vantagem do processo reside na obtenção, em vez de um permeato, de uma solução de lactose pura, mantendo-se no leite todas as substâncias significativas para o sabor, incluindo sais. No entanto, a separação por cromatografia é um processo moroso e complexo. Outro problema da separação por cromatografia reside no elevado preço de compra do equipamento, uma vez que as leitarias convencionais não têm habitualmente equipamento desse. A publicação WO 93/022037 apresenta um processo de filtração por membrana de leite para a regulação dos componentes sólidos do leite. De forma a aumentar o teor de sais monovalentes sem aumentar o teor de lactose do leite podem ser utilizadas a ultrafiltração, nanofiltração e osmose inversa. Os sais são devolvidos sob a forma de um retido 01 para um tubo de alimentação de uma unidade de ultrafiltração. A desvantagem do processo reside no facto de o retido 01 devolvido à filtração UF tem apenas o mínimo efeito no teor de sal do retido UF. A aplicação da patente francesa 2125137 descreve um processo de produção de um produto lácteo isento de lactose através das etapas de ultrafiltração e uma osmose inversa, em que um permeato a partir da ultrafiltração é tratado por meio de osmose inversa, obtendo-se assim uma fracção retida pela osmose inversa e contendo lactose e outra fracção passada através da membrana de filtração e contendo sais minerais e água. Esta última fracção, isto é o permeato, é combinada com um retido da ultrafiltração. A composição e concentração dos sais a serem retidos/passados para o permeato 01 não pode ser controlada por este processo 6 bifásico. Assim, não é possível obter as características organolépticas favoráveis de um produto lácteo isento de lactose por ultrafiltração e osmose inversa.

BREVE DESCRIÇÃO DA PRESENTE INVENÇÃO 0 objecto da presente invenção consiste, assim, em proporcionar um processo de resolução do problema anteriormente apresentado. 0 objecto da presente invenção é atingido por meio de um processo que é caracterizado pelo que é afirmado nas reivindicações independentes. As concretizações preferidas da presente invenção são descritas nas reivindicações dependentes. A presente invenção baseia-se na surpreendente observação que os sais que são eliminados em associação com a ultrafiltração convencional podem ser devolvidos ao produto lácteo utilizando o processo da presente invenção, em que o produto lácteo é sujeito a ultrafiltração, concentrado e concentrado por meio de osmose inversa, seguida da adição de sal do retido UF. 0 produto lácteo com baixo teor de lactose obtido desta forma pode ser sujeito a hidrólise, em que a lactose residual é convertida em monossacáridos por meio da enzima lactase, tendo como resultado um produto lácteo substancialmente isento de lactose.

Uma vantagem do processo da presente invenção consiste no facto de se manterem as características organolépticas do produto lácteo. Para além disso, no processo da presente invenção, os escoamentos gerados, o retido NF e o permeato 01, podem ser facilmente sujeitos a mais processamento. 0 retido NF contém principalmente lactose e água e o permeato 01 contém essencialmente apenas água. 0 permeato 01 obtido é suficientemente puro para ser utilizado, por exemplo como 7 água de enxaguamento na lavagem do equipamento. Outra vantagem reside no facto de o processo da presente invenção permitir a produção de um produto lácteo contendo apenas componentes originários do leite. No entanto, este aspecto não é imprescindível para a presente invenção, mas no processo da presente invenção podem também ser adicionadas outras substâncias ao produto lácteo se for necessário.

BREVE DESCRIÇÃO DAS FIGURAS

Nas seguintes concretizações da presente invenção preferidas passa-se a descrever pormenorizadamente, fazendo referência à figura anexa, em que a figura 1 mostra um diagrama de blocos de um processo de uma concretização da presente invenção.

DESCRIÇÃO PORMENORIZADA DA PRESENTE INVENÇÃO A presente invenção refere-se a um processo para a produção de um produto lácteo isento de lactose, caracterizado pelas etapas de sujeição do produto lácteo a ultrafiltração, nanofiltração e concentração por meio de osmose inversa e adição de sal ao retido UF. 0 processo da presente invenção permite a eliminação da lactose do leite sem qualquer efeito nas características organolépticas do produto lácteo a produzir uma vez que os sais que são eliminados em conjunto com a eliminação da lactose podem ser restaurados e/ou substituídos. 0 processo da presente invenção inclui de preferência as etapas de a) ultrafiltração do leite, b) nanofiltração do permeato UF obtido a partir da ultrafiltração, c) concentração do permeato NF obtido na etapa b) por meio de osmose inversa, d) utilização do retido 01 obtido na etapa c) como um sal a ser adicionado ao retido UF.

Numa concretização da presente invenção, para além ou em vez do sal contido no retido 01, obtido a partir do mesmo processo de produção, é adicionado outro sal ao retido UF. 0 sal a ser adicionado é de preferência sal de soro de leite, que é, por exemplo, um retido 01 preparado a partir de um permeato de nanofiltração de soro de leite ou pó de sal separado por cromatografia. 0 sal de soro de leite pode ser adicionado tanto por pulverização como numa solução. 0 retido UF e o retido 01, feito a partir do permeato de ultrafiltração do leite e que se lhe será adicionado e pode também ter origem em processos diferentes. A figura 1 mostra um diagrama de blocos de uma forma de concretização da presente invenção. Nas concretizações preferidas seguintes do processo diferente serão descritas etapas. Na presente publicação, as percentagens referem-se a percentagens em peso excepto se houver indicação em contrário. A ultrafiltração é realizada de preferência por meio de coeficiente de concentração k = 1 a 4, mais preferivelmente k = 1,5 a 2. 0 coeficiente de concentração (k) refere-se à proporção de peso entre a alimentação liquida da filtração e o retido e é indicada pela seguinte fórmula: 9 k = Alimentação (kg) retido (kg) O permeato UF gerado no leite de ultrafiltração contém tipicamente cerca de 4,3 % de lactose e cerca de 0,4 % de cinzas, estando o seu teor de matéria seca entre 5,0 e 5,5 %. O retido UF (k = 1,5 a 2) gerado na ultrafiltração contém cerca de 5 a 7 % de proteína, cerca de 4,6 a 4,9 % de lactose e cerca de 1,0 a 1,2 % de cinza, estando o seu teor de matéria seca entre 11 e 14 %. As membranas adequadas são, por exemplo GR81PP e GR61PP, fabricadas pela Danish Separation Systems, Dinamarca.

No processo da presente invenção, a ultrafiltração é realizada de preferência por meio de coeficiente de concentração k = 1 a 6, mais preferivelmente k = 3 a 5. O permeato (permeato NR) gerado na nanofiltração contém principalmente sais univalentes e ureia, estando o seu teor de matéria seca entre 0,1 e 0,3 %. O retido NF gerado na nanofiltração contém lactose (cerca de 90 % da matéria seca) e o seu teor de matéria seca situa-se entre 20 e 24 %. As membranas adequadas são por exemplo Desal 5.(Osmonics Inc., EUA) e NF45 (Filmtee, EUA).

No processo da presente invenção, a osmose inversa é realizada de preferência por meio de coeficiente de concentração k = 2 a 20, mais preferivelmente k = 5 a 12. Este permeato (permeato 01) gerado pela osmose inversa contém principalmente apenas água. O retido 01 gerado na osmose inversa contém tipicamente 0,5 a 2 % de cinzas, estando o seu teor de matéria seca entre 1 e 3 %. As 10 membranas adequadas são, por exemplo Nanomax-95, fabricada pela Millipore Corp., EUA.

Numa concretização da presente invenção o leite é padronizado até ao teor de gordura desejado antes da ultrafiltração. Na produção de leite, o teor de gordura pode variar entre 0 e 7 %, estando preferivelmente entre 0 e 4,5 %. Se o teor de gordura no leite exceder 7 %, então está geralmente envolvida a nata. O processo da presente invenção pode também ser utilizado para a produção de nata isenta de lactose. O leite pode também ser sujeito a um tratamento térmico, isto é pasteurizado antes da ultrafiltração. A pasteurização refere-se ao aquecimento de produtos alimentares líquidos (particularmente o leite), a uma temperatura entre 60 e 90 °C para destruir substâncias patogénicas. O processo da presente invenção inclui também de preferência uma etapa de hidrólise enzimática, em que a lactose residual é convertida em monossacáridos por meio de lactase, isto é β-D-galactosidase. Várias enzimas diferentes, adequadas para utilização no processo da presente invenção, encontram-se disponíveis comercialmente. Estas incluem, por exemplo, lactases produzidas por Kluyveromyces fragilis (p.ex. HA-lactase, Chr. Hansen NS, Dinamarca) ou lactases produzidas por Kluyveromyces lactis (e.g. Validase, Valley Research Inc., EUA). A hidrólise dura de preferência 1 a 36 horas e é realizada a uma temperatura de 5 a 70 °C, de preferência 6 a 15 °C. No entanto, deve-se ter em conta que os fabricantes de enzimas 11 comerciais indicam as condições óptimas de hidrólise para as suas enzimas nas suas próprias instruções. 0 teor de matéria seca do produto lácteo obtido pelo processo da presente invenção pode ser ajustado por meio da adição de água. Por outro lado, o processo da presente invenção pode também ser utilizado para a produção de leite em pó isento de lactose, isto é o leite obtido é seco. A produção de pó é particularmente adequada para a produção de leite em pó isento de lactose e isento de gordura, mas podem também ser produzidos pós gordos.

Antes de o produto lácteo ser embalado, o leite pode ser sujeito a um tratamento térmico, por exemplo por meio de pasteurização (72 °C, 15 s), por meio de tratamento ELS (130 °C, 1 a 2 s) ou por meio de tratamento UHT (138 °C, 2 a 4 s) . O processo da presente invenção é particularmente adequado para o tratamento de leite de vaca. No entanto, o termo "leite" refere-se a qualquer normal secreção obtida das glândulas mamárias de mamíferos tal como leite de vaca, de cabra, de égua ou de ovelha. O termo "leite padronizado" refere-se a leite cujo teor de gordura foi normalizado ao nível desejado. O produto lácteo produzido pelo processo da presente invenção pode ser por exemplo, leite, iogurte, coalhada, requeijão ou uma bebida de leite coalhado, tal como leite coalhado ou leitelho. O processo permite também o ajuste do teor de matéria seca facultativamente, sendo o produto uma substância líquida, gelatinosa ou sólida. O produto obtido pelo processo da presente invenção tanto pode ser ingerido per se ou 12 acrescentado como um aditivo a um alimento ou parte deste. Os alimentos podem ser produtos de, por exemplo, indústria de lacticinios, indústria de processamento de carne, indústria de alimentos confeccionados, indústria de bebidas, indústria panificadora ou indústria de confeitaria.

Exemplo 1 30 litros de leite pasteurizado (72°C, 15 s), com um teor de gordura de 1,5 %, foram sujeitos a ultrafiltração a 50°C com um ultrafiltro Labstak. à escala laboratorial, a uma razão de concentração de 1,5, utilizando membranas GR61PP com um valor limite de 20.000 Da. Tanto o retido obtido (20 1) e o permeato obtido (10 1) foram recuperados. O permeato foi sujeito a nanofiltração à temperatura ambiente, com um coeficiente de concentração 4 através de membranas de nanofiltração Nanomax-50, fazendo passar os iões equivalentes através da membrana (retenção NaCl <65 %). O principal componente do permeato (7,5 1), lactose, ficou retido na porção retida na nanofiltração. Na nanofiltração, os sais foram eliminados do permeato UF, isto é a porção lactose (2,5 1) e por conseguinte o retido de nanofiltração era adequado para ser utilizado como fracção de lactose de baixo teor de sódio. O permeato da nanofiltração (7,5 1) foi concentrado à temperatura ambiente, utilizando membranas de osmose inversa Nanomax-95 (Millipore), por meio de coeficiente de concentração 10, tendo-se concentrado os sais contidos no nanopermeato no retido de osmose inversa (retenção NaCl > 94 %) . O retido 01 obtido deste modo é utilizável na produção de leite isento de lactose na restauração de sais. 13 69,2 g de retido UF e 10,5 g de retido 01 e 20,3 g de água são misturados e são adicionados 0.35 g de lactase HA (Chr. Hansen A/S, Dinamarca). A mistura foi deixada hidrolisar a 10 °C durante 24 horas, neste intervalo de tempo o teor de lactose caiu abaixo de 0,01 %. O quadro 1 mostra as composições do retido UF e o retido ΟΙ. A composição do produto obtido é muito próxima do leite desnatado vulgar e sabe a leite desnatado mas é completamente isento de lactose (lactose < 0,01 %).

Quadro 1. Produção de leite isento de lactose a partir de leite normalizado e um retido 01 feito a partir de permeato UF do leite

Componente Retido UF k=l, 5 Retido 01 Leite isento de lactose Leite desnatado Teor total de proteínas, % 4,79 0,34 3,35 3,3 Teor real de proteínas, % 4,63 0 3,21 3,14 NPN (x 6.38), % 0,16 0,34 0,15 0,16 Lactose, % 4,37 0,15 <0,01 4,64 gllucose + galactose, % 3,0 Ácido láctico, % 0,2 n.m. 0,2 0,2 Gordura, % 2,22 0 1,5 1,5 Cinzas, % 0,91 1,52 0,79 0,79 Matéria seca, % 12,49 1,90 8,84 10,39 n.m. = não medido O leite isento de lactose, isento de gordura ou, por exemplo, com 3,5 % de gordura pode ser produzido da mesma forma. Neste caso, de forma correspondente, o leite de arranque tem de ser isento de gordura ou ter um teor de gordura de 3,5 %. 14

Exemplo 2 30 litros de leite pasteurizado (72°C, 15 s), com um teor de gordura de 1,5 %, foram sujeitos a ultrafiltração a 50°C, a uma razão de concentração de 1,5, utilizando membranas GR61PP com um valor limite de 20.000 Da. Tanto o retido obtido (20 1) e o permeato obtido (10 1) foram recuperados.

Em vez do retido 01 produzido a partir do permeato UF do leite, em queijarias, é tomado um concentrado (retido 01) feito a partir do permeato da nanofiltração do soro de leite, sendo a composição do concentrado semelhante ao do retido 01 feito a partir do permeato UF do leite (quadros 1 e 2) . 69,2 g de retido UF e 10,5 g de concentrado de sal e 20,3 g de água são misturados e são adicionados 0.35 g de lactase HA (Chr. Hansen A/S, Dinamarca). A mistura foi deixada hidrolisar a 10 °C durante 24 horas, neste intervalo de tempo o teor de lactose caiu abaixo de 0,01 %. O quadro 2 mostra as composições do retido UF e o retido ΟΙ. A composição do produto obtido é muito próxima do leite desnatado vulgar e sabe a leite desnatado mas é completamente isento de lactose (lactose < 0,01 %).

Quadro 2. Produção de leite isento de lactose a partir de leite normalizado e um retido 01 obtido a partir da nanofiltração do soro de leite. 15

Componente Retido UF k=l,5 Retido 01 Leite isento de lactose Leite desnatado Teor total de proteínas, % 4,79 0,36 3,35 3,3 Teor real de proteínas, % 4,63 0 3,21 3,14 NPN (x 6.38) , % 0,16 0,36 0,15 0,16 Lactose, % 4,37 0,13 <0,01 4,64 gllucose + galactose, % 3,0 Ácido láctico, o, "o 0,2 n .m. 0,2 0,2 Gordura, % 2,22 0 1,5 1,5 Cinzas, % 0, 91 1,52 0,79 0,79 Matéria seca, % 12,49 1,86 8,84 10,39 0 retido 01 obtido a partir da nanofiltração do soro de leite pode ser utilizado na produção de leite isento de lactose, tal como o retido 01 obtido a partir do permeato UF do leite.

Exemplo 3 0 leite produzido de acordo com o exemplo 1 ou 2 pode também ser reduzido a pó por secagem. 0 leite é pasteurizado a 75 °C ± 3 °C/3 min e evaporado até um teor de matéria seca de 40 a 45 %. É então alimentado num secador pulverizador. A secagem com um secador laminar (Filtermat) é realizada aos valores de secagem correspondentes dos leites em pó com teor de lactose normal-hidrolisados.

Pressão do bocal 110 a 150 bar

Temperatura do ar no bocal entre 185 e 190 °C

Temperatura do ar lamelar entre 160 e 190 °C 16 Pós secagem entre 120 e 130 °C Arrefecimento entre 20 e 25 °C Temperatura de saída 60 e 65 °C Humidade pretendida 1,75 %, máximo 2,3 % A produção de pó é particularmente adequada para a produção de leite em pó isento de lactose e isento de gordura, mas podem também ser produzidos pós gordos.

Exemplo 4

Os produtos lácteos isentos de lactose de acordo com os exemplos 1 a 3 podem ser utilizados para prosseguir com o processamento de produtos convencionais mas isentos de lactose. O leite isento de lactose pode ser utilizado para produzir nata isenta de lactose por meio do ajuste do teor de gordura do produto adequado antes da hidrólise da lactose. O leite isento de lactose pode também ser utilizado para produzir coalhada por meio de adição do agente acidulante ao leite e deixando o leite coalhar tal como na produção normal da coalhada. O gelado isento de lactose pode ser produzido da mesma forma que a partir de leite normal. De modo semelhante, quase todos os produtos lácteos fabricáveis podem ser produzidos isentos de lactose, por meio de tecnologia de fabrico convencional. Poderão ser necessárias alterações mínimas nos parâmetros da produção dos diferentes produtos quando se utiliza leite isento de lactose. É óbvio para uma pessoa competente na matéria que à medida que a tecnologia progride, a ideia básica da presente invenção pode ser implementada de uma multiplicidade de formas. A presente invenção e as suas concretizações não se 17 limitam assim aos exemplos anteriores, pelo contrário podem variar no âmbito das reivindicações.

Lisboa, 26 de Outubro de 2007

Claims

1 REIVINDICAÇÕES 1. Processo para a produção de um produto lácteo substancialmente isento de lactose, caracterizado pelas etapas de a) ultrafiltração do leite, b) nanofiltração do permeato UF obtido a partir da ultrafiltração, c) concentração do permeato NF obtido na etapa b) por meio de osmose inversa, d) utilização do retido 01 obtido na etapa c) como um sal a ser adicionado ao retido UF e e) hidrolisação do produto lácteo por meio de lactase.

2. Processo tal como reivindicado na reivindicação 1, caracterizado por se adicionar outro sal ao retido UF para além do retido 01.

3. Processo tal como reivindicado na reivindicação 2, caracterizado por o outro sal ser sal de soro de leite.

4. Processo tal como reivindicado na reivindicação 1, caracterizado por a hidrólise levar 1 a 36 horas.

5. Processo tal como reivindicado na reivindicação 4, caracterizado por se realizar a hidrólise a uma temperatura entre 5 e 70 °C.

6. Processo tal como reivindicado em qualquer uma das reivindicações precedentes, caracterizado por se tratar o leite até ao teor de gordura desejado e o pasteurizar antes da ultrafiltração. 2

7. Processo tal como reivindicado em qualquer uma das reivindicações precedentes, caracterizado por incluir também ajustes do teor de matéria seca do produto lácteo por meio da adição de água.

8. Processo tal como reivindicado em qualquer uma das reivindicações precedentes, caracterizado por a) ultrafiltração do leite a coeficiente de concentração 1 a 4, b) nanofiltração do permeato UF obtido a partir da ultrafiltração a coeficiente de concentração 1 a 6, c) concentração do permeato NF obtido na etapa b) por meio de osmose inversa a coeficiente de concentração 2 a 20. Lisboa, 26 de Outubro de 2007 1/1