BR112017000180B1

BR112017000180B1 - instrumento endodôntico para a perfuração de canais radiculares.

Info

Publication number: BR112017000180B1
Application number: BR112017000180-2A
Authority: BR
Inventors: Olivier Breguet; Jean-Claude Rouiller
Original assignee: Fkg Dentaire Sa
Priority date: 2014-07-07
Filing date: 2015-07-06
Publication date: 2020-12-08
Also published as: KR20170034394A; CA2953255A1; SG11201700041TA; CH709851A1; NZ728894A; HK1231358A1; WO2016004541A1; MY186555A; CL2017000045A1; IL249761B; RU2017101594A; IL249761A0; RU2017101594A3; MX2017000096A; BR112017000180A2; AU2015286169B2; CH709851B1; US20180177568A1; CN106572893A; EP3166528A1

Abstract

INSTRUMENTO ENDODÕNTICO PARA A PERFURAÇÃO DE CANAIS RADICULARES A presente invenção se refere a um instrumento endodôntico (10) para o preparo de um dente de um paciente, notadamente um instrumento de limpeza do canal radicular que respeita a geometria natural desse canal. 0 instrumento (10) comporta uma ponteira rígida (11) disposta para ser montada sobre um suporte giratório (102) de um aparelho (103), denominado contra-ângulo, e um setor de trabalho (12). Esse setor de trabalho (12) compreende um trecho de extremidade livre (13), e é ajustado para ser encaixado nesse canal radicular (101). O setor de trabalho (12) é constituído de um primeiro segmento ativo (14) sensivelmente retilíneo, disposto no prolongamento dessa ponteira rígida (11) e de um segundo segmento ativo (15) que compreende esse trecho de extremidade livre (13). No estado estático, esse segundo segmento ativo (15) é sensivelmente retilíneo e nesse estado dinâmico esse segundo segmento ativo (15) apresenta uma forma arqueada.

Description

Domínio técnico

[0001] A presente invenção se refere a um instrumento endodôntico, para o preparo de um dente de um paciente, notadamente a um instrumento de limpeza do canal radicular que diz respeito à geometria natural desse canal, esse instrumento sendo fabricado em um material com memória de forma e tendo um primeiro estado estático e um segundo estado dinâmico, esse primeiro estado estático correspondendo a uma geometria sensivelmente retilínea para facilitar a introdução parcial do instrumento nesse canal radicular e esse segundo estado dinâmico correspondendo a uma geometria estruturada, uma manutenção flexível, esse instrumento endodôntico sendo acionado em rotação para efetuar a limpeza da parede interna desse canal radicular, respeitando sua geometria natural, e apresentando uma ponteira rígida para ser montada sobre um suporte giratório, e um setor de trabalho ajustado para ser encaixado nesse canal radicular.

Técnica anterior

[0002] A limpeza e a enformação dos canais radiculares de um dente, em vista de receber substâncias de obturação, são feitas habitualmente por meio de instrumentos de perfuração tendo uma parte ativa, dita parte de trabalho, que tem por finalidade moldar, entalhar e limpar as paredes internas do canal radicular para prepará-lo para receber os materiais de tratamento, depois uma matéria de obturação, a fim de evitar qualquer fornecimento de oxigênio capaz de permitir um desenvolvimento bacteriano no dente e notadamente nas proximidades da raiz.

[0003] Esse tipo de instrumento de perfuração de canais radiculares comporta habitualmente uma parte ativa, dita trecho de corte, tendo um envoltório cônico e uma ou várias arestas de corte enroladas em hélice ao longo dessa parte ativa. Esses instrumentos têm tendência a "talhar" as paredes do canal, isto é, a entalhar a dentina, sem considerar verdadeiramente a forma natural do canal, respeitando a trajetória do canal. Ora, estudos recentes demonstram que é desaconselhado abalar a dentina, porque esse caminho tem por consequência enfraquecer o dente. Os endodontistas, os de melhores desempenhos, tentam respeitar essas diretivas e tentam encontrar instrumentos rotativos que são concebidos para lhe permitir acompanhar o canal radicular e limpar integralmente suas paredes, independentemente do perfil e da morfologia geral desse canal, sabendo-se que esta varia de um individuo para o outro. Sabe-se, por um lado, que o perfil dos cabais radiculares é extremamente variado segundo os pacientes, que esses canais têm frequentemente uma seção transversal oval irregular sobre seu comprimento e que podem apresentar um ou vários estreitamentos e setores arqueados.

[0004] Ora, praticamente todos os instrumentos endodônticos atuais para a perfuração de um canal radicular são, a priori,retilineos, mesmo se determinados apresentarem uma certa flexibilidade que lhes permite se adaptar mais ou menos ao perfil longitudinal do canal radicular. Todavia, essa flexibilidade não permite garantiruma limpeza eficaz da totalidade da parede, apresentar variações de curvatura e de seção. Além disso, o envoltório inscrito do espaço varrido por um instrumento clássico acionado em rotação em torno de seu eixo longitudinal é quase cilíndrico ou cônico em razão da geometria com simetria axial desse instrumento, de modo que as paredes de um canal radicular de seção oval não possam ser varridas por um instrumento único, mas obrigatoriamente por uma sequência de instrumentos cujas seções são evolutivas. O profissional é, por conseguinte, obrigado a trocar de instrumentos em curso de intervenção, começando por diâmetros pequenos e progressivamente maiores, o que é enfadonho e, além disso, não garante que a limpeza das paredes seja efetuada eficazmente, sem uma agressão danificável da dentina.

[0005] A quase totalidade dos instrumentos de perfuração dos canais radiculares atualmente comercializados não responde às exigências de numerosos profissionais, por um lado, porque eles não correspondem à morfologia dos canais e, por outro lado, porque comportam várias arestas de corte que talham e fresam a dentina das paredes do canal, ao invés de simplesmente seguir seu perfil para limpar-lhe a superfície. Além disso, sua rigidez relativa não permite fresar orificios cilíndricos ou cônicos a cada passagem e mesmo o deslocamento em translação, ao longo do eixo de rotação do instrumento paralelamente a ele próprio, não permite limpar todas as superficies das paredes, se estas forem ovais com seções irregulares e apresentam estreitamentos em seu comprimento.

[0006] Existe, portanto, uma necessidade parainstrumentos de um novo tipo que satisfaz as exigências dos profissionais, a saber instrumentos que têm uma flexibilidade suficiente para seguir o perfil do canal, para se apoiar sobre todas as rugosidades e as desigualdades das paredes do canal e para atritá-las para retirar a biopelicula interna sem abalar a dentina.

[0007] 0 pedido internacional WO 2012/079183 Al descreve um instrumento endodôntico que apresenta uma forma retraida de geometria retilinea, quando está em fase dita martensitica, em posição de repouso, ou no estado estático e uma forma estruturada quando ele está em fase austenitica, em posição de trabalho ou no estado dinâmico, a passagem da fase dita martensitica para a fase austenitica sendo provocada por uma variação de temperatura. No estado dinâmico, o instrumento apresenta uma forma torcida ou enrolada, apresentando várias torções em seu comprimento, essas torções podendo diminuir e travar a rotação do instrumento que sofre esforços mecânicos consideráveis.

[0008] A patente americana US 5,836,764 descreve um instrumento endodôntico, comportando uma zona de extremidade pré-curvada que é destinada a facilitar a inserção do instrumento em um canal radicular arqueado. Ela não resolve, todavia, o problema da introdução do instrumento em canais com formas complexas e não pode em nenhum caso se adaptar a essas formas, graças a uma modificação da forma em curso de utilização, como é o caso dos instrumentos fabricados em um material com mudança de forma.

Exposição da invenção

[0009] A presente invenção se propõe a realizar um instrumento que responde à totalidade das exigências expressas pelos profissionais em matéria de preparo dos canais radiculares. Com essa finalidade esse instrumento que satisfaz, de forma eficaz, os esforços impostos para efetuar o preparo desse canal, seguindo com precisão seu perfil, limpando suas paredes sem danificar por fresagem a dentina, na qual ele está localizado, isto é, alterando suas paredes para destacar as matérias moles que constituem a biopelicula sem danificar as matérias ósseas mais duras denominadas dentina. 0 instrumento, de acordo com a invenção, é fabricado para conduzir bem essas operações, independentemente da morfologia do canal, em particular se esse canal apresentar, em parte ou na totalidade, uma seção oval, se tiver ou não estreitamentos em sua extensão, se for sensivelmente retilineo ou arqueado com variações angulares em sua extensão e se suas paredes forem regulares ou apresentarem asperezas.

[0010] Esse objetivo é atingido pelo instrumento endodôntico, de acordo com a invenção, tal como definido no preâmbulo e no estado dinâmico do instrumento, esse setor de trabalho é constituído de um primeiro segmento ativo sensivelmente retilineo, e pelo menos um segundo segmento ativo, disposto no prolongamento desse primeiro setor ativo, pelo menos um segundo segmento ativo tendo uma ponteira de extremidade livre que apresenta uma forma arqueada entre o ponto de ligação com esse primeiro segmento ativo e essa ponteira de extremidade livre, esse segundo segmento ativo arqueado tendo uma flecha (d) cujo comprimento está compreendido entre a semisseção transversal a maior (a) desse canal radicular e a semisseção transversal a menor (b) desse canal radicular.

[0011] Diferentes formas de realização são consideradas. Essa ponteira de extremidade livre pode apresentar uma forma geométrica estruturada.

[0012] Essa ponteira de extremidade pode ter uma forma de chanfro. Esse chanfro tem vantajosamente um ângulo compreendido entre 30° e 60°, e, de preferência, pelo menos aproximadamente igual a 45°.

[0013] Essa ponteira de extremidade livre pode comportar uma ponteira em forma de cauda de andorinha. Essa cauda de andorinha tem, de preferência, um ângulo de abertura que se situa entre 60° e 30°, e, de preferência, próximo de 45°.

[0014] Essa ponteira de extremidade livre pode comportar uma ponteira de forma alargada. Essa ponteira de extremidade livre apresenta vantajosamente um alargamento definido por um raio de curvatura (Rl).

[0015] Essa ponteira de extremidade livre apresenta vantajosamente um alargamento definido por um ângulo sensivelmente compreendido entre 120° e 150°.

[0016] De acordo com um outro modo de realização, ela é fabricada em uma liga metálica com memória de forma, na qual a passagem da fase martensitica para a fase austenitica é feita naturalmente à temperatura do corpo entre 32°C e 37°C.

[0017] De acordo com uma variante, ela é fabricada em uma liga metálica com memória de forma, na qual a passagem da fase martensitica para a fase austenitica é feita por uma elevação de temperatura por injeção de umliquido quente ou por aplicação de vibrações induzidas por ultrassons.

[0018] Ela pode ser realizada vantajosamente em uma liga metálica que tem propriedades de superelasticidade adquiridas em consequência de um tratamento térmico.

Breve descrição das figuras

[0019] A presente invenção e sua vantagens serão melhor compreendidas com a leitura da descrição detalhada de formas de realização preferidas do instrumento, com referência aos desenhos anexados dados a titulo indicativo e não limitativo, nos quais: - a figura 1 representa o instrumento, de acordo com a invenção, representado em um estado estático e encaixado no canal radicular de um dente a ser tratado; - a figura 2 representa o instrumento, de acordo com a invenção, representado em um estado dinâmico e encaixado no canal radicular de um dente a ser tratado; - s figuras 2A e 2B representam vistas em corte transversal do dente do paciente respectivamente segundo um plano A-A e segundo um plano B-B, paralelo ao plano A-A, e dispostos a níveis diferentes; - a figura 3 representa uma vista similar àquela da figura 2, mostrando o instrumento, de acordo com a invenção, no estado dinâmico, encaixado no interior de um canal radicular, no decorrer de uma segunda fase de tratamento; - a figura 4 representa uma vista similar àquela da figura 3, mostrando o instrumento, de acordo com a invenção, no estado dinâmico, encaixado no interior de um canal radicular, no decorrer de uma terceira fase detratamento; - as figuras 5 e 6 representam uma primeira forma de realização do instrumento, de acordo com a invenção, respectivamente em seu estado estático e seu estado dinâmico; - figura 7 representa uma segunda forma de realização do instrumento, de acordo com a invenção, em seu estado dinâmico; - a figura 7A representa uma vista de detalhe da extremidade do instrumento da figura 7; - figura 8 representa uma terceira forma de realização do instrumento, de acordo com a invenção, em seu estado dinâmico; - figura 8A representa uma vista detalhada da extremidade do instrumento da figura 8; - a figura 9 representa uma segunda forma de realização do instrumento, de acordo com a invenção, em seu estado dinâmico; e a figura 9A representa uma vista detalhada da extremidade do instrumento da figura 9.

Melhores maneiras de realizar a invenção

[0020] Com referência às figuras, o instrumento endodôntico 10 que é concebido para efetuar o preparo de um dente 100 de um paciente no âmbito de um tratamento de raiz, é um instrumento de limpeza do ou de um canal radicular 101 do dente 100. Esse instrumento 10 é, contrariamente aos instrumentos conhecidos para efetuar esse preparo, disposto para limpar as paredes internas da cavidade 100 "fresar" ou "danificar" o canal, mas para seguir a trajetória natural 100 danificar a parte dura dodente. Ele é concebido para ter pelo menos um estado estático ilustrado notadamente pela figura 1 e um estado dinâmico ilustrado pela figura. Anotar-se-á que, em seu estado estático, o instrumento tem o perfil sensivelmente retilíneo e que apresenta, além disso, uma grande flexibilidade, o que lhe permite ser introduzido facilmente no canal radicular 101 do dente 100. Em seu estado dinâmico, o instrumento apresenta um perfil arqueado, com pelo menos uma curvatura, o que lhe permite exercer sua missão de limpeza das paredes desse canal radicular, varrendo a superfície interna das paredes do canal radicular.

[0021] 0 instrumento endodôntico 10 comporta uma ponteira rígida 11 disposta para ser montada sobre um suporte giratório 102 de um aparelho 103, denominado contra-ângulo, e um setor de trabalho 12. Esse setor de trabalho compreende um trecho de extremidade livre 13, e é ajustado para ser encaixado nesse canal radicular 101. O setor de trabalho 12 é constituído de um primeiro segmento ativo 14 sensivelmente retilíneo, disposto no prolongamento dessa ponteira rígida 11 e de um segundo segmento ativo 15 que compreende esse trecho de extremidade livre 13. No estado estático (ver a figura 1) esse segundo segmento ativo 15 é sensivelmente retilíneo e nesse estado dinâmico (ver a figura 2) esse segundo segmento ativo 15 apresenta uma forma arqueada entre o ponto de ligação com esse primeiro segmento ativo 14 e essa extremidade livre 13. A forma arqueada do segmento ativo 15 pode corresponder a um arco de círculo ou a qualquer outro perfil que se aproxima de uma forma de arco de círculo (ver notadamente as figuras 2 e 6), cuja flecha d é a distância entre o topo S do arco na direita que liga suas duas extremidades M e N. No âmbito da presente invenção, a flecha d desse arco tem um comprimento que está sensivelmente compreendido entre a metade da seção transversal média a menor a de um canal radicular 101 e a metade da seção maior b desse canal radicular, quando esse instrumento 10 está em seu estado dinâmico.

[0022] A figura 2 representa o instrumento em seu estado dinâmico em uma primeira fase de tratamento, quando o trecho de extremidade 13 é introduzido até à extremidade do canal radicular 101. Quando o instrumento é colocado em rotação, seu trecho de extremidade varre a zona a mais profunda do canal e limpa as paredes nessa parte para retirar as partes moles que as cobrem, sem danificar a dentina. No decorrer da rotação, essas partes são empurradas para o alto do canal para serem evacuadas. Anotar-se-á que essa operação é feita, independentemente da largura do canal, sua geometria, suas dimensões transversais, a presença ou não de asperezas, graças à flexibilidade do trecho de extremidade 13 e a sua forma arqueada que toca a superfície das paredes.

[0023] As figuras 2a e 2B representam vistas em corte, segundo os planos A-A e B-B respectivamente do dente 100, mostrando seções ovais 101a e 101b de um canal radicular 101 e seções do segmento ativo 15 do setor de trabalho 12. O canal 101 poderia naturalmente apresentar formas mais complexas, tais como uma seção transversal em forma de C e de S. Em razão da flexibilidade do setor de trabalho, todos os tipos de canais podem ser tratados,independentemente de sua geometria, de modo que é possível imaginar um perfil de canal que pode ser considerado como uma referência, tendo uma seção transversal mais ou menos oval, com uma dimensão longitudinal que é sensivelmente entre 1 e 10 vezes maior do que a seção transversal correspondente.

[0024] O instrumento 10 é especialmente concebido para tratar esse tipo de canais radiculares de seção não circular sobre pelo menos uma parte de sua trajetória ou canais com perfil complexo, apresentando pelo menos uma quebra ou desvio angular em sua extensão. Com efeito, para esses canais várias dificuldades se apresentam: a introdução do instrumento no canal em toda a sua extensão, independentemente da complexidade geométrica do canal, a enformação ativa do setor de trabalho e a limpeza eficaz das paredes devido à colocação em rotação livre, não diminuida ou freada do setor de trabalho. Constatou-se que a forma descrita com um trecho arqueado único disposto no prolongamento de um trecho retilineo, fornecia um máximo de vantagens para a execução da tarefa imposta.

[0025] As figuras 3 e 4 representam duas vistas do instrumento 10 que representam, no decorrer de fases de tratamento diferentes, o instrumento tendo sido deslocado ao longo do canal entre as duas operações. Deslocando-se o instrumento dessa maneira, o operador pode varrer a totalidade da superfície das paredes do canal em toda a sua extensão.

[0026] O instrumento 10 é vantajosamente fabricado em uma liga metálica do tipo com memória de forma, de modo que passa de seu estado estático ilustrado pela figura 1 em seu estado dinâmico ilustrado pela figura 2, graças a uma elevação de temperatura. Pode também apresentar características de superelasticidade, obtidas pela escolha da liga, e por tratamentos específicos, notadamente tratamentos térmicos.

[0027] De maneira particularmente vantajosa, quando o instrumento é do tipo com memória de forma, o estado estático é obtido à temperatura ambiente, a saber da ordem de 20°C e o estado dinâmico é obtido à temperatura do corpo, a saber da ordem de 32°C a 37°C. Esse aumento de temperatura pode ser atingido naturalmente, após a introdução do setor de trabalho 12 no canal radicular 101 ou por um fornecimento de calor externo, por exemplo, por uma injeção localizada de um líquido quente, uma radiação ou sequência a um aquecimento por efeito Joule.

[0028] Em seu estado estático, o instrumento 10, em repouso, conforme mostra a figura 5 ou no início do procedimento de trabalho, conforme ilustrado pela figura 1, tem um perfil sensivelmente retilíneo. No momento da colocação em rotação, conforme mostra a figura 2, por exemplo, acompanhada de uma irrigação por um líquido que toma a temperatura do corpo, o que tem por efeito acionar o efeito memória de forma, o instrumento retoma sua forma predefinida ilustrada pela figura 6. É nesse estado que o setor de trabalho 12 e mais precisamente o segundo segmento ativo 15 do instrumento 10 se apoia sobre as paredes do canal. O segundo segmento ativo 15 tem uma envergadura ou flecha d do arco constituído por esse segmento ativo 15. A flecha d é a distância que separa o topo S do arco do segmento MN que liga as duas extremidades do arco,correspondente à curvatura do segmento ativo 15. O comprimento dessa flecha está compreendido entre a metade da seção menor a do canal radicular 101 e a metade da seção a maior b desse canal. Dessa maneira, devido à rotação do instrumento, esse segmento ativo 15 age como o chicote que se atrita contra as paredes do canal e retira as partes moles que podem cobrir a superficie. Sua função consiste em limpar a superficie das paredes, independentemente de sua geometria.

[0029] 0 instrumento 10, se for do tipo com memória de forma, quando ele está em seu estado dinâmico, se acha em fase austenitica, a saber muito flexivel e elástica, o que lhe permite tocar a superficie das paredes do canal radicular 101. A passagem de um dos estados para um outro pode estar ligada a uma variação de temperatura ou à aplicação de vibrações eventualmente induzidas por ultrassons. Anotar-se-á que o segundo segmento ativo 15 do instrumento 10 toca a parede do canal independentemente da geometria do canal. Essa especificidade é mostrada em particular pelas figuras, que representam o instrumento 10, em função de diferentes niveis do canal. Independentemente da estreiteza do canal ou da restrição da passagem ou da seção transversal do canal 101, o segundo segmento ativo 15 pode exercer sua missão de limpeza da superficie das paredes do canal.

[0030] Anotar-se-á que o segundo segmento ativo 15 do instrumento 10, constituindo uma parte do setor do trabalho 12, comporta vantajosamente um único elemento arqueado em forma de arco, unicamente, quando o instrumento está em seu estado ativo. Em seu estado passivo, o segundo segmento ativo 15 é sensivelmente retilineo.

[0031] Durante o procedimento de utilização, a saber enquanto que o segmento ativo 15 exerce sua função de limpeza das paredes dos canais, é possível adaptar, até mesmo reduzir, a força de "toque", injetando irrigador à temperatura ambiente com uma seringa. O efeito de resfriamento dessa ação tem por efeito transformar o NiTi da fase austenitica na fase martensitica, o que terá por efeito diminuir a força de "toque" sobre as paredes do canal.

[0032] Ao cabo de um certo tempo de utilização, o efeito superelástico será restabelecido com o aumento de temperatura do irrigador provocada pela temperatura do corpo ou em razão do aquecimento, devido às forças de atrito do instrumento.

[0033] A figura 7 e a figura de detalhe 7Arepresentam uma outra forma de realização do instrumento 10, no qual o trecho de extremidade 13 comporta uma ponteira 16 que apresenta um perfil cortado em chanfro, um ângulo do chanfro situando-se entre 60° e 30°, e, de preferência, próximo de 45°. Essa seção angular é vantajosamente cortante e permite cortar, se necessário, a matéria na zona de extremidade do canal radicular.

[0034] A figura 8 e a figura de detalhe 8Arepresentam uma outra forma de realização do instrumento 10, do qual o trecho de extremidade 13 comporta uma ponteira 16 que apresenta um perfil em cauda de andorinha, disposto transversalmente em relação ao eixo da ponteira 16. O perfil em cauda de andorinha tem um ângulo de abertura que se situa entre 60° e 30°, e, de preferência, próximo de 45°. Conforme anteriormente, o perfil, que comporta duas bordas cortantes, permite cortar, se necessário, a matéria na zona de extremidade do canal radicular.

[0035] A figura 9 e a figura de detalhe 9A representam uma variante de realização do instrumento 10, do qual o trecho de extremidade 13 comporta uma ponteira 16 que apresenta um perfil alargado. A extremidade do perfil alargado apresenta um alargamento definido por um raio de curvatura Rl, o ângulo de abertura do alargamento está sensivelmente compreendido entre 120° e 150°. A borda do perfil alargado é cortante para fornecer uma borda de corte destinada, se for o caso, a cortar a matéria ao longo das paredes do canal radicular.

[0036] As diferentes formas descritas acima têm por função melhorar a ação do instrumento, a saber a limpeza das paredes. Os perfis de extremidades podem, em certos casos, ser adaptados a usinagens especificas para retirar a matéria ao longo das paredes do canal radicular ou para retirar o material de enchimento utilizado, quando de uma intervenção anterior.

[0037] A presente invenção não está limitada às formas de realização descritas, mas pode sofrer diferentes modificações ou variantes evidentes para o técnico. Em particular, outros materiais poderiam ser utilizados, tal como determinadas matérias plásticas, ou compostos de materiais sintéticos, fibras, notadamente fibras decarbono.

Claims

1. Instrumento endodôntico (10), para o preparo de um dente (100) de um paciente, notadamente um instrumento de limpeza do canal radicular (101) que diz respeito à geometria natural (100) desse canal (101), esse instrumento (10) sendo fabricado em um material com memória de forma e tendo um estado estático e um estado dinâmico, esse estado estático correspondendo a uma geometria sensivelmente retilínea para permitir a introdução parcial do instrumento (10) no canal (101) e esse estado dinâmico correspondendo a uma geometria estruturada, uma manutenção flexível, no qual é acionado em rotação para efetuar a limpeza da parede interna desse canal radicular, efetuar a limpeza da paredeinterna desse canal radicular, respeitando sua geometria natural, esse instrumento apresentando uma ponteira rígida(11) para ser montada sobre um suporte giratório (102), e um setor de trabalho (12) ajustado para ser encaixado nesse canal radicular (101), caracterizado pelo fato de, no estado dinâmico do instrumento (10), esse setor de trabalho (12) ser constituído de um primeiro segmento ativo (14) sensivelmente retilíneo, disposto no prolongamento dessa ponteira rígida (11), esse primeiro segmento ativo (14) sendo prolongado por um segundo segmento ativo (15) que tem extremidade livre (13) e que apresenta uma forma arqueada entre o ponto de ligação com esse primeiro segmento ativo(14) e uma extremidade livre (13), em que o material com memória de forma é uma liga metálica com memória de formana qual a transição da fase martensítica para a fase austenítica ocorre naturalmente a uma temperatura corporal entre 32°C e 37°C estando o instrumento (10) em seu estado dinâmico nessa temperatura.

2. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de quando o instrumento (10) está em seu estado dinâmico, a dita extremidade livre (13) comportar uma forma geométrica estruturada.

3. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 2, caracterizado pelo fato de quando o instrumento (10) está em seu estado dinâmico, a dita extremidade livre (13) comportar uma ponteira (16) em forma de chanfro.

4. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 3, caracterizado pelo fato de quando o instrumento (10) está em seu estado dinâmico esse chanfro ter um ângulo compreendido entre 30° e 60°.

5. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 4, caracterizado pelo fato de o dito chanfro ser angulado a um ângulo aproximadamente igual 45°.

6. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de quando o instrumento (10) está em seu estado dinâmico, a dita extremidade livre (13) comportar uma ponteira (16) em forma de cauda de andorinha.

7. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 5, caracterizado pelo fato de essa cauda deandorinha ter um ângulo de abertura que se situa entre 60° e 30°.

8. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 6, caracterizado pelo fato de o ângulo de abertura ser de aproximadamente 45°.

9. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de quando o instrumento (10) está em seu estado dinâmico, a dita extremidade livre (13) comportar uma ponteira (16) de forma alargada.

10. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 7, caracterizado pelo fato de quando o instrumento (10) está em seu estado dinâmico, a extremidade livre (13) apresentar um alargamento definido por um raio de curvatura (R1).

11. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 7, caracterizado pelo fato de quando o instrumento (10) está em seu estado dinâmico, a extremidade livre (13) apresentar um alargamento definido por um ângulo sensivelmente compreendido entre 120° e 150°.

12. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de a passagem da fase martensítica para a fase austenítica da liga metálica com memória de forma ser feita por uma elevação de temperatura por injeção de um líquido quente.

13. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de a liga metálica com memória de forma compreender uma liga metálica que tem propriedades de superelasticidade adquiridas em consequência de um tratamento térmico.

14. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de a passagem da fase martensítica para a fase austenítica da liga metálica com memória de forma ser feita por aplicação de vibrações induzidas por ultrassons.

15. Instrumento endodôntico (10), de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de o instrumento endodôntico (10) ser um instrumento para limpeza do canal radicular (101) que segue a geometria natural do dito canal (101), o dito instrumento (10).