BR0315261B1 - processo de tratamento de lama. - Google Patents
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Description
"PROCESSO DE TRATAMENTO DE LAMA"
A invenção se refere a um processo de tratamento de lamas, particularmente contaminados por metais pesados e materiais orgânicos, por exemplo, aqueles que provêm de sedimentos de limpeza de vias navegáveis ou de solos poluídos.
Os problemas colocados pelas quantidades cada vez mais crescentes de lamas a evacuar, tratar e armazenar são bem conhecidos. Estas lamas são de origens múltiplas. Elas provêm, por exemplo, de estações de depuração de água, da dragagem ou limpeza dos cursos de água ou de industrias diversas e podem contribuir para a contaminação dos solos. O caso dos sedimentos de limpeza das vias navegáveis é particularmente preocupante em vista das quantidades envolvidas e sua contaminação por poluentes tais como metais pesados e matérias orgânicas. Uma grande proporção das vias navegáveis do norte da Europa está atualmente obstruída por lamas que prejudicam a circulação dos barcos nas mesmas. As conseqüências econômicas e ambientais, diretas ou indiretas, são muito grandes. É, por outro lado, notório que esta situação preocupante da reserva navegável é principalmente devida aos inconvenientes das soluções atuais para o tratamento e a armazenagem de lamas contaminadas.
Com efeito, um meio cômodo de evacuar as lamas consiste em rejeitá-las por barco no mar ou encaminhá-las por meio de pipelines em descargas (lagoas de decantação). Todavia, quando as lamas são contaminadas por metais pesados ou materiais orgânicos perigosos (o que é geralmente o caso com os sedimentos que provêm da limpeza das vias navegáveis), este meio é evidentemente inaceitável. Antes de poder ser armazenadas, as lamas devem, com efeito, ser tratadas a fim de satisfazer aos testes de não toxicidade. Para este efeito, a fim de facilitar a manipulação e a armazenagem das lamas, é importante poder secá-las de modo eficaz e econômico. Para tratar grandes quantidades de lamas, é conhecido misturá- las ao ácido fosfórico e submeter a mistura a uma calcinação a fim de tornar inertes os metais pesados contidos e destruir as matérias orgânicas (SOLVAY FR 2815338). Todavia, a exploração deste processo conhecido apresenta o inconveniente de ser relativamente custosa, notadamente por causa do consumo de energia que ela acarreta para secar a lama durante sua calcinação. Por outro lado, o estado líquido da lama fosfatada parece ser uma dificuldade durante certas manipulações.
A invenção visa fornecer um processo para o tratamento de lamas que seja mais econômico que o processo conhecido acima mencionado e que transforme rapidamente as lamas em produtos que têm uma resistência mecânica suficiente para serem facilmente manipuláveis, por exemplo, por ferramentas de canteiros (escavadeiras, bulldozers,...).
Conseqüentemente, a invenção se refere a um processo de tratamento de lama que compreende sucessivamente uma etapa de espumação da lama em condições controladas, permitindo obter uma espuma que tem uma densidade inferior a 90% daquela da lama, e uma etapa de secagem da espuma.
Entende-se designar por lama, qualquer substância aquosa que contém materiais sólidos em suspensão. Ela pode ser de origem natural ou resultar da adição de água a uma substância sólida pulverulenta, obtida, por exemplo, por trituração. Quando a lama é de origem natural, ela contém, de modo vantajoso, limo, lodo, e materiais minerais em suspensão (areias ou mesmo cascalhos). As IarriLas que provêm da limpeza das vias navegáveis ou solos poluídos constituem exemplos de lamas naturais às quais a invenção se aplica. Por outro lado, as lamas resultantes da adição da água a cinzas de incineração ou a resíduos de trituração de automóveis são exemplos de lamas artificiais às quais a invenção se aplica. A largura da distribuição granulométrica das partículas em suspensão na lama pode ser muito grande, por exemplo, de menos de 1 mícron a várias centenas de mícrons, ou mesmo vários milímetros. As lamas contêm freqüentemente um teor elevado em partículas muito finas. E freqüente que 10% do peso da lama seca seja constituído por partículas que possuem um diâmetro inferior a 5 mícrons, enquanto que o teor de partículas tendo um diâmetro superior a 500 mícrons pode atingir vários por cento. Por outro lado, os histogramas de granulometria de certas lamas têm a particularidade de ser multimodais, ou seja, eles apresentam vários picos.
Para o processo de acordo com a invenção, as lamas que têm teores de matéria seca inferiores a 70% no momento da espumação são bem convenientes, o teor de matéria seca sendo definido como a porcentagem em peso de matérias secas contidas na lama. Nesta descrição o teor de matéria seca de uma amostra é determinado calculando a relação entre o peso da amostra após e antes de uma permanência de 4 horas em uma estufa mantida a 100°C. Teores de matéria seca inferiores a 30% ou em certos casos 40%, devem ser de preferência evitados.
De acordo com a invenção, efetua-se uma espumação da lama, na seqüência da qual a lama se apresenta sob a forma de uma espuma (entende-se por espuma, para um produto de partida dado, um estado deste produto que tem uma densidade inferior àquela do produto de partida). Esta característica essencial da invenção permite facilitar a manipulação posterior da lama. Com efeito, os inventores observaram que após um período de armazenagem que varia tipicamente de 2 a 7 dias, de preferência de 4 a 6 dias, durante o qual a lama, inicialmente no estado de espuma, é deixada em repouso em temperaturas exteriores usuais (mas evitando o gel), sua consistência se aproxima daquela de um corpo sólido. Neste momento, a lama apode ser facilmente manipulada por máquinas de canteiro tais como escavadeiras ou bulldozers enquanto contêm ainda muita água (tipicamente até 40% em peso). Espumas de baixa densidade parecem dar lugar às melhores consistências. A. densidade da espuma deve ser inferior a 90% daquela da lama antes do tratamento. Valores inferiores a 85%, por exemplo, inferiores a 80%, de preferência inferiores a 75%, são vantajosas. Prefere-se que a densidade não desça abaixo de 50%. Valores compreendidos entre 55 e 65% convém particularmente bem.
A espumação da lama pode ser efetuada por qualquer técnica de espumação conhecida adaptada à lama a tratar. A espumação pode notadamente ser obtida por via química pela adição de reativos que provocam in situ uma emissão gasosa. Utiliza-se em um modo de execução preferido a reação de um ácido tal como o ácido clorídrico, sulfurico ou fosfórico com, por exemplo, um carbonato para obter a emissão gasosa. Observou-se que uma emissão gasosa de H2S durante a fosfatação melhora a espumação das lamas. A adição ou a presença de tensoativos, que estabilizam a lama é igualmente favorável. A este respeito, observou-se que certos ácidos húmicos presentes nas lamas provenientes da limpeza da vias navegáveis têm um efeito favorável sobre a espumação, provavelmente devido a seu caráter tensoativo. Em função da lama tratada, será conveniente, no entanto, eventualmente adicionar certos tensoativos para obter uma espuma que tem uma densidade de acordo com a invenção. A seleção do tensoativo mais apropriada e da quantidade a empregar será feita caso a caso, de maneira conhecida em si. Por outro lado, prefere-se que a lama seja submetida a uma agitação mecânica para facilitar a espumação. A intensidade da agitação é escolhida em função das condições particulares de utilização do processo de acordo com invenção. É vantajoso que a agitação mecânica não seja muito intensa. O recurso a parafusos misturadores deve em geral ser evitado, pois eles impedem freqüentemente a formação da espuma. A utilização de reatores tubulares, que são segmentos de tubos munidos ou não de misturadores estáticos, é recomendada. Eles serão dimensionados vantajosamente de modo a obter para eles um tempo de permanência compreendido entre 2 e 10 segundos. Em cada caso, a agitação mecânica é regulada de modo a favorecer a espumação de acordo com a invenção. Em certos casos, é preferível que o reativo que provoca a espumação seja adicionado à lama a montante de sua passagem através de uma bomba, a qual provocará a agitação mecânica procurada. O recurso a misturadores estáticos pode igualmente ser vantajoso para obter a intensidade de agitação mecânica ótima.
De acordo com um modo de realização da invenção, o processo compreende uma fosfatação da lama de preferência antes da espumação. Observou-se que a fosfatação da lama combinada com sua espumação permite obter um dejeto no qual compostos tóxicos presentes na lama são tornados inertes e por causa deste fato, quando o dejeto for armazenado, estes compostos tóxicos não contaminam o ambiente do lugar de armazenagem. Este modo de realização é particularmente vantajoso quando a lama tratada contiver metais pesados. Estende-se designar por metais pesados, os metais cuja massa específica é pelo menos igual a 5 g/cm3, tais como o berílio, o arsênico, o seléínio, e o antimônio, de acordo com a definição geralmente admitida (Heavy Metals in Wastewater and Sludge Treatment Processes; Vol I, CRC Press Inc; 1987; page 2). O chumbo é um exemplo deles particularmente significativo, estando dado sua influência nefasta sobre o organismo humano. Nesite modo de realização, as lamas tornadas inertes podem igualmente conter o alumínio metálico. De preferência, a fosfatação é realizada por adição à lama de ácido fosfórico. Neste caso, a espumação e a operação de tornar inerte podem ser obtidas de modo concomitante, particularmente para lamas provenientes da dragagem de vias navegáveis e para lamas que resultam da adição de água a resíduos de trituração de automóveis. A quantidade de ácido fosfórico a empregar depende da composição precisa da lama a tratar e notadamente do teor em metais pesados. Na prática, uma quantidade ponderai de pelo menos 1% (de preferência 2%) em relação ao peso de matéria seca deve ser empregada. É preferível que a quantidade de ácido fosfórico seja inferior a 15%. Quantidades compreendida s entre 2 e 6% convém geralmente bem.
De acordo com uma variante vantajosa da invenção, a lama é secada por técnicas relacionadas com a compostagem. Na seqüência da descrição, designa-se por «lama secada» o produto obtido no final da secagem da espuma. Este produto não está mais necessariamente no estado de espuma, pois a espuma tem a tendência a se densificar no curso de sua secagem. A compostagem é uma técnica bem conhecida de tratamento dos dejetos fermentescíveis (suscetíveis de fermentação) tais como dejetos verdes. Ela consiste essencialmente em armazenar o dejeto por uma longa duração em contato com o ar, à temperatura ambiente externa, para permitir a degradação de materiais orgânicos contidos no dejeto e a eliminação por percolação do líquido que ele contém. A utilização, de acordo com este modo de realização da invenção, técnicas relacionadas com a compostagem para secar lamas espumadas que contêm imteriais orgânicos - mesmo não fermentescíveis - e metais pesados permite atingir de modo surpreendente teores de matéria seca elevados de modo muito econômico. O consumo de energia durante a calcinação posterior eventual da lama é reduzida por causa disto. A secagem da lama espumada por técnicas relacionadas com a compostagem permite mesmo suprimir a etapa de calcinação quando a degradação dos materiais orgânicos que é obtida é suficiente.
Na seqüência da descrição, por «secagem» se entenderá sempre uma secagem por técnicas relacionadas com a compostagem. No curso da secagem, a lama é estocada durante um período suficientemente longo para que a água possa se evacuar espontaneamente, sob a ação da gravidade. Um período de secagem superior a 24 horas é necessário. Prefere- se que a secagem dure pelo menos 48 horas. Uma secagem durante mais de um mês se mostrou inútil. Na prática, durações de secagem compreendidas entre uma ou duas semanas; convém bem. Como exposto acima, quando, de acordo com a invenção, a lama se apresenta sob a forma de uma espuma, a secagem da lama é mais facilitada e mais eficaz. Com efeito, a consistência melhorada da lama permite sua manipulação de massa por máquinas de canteiro correntes e notadamente permite retomá-la durante a compostagem. Isto permite atingir mais rapidamente o teores de matéria seca desejados.
De acordo com uma variante recomendada mais rapidamente, a secagem é realizada em condições tais que depois de 12 dias de secagem, a lama secada atinge um teor de matéria seca que ultrapassa 65%, de preferência 70%.
A secagem pode ser realizada diretamente sobre o solo. No entanto, em um modo de execução vantajoso do processo de acordo com a invenção, dispõe-se a espuma sobre uma camada de areia.
De acordo c om uma variante de execução, a camada de areia é por sua vez colocada sobre uma membrana impermeável à água a fim de evitar a contaminação do solo pelos metais pesados e permitir a recuperação da água proveniente da lama fosfatada durante a compostagem. Membranas em material plástico, por exemplo, o polietileno ou o PVC, convém bem.
A secagem pode ser feita ao ar livre, ao exterior, sem se prevenir contra a ação de chuvas e as grandes variações de temperatura, com a condição que esta última permaneça superior a 0°C. E, no entanto, preferível usar um sistema de secagem confinado, tal como túnel de compostagem. Tais túneis de compostagem são bem conhecidos no domínio do tratamento industrial de dejetos orgânicos suscetíveis de fermentação. O túnel de compostagem é vantajosamente equipado de sistema de circulação de ar e de sistemas de coleta e tratamento dos gases emitidos, tais como o sulfeto de hidrogênio. O sulfeto de hidrogênio é, de preferência, recuperado e, por exemplo, tratado sobe um biofiltro ou reinjetado durante uma eventual calcinação. Prefere-se que o túnel de compostagem compreenda uma camada de areia disposta sobre uma membrana impermeável à água.
De acordo com um modo de execução vantajoso da invenção, notadamente quando a lama contém muitos materiais orgânicos ou quando estes últimos não são suficientemente decompostos durante a secagem, a lama secada é calcinada. Os materiais orgânicos podem estar no estado líquido ou no estado sólido na lama. Elas podem, por exemplo, compreender hidrocarbonetos apolares, liidrocarbonetos alifáticos ou aromáticos (mono- ou policíclicos) e solventes halogenados. A calcinação é destinada a destruir estes materiais orgânicos, A calcinação é geralmente realizada em uma temperatura superior a 450°C, a fim de que os materiais orgânicos sejam suficientemente destruídos. Convém evitar uma temperatura excessiva, que teria como resultado vaporizar uma parte dos metais pesados. Na prática, a temperatura de calcinação é inferior a 1000°C. Em uma variante preferida do processo de acordo com a invenção, a temperatura de calcinação é superior a 500°C e inferior a 800°C. A fim de destruir particularmente bem os materiais orgânicos e volatilizar o menos possível metais pesados, é especificamente vantajoso que a temperatura de calcinação esteja compreendida entre 550 e 750°C.
Observou-se que, de modo vantajoso, a calcinação é efetuada sob atmosfera controlada.
Para este efeito, em uma forma de realização particular do processo de acordo com a invenção, esta atmosfera é oxidante. Esta variante facilita a pega da argamassa eventual subseqüente, tal como descrito abaixo.
Neste caso, pode-se utilizar, por exemplo, o ar ambiente. E preciso então velar para que o ar esteja suficientemente disponível no forno.
Em uma outra forma de realização particular, a atmosfera é redutora. Esta forma de realização é notadamente vantajosa pelo fato de que ela inibe a formação do cromo VI.
A duração da calcinação depende da composição da lama a tratar e da disposição do material no forno de calcinação. Ela deve igualmente ser suficiente para destruir os materiais orgânicos e, quando a lama tiver sido fosfatada, produzir bastante pirofosfato.
Em um modo de realização particular do processo de acordo com a invenção, o produto proveniente da etapa de calcinação é misturado com a água, e depois submetido a uma pega e um endurecimento. Neste modo de realização, incorpora-se de preferência à água de mistura, um aditivo redutor. A título de exemplo, este aditivo pode ser selecionado dentre o ferro, o manganês, os compostos do ferro (II), os compostos do manganês (II) e os sais redutores dos metais alcalinos. O sulfito de sódio é preferido. O agente redutor é vantajosamente adicionado em uma quantidade ponderai entre 0,1 e 1% do peso de materiais secos contidos na lama.
Durante a etapa de calcinação, certas lamas, particularmente que são ricas em calcita, dão lugar à formação de materiais pozolânicos. Neste caso, não é necessário adicionar um ligante hidráulico para provocar a pega e o endurecimento.
Quando um ligante hidráulico for necessário para assegurar a pega e o endurecimento, sua constituição precisa é pouco crítica. Ele é comumente constituído por cimento Portland. Materiais pozolânicos tais como cinzas de combustão de carbono podem igualmente convir. É preciso adicionar, durante a mistura do ligante com o produto da calcinação destinada a formar uma argamassa, uma quantidade de água de mistura suficiente para obter uma pasta plástica. A quantidade de ligante hidráulico a empregar depende de diversos parâmetros, particularmente do ligante hidráulico selecionado, da composição da lama e propriedades procuradas para o produto final do processo de tratamento de acordo com a invenção, notadamente sua resistência mecânica. Na prática, recomenda-se freqüentemente o emprego de uma quantidade ponderai de ligante superior a 1% do peso das cinzas de calcinação. De acordo com a invenção, é desejável que o peso do ligante hidráulico seja inferior a 50% e não exceda, de preferência, 30%.
Em uma variante vantajosa do processo de acordo com a invenção, emprega-se uma quantidade ponderai de ligante hidráulico superior a 2% e inferior a 20% do produto da calcinação.
A forma da massa sólida obtida no final do endurecimento, que pode durar vários dias, é aquela sob a qual a argamassa foi conformada. Ela pode compreender, por exemplo, briquetes ou blocos esféricos ou prismáticos. Ela é compacta, sensivelmente isenta de inclusões gasosas e apresenta, por causa deste fato, boas propriedades mecânicas, notadamente uma dureza e uma resistência aos choques para permitir sua manutenção e sua armazenagem sem dificuldades.
A massa sólida e compacta obtida no final do endurecimento respeita as normas de toxicidade sobre as lixívias extraídas de acordo com procedimentos severos tais como aqueles definidos pelas normas "TL" ou "NEN".
O teste francês de tripla lixiviação «TL» é descrito na norma francesa XPX 31-210. O protocolo do teste consiste em triturar o material de modo a poder passá-lo através de uma peneira de 4 mm. Este material triturado é submetido a uma tripla lixiviação com a água desmineralizada, em uma relação líquido/sólido igual a 10, sob agitação constante. No final de cada lixiviação, mede-se o teor do liquido de lavagem nos metais pesados do pó submetido ao teste.
O teste holandês «NEN» consiste, por sua vez, em triturar finamente a amostra (abaixo de 125 μm) e adicionar a ela a água em uma relação água:sólido de 50. Ela é então mantida três horas a pH 7, e depois igualmente três horas a pH 4 (que é o pH mínimo da água de chuva). O ajustamento do pH se faz continuamente com a ajuda de uma solução IN de ácido nítricô (ácido não complexante). O teor da fase líquida em metais pesados é então determinado por análise.
De acordo com o teste americano TCLP (Toxicity Characteristic Leaching Procedure), toma-se 100 g de material sólido, passado na peneira tamis de 9,5 mm e coloca-se a amostra em contato durante 18 horas com 2000 ml de solução a 6 g/l de CH3COOH + 2,57 g/l NaOH (pH 4,9). Filtra-se, então, sobre fibra de vidro a 0,6 - 0,8 μm.
O processo de acordo com a invenção pode, por exemplo, se aplicar:
■ às lamas provenientes da decantação das águas usadas de origem industrial ou urbana,
■ às lamas provenientes da descontaminação de solos tais como aqueles de alguns sítios industriais.
■ às lamas provenientes da adição de água aos resíduos de trituração de automóveis ou às cinzas de incineração.
■ aos sedimentos que provem da dragagem ou limpeza de riachos, lagoas, de poços ou de esgotos, e
■ aos sedimentos que provêm da limpeza de vias navegáveis (por exemplo portos, lagos, rios, canais).
A invenção é especialmente adaptada às lamas constituídas por sedimentos que provêm da limpeza de vias navegáveis.
A figura 1 ilustra a evolução comparativa do teor de matéria seca de uma lama no curso· de uma armazenagem a 25°C, conforme ela tenha sido ou não submetida a uma espumação de acordo com a invenção.
Os exemplos cuja descrição segue fazem aparecer o interesse da invenção.
Exemplo 1 (de acordo com a invenção).
No exemplo 1, tratou-se amostras de uma lama de dragagem de via navegável. A composição ponderai da lama em seus principais poluentes é descrita na tabela 1 seguinte: <table>table see original document page 13</column></row><table>
Tabela 1
A lama tem uma densidade de 1,54 mg/dm3. Adicionou-se à lama 5% (em peso de material seco) de ácido fosfórico a 85%. A mistura que resulta foi introduzida em um reator tubular, na saída da qual a mistura se apresentava sob a forma de uma espuma que tem uma densidade compreendida entre 0,8 e 0,9. A espuma foi, em seguida, colocada em recipientes cilíndricos que possuem um diâmetro de 10 cm e uma profundidade de cerca de 1 cm. Os recipientes foram colocados em uma corrente de ar que tem uma temperatura de 25°C e uma velocidade de 1,5 m/s durante 100 horas, período no curso da qual as amostras foram pesadas de modo contínuo. Os valores de teor de matéria seca foram deduzidos dos pesos. Os resultados são descritos na figura 1.
Exemplo 2 (não de acordo com a invenção)
No exemplo 2, procedeu-se como no exemplo 1 salvo que a lama não foi adicionada de; ácido fosfórico. Os valores de teor de matéria seca no curso do tempo são descritos na figura 1.
Uma comparação dos resultados dos exemplos 1 e 2 ilustra o efeito da espumação de acordo com a invenção sobre a evolução ao curso do teor de matéria seca das lamas tratadas. Exemplo 3 (de acordo com a invenção)
No exemplo 3, tratou-se amostras de uma lama removida em um sítio de espalhamento de lamas de dragagem. A composição ponderai da lama em seus principais poluentes é descrita na tabela 2 seguinte:
<table>table see original document page 14</column></row><table>
Tabela 2
A lama tem uma densidade de 1,76 kg/dm3. Adicionou-se à lama 2,5% (em peso de material seco) de ácido fosfórico. A lama fosfatada foi em seguida bombeada por meio de uma bomba peristáltica e introduzida em colunas transparentes tendo uma altura de 1220 mm e um diâmetro de 100 mm. As colunas eram obturadas em sua base inferior por uma treliça aberturas de 1 mm, coberta por um têxtil. O têxtil era por sua vez recoberto por uma camada de areia (espessura de cerca de 1 cm). A densidade da lama que se apresentava sob a forma de uma espuma, foi então deduzida de medidas de altura da espuma da coluna e do peso desta última. Obteve-se um valor de 1,4 kg/dm3. Neste momento, o teor de matéria seca valia 50%. Após 4 dias de armazenagem na coluna, a uma temperatura de 30°C, a densidade aumentou até 1,7 kg/dm e o teor de matéria seca valia 52,9%.
No final da armazenagem, submeteu-se as amostras ao teste de lixiviação «TCLP» definida acima. Os resultados do teste são descritos na tabela 3 (em mg/l)
<table>table see original document page 15</column></row><table>
Tabela 3
Exemplo 4 (não de acordo com a invenção) No exemplo 4, procedeu-se como no exemplo 3, salvo que a lama não foi nem espumada nem fosfatada. Durante sua introdução nas colunas, a lama não se apresentava sob a forma de espuma e sua densidade valia 1,67 kg/dm .
No final da secagem, a lama foi submetida ao teste TCLP. Os resultados são descritos na tabela 4:
<table>table see original document page 15</column></row><table>
Tabela 4
A comparação das tabelas 3 e 4 ilustra a operação de tornar inertes os metais pesados obtida.
Exemplo 5 (de acordo com a invenção)
No exemplo 5, procedeu-se como no exemplo 3 salvo que a lama foi adicionada de 7,2% de ácido fosfórico a 8,5%. Após sua introdução nas colunas, a densidade da espuma valia 1,01 kg/dm3 ou seja cerca de 70% da densidade da lama antes da fosfatação e seu teor de matéria seca 50%. Depois de 6 dias de armazenagem nas colunas, a densidade aumentou até 1,4 kg/dm3. Neste momento, seu teor de matéria seca valia 59,4%. A espuma foi, em seguida, transferida em bandejas, e depois reintroduzida nas colunas. Depois desta manipulação, que simula o retorno da lama, a lama foi ainda armazenada por 6 dias. No final destes, o teor de matéria seca valia 71,2%.
Claims (8)
1. Processo de tratamento de lama, caracterizado pelo fato de que compreende sucessivamente uma etapa de tornar inerte e de espumar a lama através da adição de ácido fosfórico em condições controladas compreendendo agitação mecânica ajustada que permitem obter uma espuma que tem uma densidade inferior a 90% daquela da lama, uma etapa de secar a espuma, e uma etapa de calciná-la.
2. Processo de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de que a densidade da espuma é inferior a 85% daquela da lama.
3. Processo de acordo com as reivindicações 1 ou 2, caracterizado pelo fato de que a densidade da espuma é entre 55 e 65% daquela da lama.
4. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizado pelo fato de que a espuma é secada por técnicas relacionadas com a compostagem.
5. Processo de acordo com a reivindicação 4, caracterizado pelo fato de que, após 12: dias de secagem, a lama secada atinge um teor de matéria seca que ultrapassia 65%.
6. Processo de acordo com a reivindicação 4 ou 5, caracterizado pelo fato de que a secagem é realizada em um túnel de compostagem que compreende uma camada de areia disposta sobre uma membrana impermeável à água.
7. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 6, caracterizado pelo fato de que a temperatura de calcinação é entre 550 e -750°C.
8. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizado pelo fato de que o produto proveniente da calcinação é em seguida misturado com a água, e depois é submetido a uma pega e a um endurecimento.
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