BR102017010847B1

BR102017010847B1 - Processo de preparo de chá verde a partir de brotos de erva-mate

Info

Publication number: BR102017010847B1
Application number: BR102017010847-3A
Authority: BR
Inventors: Juliana Montagner
Original assignee: Juliana Montagner - Me
Priority date: 2017-05-24
Filing date: 2017-05-24
Publication date: 2021-11-16
Also published as: EP3632212A1; EP3632212A4; BR102017010847A2; WO2018213900A1; US20200205436A1; US11503839B2; AR108810A1

Abstract

processo de preparo de chá verde a partir de erva-mate e respectivo produto resultante o presente resumo para invenção cumpre descrever as etapas para o processo de preparo de chá verde e respectivo produto resultante, onde na etapa inicial do processo proposto as folhas jovens (brotos) de erva-mate são submetidas ao vapor entre 90 e 100º por determinado tempo, remoção da umidade da etapa do vapor, após a passagem pelo vapor (steaming) e torção, as folhas são esfriadas (cooling), enrolada (1st rolling), primeira secagem (1st drying), segunda enrolada (2nd rolling), segunda secagem (2nd drying) e separação (segregation).

Description

CAMPO TÉCNICO

[01] O seguinte relatório descritivo para invenção se refere ao proces-so de preparo de chá verde feito a partir de brotos de erva-mate (Ilex paraguariensis).

ESTADO DA ARTE

[02] Sabe-se que o uso alimentício da erva-mate é restrito a algumas regiões da América do Sul, onde o seu maior consumo ocorre na for-ma de chimarrão, hábito cultural. O presente produto apresenta po-tencial para disputar consumidores em nível mundial, assim como o faz o chá-verde e o chá-preto da Camélia sinensis, e atingir consumi-dores que o chimarrão seria incapaz de alcançar.

[03] Para que se possa usar a erva-mate, diversos processos de se-cagemsão conhecidos, por exemplo, aquele que é descrito no BRPI9504075-7 que compreende uma construção que possui um sis-tema de tiragem de calor, através de saídas superiores modulares com uma válvula borboleta em cada chaminé. No interior do forno deslocam-se duas esteiras em série, em sentido contrário, uma supe-rior e outra inferior, sendo a descarga das esteiras efetuada através de derrubadores de carga, sendo compostos de um eixo com pás, gi-rando no mesmo sentido das esteiras. Uma chapa defletora direciona a erva-mate da esteira superior para a inferior e uma boca de descar-ga que guia a erva-mate da esteira inferior para a fita transportadora de saída. As fornalhas conduzem o calor gerado até o forno por dutos que se bifurcam em dois ramos, onde um distribuidor recebe a erva- mate de uma fita.

[04] O documento BRMU7703102-4 descreve um equipamento para beneficiamento de erva mate de modo industrial, onde que abasteci-dos por um duto vertical, alimenta uma calha horizontal inclinada, para ação de duas fileiras de pilões com ação de cames em "S" nos roletes dos mesmos alternando-se, e sequenciais com acionamento motori-zado, para moer e criar a goma na erva-mate, o mesmo equipamento poderá ser constituído com fileira única de pilões, que por sua vez uti-lizam como guia travessas de madeira, ou de aço com deslizantes, assim os pilões tem ação livre para chegar ao fundo da calha inferior, provida em seu final de uma rosca transportadora que levará a erva mate já em forma final para transportadores usuais ao ensaque.

[05] O documento BRPI1002236-8 descreve um processo de tracio- namento e sapecagem para folhas de erva-mate com vapor de água quente para eliminação de toxidade. Em síntese consiste em passar as folhas da planta por um banho de vapor de água com temperatura controlada e previamente calculada, com a finalidade do preparo da folha, para o consumo humano. O processo é iniciado por um equi-pamentoprimário com injeção de vapor saturado, proveniente de cal-deira aquatubular, interligado no equipamento secundário que recebe, através dos injetores, a injeção de vapor reaquecido com pressão e temperatura pré definida.

[06] Um equipamento para sapecagem e secagem de folhas de erva- mate por vapor de água quente é descrito no BRMU9001057-4, cuja finalidade é eliminar a contaminação da erva-mate pelos PAHS (hi- drocarbonetos policíclicos aromáticos), do processo de sapecagem e a secagem das folhas da erva-mate, o equipamento é formado por um módulo de processamento primário com entrada de alimentação de ervas e um módulo de processamento secundário, com bicos injetores distribuídos seis em cada lateral totalizando doze ao total, provenientes da caldeira aquatubular por tubulação de vapor saturado e tubulação de vapor reaquecido interligado aos bicos secundários, distribuídos dois em cada lateral e um na parte superior.

[07] Além disso, é importante salientar o documento CN104430988 que descreve um processo de fabricação de chá verde, constituído das seguintes etapas: vaporização 140-160°C durante 0,5 a 1 minuto das folhas frescas de kiwi na vazão de 90-120 kg/h; desidratação a 160-180°C durante 1,5 a 2 minutos; resfriamento das folhas até tem-peratura ambiente; primeira rolagem durante 40-60 minutos; secagem com ar a 105-120°C durante 10 a 12 minutos para obter teor de umi-dade de 35 a 38%; segunda secagem ocorre até umidade final do chá de 5 a 6%; resfriamento e seleção.

[08] Este documento do estado da técnica apresenta um processo de fabricação de chá derivado das folhas do kiwi, sendo que este proces-so utiliza como matéria prima as folhas maduras e um processo de fa-bricação totalmente diferente, pois descreve etapas de vaporização em temperaturas elevadas e etapas de rolagem longas. Além disso, este documento não menciona a utilização de brotos de erva-mate pa-ra fabricação do chá, sendo um processo que resulta em um produto totalmente diferente.

[09] Já o documento não patentário denomindado de BERTÉ, K. A. DOS S. Tecnologia da erva-mate solúvel. 2011. 160f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba. Item “1.1.7 Processamento agroindustrial” (p. 28 e 29), des-creve um processo de obtenção de chá de erva-mate, que compreen-de a seleção das folhas e ramos de erva-mate, submissão ao bran- queamento térmico para inativação de enzimas, secagem, trituração e tamisação para obter erva-mate com granulometria padronizada.

[010] Este documento do estado da técnica descreve um processo onde são utilizadas folhas maduras e ramos de erva-mate para forma-ção do chá. Além disso, neste processo é descrita as etapas de inati- vação de enzimas, secagem, trituração e tamisação.

[011] Por outro lado, é importante mencionar o documento US2115411 que descreve um processo de produção de chá a partir da erva-mate através da fermentação e maceração.

[012] Apesar deste documento demonstrar que os chás verdes podem ser produzidos a partir de erva-mate, não descreve um processo com as mesmas características de produção da presente invenção.

DISCUSSÃO

[013] Expandir uma forma de consumo da erva-mate significa introdu-zir na dieta da população antioxidantes que a espécie apresenta, os quais são superiores aos da Camélia sinensis.

[014] Pelo que se sabe da arte, o contato direto das folhas de erva- mate com os gases gerados na fornalha durante a etapa de sapeco, pode produzir a contaminação da matéria-prima por hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. Estes apresentam elevado potencial carcino- gênico, os quais podem permanecer no produto final destinado ao consumidor. Constitui também um problema, a ausência de lavagem das folhas no início do processamento. O material vegetal pode apre-sentarcontaminação por poluentes ambientais, microrganismos e pe-quenos invertebrados.

[015] Por outro lado, é importante mencionar que quando se trata do produto erva-mate para chimarrão, as indústrias adquirem exclusiva-mente folhas maduras, com 18 a 24 meses de maturação. Esta práti- ca foi herdada dos índios Guarany e se mantém até hoje. Na Argenti-na e Paraguai, por exemplo, a colheita é suspensa em períodos de brotação intensa de setembro a abril, devido à brotação da planta. No Brasil houve uma mudança na legislação do IBAMA, permitindo a co-lheita durante todo o ano, desde que respeitados os devidos procedi-mentos realiza-se uma colheita parcial de galhos com folhas maduras. Já os galhos com brotos são deixados no pé de erva-mate para matu-ração e serão colhidos somente após os meses de maturação indica-dos. No entanto, durante a colheita alguns brotos sempre são colhidos junto com as folhas maduras o que é totalmente indesejável, pois os brotos conferem amargor ao produto e também alteram a conversão na produção industrial, baixando seu rendimento.

[016] Além disso, é importante salientar que a erva-mate para chimar- rão é uma matéria-prima rica em antioxidantes, vitaminas e minerais, considerada um superalimento, porém com valor agregado relativa-mente baixo, possuindo um preço de venda de aproximadamente R$ 13,00 o quilo

[017] Assim, a presente inventora, buscando outras alternativas de comercialização da erva-mate, desenvolveu um processo próprio de utilização dos brotos destinados para o preparo de chá verde, man-tendo as características e gerando valor comercial a matéria-prima.

[018] Desta forma, a invenção se propõe a solucionar os problemas apontados, através da utilização dos brotos de erva-mate em um novo processo que resulta em modificações na forma de processamento o que permite a utilização dos brotos de erva-mate para a produção de chá verde, buscando uma nova alternativa de comercialização da er-va-mate no mercado.

[019] Portanto, na etapa inicial do processo proposto os brotos de er-va-mate são submetidas ao vapor entre 90 e 100° por determinado tempo. Desta forma, a invenção se propõe a solucionar os problemas apontados através de modificações na forma de processamento pela qual as folhas são submetidas. Após a passagem pelo vapor (stea-ming), os brotos cozidos são torcidos para retirada do suco verde, as folhas são esfriadas (cooling), enroladas (1st rolling), primeira seca-gem (1st drying), segunda enrolada (2nd rolling), segunda secagem (2nd drying) e separação (segregation).

DESCRIÇÃO

[020] A caracterização da invenção proposta nesse relatório é conse-guida mediante a descrição das diferentes etapas necessárias à reali-zação da presente aplicação em questão, de tal modo que se possa reproduzi-lo integralmente por técnica adequada, permitindo plena ca-racterização da funcionalidade do processo pleiteado.

[021] A partir das diferentes etapas descritas que expressam a melhor forma ou forma preferencial de se realizar o processo ora idealizado, se fundamenta a parte descritiva do relatório esclarecendo aspectos que possam ter ficado subentendidos, de modo a determinar clara-mente a proteção ora pleiteada.

[022] Essas operações podem apresentar variações, desde que não fujam do inicialmente pleiteado.

[023] Neste caso tem-se que os produtos podem ser gerados por dife-rentes operações.

[024] No processo de preparo desenvolvido as folhas jovens de erva- mate devem passar pelas seguintes etapas:

[025] - Passagem dos brotos de erva-mate no vapor de 90 a 100°C por três a cinco minutos (steaming);

[026] - Na sequência é necessário retirar o excesso de água que fica contida nos brotos, por conta do banho de vapor. Pode ser feito arte- sanalmente, enrolando os brotos em um pano e pela torção do pano se extrai o suco verde, ou industrialmente por prensagem das folhas até a remoção do suco verde. Após esta etapa de remoção do suco verde, que vem da passagem pelo vapor, passa-se a rolar os brotos pela primeira vez por 20 minutos (first rolling). O essencial nesta etapa é rolar as folhas;

[027] Imediatamente após esta etapa, as folhas são espalhadas em superfície plana para o resfriamento, auxiliado pelo ar frio contínuo de um ventilador/resfriador (cooling). O essencial nesta etapa é resfriar as folhas;

[028] - A etapa seguinte é a primeira secagem, ou semissecagem, na qual as folhas irão desidratar com temperatura de 100°C por 20 minu-tos (drying). O essencial nesta etapa é secar as folhas;

[029] - As folhas são então conduzidas para rolar pela segunda vez por 10 a 15 minutos até obter formato/torção adequada (second rol-ling). O essencial nesta etapa é rolar as folhas;

[030] - Na sequência as folhas completam o processo de secagem, por 22 a 24 minutos com a temperatura de 110 a 115°C. O essencial nesta etapa é secar as folhas e;

[031] - A última etapa é então classificado, separando os brotos inteiros e os brotos quebrados.

[032] A classificação é necessária devido à diferenciação de valores pagos para os brotos inteiros frente aos brotos quebrados, de modo que os brotos inteiros possuem um valor de mercado muito maior.

Claims

1. PROCESSO DE PREPARO DE CHÁ VERDE A PARTIR DE BROTOS DE ERVA-MATE, caracterizado pora passagem dos brotos de erva-mate no vapor de 90 a 100°C por três a cinco mi-nutos; retirada da umidade dos brotos decorrentes da etapa ante-rior, enrolando os brotos em um pano e pela torção do pano se extrai o suco verde ou por prensagem até a remoção do suco verde; na sequência é necessário rolar os brotos pela primeira vez por 20 minutos e após esta etapa, os brotos são espalhados em superfície plana para o resfriamento, auxiliado pelo ar frio contínuo de um ventilador/resfriador; a etapa seguinte é a primeira secagem na qual os brotos irão desidratar com temperatura de 100°C por 20 minutos, os brotos são então conduzidos para rolar pela segunda vez por 10 a 15 minutos até obter formato/torção; a sequência os brotos completam o processo de secagem, por 22 a 24 minutos com temperatura de 110 a 115°C e o produto seco é então classificado, separando os brotos inteiros e os brotos quebrados.