PT2315577T - Composição dermocosmética, método de tratamento estético utilizando a composição e utilização da composição para branquear a pigmentação da pele - Google Patents

Description

DESCRIÇÃO

COMPOSIÇÃO DERMOCOSMÉTICA, MÉTODO DE TRATAMENTO ESTÉTICO UTILIZANDO A COMPOSIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO PARA BRANQUEAR A PIGMENTAÇÃO DA PELE A presente invenção refere-se genericamente ao campo de tratamento da pele.

Especificamente, esta descreve, num primeiro aspeto, uma composição dermocosmética destinada, nomeadamente, a clarear a pigmentação da pele. A exposição regular da pele à radiação ultravioleta (UV) e outros estímulos, tais como a inflamação ou fricção mecânica, promove a produção de melanina pelos melanócitos. 0 mecanismo interno ainda é incerto. Parece no entanto que a UV estimula a atividade da tirosinase, que permite a oxidação de substâncias químicas, e conduz à síntese da melanina nos melanócitos, que é depositada sobre os melanóstomos. Estes melanóstomos uma vez melanizados são transferidos para os queratinócitos vizinhos dos melanócitos. Estes melanóstomos transportadores de melanina permanece algum tempo no citoplasma dos queratinócitos.

Nas camadas médias e superiores da epiderme, em caucasianos, isto é, em indivíduos com uma pele branca, os melanóstomos melanizados são, então, integrados em lisossomas para serem progressivamente degradados. Esta degradação ocorre de forma gradual, graças à intervenção de um sistema de enzima contida nos lisossomas, que inclui, em particular, as fosfatases ácidas, catepsinas, e arilsulfatases.

Normalmente, na epiderme de sujeitos caucasianos, a melanina está ausente do estrato córneo devido à sua destruição progressiva nas camadas superficiais da epiderme. Não sucede o mesmo na pele de indivíduos com pele escura. Nestes indivíduos, os melanóstomos de maior tamanho não são destruídos e permanecem ao nível do estrato córneo.

Em casos especiais, pode haver uma sobrecarga de melanina das células da epiderme e, por vezes depósitos dérmicos intracelulares de melanina. Este é o caso do melasma e lentigens, que são caracterizadas pelo aparecimento de manchas hiperpigmentadas permanentes e inestéticas.

Existem no mercado muitas preparações que são de eficiência muito variável para mitigar esta hiperpigmentação que causa algum prejuízo estético.

Estas preparações conhecidas têm, principalmente por objetivo reduzir ou inibir a produção de melanina pelos melanócitos atacando diretamente a tirosinase. Este é o caso da hidroquinona e dos diversos produtos, cuja estrutura molecular é semelhante ao da tirosina. Alguns destes produtos, e, por exemplo, os derivados da hidroquinona, têm o inconveniente de serem tóxicos para os melanócitos.

As hiperpigmentações também podem ser reduzidas pelo uso local de antioxidantes que bloqueiam a oxidação dos precursores da melanina. Esses antioxidantes são, principalmente, o ácido ascórbico ou derivados de enxofre.

Neste contexto, a invenção tem por objetivo propor uma nova formulação de, pelo menos, uma fosfatase ácida para clarear a pele, branquear a pigmentação da pele, em particular, a clarificação de manchas hiperpigmentadas.

Para este fim, é divulgada a composição dermocosmética e é essencialmente caracterizada pelo facto de compreender, pelo menos, uma hidrolase escolhida de entre as fosfatases ácidas.

Esta composição é bem tolerada pela pele e fornece um bom branqueamento da pele em poucas semanas. A composição inclui, de preferência entre 0,5 e 15% em peso, mais preferencialmente, entre 5 e 10% em peso de, pelo menos, uma hidrolase escolhida de entre as fosfatases ácidas, catepsinas e arisulfatases.

As fosfatases ácidas são, realmente, uma família de enzimas existentes, tanto do mundo animal como do vegetal. No mundo animal, são segregadas por um número de células, tais como células da próstata ou do fígado. Em plantas, existem em quantidade apreciável e a sua extração é mais simples do que a partir de tecidos animais.

Numa forma de realização preferida da invenção, as fosfatases ácidas são de origem vegetal. Por exemplo, são a partir da batata, batata-doce, ou um cereal, tal como germe de trigo. O uso de fosfatases ácidas extraídas de plantas tem a vantagem de ser barata. A utilização tópica de fosfatases ácidos de origem vegetal parece estimular a degradação da melanina intraepidérmica resultando na mitigação de lesões do melasma. Além disso, o uso cosmético de fosfatases ácidas vegetais da invenção é particularmente bem tolerada pela pele.

As catepsinas e arilsulfatases incluem, também, sob este nome vários tipos de enzimas.

As catepsinas podem ser isoladas a partir de tecidos de origem animal (baço de vaca, placenta humana ou fígado humano). Em particular, a catepsina D pode ser utilizada no contexto da invenção.

Os arylsulfatases, de origem bacterians, podem ser extraídos a partir de bactérias Aerobacter aerogenes ou Flavobacterium heparinum ou a partir de tecidos de origem animal (caracol da Borgonha (Helix pomatia) ou de lapa (Patella vulgata)). A utilização da fosfatase ácida é selecionada de preferência às catepsinas e/ou arilsulfatases por motivos de custos. Com efeito, atualmente, as fosfatases ácidas são mais baratas do que as arilsulfatases ou as catepsinas. A eficácia dessas diferentes famílias de hidrolase é semelhante. A composição dermocosmética descrita pode ainda compreender pelo menos um agente de despigmentação selecionado a partir de inibidores da hormona MSH ou melanócitos, os inibidores da endotelina-1 ou ET-1, inibidores de tirosinase, antioxidantes, e agentes queratolíticos.

De preferência, uma tal composição compreende entre 0,5 e 15% em peso, mais preferencialmente, entre 5 e 10% em peso de, pelo menos, uma hidrolase escolhida de entre as fosfatases ácidas, catepsinas e arilsulfatases, e 0, 5 e 5% em peso de, pelo menos, um agente de despigmentação escolhido a partir de inibidores da hormona MSH ou melanócitos, os inibidores da endotelina-1 ou ET-1, e inibidores de tirosinase, antioxidantes e agentes queratolíticos.

Em particular, a composição pode compreender, como agente de despigmentação, pelo menos, um inibidor da tirosinase selecionado a partir da hidroquinona e seus derivados, ácido cójico, arbutina, glabridina, rucinol, e ácido azelaico, e/ou incluir, pelo menos, um antioxidante selecionado a partir de ácido ascórbico e a cisteína e seus derivados, e/ou incluir um agente queratolítico selecionado a partir de ácido glicólico e de ácido retinóico. A combinação na mesma composição dermocosmética de um produto estimulante da degradação da melanina, tal como a fosfatase ácida, catepsinas, ou arilsulfatases, e um produto da inibição da síntese de melanina, tais como, agentes de despigmentação conhecidos oferece eficiência e melhora a tolerância em comparação com composições conhecidas, especialmente em comparação com as que contêm apenas gentes de despigmentação conhecidos. A composição descrita pode estar numa das formas de dosagem seguintes: creme, pomada, loção, gel, leite, composição em aerossol pressurizado, uma solução que pode ser injetada ou uma solução que pode ser administrada por ionização. A composição descrita inclui, para além da fosfatase ácida e, opcionalmente, pelo menos um agente de despigmentação, um ou mais aditivos convencionalmente utilizados em composições dermocosméticas.

De acordo com um segundo aspeto, um método de tratamento cosmético da pele destinado, nomeadamente, a clarificar, caracterizado pelo facto da pele ser tratada, pelo menos, localmente, com uma composição descrita acima.

De acordo com uma forma de realização, a pele é tratada através da aplicação da composição na pele.

De acordo com uma outra forma de realização, a pele é tratada por injeção da composição através da pele.

Em ainda outra forma de realização, a pele é tratada por administração da composição por ionização. A invenção refere-se à utilização de, pelo menos, uma fosfatase ácida para clarear a pele, por exemplo para o tratamento de melasma ou máscara da gravidez ou lentigens (manchas da idade ou sardas). A composição dermocosmética descrita também pode ser utilizado para aclarar a pele preta.

Outras caracteristicas e vantagens da invenção irão tornar-se evidentes a partir da descrição pormenorizada que é dada a seguir, a titulo indicativo e de modo algum restritivo, com referência aos desenhos anexos, nos quais:

As Figuras 1 e 2 mostram cada uma vista em microscopia ótica de uma amostra de pele não tratada (Figura 1, controlo) ou tratada com uma composição que compreende fosfatase ácida (Figura 2);

As Figuras 3 e 4 mostram cada uma vista em microscopia eletrónica de melanóstomos observados no citoplasma de queratinócitos de uma amostra de epiderme não tratada (figura 3, controlo), ou tratada com uma composição que compreende fosfatase ácida (Figura 4).

Exemplo 1: Utilização de fosfatases ácidos de origem vegetal para o branqueamento da pele Exemplo IA : Estudos em animais.

Estudos experimentais foram realizados em cobaias com uma pelagem preta.

Foram realizadas duas aplicações tópicas diárias de soluções a 5% por peso de fosfatases ácidas na orelha direita de cobaias, servindo a orelha esquerda como controlo.

Estas soluções também continham água e um excipiente que permite a penetração da solução na epiderme, no exemplo, propileno glicol.

Foi assim observado, num período de 15 dias, uma clarificação significativa visível a olho nu.

Além disso, foram realizados estudos histológicos comparativos, em microscopia ótica, de amostras (punção de 2 mm de diâmetro) sobre as orelhas tratadas e não tratadas.

Amostras de pele de áreas não tratadas e de áreas da pele tratadas também serviram para fazer um estudo ultra-estrutural por microscopia eletrónica. A Figura 2 mostra o desaparecimento das áreas escuras na epiderme 1 com respeito à Figura 1. Em outras palavras, observa-se nas áreas tratadas uma diminuição significativa da melanina na epiderme 1, diminuição que pode, portanto, correlacionar-se com o branqueamento da pele observado a olho nu. A Figura 3 mostra uma amostra não tratada em que os melanóstomos 2 têm uma estrutura homogénea, ao passo que após o tratamento, a Figura 4 mostra um melanóstomo 3 que tem uma estrutura heterogénea que ilustra um processo de digestão da melanina em curso.

Estes estudos confirmam o desaparecimento da melanina epidérmica coexistindo com a síntese normal da melanina pelos melanócitos na pele nas áreas tratadas. Isto tende a provar que a contribuição local da fosfatase ácida promove a degradação de melanina.

Em animais, foi obtida, portanto, uma boa eficácia de clarificação e boa tolerabilidade da composição de acordo com a invenção.

Exemplo 1B : Estudos em seres humanos.

Um estudo parcial foi realizada em indivíduos com melasma e que não respondem aos tratamentos existentes atualmente no mercado.

Uma solução de fosfatase ácida idêntica à do Exemplo IA foi aplicada às áreas faciais a serem tratadas uma vez por dia.

Surgiu a partir deste estudo que a tolerância de uma solução de fosfatase ácida foi perfeita e os efeitos de branqueamento foram bons. Por exemplo, a atenuação da hiperpigmentação do melasma foi observada no final de três semanas em 70% dos casos.

Exemplo 2: Utilização de uma mistura de fosfatase ácida e um agente de despiqmentação para branquear a pele

Uma solução contendo uma mistura de fosfatase ácida e N-acetilcisteína, como agente de despigmentação foi utilizado para os estudos em animais e humanos relatados nos exemplos 2A e 2B. A solução continha 5% em peso de fosfatase ácida de origem vegetal e 5% em peso de N-acetilcisteína, em água e propileno glicol.

Exemplo 2A : Estudos em animais 0 mesmo protocolo que no Exemplo IA foi seguido com a solução contendo a mistura da fosfatase ácida e N-acetilcisteina em vez da solução de fosfatases ácidas sem agente de despigmentação adicional.

Em animais, a eficácia de clarificação de uma mistura de fosfatases ácidas extraídas de plantas e N-acetilcisteína é maior do que a da solução de fosfatase ácida isolada. A tolerância é, pelo contrário, pior por causa da presença de um derivado de cisteína, muitas vezes irritante para a pele.

Exemplo 2B: Estudos em seres humanos. 0 mesmo protocolo que no Exemplo 1B foi seguido com a solução contendo a mistura da fosfatase ácida e N-acetilcisteína em vez da solução de fosfatases ácidas sem agente de despigmentação adicional, em sujeitos portadores de melasma rebelde.

Os resultados observados em animais (exemplo 2A) foram confirmados em seres humanos.

Com uma tal composição, que tanto promove a degradação de melanina como inibe a sua síntese, adquire-se eficiência de branqueamento, mas a tolerância é menor do que a observada com uma composição contendo, apenas, fosfatase ácida sem agente de despigmentação adicional.

Claims (3)

1. REIVINDICAÇÕES

   1. Utilização cosmética de, pelo menos, uma fosfatase ácida para clarear a pele.
2. 2. Utilização de acordo com, a reivindicação 1, na qual as fosfatases ácidas são de origem vegetal.
3. 3. Utilização de acordo com a reivindicação 1 ou 2, na qual a dita, pelo menos, uma fosfatase ácida é extraída da batata, batata-doce, ou um cereal, tal como, germe de trigo.