PT99013B - Processo de fabricacao de uma peca de fundicao bimetalica e peca de desgaste realizada por esse processo - Google Patents

Description

DE5CRICÃ0

DA

PATENTE DE INVENÇÃO

N.° 99.013

REQUERENTE: MAGOTTEAUX INTERNATIONAL, belga, com sede em Rue A. Dumont, B-4051 Vaux-Sous-Chevremont, Bélgica

EPÍGRAFE: Processo de fabricação de uma peça de fundição bimetálica e peça de desgaste realizada por este processo

INVENiORJoS: Norbert Guerard,

Reivindicação do direito de prioridade ao abrigo do artigo 4.° da Convenção de Paris de 20 de Março de 1883.

Bélgica, 20 de Setembro de 1990, sob oN2.: 090 00 895 inp' .mc:

-1PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE UMA PEÇA DE FUNDIÇÃO BIMETÁLICA E

PEÇA DE DESGASTE REALIZADA POR ESTE PROCESSO

MAGOTTEAUX INTERNATIONAL

A presente invenção refere-se a um processo para a fabricação de uma peça de fundição bimetálica e a uma peça de desgaste realizada por este processo, em especial anéis de sujeição e martelos de moedores.

Numerosas peças de desgaste, por exemplo no domínio dos moedores, estão submetidas a solicitações mecânicas elevadas, na massa, e a um forte desgaste por abrasão, na sua superfície de trabalho, de modo que é desejável que estas peças apresentem uma forte resistência, para resistir à abrasão e uma certa ductilidade, para poder resistir às solicitações mecânicas de choques e eventualmente para poder ser paquinadas. Ora, é bem conhecido que estas propriedades não são conciliáveis. É claro que é possível escolher um aço que apresente um compromisso entre estas duas propriedades opostas, mas isto deve necessariamente fazer-se á custa da resistência ao desgaste ou à ductilidade.

Para evitar tais compromissos, é conhecida a realização das peças compósitas cuja parte exposta à abrasão é constituída por ferro fundido com crómio, de forte resistência à abrasão, suportada por um núcleo de aço mais dúctil. Isto permite reduzir o desgaste da peça, mantendo no entanto a possibilidade

L

-2de maquinagem do núcleo e evitar a sua rotura. Além disso, é possível reduzir o seu custo de fabricação por uma escolha judiciosa dos seus componentes.

Conhecem-se vários processos de fabricação de tais peças compósitas ou bimetálicas. Assim, por exemplo, a patente de invenção LU-64 303 propõe um processo de fabricação de peças compósitas por vazamentos sucessivos de materiais com propriedades diferentes ou complementares. Esta técnica apresenta no entanto duas limitações. Em primeiro lugar, o processo implica necessariamente a existência de uma superfície de separação horizontal entre os dois metais vazados. Além disso, a peça deve ser relativamente maciça para permitir o vazamento sucessivo dos dois metais, obtendo no entanto uma ligação metalúrgica correcta entre os mesmos. Estas duas limitações limitam o campo de aplicação da solução proposta na patente de invenção referida.

Ê também conhecida a realização de peças de desgaste bimetálicas por associação soldada. Se, teoricamente, a associação soldada não apresenta limites ao nível da morfologia dos componentes a ;associar, na prática tais limites existem e dependem do processo de soldadura utilizado. Além disso, todos os processos de soldadura aplicados a materiais frágeis exigem um domínio perfeito do seu ciclo de aquecimento e de arrefecimento, bem como um posicionamento muito preciso das superfícies a associar. Daqui resulta que a associação soldada é uma técnica relativamente cara e pouco polivalente.

É igualmente conhecida a realização de peças bimetálicas

-3por associação por soldadura forte. Esta técnica proporciona a possibilidade de associar componentes de formas diversas, mas exige sempre uma maquinagem muito precisa das superfícies de contacto e dispositivos de posicionamento também muito precisos.

A soldadura forte a temperatura elevada oferece propriedades mecânicas comparáveis á soldadura, mas exige precauções operatórias minuciosas e a utilização de fornos especiais, em especial fornos sob vazio, se se pretender obter uma associação fiável. Daí resulta um custo de fabricação relativamente elevado.

Quanto à soldadura forte a baixa temperatura, tal como à colagem, ela é evidentemente menos dispendiosa, mas as características mecânicas da associação são nitidamente inferiores, mesmo insuficientes para peças de desgaste fortemente solicitadas .

Estas diferentes técnicas são em especial preconizadas pelo documento EP-A2-0 271 336 para a realização de anéis de sujeição de moedores. A superfície de um tal anel de sujeição fica exposta a tensões importantes que geram fissuras que se propagam através do suporte do anel para tornar este último rapidamente inutilizável.

A patente de invenção US 4 099 988 propõe a realização da técnica das peças aplicadas para a realização de placas de blindagem bimetálicas para altos fornos. Segundo essa patente de invenção, vazam-se em primeiro lugar peças aplicadas, em pri/

Μmeiros moldes, em seguida colocam-se estas peças aplicadas num segundo molde, no qual a peça é vazada em torno das peças aplicadas de modo a formar uma ligação metalúrgica entre as peças aplicadas e o material de suporte. Este processo apresenta o inconveniente de as peças aplicadas sofrerem choques térmicos quando do vazamento das peças. Estes choques térmicos geram tensões internas e fissuras que se propagam, não só através das peças aplicadas mas, devido â ligação metalúrgica, também através do suporte. Este inconveniente manifesta-se mais quando a taxa de inserção for elevada, isto e, a massa das peças aplicadas relativamente importante em relação à massa do suporte, porque neste caso é necessário, para assegurar a formação da ligação metalúrgica quando do vazamento da peça, aumentar mais a temperatura de vazamento do material vazado em segundo lugar, o que intensifica os choques térmicos e aumenta os riscos de fissuração das peças aplicadas.

A finalidade da presente invenção consiste em prever um novo processo para a fabricação de uma peça de fundição bimetálica com taxa de inserção elevada, cujas propriedades resultam não apenas das propriedades próprias de cada componente, mas também de um efeito sinêrgico util gerado pela justaposição dos dois componentes e devido, quer â morfologia, quer ao dimensiona mento, quer à escolha dos materiais dos componentes.

Para atingir este objectivo, a presente invenção propõe um processo para a fabricação de uma peça de fundição bimetálica que consiste em vazar uma peça aplicada, num primeiro molde, em

-δ/· .<·** i' dispor a peça aplicada assim vazada num segundo molde e em vazar a peça principal neste segundo molde em torno da peça aplicada, caracterizado por o vazamento no segundo molde ser feito de modo a evitar qualquer ligação metalúrgica entre a peça aplicada e a liga vazada, sendo a ligação uma ligação mecânica obtida graças a uma forma apropriada da peça aplicada.

A presente invenção propõe igualmente uma peça de desgaste bimetálica realizada pelo processo referido e compreendendo pelo menos uma peça aplicada de um material de elevada resistência ao desgaste e um suporte vazado de um material mais dúctil resistente às solicitações mecânicas, na qual a massa das peças aplicadas representa pelo menos 30 % da massa da peça, caracterizada por uma ligação mecânica entre a peça ou as peças aplicadas e o suporte, sendo a referida ligação mecânica reforçada por uma forma geométrica apropriada da peça aplicada.

Para evitar a formação de uma ligação metalúrgica entre as peças aplicadas e o suporte e para reduzir o efeito dos choques térmicos, é possível, conforme a macicez das peças aplicadas, fazer com que estas sejam sujeitas a uma preparação prévia. Esta preparação pode por exemplo consistir, quando a macicez das peças aplicadas não for muito elevada, num simples tratamento térmico. Quando a macicez aumentar, é possível dotar as peças aplicadas com um revestimento refractário que forma uma barreira térmica. Quando a macicez for muito elevada, pode mesmo encarar-se a aplicação de um revestimento cerâmico nas peças aplicadas .

/

ί.

-6Ο processo permite, por uma escolha judiciosa da natureza e da morfologia dos dois componentes, gerar, em serviço, um perfil de desgaste que mantenha ou optimize o trabalho da peça.

A presente invenção prevê igualmente, a título de aplicação vantajosa, um anel de sujeição de moedor de forma cilíndrica ou tronco-cónica com um furo calibrado central para receber um cubo de suporte e constituído por uma peça de ferro fundido dúctil maquinável, em cuja superfície são embebidas longitudinalmente, no sentido da geratriz, peças aplicadas de desgaste, sendo cada uma das peças aplicadas separada das duas peças aplicadas vizinhas por uma alheta radial constituída por uma camada do referido material de fundição dúctil.

Cada uma das peças aplicadas pode compreender uma parte de forma sensivelmente paralelepipédica constituindo uma peça de desgaste prolongada radialmente para o centro do anel de sujeição por um estrangulamento longitudinal com uma secção em forma de cauda de andorinha, formando a zona de ligação mecânica com a peça de fundição dúctil. A secção em cauda de andorinha pode também ser substituída por secções caneladas.

espaçamento entre as peças aplicadas adjacentes pode ser determinado por nervúras radiais salientes previstas nos flancos longitudinais das peças aplicadas.

Segundo uma forma de realização vantajosa, as peças aplicadas estendem-se a partir de uma das bases do anel de sujeição e terminam antes da base oposta, para aí definir uma coroa periférica de material fundido dúctil.

f

-7A presente invenção prevê igualmente um martelo para moedor constituído por uma peça em forma de sector circular cujo vértice interior compreende uma abertura de passagem de um veio de suspensão e de rotação, e realizado de acordo com o processo atrás proposto, caracterizado por o vértice formar um suporte de material fundido dúctil maquinável e por a parte exterior ser uma peça aplicada de elevada resistência ao desgaste e por a peça aplicada e o suporte serem solidários um do outro por uma ligação mecânica.

Esta ligação mecânica pode ser assegurada por um prolongamento central da peça aplicada ou do suporte, estando este prolongamento provido de caneluras laterais. Esta ligação pode, além disso, ser reforçada por uma ranhura frontal no suporte ou na peça aplicada.

A ligação mecânica pode também ser assegurada por um sector interior da peça aplicada de espessura reduzida e com uma abertura transversal, sendo o referido sector de espessura reduzida fechado no suporte pelo vazamento deste.

Outras características e particularidades da presente invenção serão evidenciadas na descrição pormenorizada de várias formas de realização apresentadas a seguir, a título de ilustração, com referência aos desenhos anexos, cujas figuras representam:

- A fig. 1, esquematicamente, um moedor vertical;

- A fig. 2, os pormenores de um moedor ao nível da moedura;

-8- A fig. 3, uma vista em perspectiva de um anel de sujeição de um rolo de moedura segundo a presente invenção;

- A fig. 4, em perspectiva, uma primeira forma de realização de uma peça aplicada segundo a presente invenção, de um anel de sujeição de moedura;

- As fig. 5 e 6, respectivamente, um corte radial e um corte axial de uma variante do anel de sujeição da fig. 7;

- A fig. 7, o desgaste periférico de um anel de sujeição;

- A fig. 8, uma vista análoga à da fig. 4 de uma segunda forma de realização de uma peça aplicada de um anel de sujeição de moedura;

- A fig. 9, uma vista lateral de um martelo de moedor realizado segundo a presente invenção;

- A fig. 10, o martelo da fig. 9, em corte vertical central;

- A fig. 11, uma segunda forma de realização de um martelo de moedor; e

- A fig. 12, o martelo da fig. 11, em corte vertical central .

Uma primeira aplicação vantajosa para a realização de peças de desgaste compósitas, feitas de acordo com a presente invenção, será agora descrita com referência a um moedor vertical de rolos, tal como está representado esquematicamente na fig. 1, mas gue será igualmente válida para uma prensa de rolos. Tais moedores são utilizados, por exemplo, para moer carvão ou

V

clinquer. são essencialmente constituídos por uma pista rotativa (30), sobre a qual evoluem rolos de moedura (32). 0 material a moer e introduzido por um canal de alimentação central (34) e cai na pista (30) onde é esmagado e moído entre esta pista e os rolos (32). Como se mostra com mais pormenor na fig. 2, o material moído é apanhado, na periferia da pista (30), por uma corrente ascendente de ar quente e separado, ao mesmo tempo sob a acção da gravidade e de um separador (36), de acordo com a granulometria. Para evitar atritos entre os rolos (32) e a pista (30), os rolos (32) devem ter uma forma tronco-cónica, como se representa na fig. 1. É também possível prever rolos (40), como na forma de realização da fig. 2, com uma superfície de rolamento convexa, tendo a pista (38) uma superfície anular côncava correspondente.

Os rolos de moedura são em geral constituídos por um anel de sujeição tronco-cónico ou cilíndrico, montado num cubo. Devem ter, por um lado, uma resistência suficiente para o desgaste provocado pela moedura e, ao mesmo tempo, poder ser maquinados para ser' montados no cubo. Os anéis conhecidos são em geral vazados com ferro fundido com Ni, duro, ou com ferro fundido com crómio, e depois maquinados com uma grande precisão (diâmetro interior com tolerância H6 em certos casos), antes de ser montados no seu cubo.

Em serviço, o desgaste de um tal anel progride geralmente de maneira uniforme em todos os pontos segundo uma linha circular numa secção radial. Pelo contrário, o desgaste é geralmen-

te variavel, ao longo de uma mesma geratriz, desgastando-se as extremidades, sobretudo as extremidades periféricas, menos rapidamente do que a parte central. Além disso, produz-se um polimento progressivo da superfície de trabalho, tendo como consequência um maior risco de patinagem entre o anel e o material a moer.

Daí resulta que o perfil das superfícies de trabalho se modifica e o sistema de compensação das folgas deixa de permitir restaurar as condições óptimas de moedura. Além disso, ficando a superfície exterior polida, o deslizamento entre o material a moer e a superfície do anel acelera o desgaste e reduz o caudal, sobretudo se o material a moer estiver húmido.

Para remediar estes inconvenientes, a presente invenção propõe, na sua aplicação ao moedor, fazer os anéis com peças aplicadas, como se representa na fig. 3. Um tal anel é pois constituído por um suporte anular (42) de ferro fundido dúctil e maquinável, no qual são embebidas as peças aplicadas periféricas (44) de um material de elevada resistência à abrasão, por exemplo de ferro fundido com crómio e formando a superfície de trabalho e de desgaste do anel.

As peças aplicadas (44) são primeiramente moldadas por vazamento separadamente em moldes apropriados. Estas peças aplicadas (44) têm vantajosamente a forma representada em perspectiva na fig. 4. São constituídas por uma parte exterior (46) de forma sensivelmente paralelepipédica com secção ligeiramente tronco-cónica segundo o raio de curvatura do anel. Esta parte é /

/ prolongada para a base, ou para o interior do anel, por um pé longitudinal estrangulado (48), com uma secção radial em forma de cauda de andorinha e formando a zona de ligação com o suporte (42). Cada uma das peças aplicadas (44) compreende em pelo menos um dos seus flancos longitudinais da parte (46), na forma de realização representada, duas nrevuras salientes (50).

As peças aplicadas (44) são em seguida colocadas no molde para o vazamento dos anéis de modo a guarnecer toda a periferia do molde. As peças aplicadas (44) são justapostas de modo que as suas nervuras (50) fiquem em contacto mútuo para definir entre duas peças aplicadas justapostas um espaço (52) mais ou menos largo conforme a importância das nervuras (50). A finalidade destas nervuras (50) é a de provocar, quando do vazamento do suporte (42), um espalhamento do ferro fundido dúctil nos espaços (52) para formar entre todas as peças aplicadas vizinhas (44) uma alheta fina radial de ferro fundido dúctil.

De acordo com uma das particularidades da presente invenção, o vazamento do anel é efectuado de modo a evitar uma ligação metalúrgica entre o suporte (42) e as peças aplicadas (44). Para isso, as peças aplicadas (44) podem ser sujeitas a uma preparação prévia, por exemplo um tratamento térmico, para reduzir os riscos de fissuração. Se a macicez das peças aplicadas (44) for relativamente grande em relação á do suporte (42), é possível, entre outras coisas, revestir as peças aplicadas (44), antes do vazamento do anel, com um revestimento refractário destinado a formar uma barreira térmica.

X*

-12A temperatura do material que forma o suporte (42) não deve pois ser tão elevada, quando do vazamento do anel, comparada com o vaso de um vazamento com formação de uma ligação metalúrgica. Isto tem a vantagem de reduzir os choques térmicos a que estão sujeitas as peças aplicadas (44) quando do vazamento. Elas ficam, por consequência, menos expostas aos riscos de formação de fissuras. Se, apesar desta precaução, se formasse uma fissura numa peça aplicada (44), esta fissura não se propagaria senão através da peça aplicada, dado que a ausência de ligação metalúrgica impede a progressão através do material do suporte (42). Por outras palavras, o processo proposto pela presente invenção reduz os riscos de aparecimento de fissuras nas peças aplicadas (44) e impede, além disso, a sua progressão no suporte.

A finalidade das alhetas (52) é a de provocar, pelo trabalho do rolo, um desgaste preferencial da liga dúctil e a formação de ranhuras entre as peças aplicadas (44) com o fim de agarrar o material a moer. Para ter o rendimento óptimo é pois necessário escolher o espaçamento entre as peças aplicadas (44) em função das características de atrito do material utilizado, da sua granulometria e da sua angularidade.

A morfologia e a forma das peças aplicadas (44) é pois ditada por vários critérios. A sua largura e o seu espaçamento devem permitir um passo periférico que proporcione um arrastamento óptimo do material usado. 0 perfil da parte (48) de cada peça aplicada (44) permite uma ligação mecânica excelente entre

ζ

-1 3as peças aplicadas (44) e o suporte (42) com um mínimo de concentração de tensão no ferro macio com crómio das peças aplicadas. A altura radial das peças aplicadas (44) permite uma grande espessura utilizável e uma boa ligação mecânica até ao fim da vida. Finalmente, as nervuras (50) permitem um ajustamento e um posicionamento fácil das peças aplicadas (44) do molde.

Um anel realizado com peças aplicadas tais como as descritas anteriormente apresenta várias vantagens em relação aos anéis conhecidos. A operação de maquinagem e de guarnição é menos delicada e menos dispendiosa devido à ductilidade do suporte (42). Esta ductilidade reduz igualmente os riscos de rotura brutal em toda a secção da peça em consequência das solicitações estáticas de aplicação da guarnição e de fadiga em serviço. É possível utilizar ligas de elevado teor de crómio, isto é, de dureza muito elevada (superior a 65 Rc) cuja maquinagem é extremamente difícil e cara. Ao mesmo tempo, o processo de fabricação permite uma maior taxa de utilização da liga de crómio cara.

Além das vantagens atrás enumeradas e que, de facto, são vantagens intrínsecas devidas às propriedades de cada um dos materiais em presença, a associação destes materiais gera um efeito sinérgico que proporciona outras vantagens. Assim, por exemplo, é possível realizar uma colocação em pressão das peças aplicadas pela expansão da liga de crómio quando da sua transformação martensítica, na têmpera, enquanto o ferro fundido dúctil termina o seu arrefecimento com uma contracção linear. Esta colocação em compressão da superfície de trabalho tem um efeito /

V..

-1 4positivo na resistência à fadiga e também, em certos casos, na resistência â abrasão. Além disso, é possível gerar uma superfície de desgaste que conserva o perfil inicial tendo, além disso, duas cavas entre as peças aplicadas que favorecem o arrastamento do material. Em resumo, os anéis realizados segundo o processo proposto proporcionam uma resistência ao desgaste maior, uma fiabilidade mecânica mais elevada e um caudal maior durante o tempo da sua utilização.

Vai agora descrever-se, com referência às fig. 5 a 7, uma forma de realização de um anel que permite uma compensação do perfil de desgaste segundo a geratriz. Com efeito, um perfil de desgaste irregular segundo a geratriz é particularmente prejudicial no caso de moedores verticais de rolos segundo a fig.

1, onde o material é deslocado radialmente sobre a pista segundo a geratriz dos rolos e onde a formação de uma bolsa entre o rolo e a pista é responsável por consequências nefastas. Com efeito, o caudal pode cair atê 50 % do nominal, obrigando a substituir prematuramente ou a maquinar de novo os rolos, antes de se utilizar toda a espessura útil da camada de desgaste. Além disso, entre as extremidades pouco desgastadas do rolo e da pista produz-se um contacto de metal com metal, que provoca uma deterioração rápida destas peças de desgaste. Este inconvenientes são ainda mais pronunciados no caso de pistas planas e de rolos com geratriz rectilínea, como os das fig. 1 . Num tal caso, há interesse em explorar as possibilidades do processo de fabricação segundo a presente invenção para beneficiar da presença de dois

-15materiais de propriedades diferentes para acelerar o desgaste das zonas gue são menos desgastadas que outra modificando por consequência a morfologia das peças aplicadas.

Como mostram as fig. 5 e 6, o anel (60) compreende peças aplicadas (62) que não se estendem ao longo de todo o comprimento da geratriz de modo a deixar ficar no bordo exterior dos rolos um nariz periférico (64a) que faz parte do suporte (64) de liga dúctil. Provoca-se portanto voluntariamente nesta zona do rolo um desgaste mais rápido para compensar o facto de esta zona se desgastar normalmente menos rapidamente. A fig. 7 mostra a evolução do desgaste de um tal anel (60). O perfil (A) representa o contorno exterior do anel (60) no estado de novo, não desgastado. A linha (B) representa a evolução do perfil de desgaste quando o anel apresentar uma dureza uniforme em todo o comprimento da geratriz, enquanto a linha a tracejado (C) representa a evolução do perfil de desgaste tal como é corrigido por um anel de acordo com a fig. 6, com um bordo exterior (64a) mais dúctil.

Como atrás se mencionou, a forma particular das peças aplicadas (44), em especial a sua forma (48) em cauda de andorinha contribui para consolidar a ligação mecânica entre as peças aplicadas (44) e o suporte (42). Quando as peças aplicadas forem relativamente maciças, é possível, para aumentar a superfície de contacto ao mesmo tempo que se evita a necessidade de realizar entalhes demasiadamente profundos para obter as formas em cauda de andorinha, prever peças aplicadas tais como as re-

-1 6presentadas na fig. 8. Uma tal peça aplicada (64) é comparável com as peças aplicadas (44) da fig. 4, com a diferença de que a parte interior (66) compreende, nos seus dois lados longitudinais, ondulações ou caneluras (68) que formam uma espécie de cauda de andorinha múltipla. A zona de ligação mecânica está pois separada e está, de facto, por detrás da zona de desgaste, o que evita um certo número de inconvenientes no fim da vida em relação à cauda de andorinha simples que aflora na superfície de trabalho.

As fig. 9 e 10 ilustram uma outra aplicação que utiliza uma peça compósita feita de acordo com a presente invenção. Trata-se, nesta caso, de um martelo de moedor. Tais moedores compreendem geralmente um tambor rotativo, em cuja superfície são fixados, de maneira rotativa em dois eixos longitudinais, martelos moedores. O martelo (70) representado na fig. 9 possui uma forma aproximadamente de sector circular com um furo (72) para montar num eixo num moedor de martelos. Este martelo é uma peça bimetálica feita de acordo com a presente invenção e compreende uma peça aplicada (74) de um material de elevada resistência ao desgaste e um suporte (76) de um material mais dúctil, resistente às solicitações. A peça aplicada (74) ê vazada em primeiro lugar, num primeiro molde, e o suporte (76) é depois vazado sobre a peça aplicada (74) num outro molde. A ligação mecânica entre o suporte (76) e a peça aplicada (74) é uma ligação exclusivamente mecânica. Para consolidar esta ligação, ê preferível realizar uma peça aplicada (74) que tem, do lado da sua ligação com o su/

,.....

-ΛΊporte (76), um prolongamento (78) provido de caneluras laterais (80). O número destas caneluras depende da solidez destas ligações que se pretende obter. Ê possível, por exemplo, prever apenas uma única canelura para realizar uma ligaçao em forma de cauda de andorinha. Em vez de prever as caneluras (80) num prolongamento da peça aplicada (74) é também possível prevê-las num entalhe da peça aplicada (74) de modo que o suporte se prolongue para o interior deste.

Para melhorar a fixação no sentido transversal, isto ê, perpendicularmente ao plano da fig. 9, é possível prever no lado dianteiro da peça aplicada (74), do lado do suporte (76), uma nervura saliente (82) ou uma ranhura. A referência (82) (fig.

10) representa uma tal nervura de consolidação.

As fig. 11 e 12 representam um outro modo de realização de um martelo (84) de moedor feito segundo a presente invenção.

O martelo (84) compreende igualmente uma peça aplicada (88) de elevada resistência ao desgaste, sobre a qual é vazado um suporte dúctil (86). A peça aplicada (88) compreende, do lado do suporte (86), um sector (90) de espessura reduzida (fig. 12) por exemplo no terço central da espessura do restante da peça aplicada (88). Este sector (90) compreende, além disso, uma abertura transversal (92). Quando do vazamento do suporte (86), esse vazamento efectua-se de um lado e do outro do sector (90) de espessura reduzida e através da abertura (92) para formar a configuração representada em corte na fig. 12. 0 suporte (86) e a peça aplicada (88) ficam portanto perfeitamente integrados um na

-18outra, com uma ligação mecânica extremamente estável, quer na direcção transversal, quer na longitudinal. Este modo de realização apresenta, além disso, a vantagem de o desgaste da peça aplicada (88) seguir a forma do suporte dúctil (86).

Finalmente, resta sublinhar que as duas aplicações atrás descritas, isto é, o anel de sujeição e o martelo de moedor, foram apresentadas apenas a título de ilustração. Ha outras aplicações susceptíveis de beneficiar das vantagens proporcionadas pela presente invenção, em especial aplicações com peças de desgaste compósitas com elevada taxa de inserção, por exemplo os anéis de sujeição, utilizados em desaglomeradores de cilindro usados na saída dos refrigeradores para desagregar o calcário e nos quais a taxa de inserção pode ser da ordem de 80 %.

Claims (12)

1. REIVINDICAÇÕES

   1. - Processo de fabricação de uma peça de fundição bimetálica que consiste em vazar uma peça aplicada, num primeiro molde, em dispor a peça aplicada assim vazada num segundo molde e em vazar a peça neste segundo molde em torno da peça aplicada, caracterizado por o vazamento no segundo molde ser efectuado de modo a evitar qualquer ligação metalúrgica entre a peça aplicada e a liga vazada, sendo a ligação uma ligação me cãnica graças a uma forma apropriada da peça aplicada.
2. 2. - Peça de desgaste bimetálica realizada pelo processo de acordo com a reivindicação 1, que compreende pelo me- nos uma peça aplicada de um material de elevada resistência ao desgaste e um suporte vazado de um material mais dúctil resistente às solicitações mecânicas, na qual a massa das peças aplicadas representa pelo menos 30% da massa da peça, caracterizada por uma ligação mecânica entre a peça ou as peças aplicadas e o suporte, sendo a referida ligação mecânica reforçada por uma forma geométrica apropriada da peça aplicada.
3. 3. - Peça de desgaste de acordo com a reivindicação 2, caracterizada por formar um anel de sujeição de um moedor de forma cilíndrica ou troncocónica com um furo calibrado central para receber um moente de suporte e por ser constituída por um suporte (42) de fundição dúctil maquinável, em cuja superfície são mergulhados, longitudinalmente na direcção das geratrizes, peças aplicadas de desgaste (44), estando cada uma das peças aplicadas (44) separada das duas peças de desgaste vizinhas por uma alheta radial (52) constituída por uma camada fina da referida fundição dúctil.
4. 4. - Peça de acordo com a reivindicação 3, caracteri zada por cada uma das peças aplicadas (44) compreender uma par te (46) de forma sensivelmente paralelipipédica que constitui uma peça de desgaste, prolongada radialmente para o centro do anel de sujeição por um estrangulamento longitudinal (48) com uma secção em forma de cauda de andorinha formando uma zona /

   *«21«**“ (· / w de ligação com a fundição dúctil.
5. 5. - Peça de desgaste de acordo com a reivindicação 3, caracterizada por cada uma das peças aplicadas (64) compreender uma parte de forma sensivelmente paralelipipédica que constitui uma peça de desgaste, prolongada radialmente para o centro do anel de sujeição por uma parte (66) que compreende, de cada lado, caneluras longitudinais (68) que formam uma zona de ligação mecânica com a fundição dúctil do suporte.
6. 6. - Peça de acordo com uma qualquer das reivindicações 4 e 5, caracterizada por cada uma das peças aplicadas (44,64) compreender em pelo menos um dos seus flancos longitudinais nervuras radiais salientes (50) que determinam o espaçamento com cada uma das peças aplicadas adjacentes.
7. 7. - Peça de acordo com uma qualquer das reivindicações 3 a 6, caracterizada por as peças aplicadas (62) se esten derem a partir de uma das bases do anel de sujeição (60) e ter minarem antes da base oposta para aí definir uma coroa periféri ca (64a) de fundição dúctil.
8. 8. - Peça de acordo com uma qualquer das reivindicações 3 a 7, caracterizada por as peças aplicadas serem de ferro fundido com crómio de dureza muito elevada, pelo menos igual

   -22a 65 Rc.
9. 9. - Peça de acordo com a reivindicação 2 que forma um martelo para um moedor constituído por uma peça em forma de sector circular cujo vértice interior ccmpreende uma abertura de passagem de um veio de suspensão e de rotação e realizada por um processo de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por o vértice formar um suporte de ferro fundido dúctil maquinável e por a parte exterior ser uma peça aplicada de elevada resistência ao desgaste e por a peça aplicada e o suporte serem solidários um com o outro por uma ligação mecânica.
10. 10. - Peça de acordo com a reivindicação 9, caracteri zada por a ligação mecânica ser assegurada por um prolongamento central (78) da peça aplicada (74) ou do suporte (76), estando esse prolongamento provido de caneluras laterais (80).
11. 11. - Peça de acordo com a reivindicação 10, caracterizada por a ligação ser reforçada por uma nervura frontal (82) no suporte (76) ou na peça aplicada (74).
12. 12. - Peça de acordo com a reivindicação 9, caracteri zada por a ligação mecânica ser assegurada por um sector interior (90) da peça aplicada (88) de espessura reduzida e com uma abertura transversal (92), ficando o referido sector (90) de es