PT2000063E - Método de preparação de uma bebida e aparelho e cápsula para implementação deste método - Google Patents

Description

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DESCRIÇÃO "MÉTODO DE PREPARAÇÃO DE DMA BEBIDA E APARELHO E CÁPSULA PARA IMPLEMENTAÇÃO DESTE MÉTODO" A presente invenção refere-se a um método de preparação de uma bebida mediante a passagem de água quente pressurizada numa cápsula hermeticamente selada e a um aparelho que permite a implementação deste método. A presente invenção destina-se, em particular, à preparação de café e, como tal, para facilitar as coisas, a seguinte descrição refere-se explicitamente só a essa bebida. Contudo, a presente invenção continuará a ser considerada como estando destinada à preparação de qualquer bebida que possa ser obtida mediante a passagem de água quente numa cápsula contendo uma substância a ser extraída ou dissolvida (normalmente, em grãos ou pó), de acordo com os métodos descritos abaixo. A utilização de cápsulas descartáveis para a preparação de café é conhecida há muitos anos. Normalmente, são cápsulas hermeticamente seladas que podem ter filtros através dos quais a água quente, sob pressão se necessário, é introduzida para extrair o café a partir do pó ou dos grãos contidos na cápsula. A bebida sai por uma abertura existente na segunda parede da cápsula.

Uma vez que a qualidade da bebida obtida depende bastante dos métodos de passagem da água pela cápsula, foram desenvolvidos, ao longo do tempo, muitos processos e aparelhos destinados à preparação deste tipo de bebidas. Por exemplo, pode ser utilizada uma cápsula com uma mistura 2 de café em pó para obter uma infusão simples, infiltrando lentamente água quente de baixa pressão na mesma, ou o chamado "café expresso" (ou seja, uma bebida com propriedades organolépticas significativamente diferentes), se for infiltrada água quente pressurizada na mesma. A qualidade do café expresso pode ser melhorada através de uma pré-infusão forçada antes de começar a tirar a bebida da cápsula, mantendo assim uma pressão predeterminada na cápsula durante todo o periodo de tiragem.

Normalmente, os tempos, as temperaturas e as pressões durante a pré-infusão e as fases de tiragem, a velocidade do fluxo intergranular e, por conseguinte, as microturbulências geradas são essenciais para obter um bom resultado organoléptico. Uma vez que nem todas as substâncias solúveis contidas no café são úteis para obter um resultado ideal, têm de ser efectuadas tentativas para optimizar o ciclo de extracção, de modo a que o aspecto, o aroma e o sabor confirmem o resultado positivo do processo. Até agora, estes parâmetros empíricos foram os únicos considerados realmente fiáveis para definir a qualidade do café.

Por conseguinte, a principal técnica para preparar um café expresso de boa qualidade é, de uma maneira geral, amplamente conhecida. Contudo, na prática, alcançar um bom nível de qualidade e mantê-lo constante ao longo do tempo não é certo nem fácil. Isto deve-se ao facto de existirem muitos factores que contribuem para o sucesso da operação, difíceis de quantificar e, por vezes, nem sequer claramente identificáveis, uma vez que mesmo as mínimas alterações nas circunstâncias de funcionamento podem produzir efeitos consideravelmente diferentes. 3

Além disso, ao escolher os métodos de produção, deverá ser dada preferência a métodos simples e fiáveis com um custo industrial baixo, mas que garantam um bom resultado final. Não é comercialmente praticável a utilização de métodos demasiado complexos e, por conseguinte, demasiado dispendiosos para alcançar um resultado ideal.

Conforme já mencionado, uma das técnicas identificada como sendo capaz de melhorar o resultado em termos da qualidade do café expresso é a pré-infusão. A pré-infusão consiste na introdução de água quente na cápsula, impedindo-a de sair até a pressão interna atingir um valor predeterminado (e, se necessário, a sua manutenção durante um período de tempo predeterminado). Esta operação deverá permitir que a água se infiltre profundamente nos microporos do café em grãos/ρό, graças à sua própria pressão que comprime e, por conseguinte, reduz o volume das substâncias gasosas presentes nos referidos poros. Por um lado, esta infiltração profunda permite que a água chegue a uma superfície significativamente maior do que a formada exclusivamente pela cobertura exterior do grão e, por outro lado, permite a extracção dos aromas e óleos essenciais existentes no grão, que representam a maioria dos existentes no café. Por conseguinte, desta forma, é possível extrair um sabor e um aroma de café significativamente melhores. 0 facto de a preparação de bebidas mediante a utilização de cápsulas ser um assunto de grande interesse há muito tempo é mencionado nas várias patentes relacionadas com o tema. Por exemplo, as seguintes: 4

CH 406561, CH 605293, DE 3722554, DE 7430109U, EP 199953, EP 211511, EP 242556, EP 382001, EP 468078, EP 468079, EP 468080, EP 469162, EP 471094, EP 507905, FR 757358, FR 1198879, FR 1537031, FR 2062337, FR 2171306, FR 2556323, GB 938617, GB 2023086, US 2715868, US 2899886, US 3094917, US 3292527, US 3347151, US 3403617, US 3470812, US 3589272, US 4077551, US 4136202, US 4921712 e WO 86/02537.

Outros exemplos de patentes que descrevem vários métodos de abertura de cápsulas são: WO 2005090196, EP 1557373, EP 1243210, EP 1674007, EP 0726053, EP 1599117, WO 9507648, US 5243164, EP 1555218, EP 1247756.

Os referidos documentos de patente descrevem substancialmente três métodos principais de preparação de café ou bebidas utilizando cápsulas hermeticamente seladas descartáveis: um primeiro método no qual a segunda parede da cápsula é perfurada antes de a água ser introduzida na mesma, que, por conseguinte, não utiliza a pré-infusão; um segundo método que utiliza a abertura interior de uma parte que pode ser aberta da base da cápsula (patentes EP 1557373 e EP 1243210); e um terceiro método, que utiliza a pré-infusão e no qual a segunda parede da cápsula é perfurada como uma consequência directa do aumento na pressão interna devido à introdução de água na mesma.

Em relação ao segundo método, a patente EP 1243210 e a patente EP 1557373 descrevem duas soluções muito semelhantes nas quais a cápsula abre por meio de uma deformação interior de uma parte que pode ser aberta da parede base. No caso da patente EP 1557373, a parte que pode ser aberta é obtida fazendo pressão sobre a parede base ao longo de uma linha de enfraquecimento utilizando um 5 punção externo depois de a pressão interna atingir um valor predeterminado. Em contraste, no caso da patente EP 1243210, a cápsula já inclui a parte que pode ser aberta, embora esta tenha um formato que forma uma válvula no inicio da introdução de água na cápsula. Em particular, a parte que pode ser aberta assenta na restante parte da base, de modo a não poder abrir para fora. Por conseguinte, a base abre-se por meio de um elemento de contacto exterior que interage com a parte que pode ser aberta quando, após o aumento na pressão, o volume da cápsula aumenta o suficiente.

Em contraste, o terceiro método mencionado acima tem duas formas principais. A primeira forma, descrita por exemplo na patente US 4 136 202, implica o cartucho com abertura dividida devido ao aumento na pressão, preferencialmente nas suas zonas menos resistentes.

Na segunda forma, a tiragem do café começa depois de a base da cápsula ter sido perfurada devido ao aumento do volume da base como resultado da pressão interna gerada pela entrada da água, o que significa que a base é cortada por um elemento fixo incorporado na base do corpo do compartimento da cápsula e que se projecta a partir da mesma (patentes EP 468 078 e EP 507 905) . O corte obtido desta forma permite a saída do ar e do líquido a uma pressão que depende da resistência à perfuração da base da cápsula e do formato do elemento cortante saliente.

Contudo, estas soluções do estado da técnica têm várias desvantagens. Quando a base da cápsula é empurrada para 6 dentro, significa que não foi alcançada nenhuma condição que produza a compressão acima mencionada do ar ou gás nos microporos do café em grãos. 0 aumento na pressão ocorre com a presença simultânea de liquido e ar/gás em toda a cápsula e não apenas nos microporos, o que significa que praticamente só o ar fora dos microporos é comprimido. Como tal, a água não se infiltra nos microporos a menos que existam fenómenos marginais, tais como microturbulências, que possam remover de forma dinâmica parte do ar contido em alguns destes microporos.

Contudo, convém referir que durante a fase de tiragem da bebida, devido à resistência dinâmica ao fluxo de saída da bebida do orifício, existe um certo novo aumento na pressão interna da cápsula, que pode permitir que a água se infiltre parcialmente nos microporos do café em grãos. Por outro lado, a seguir ao referido novo aumento, na ausência da redução na pressão necessária para a saída do líquido infiltrado, as substâncias solubilizadas apenas saem parcialmente do grão.

Assim, o estado da técnica, embora permita resultados nos quais a qualidade da bebida é, por vezes, boa, implementa tratamentos de pré-infusão substancialmente ineficazes e, por conseguinte, susceptíveis a mais e significativos melhoramentos. Além disso, têm problemas de concepção, incluindo, em particular, a limitação das tolerâncias dos componentes necessárias para assegurar que as paredes base das cápsulas são cortadas nos tempos e formas pretendidos, com a capacidade de repetição e a constância necessárias ao longo do tempo. 7 É necessário trabalhar muito próximo dos limites máximos de resistência da cápsula à perfuração, de modo a obter resultados satisfatórios, o que dificulta a optimização do conjunto de vários parâmetros e tolerâncias envolvidos (a pressão máxima que pode ser atingida pela bomba, a capacidade de deformação do material da cápsula e a espessura relativa, a natureza do composto, a temperatura ambiente, a incisão do elemento de perfuração, o grau de saliência do mesmo e as tolerâncias de tamanho em geral). A partir de todos estes factores, é possível deduzir se existe o risco de perfuração antecipada ou nenhuma perfuração de todo. Além disso, a perfuração pode, por vezes, ser demasiado resoluta, deixando aberto um orifício que não impede suficientemente o fluxo de saída, ou o orifício pode ter dificuldade em abrir, prolongando o tempo de tiragem mais do que o necessário.

Conforme já mencionado, outros métodos conhecidos perfuram de forma mecânica a base da cápsula (em alguns casos removendo partes, noutros deformando plasticamente as extremidades que delimitam o orifício) antes ou em simultâneo com o início da entrada de água na cápsula. Numa concepção simples, esses métodos não utilizam a pré-infusão, mas procuram um resultado aceitável de outras formas: valores de pressão de funcionamento elevados, grãos moídos muito finos, temperaturas de funcionamento elevadas, caudais hidráulicos reduzidos, fenómenos de turbulência provocados por formatos internos da cápsula especiais. Todos estes métodos são parcialmente apropriados para o objectivo, mas são complexos e pouco fiáveis (sem aumentos inaceitáveis nos custos de produção). Outros métodos utilizam dispositivos de controlo electrónico, obtendo uma pré-infusão muito moderada à pressão atmosférica e, em seguida, sobem a pressão durante a fase subsequente, aumentando a capacidade da bomba.

Resumindo, todos estes métodos do estado da técnica obtêm resultados incertos ou não completamente satisfatórios, muitas vezes com custos consideravelmente elevados.

Nesta situação, o objectivo técnico que constitui a base da presente invenção é fornecer um método de preparação de uma bebida que supere as desvantagens acima mencionadas, bem como fornecer um aparelho que permita a implementação deste método.

Em particular, o objectivo técnico da presente invenção é fornecer um método de preparação de uma bebida e um aparelho respectivo capaz de permitir a preparação de bebidas com óptimas propriedades organolépticas.

Outro objectivo técnico da presente invenção é fornecer um método de preparação de uma bebida e um aparelho respectivo que assegure um resultado que possa ser repetido e permaneça constante ao longo do tempo. 0 objectivo técnico especificado e as finalidades mencionadas são substancialmente alcançados através de um método de preparação de uma bebida e o aparelho respectivo, conforme descrito nas reivindicações aqui apresentadas.

Outras caracteristicas e vantagens da presente invenção são mais evidentes na descrição detalhada abaixo, relativamente a diversas formas de realização preferidas e não limitativas de um método de preparação de uma bebida e 9 respectivos aparelho e cápsula, ilustradas nas figuras em anexo, nas quais: - A Figura 1 é uma vista lateral esquemática parcial de um aparelho de acordo com a presente invenção; - A Figura 2 é uma vista lateral em corte transversal do aparelho da Figura 1; - A Figura 3 é uma vista esquemática de uma cápsula e dos meios de corte da cápsula de acordo com a presente invenção; - A Figura 4 ilustra a cápsula e os meios de corte da

Figura 3 de acordo com a linha IV - IV; e - As Figuras 5 a 7 são ilustrações esquemáticas de várias fases do método de acordo com a presente invenção. 0 método de preparação de uma bebida de acordo com a presente invenção implica a utilização de uma cápsula 1 (por exemplo do tipo ilustrado nas Figuras 3 e 4) com uma primeira parede 2 e uma segunda parede 3 ligadas por uma parede lateral 4 e que contém uma substância 5 a ser extraída, tal como 25 café em pó ou grãos. Vantajosamente, a cápsula 1 também pode conter 10 filtros ou difusores 6 do tipo ilustrado na Figura 4. Além disso, na forma de realização ilustrada nas figuras em anexo, a primeira parede 2 é a parede superior da cápsula, enquanto a segunda parede 3 é a parede inferior da cápsula.

Na forma conhecida, o método de preparação da bebida compreende as fases de acção de criar uma primeira abertura 10 na primeira parede 2 da cápsula 1, criar uma segunda abertura 7 na segunda parede 3 da cápsula 1, introduzir água quente na cápsula 1 através da primeira abertura e fazer a bebida sair pela segunda abertura 7. A primeira abertura pode ser criada de várias formas, por exemplo utilizando um espigão 8 incorporado numa peça amovível do aparelho 9, conforme ilustrado nas figuras em anexo e descrito abaixo.

Igualmente, a água pode ser introduzida na cápsula 1 de várias formas, por exemplo utilizando canais directa ou indirectamente associados ao espigão 8 que perfura a primeira parede 2.

Por conseguinte, de acordo com a presente invenção, a fase de criação da segunda abertura 7 através da qual a bebida tem de sair compreende diversas fases. Primeiro, existe uma fase de acção na qual é feito, pelo menos, um corte 10 de uma forma linear na segunda parede 3 da cápsula 1. O referido corte 10, de preferência feito antes da fase de introdução, é vantajosa e substancialmente feito sem remover material da parede da cápsula 1, de modo a ser delimitado por duas partes adjacentes 11 da segunda parede 3. De preferência, o corte 10 é feito utilizando uma lâmina 12. Além disso, pode ser feito tanto de uma forma direita como curva, embora seja preferível fazê-lo de modo a não delimitar partes salientes, ou seja, de modo a que a distância entre dois pontos não adjacentes do corte 10 seja sempre superior à distância recíproca entre todos os pontos entre os primeiros dois. 11

Além disso, a fase de criação do corte 10 é, preferencialmente, realizada sem afectar o que está contido na cápsula 1 (em particular, o filtro 6 que pode separar a base da cápsula do café em pó) . Finalmente, nas formas de realização mais comuns, o corte 10 é, normalmente, feito de modo a ter um comprimento entre 2 e 6 mm.

Dependendo dos requisitos, podem ser feitos diversos cortes 10, cada um delimitado por duas partes adjacentes 11 da base da cápsula 1, podendo cada um desses cortes 10 estar numa zona diferente da segunda parede 3 ou cruzar-se.

Também convém realçar que a fase de criação do corte 10 pode ser realizada numa altura diferente da preparação da bebida. O corte pode ser feito no momento em que a cápsula 1 é fabricada. Contudo, nesse caso, convém que o corte 10 seja tapado para preservar as propriedades organolépticas da substância contida na cápsula. Por exemplo, cada cápsula pode ser individualmente embalada num invólucro hermeticamente 20 selado, ou o corte pode ser tapado com uma película adesiva de protecção que tem de ser removida antes de utilizar a cápsula.

Depois de feito o corte 10, segue-se uma fase durante a qual as partes adjacentes 11 da segunda parede 3, que delimitam o corte 10, podem aproximar-se novamente uma da outra, para impedir substancialmente, directa ou indirectamente, conforme descrito abaixo, a saida da bebida pelo corte.

Isto implica, antes de mais, a remoção dos meios de corte 35 utilizados (lâmina 12 ou outro) do corte 10, se necessário. Só neste momento é que as partes adjacentes 11 12 que delimitam o corte 10 podem aproximar-se novamente uma da outra, regressando, se necessário, à sua posição inicial. Em particular, na fase de acção de criar o corte 10, depois de as partes adjacentes 11 se moverem (por deformação elástica) da sua posição original (normalmente, um movimento em direcção ao interior da cápsula 1), a nova aproximação efectiva das partes adjacentes pode ocorrer antes da fase de introdução subsequente (por exemplo, graças à elasticidade das partes adjacentes 11) ou após a fase de introdução devido ao aumento na pressão gerada no interior da cápsula 1. Além disso, a expulsão dos meios de corte 35 do corte 10 pode ser provocada pelo aumento na pressão no interior da cápsula 1 devido à fase de introdução.

Em qualquer um dos casos, de acordo com a presente invenção, a fase de nova aproximação é efectuada de modo a que, após a referida fase, o corte 10 tenha um tamanho e/ou formato transversais para impedir substancialmente a passagem de liquido pelo mesmo, mas permitindo a passagem de ar. Conforme descrito abaixo, o corte 10 permite assim a saida do ar da cápsula 1 e, ao mesmo tempo, a pré-infusão ideal da bebida. Se tal não fosse possível, após a fase de nova aproximação, o corte 10 continuaria a ter preferencialmente um tamanho e/ou formato transversais para impedir substancialmente a passagem pelo mesmo de partículas da substância 5 a extrair (café), que são normalmente removidas pelas primeiras gotas de água que passam pela substância. Por conseguinte, neste caso, pode ser identificada outra fase de acção, ou seja, a de bloqueio do corte 10 por meio das referidas partículas transportadas perto do corte 10 pela água introduzida na cápsula 1. Como pode ser facilmente deduzido, durante esta 13 fase de bloqueio, algumas gotas de líquido saem pela segunda abertura 7 até a última estar completamente bloqueada. Contudo, neste caso, não é possível fazer referência a tiragem da bebida. Por conseguinte, quando o corte 10 é feito de modo a ter um tamanho transversal para satisfazer um dos dois requisitos acima mencionados, após a introdução da água na cápsula 1, pelo menos parte do ar contido na mesma é expelido e, em seguida, podem cair várias gotas de água, seguindo-se um período de tempo em que a tiragem da bebida é substancialmente impedida.

Por outras palavras, no momento em que a água entra na cápsula 1, o corte 10 feito na segunda parede 3 funciona como uma válvula, praticamente aberta para o ar ou os gases contidos na cápsula 1, mas fechada para as primeiras gotas de líquido cheias de partículas sólidas.

Acontece o mesmo quando o tamanho transversal do corte 10 é demasiado pequeno para permitir a passagem de ar. Nesse caso, as extremidades que delimitam o corte 10 são substancialmente coplanares e contíguas, mas sem estarem incorporadas uma na outra. Contudo, um excesso de pressão mínimo na cápsula 1 (por exemplo, cerca de 0,1 bar) é suficiente para as duas extremidades que delimitam o corte 10 se afastarem uma da outra, curvando-se ligeiramente de modo a criar um espaço suficiente para a passagem de um gás. Contudo, nesta patente, a referida curvatura mínima não é considerada uma deformação da segunda parede 3, uma vez que essa definição se aplica a deformações que permitem a passagem da bebida.

Conforme já mencionado, neste momento do método divulgado, a bebida ainda não consegue sair da cápsula 1, uma vez que 14 a segunda abertura 7 ainda não pode ser considerada como estando completamente formada.

Por conseguinte, na fase subsequente do método divulgado, após a expulsão do ar acima mencionada, ao continuar a fase de introdução de água quente na cápsula 1, a pressão interna na cápsula 1 aumenta ainda mais para originar uma deformação substancial (elástica ou permanente) da segunda parede 3 e um afastamento consequente das partes adjacentes 11 que delimitam o corte 10, de modo a permitir a passagem da bebida. Além disso, dependendo dos requisitos, a deformação da segunda parede 3 pode afectar apenas parte da segunda parede (tal como no caso do aparelho ilustrado nas figuras em anexo) ou toda a segunda parede 3.

Por conseguinte, a fase de introdução está vantajosamente dividida numa primeira subfase durante a qual a pressão interna na cápsula 1 aumenta sem deformar a segunda parede 3, mas expelindo o ar, e numa segunda subfase durante a qual a pressão aumenta ainda mais e deforma a segunda parede 3 (vantajosamente uma deformação elástica). Na prática, a passagem da primeira para a segunda subfase corresponde a exceder uma pressão de limiar para superar a resistência estrutural da segunda parede 3 da cápsula 1 e/ou permitir a expulsão de quaisquer partículas que estejam a bloquear o corte 10. É bem evidente que a força necessária para a fase de deformação substancial da segunda parede 3 tem de ser muito superior à necessária para permitir que as extremidades se afastem uma da outra, de modo a que o ar possa sair se o corte 10 tiver um tamanho transversal muito limitado. Esta circunstância é realçada pelo facto de as partículas 15 microscópicas acumuladas no corte 10 terem uma acção de bloqueio no corte 10, que ajuda a mantê-lo substancial e hermeticamente selado, impedindo a passagem de liquido pelo mesmo. Convém referir que, de uma forma aproximada e esquemática, é possível imaginar as micropartículas com um formato esférico e um diâmetro médio de cerca de 0,1 a 0,2 mm, de modo a que, para permitir a passagem das mesmas pelo corte 10 e, consequentemente, o desbloqueio do corte 10 e a saída do líquido, a deformação necessária seja muito superior à suficiente para permitir a passagem apenas de ar ou líquido. Desta forma, é possível deduzir que a pressão tem de aumentar significativamente antes de o corte 10 se abrir realmente e permitir a passagem da bebida. Aproximadamente, o excesso de pressão tem de ser, pelo menos, 20 a 30 vezes superior ao que permite a simples passagem de ar. Contudo, convém referir que todos os valores aqui fornecidos são indicados apenas como exemplo e não limitam de forma alguma o âmbito da invenção, uma vez que, na prática, estão inseparavelmente ligados ao formato e tamanho do corte 10 e à espessura e ao tipo do material utilizado para fabricar a segunda parede 3 da cápsula 1.

As Figuras 5 a 7 ilustram, de forma esquemática, as fases de execução do corte 10, de nova aproximação das partes adjacentes que delimitam o corte e de subsequente deformação da segunda parede 3 de uma cápsula 1.

Convém igualmente referir que, se forem feitos dois ou mais cortes na segunda parede 3, todas as fases descritas acima, e em particular a nova aproximação e o afastamento das partes adjacentes 11 que os delimitam, são preferencialmente realizadas em cada corte 10. 16

Relativamente à produção da bebida, convém referir que na fase de aumento da pressão e da expulsão do ar, com o corte 10 ainda fechado, existe uma profunda e extensa infiltração do liquido nas microcavidades dos grãos, que permite uma abundante extracção das substâncias organolépticas pretendidas e que é possível devido ao facto de o ar e/ou os gases existentes nos espaços intergranulares serem gradualmente expelidos. Por conseguinte, no fim da expulsão, o único ar/gás restante é o que se encontra nos microporos de cada um dos grãos, sendo, por isso, fácil de comprimir e cujo volume pode ser reduzido até 5 a 10 vezes. Contudo, a compressão efectiva do referido ar depende da pressão interna na cápsula 1, de modo a que a compressão máxima seja alcançada no momento em que a deformação da segunda parede 3 e/ou a expulsão das partículas de bloqueio permitem a saída da bebida pelo corte 10 (momento de pressão máxima).

Imediatamente após o início da tiragem da bebida, existe uma rápida redução da pressão interna na cápsula 1, que permite que o ar/gás existente nos microporos se expanda novamente, expulsando a água que se infiltrou aí anteriormente e que, entretanto, extraiu os aromas do interior das partículas. A rapidez do fenómeno origina igualmente fenómenos de microturbulência muito úteis para o processo de extracção. O método descrito acima pode ser implementado com qualquer aparelho 9 apropriado para o objectivo.

Contudo, uma forma de realização preferida de um aparelho 9 para implementação do método descrito acima é descrita abaixo relativamente às Figuras 1 a 4. 17

Em geral, o aparelho 9 compreende, pelo menos, um compartimento 13, no qual uma cápsula 1 contendo a substância 5 a ser extraída pode ser inserida e associada a meios 14 para criar uma primeira abertura numa primeira parede 2 da cápsula 1 e a meios 15 para criar uma segunda abertura 7 numa segunda parede 3 da cápsula 1. Vantajosamente, o compartimento 13 tem um formato igual à cápsula 1 que tem de ser inserida no mesmo.

Na forma de realização ilustrada, o aparelho 9 compreende igualmente um corpo principal 16 e um corpo secundário 17 que funcionam em conjunto um com o outro para formar o compartimento 13. Enquanto o volume do compartimento 13 está quase completamente no interior do corpo principal 16, o corpo secundário 17 é amovível em relação ao corpo principal 16 entre uma posição aberta, na qual permite o acesso ao compartimento 13, e uma posição fechada, na qual sela hermeticamente o compartimento 13 e forma a sua parede de fecho superior.

Em particular, o compartimento 13 é principalmente formado na face superior do corpo principal 16, enquanto o corpo secundário 17 se encontra posicionado acima da face superior e gira no corpo principal 16 segundo um eixo horizontal de rotação 18. Por conseguinte, o corpo secundário 17 pode rodar entre a posição fechada (na qual se encontra na horizontal nas figuras em anexo) e a posição aberta (na qual roda para cima em relação à posição fechada). Nas Figuras 1 e 2, o corpo secundário 17 é ilustrado numa 20 posição intermédia entre as posições aberta e fechada. 18

Os meios de vedação 19, nas figuras em anexo ilustrados como um vedante em forma de anel, são inseridos entre o corpo principal 16 e o corpo secundário 17, sendo concebidos de modo a criar um vedante entre a cápsula 1 e o corpo secundário 17.

Existe igualmente, pelo menos, um tubo de descarga, não ilustrado, que, na forma conhecida, permite a saida da bebida do compartimento 13. 0 movimento reciproco do corpo principal 16 e do corpo secundário 17 é assegurado pelos meios 20 para mover o corpo secundário 17 em relação ao corpo principal 16.

Na forma de realização ilustrada na Figura 1, os meios de movimento 20 compreendem, pelo menos, um primeiro braço oscilante 21 cuja parte intermédia gira no corpo principal 16; pelo menos um elemento accionador 22 associado a uma primeira extremidade 23 do primeiro braço oscilante 21; e pelo menos uma barra 24 cuja primeira extremidade 25 gira numa segunda extremidade 26 do primeiro braço oscilante 21, e cuja segunda extremidade 27 gira no corpo secundário 17.

Contudo, o aparelho 9 compreende vantajosamente dois primeiros braços oscilantes 21 e duas barras 24 montados de forma especular nos dois lados do corpo principal 16, enquanto o elemento accionador 22 está associado a ambos os primeiros braços oscilantes 21. O elemento accionador 22 pode, por exemplo, consistir num elemento de formato em C no qual os dois braços do C estão ligados aos dois 19 primeiros braços oscilantes 21 enquanto a parte central forma uma pega para o utilizador (não 20 ilustrado). A rotação do primeiro braço oscilante 21 em torno do ponto onde o mesmo gira no corpo principal 16 utilizando o elemento accionador 22 origina, por meio da barra 24, a rotação do corpo secundário 17 entre a posição aberta e a posição fechada.

Na forma de realização ilustrada na Figura 1, o primeiro braço oscilante 21 tem um formato curvo (formando substancialmente um ângulo recto) e o elemento accionador 22 está ligado ao braço oscilante segundo uma direcção de acção X substancialmente paralela com a linha que une o ponto 28 onde o primeiro braço oscilante 21 gira no corpo principal 16 ao ponto 29 onde a barra 24 gira no primeiro braço oscilante 21 (Figura 1).

Cada primeiro braço oscilante 21 pode mover-se entre uma posição de tracção máxima, na qual o ponto 29 onde a barra 24 gira no primeiro braço oscilante 21 está alinhado na vertical por baixo do ponto 28 onde o primeiro braço oscilante 21 gira no corpo principal 16, e uma posição, na qual o compartimento 13 está aberto (posições não ilustradas nas figuras em anexo) .

Quando o primeiro braço oscilante 21 está na posição aberta, o ponto 29 onde a barra 24 gira no primeiro braço oscilante 21 roda através de um ângulo de rotação predeterminado em relação à posição de tracção máxima, de acordo com uma segunda direcção de rotação que, na Figura 1, está no sentido dos ponteiros do relógio. Na posição de tracção máxima do primeiro braço oscilante 21, o corpo 20 secundário 17 está na sua posição perto do corpo principal 16 e, por conseguinte, com a prensagem máxima dos meios de vedação 19.

Contudo, para impedir a abertura acidental do compartimento 13, o aparelho 9 compreende igualmente meios 30 para bloquear a barra 24 quando o corpo secundário 17 está na posição fechada, os referidos meios compreendendo, pelo menos, um dente 31 e, pelo menos, uma cavidade 32 com um formato igual ao dente, um associado à barra 24 e o outro associado ao corpo principal 16 (dois na Figura 1). A Figura 8 ilustra uma forma de realização alternativa dos meios de movimento 20. A parte do primeiro braço oscilante 21 que forma a primeira extremidade 23 é substituída por um primeiro anel dentado 50 concêntrico ao ponto 28 onde o primeiro braço oscilante 21 gira no corpo principal 16. O primeiro anel dentado 50 engrena num segundo anel dentado 51 que gira no corpo principal 16 por meio de um pino 52. O segundo anel dentado 51 pode ser movimentado de forma rotativa em torno do pino 52 por um elemento accionador 22 que pode estar ligado de forma rígida directamente ao segundo anel dentado 51 ou a uma barra contínua (não ilustrada) que une os dois primeiros anéis dentados 51 posicionados nos dois lados do corpo principal 16 (de forma semelhante ao descrito acima em relação aos primeiros braços oscilantes 21) . Por conseguinte, neste caso, o elemento accionador 22 não está ligado de forma rígida ao primeiro braço oscilante 21, apenas encaixa no mesmo.

Existem meios para introduzir água quente na cápsula 1 associados ao compartimento 13 que, na forma de realização ilustrada, compreendem um canal 33 que termina numa 21 reentrância 34 que se projecta em torno dos meios 14 para criar a primeira abertura que, por conseguinte, consiste num espigão fixo 8 incorporado no corpo secundário 17 e posicionado de modo a projectar-se em direcção ao interior do compartimento 13, perfurando a cápsula 1 quando o compartimento 13 está fechado. Em todo o caso, os meios para introduzir água e criar a primeira abertura podem ter qualquer forma (por exemplo, o canal 33 pode projectar-se em direcção ao interior do espigão 8 que pode ser oco). 0 âmago do aparelho 9 divulgado consiste no facto de os meios 15 para criar a segunda abertura 7 compreenderem meios de corte 35 concebidos para fazer, pelo menos, um corte linear 10 na segunda parede 3, bem como no facto de compreenderem igualmente meios de movimento 36 para mover de forma reciproca os meios de corte 35 e o compartimento 13 entre uma posição de corte, na qual os meios de corte 35 se projectam em direcção ao interior do compartimento 13 e podem cortar a segunda parede 3 de uma cápsula 1 inserida no mesmo, e uma posição principal, na qual os meios de corte 35 não podem interferir com a cápsula 1 inserida no compartimento 13. Conforme ilustrado na Figura 2, o corpo principal 16 e, por conseguinte, o compartimento 13 permanecem imóveis, enquanto os meios de movimento 36 apenas actuam nos meios de corte 35.

Na forma de realização ilustrada, os meios de corte 35 compreendem, pelo menos, uma lâmina 12 incorporada numa extremidade superior de uma haste 37, que pode mover-se na vertical por baixo do compartimento 13 entre uma posição inferior e uma posição superior. 22

De preferência, a espessura da lâmina 12 é limitada, de modo a que o corte 10 feito pela mesma seja um corte substancialmente linear 10 (direito ou curvo) de acordo com a presente invenção. A haste 37 é montada de forma deslizante com um vedante hidráulico no corpo principal 16.

Os meios de movimento 36 movem a haste 37 de modo a que a lâmina 12, quando estiver na posição superior, se projecte em direcção ao interior do compartimento 13 e, quando estiver na posição inferior, a lâmina 12 seja inserida numa reentrância 38 formada na base do compartimento 13. A reentrância 38 também pode ter a função de delimitar a zona da segunda parede 3 que pode ser deformada. Se a base do compartimento 13 tiver o formato igual à segunda parede 3, apenas a parte da segunda parede 3 na reentrância 38 pode estar sujeita à fase de deformação descrita acima.

Na forma de realização ilustrada, os meios de movimento 36 compreendem, pelo menos, um segundo braço oscilante 39 com uma parte intermédia que gira no corpo principal 16 e que está ligada, numa primeira extremidade 40, aos meios de corte 35 (à haste 37) e, numa segunda extremidade 41, a um elemento accionador 42. Desta forma, o segundo braço oscilante 39 pode mover-se entre uma primeira posição, na qual os meios de corte 35 estão na posição principal (Figura 2), e uma segunda posição, na qual os meios de corte 35 estão na posição de corte (não ilustrada).

Vantajosamente, um elemento de retorno elástico (mola) 43 está ligado ao segundo braço oscilante 39 para, na ausência de pressões por parte do elemento accionador 42, ser mantido na sua primeira posição. Na Figura 2, o elemento elástico 43 está ligado entre o segundo braço oscilante 39 23 e o elemento accionador 42. 0 movimento no sentido ascendente por parte do segundo é impedido por uma saliência vertical 44 do corpo principal 16 que tem igualmente outra função descrita abaixo.

Além disso, na forma de realização preferida, os meios 36 para mover os meios de corte 35 são operados directamente pelos meios de movimento 20 do corpo secundário 17. Para este efeito, o elemento accionador 42 tem um primeiro elemento de encaixe 45 que pode encaixar nos meios de movimento 20 e, em particular, num segundo elemento de encaixe 46 incorporado no primeiro braço oscilante 21, para mover o elemento accionador 42 quando o corpo principal 16 se move da posição aberta para a posição fechada, de modo a mover os meios de corte 35 para a posição de corte.

Em particular, quando o corpo secundário 17 está perto da posição fechada, o segundo elemento de encaixe 46 prende-se ao primeiro elemento de encaixe 45, de modo a que a rotação suplementar do primeiro braço oscilante 21 (no sentido inverso ao dos ponteiros do relógio na Figura 2) provoque uma rotação/translação do elemento accionador 42 (com um movimento para a direita na Figura 2) e, consequentemente, uma rotação do segundo braço oscilante 39 (no sentido inverso ao dos ponteiros do relógio na Figura 2) que faça com que os meios de corte 35 sejam levantados para a posição de corte. Uma vez que o corpo secundário 17 está perto da posição fechada, a cápsula 1 está praticamente bloqueada no compartimento 13 e a sua segunda parede 3 pode ser facilmente cortada pelos meios de corte 35.

Depois de feito o corte 10, uma rotação suplementar do primeiro braço oscilante 21 faz com que o primeiro elemento 24 de encaixe 45 interaja com a saliência rígida 44 incorporada no corpo principal 16 que constitui um elemento de desencaixe. Parcialmente graças ao formato inclinado do primeiro elemento de encaixe 45, a sua interacção com a saliência 44 faz com que rode para baixo, resultando na libertação do primeiro elemento de encaixe 45 do segundo elemento de encaixe 46. Neste momento, o elemento de retorno elástico 43 faz com que o segundo braço oscilante 39 e o elemento accionador 42 voltem à posição original ilustrada na Figura 2, extraindo os meios de corte 35 do compartimento 13. Finalmente, convém referir que as várias partes têm um determinado tamanho de modo a desencaixar o elemento accionador 42 do primeiro braço oscilante 21 antes de o corpo secundário 17 atingir a sua posição fechada.

Finalmente, conforme já mencionado, a presente invenção refere-se igualmente a uma cápsula para preparação de bebidas que permite a implementação do método descrito acima.

Na forma conhecida, a cápsula contém uma substância a ser extraída e compreende, pelo menos, uma primeira parede 2 concebida para formar uma parede de entrada para a água ser introduzida na cápsula e uma segunda parede 3 concebida para formar uma parede de saída para permitir a extracção da bebida obtida mediante a interacção da água com a substância.

De acordo com a presente invenção, a segunda parede 3 tem, pelo menos, um corte 10 numa forma linear, substancialmente feito sem remover material da segunda parede 3. O corte é delimitado por duas partes adjacentes 11 da segunda parede, próximas uma da outra, e tem um tamanho e/ou formato de 25 modo a, depois de as partes adjacentes 11 que o delimitam (do tipo descrito acima) se aproximarem novamente uma da outra, se necessário, permitir a passagem de ar e impedir directa ou indirectamente e de forma substancial a passagem do liquido.

Em particular, o corte 10 tem um tamanho e/ou formato de modo a, depois de as partes adjacentes 11 que o delimitam se aproximarem novamente uma da outra, se necessário, impedir substancialmente a passagem de partículas da substância contida na cápsula 1, transportadas pela água até à mesma, as partículas e o corte 10 funcionando em conjunto para impedir a passagem de líquido.

Conforme já mencionado, o corte 10 pode ter um comprimento entre 2 e 6 mm.

Além disso, a cápsula pode ter diversos cortes 10, cada um delimitado por duas partes adjacentes 11 próximas uma da outra, podendo cada um estar numa zona diferente da segunda parede 3 ou cruzar-se. A cápsula formada conforme descrito acima corresponde à forma de realização do método divulgado em que o corte 10 na segunda parede é feito no momento em que a cápsula é fabricada. A presente invenção tem vantagens importantes.

Em primeiro lugar, o método divulgado permite uma pré-infusão fiável e constante sem a necessidade de limitar tolerâncias ou peças mecânicas, electromecânicas ou electrónicas particularmente complexas e dispendiosas. 26

Além disso, não está sujeita ao encravamento por causa das partículas do café. Em caso de encravamento, a pressão na cápsula aumenta rapidamente outra vez, expelindo automaticamente a obstrução. Contudo, convém realçar que, na prática, foi demonstrado que o fenómeno de obstrução normalmente só se manifesta nas primeiras gotas das bebidas cheias de partículas. 0 aparelho tem a grande vantagem de, com um único movimento de acção, ser possível controlar todas as operações ligadas à execução do corte e ao fecho/abertura do compartimento.

Além disso, o método para fechar o compartimento através da interacção entre os dentes e as cavidades garante a capacidade máxima de absorção das pressões derivadas da pressão interna.

Convém igualmente referir que a presente invenção é relativamente fácil de preparar e os custos de implementação da invenção não são muito elevados. A invenção descrita pode ser modificada e adaptada de várias formas sem, com isso, se desviar do âmbito do conceito inventivo.

Todos os detalhes da invenção podem ser substituídos por elementos tecnicamente equivalentes e, na prática, todos os materiais utilizados, bem como os formatos e dimensões dos vários componentes, podem ser todos os que estiverem de acordo com os requisitos.

Lisboa, 29 de Outubro de 2010

Claims (35)

1 REIVINDICAÇÕES 1. Um método de preparação de uma bebida mediante a passagem de água quente numa cápsula (1) que tem uma primeira parede (2) e uma segunda parede (3) e que contém uma substância (5) a ser extraída, o método compreendendo as fases de acção de: criar uma primeira abertura na primeira parede (2) da cápsula (1); criar uma segunda abertura (7) na segunda parede (3) da cápsula (1); introduzir água quente na cápsula (1) através da primeira abertura; e fazer a bebida sair pela segunda abertura (7); o método sendo caracterizado por a fase de criação da segunda abertura (7) compreender, por conseguinte, as fases de acção de: fazer, pelo menos, um corte (10) de uma forma linear na segunda parede (3) da cápsula (1), substancialmente sem remover material da mesma, o referido corte (10) sendo delimitado por duas partes adjacentes (11) da segunda parede (3); permitir que as partes adjacentes (11) da segunda parede (3), que delimitam o corte (10), se aproximem novamente uma da outra, se necessário; e após a referida nova aproximação e por meio da referida introdução de água quente, aumentar 2 a pressão interna na cápsula (1) para originar, sucessivamente: pelo menos, a expulsão parcial do ar contido na cápsula sem a tiragem substancial da bebida; e por meio de uma deformação exterior da segunda parede (3), pelo menos, nas 25 referidas partes adjacentes (11), um afastamento das partes adjacentes (11) que delimitam o corte (10), permitindo a saida da bebida.

2. O método de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a fase de nova aproximação das partes adjacentes (11) ocorrer antes da referida fase de introdução.

3. O método de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a fase de nova aproximação das partes adjacentes (11) implicar que a nova aproximação seja originada pela referida fase de introdução.

4. O método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por a fase de nova aproximação das partes adjacentes ser realizada de modo a que, a seguir à referida fase, o corte (10) fique com um tamanho e/ou formato que permita a passagem de ar.

5. O método de acordo com a reivindicação 4, caracterizado por a fase de nova aproximação das partes adjacentes ser realizada de modo a que, a seguir à referida fase, o corte (10) fique com um tamanho e/ou formato que impeça substancialmente a passagem de liquido. 3 6. 0 método de acordo com a reivindicação 4, caracterizado por a fase de nova aproximação das partes adjacentes ser realizada de modo a que, a seguir à referida fase, o corte (10) fique com um tamanho e/ou formato que impeça substancialmente a passagem de partículas da substância (5) a ser extraída, transportadas até ao corte (10) pela água introduzida na cápsula (1), sendo a passagem de líquido pelo corte (10) assim impedida pelo corte (10) que funciona em conjunto com as partículas da substância (5) acumuladas no corte.

7. O método de acordo com a reivindicação 6, caracterizado por compreender igualmente uma fase de bloqueio do corte (10) utilizando partículas da substância (5) a ser extraída, transportadas até ao corte (10) pela água introduzida na cápsula (1).

8. O método de acordo com a reivindicação 7, caracterizado por a fase de bloqueio ocorrer no início da fase de introdução, antes de a deformação da segunda parede (3) permitir a tiragem da bebida.

9. O método de acordo com a reivindicação 8, caracterizado por, durante a fase de deformação da segunda parede (3), existir igualmente uma fase de expulsão das partículas.

10. O método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por a fase de introdução estar dividida numa primeira subfase, durante a qual a pressão interna na cápsula (1) aumenta substancialmente sem deformação da segunda parede (3) e sem tiragem da bebida, e numa segunda subfase, durante a qual a pressão aumenta 4 ainda mais e provoca a deformação da segunda parede (3) e a consequente tiragem da bebida. 11. 0 método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por a fase de deformação da segunda parede (3) implicar uma deformação elástica ou permanente da parede. 12. 0 método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por a fase de criação de, pelo menos, um corte (10) implicar a execução do corte (10) de modo a ficar de uma forma direita.

13. O método de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 11, caracterizado por a fase de criação de, pelo menos, um corte (10) implicar a execução do corte (10) de modo a ficar de uma forma curva.

14. O método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por o corte (10) ser feito utilizando meios de corte (35) .

15. O método de acordo com as reivindicações 3 e 14, caracterizado por a fase de nova aproximação das partes adjacentes da parede que delimitam o orifício implicar igualmente a expulsão dos meios de corte (35) do corte (10) após a fase de introdução.

16. O método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por a fase de execução do corte (10) ser realizada sem afectar o que está contido na cápsula (1). 5 17. 0 método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por o corte (10) ser feito com um comprimento entre 2 e 6 mm.

18. O método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por, durante a fase de execução do corte (10), serem feitos diversos cortes, cada um delimitado por duas partes adjacentes (11), e por compreender, para cada corte (10), as referidas fases de nova aproximação e de afastamento das partes adjacentes (11) que delimitam o corte.

19. O método de acordo com a reivindicação 18, caracterizado por os referidos cortes serem feitos de modo a que cada um fique numa zona diferente da segunda parede (3) .

20. O método de acordo com a reivindicação 18, caracterizado por, pelo menos, alguns dos referidos cortes se cruzarem.

21. O método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por a fase de deformação da segunda parede (3) implicar apenas parte da segunda parede (3) no corte.

22. O método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por a fase de deformação da segunda parede (3) implicar toda a segunda parede (3).

23. O método de acordo com qualquer uma das anteriores reivindicações, caracterizado por a fase de execução do corte (10) ser realizada durante o fabrico da cápsula. 6

24. Um aparelho para preparar uma bebida mediante a passagem de água quente numa cápsula (1) contendo uma substância (5) a ser extraída, o aparelho compreendendo: pelo menos, um compartimento (13) para uma cápsula (1) contendo uma substância (5) a ser extraída; meios (14) para criar uma primeira abertura numa primeira parede (2) da cápsula (1) associados ao compartimento (13); meios (15) para criar uma segunda abertura (7) numa segunda parede (3) da cápsula (1) associados ao compartimento (13); e meios para introduzir água quente na cápsula (1), os referidos meios associados ao compartimento (13); o aparelho (9) sendo caracterizado por os meios (15) para criar a segunda abertura (7) compreenderem meios de corte (35) concebidos para fazer, pelo menos, um corte (10) de uma forma linear na segunda parede (3), e meios de movimento (36) para mover os meios de corte (35) e o compartimento (13), um em relação ao outro, entre uma posição de corte, na qual os meios de corte (35) se projectam em direcção ao interior do compartimento (13) e podem cortar a segunda parede (3) de uma cápsula (1) inserida no mesmo, e uma posição principal, na qual os meios de corte (35) não podem interferir com uma cápsula (1) inserida no compartimento (13). 25. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 24, caracterizado por os meios de movimento (36) terem sido concebidos de modo a moverem os meios de corte (35) para a 7 posição de corte antes de os meios de introdução começarem a introduzir água quente na cápsula. 26. 0 aparelho de acordo com as reivindicações 24 ou 25, caracterizado por os meios de corte (35) compreenderem, pelo menos, uma lâmina (12). 27. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 26, caracterizado por a lâmina (12) estar incorporada numa extremidade superior de uma haste (37) que pode mover-se na vertical por baixo do compartimento (13) entre uma posição inferior e uma posição superior, os meios de movimento (36) movendo a haste (37). 28. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 27, caracterizado por, quando a haste (37) está na posição superior, a lâmina (12) se projectar em direcção ao interior do compartimento (13) e, quando a haste (37) está na posição inferior, a lâmina (12) não se projectar em direcção ao interior do compartimento (13). 29. 0 aparelho de acordo com as reivindicações 24, 25, 26 ou 27, caracterizado por compreender igualmente um corpo principal (16) e um corpo secundário (17) que, com o corpo principal (16), forma o compartimento (13), o corpo secundário (17) sendo capaz de se mover em relação ao corpo principal (16) entre uma posição aberta, na qual permite o acesso ao compartimento (13), e uma posição fechada, na qual fecha o compartimento (13).

30. O aparelho de acordo com a reivindicação 29, caracterizado por o compartimento (13) ser principalmente formado numa face superior do corpo principal (16), o corpo secundário (17) estando posicionado acima da referida face superior. 31. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 30, caracterizado por o corpo secundário (17) girar no corpo principal (16).

32. O aparelho de acordo com a reivindicação 31, caracterizado por o corpo secundário (17) girar segundo um eixo horizontal de rotação, o corpo secundário (17) na posição aberta sendo rodado para cima em relação à posição fechada.

33. O aparelho de acordo com qualquer uma das reivindicações 29 a 32, caracterizado por compreender igualmente meios (20) para mover o corpo secundário (17) em relação ao corpo principal (16) entre as referidas posições aberta e fechada.

34. O aparelho de acordo com a reivindicação 33, caracterizado por os meios de movimento (20) compreenderem: pelo menos, um primeiro braço oscilante (21), cuja parte intermédia gira no corpo principal (16); pelo menos, um elemento accionador (22) associado ao primeiro braço oscilante (21) para o movimentar de forma rotativa; e pelo menos uma barra (24) cuja primeira extremidade (25) gira numa segunda extremidade (26) do primeiro braço oscilante (21), e cuja segunda extremidade (27) gira no corpo secundário (17); 9 a rotação do primeiro braço oscilante (21) originando, por meio da barra (24), a rotação do corpo secundário (17) entre a posição aberta e a posição fechada. 35. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 34, caracterizado por o primeiro braço oscilante (21) ter um formato curvo. 36. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 35, caracterizado por o elemento accionador (22) estar ligado ao primeiro braço oscilante (21) segundo uma direcção de acção substancialmente paralela com a linha que une o ponto (28) onde o primeiro braço oscilante (21) gira no corpo principal (16) ao ponto (29) onde a barra (24) gira no primeiro braço oscilante (21) . 37. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 34, caracterizado por o primeiro braço oscilante (21) compreender um primeiro anel dentado (50) concêntrico ao ponto (28) onde o primeiro braço oscilante (21) gira no corpo principal (16) e por o elemento accionador (22) controlar um segundo anel dentado (51) que gira no corpo principal (16) e engrena no primeiro anel dentado (50).

38. O aparelho de acordo com as reivindicações 34, 35, 36 ou 37, caracterizado por compreender igualmente meios (30) para bloquear a barra (24) quando o corpo secundário (17) está na posição fechada.

39. O aparelho de acordo com a reivindicação 38, caracterizado por os meios de bloqueio (30) compreenderem, pelo menos, um dente (31) e, pelo menos, uma cavidade (32) 10 com um formato igual, estando um associado à barra (24) e o outro ao corpo principal (16).

40. O aparelho de acordo com qualquer uma das reivindicações 34 a 39, caracterizado por o primeiro braço oscilante (21) poder mover-se entre uma posição fechada e de tracção máxima, na qual o ponto (29) onde a barra (24) gira no primeiro braço oscilante (21) está alinhado na vertical por baixo do ponto (28) onde o primeiro braço oscilante (21) gira no corpo principal (16), e uma posição, na qual o compartimento (13) está aberto e o ponto (29) onde a barra (24) gira no primeiro braço oscilante (21) roda através de um ângulo de rotação predeterminado em relação à posição de tracção máxima.

41. O aparelho de acordo com qualquer uma das reivindicações 34 a 40, caracterizado por compreender dois primeiros braços oscilantes (21) e duas barras (24) montados de forma especular nos dois lados do corpo principal (16), o elemento accionador (22) estando associado a ambos os primeiros braços oscilantes 25 (21).

42. O aparelho de acordo com qualquer uma das reivindicações 29 a 41, caracterizado por compreender igualmente meios de amortecimento e vedação inseridos entre o corpo principal (16) e o corpo secundário (17).

43. O aparelho de acordo com qualquer uma das reivindicações 24 a 42, caracterizado por os meios de movimento (36) compreenderem, pelo menos, um segundo braço oscilante (39) que roda em torno da sua parte intermédia e está ligado, numa primeira extremidade (40), aos meios de corte (35) e, numa segunda extremidade (41), a um elemento 11 accionador (42), o segundo braço oscilante (39) sendo capaz de mover-se entre uma primeira posição, na qual os meios de corte (35) estão na posição principal, e uma segunda posição, na qual os meios de corte (35) estão na posição de corte. 44. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 43, caracterizado por compreender igualmente, pelo menos, um elemento de retorno elástico (43) ligado ao segundo braço oscilante (39) para, na ausência de pressões por parte do elemento accionador (42), ser mantido na sua primeira posição. 45. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 44, caracterizado por o elemento elástico (43) estar montado entre o segundo braço oscilante (39) e o elemento accionador (42). 46. 0 aparelho de acordo com a reivindicação 29 e qualquer uma das reivindicações 33 a 45, caracterizado por os meios (36) para mover os meios de corte (35) serem operados pelos meios de movimento (20).

47. O aparelho de acordo com a reivindicação 46, caracterizado por o elemento accionador (42) ter um primeiro elemento de encaixe (45) que pode encaixar nos meios de movimento (20) para mover o elemento accionador (42) quando o corpo principal (16) se move da posição aberta para a posição fechada, de modo a mover os meios de corte (35) para a posição de corte.

48. O aparelho de acordo com a reivindicação 47, caracterizado por compreender igualmente meios para 12 desencaixar o elemento accionador (42) dos meios de movimento (20) posicionados de modo a desencaixar o elemento accionador (42) depois de os meios de corte (35) terem atingido a posição de corte.

49. O aparelho de acordo com a reivindicação 48, caracterizado por os meios de movimento (20) estarem posicionados de modo a que o elemento accionador (42) seja desencaixado antes de o corpo secundário (17) atingir a posição fechada.

50. O aparelho de acordo com qualquer uma das reivindicações 24 a 49, caracterizado por ser formada uma reentrância (38) na base do compartimento (13), a referida reentrância (38), na prática, estando posicionada na parte da cápsula afectada pelos meios de corte (35).

51. O aparelho de acordo com as reivindicações 28 e 50, caracterizado por, quando a haste (37) está na posição inferior, a lâmina (12) ser inserida na reentrância (38). Lisboa, 29 de Outubro de 2010