BR0301202B1 - Dispositivo de aplicação de um produto e conjunto de condicionamento e de aplicação de produto - Google Patents

Description

“DISPOSITIVO DE APLICAÇÃO DE UM PRODUTO E CONJUNTO DE CONDICIONAMENTO E DE APLICAÇÃO DE PRODUTO” Campo da Invenção A presente invenção refere-se a um dispositivo de aplicação de um produto, em particular de um produto cosmético, que compreende uma superfície de aplicação flocada.

Fundamentos da Invenção No campo da maquilagem, é comum utilizar-se aplicadores que compreendem uma superfície de aplicação flocada, em particular, para aplicar uma máscara, um delineador, um brilho para os lábios, etc. Todos esses aplicadores são geralmente recobertos por tipos de fibras cujas características são escolhidas em função do produto a ser aplicado.

Os aplicadores recobertos por uma flocagem com um só tipo de fibras possuem todavia alguns inconvenientes. De um lado, como as fibras da flocagem são idênticas, elas formam uma superfície de aplicação relativamente regular. Além disso, como as fibras estão implantadas muito próximas uma das outras, elas não formam entre si espaços que permitam reter muito produto na superfície. O aplicador obtido apresenta portanto uma superfície de aplicação muito densa que não pode reter muito produto na superfície o que não permite liberar uma grande quantidade desse produto sobre a superfície maquilada.

Além disso, pelo fato da superfície de aplicação ser muito peluda, a pequena quantidade de produto aplicada sobre a superfície a ser maquilada é muitas vezes removida pelas fibras na passagem do aplicador. É assim muito difícil obter uma maquilagem muito carregada com esse tipo de aplicador. Por outro lado, quando se utilizam fibras com um diâmetro muito grande, a superfície de aplicação obtida é relativamente dura e apresenta a tendência de irritar a superfície a ser maquilada. Em compensação, quando são utilizadas fibras de diâmetro muito pequeno, que permitem uma aplicação mais suave, o aplicador não consegue reter uma quantidade suficiente de produto e não pode, portanto, depositar uma quantidade suficiente desse produto sobre a superfície a ser maquilada.

Descrição Resumida da Invenção Assim, é um dos objetivos da presente invenção realizar um dispositivo de aplicação que não apresente os inconvenientes revelados no estado da técnica mencionados acima. É, em particular, um objetivo da presente invenção realizar um dispositivo de aplicação que permita obter uma maquilagem relativamente carregada e, que possua, porém, uma superfície de aplicação muito macia.

Outro objetivo da presente invenção é realizar um dispositivo de aplicação que possa ser utilizado para aplicar diferentes tipos de produtos modificando simplesmente os tipos de fibras da flocagem que recobre a superfície de aplicação.

Descrição Detalhada da Invenção De acordo com a presente invenção, esses objetivos são alcançados realizando-se um dispositivo de aplicação de um produto que compreende um suporte que define pelo menos uma superfície isenta de relevos que se estende continuamente sobre, sensivelmente, todo o comprimento do suporte, superfície essa que é recoberta, pelo menos em parte, por um revestimento de flocagem formado por uma mistura de pelo menos duas fibras diferentes de modo a definir, na superfície do revestimento de flocagem, irregularidades visíveis a olho nu e/ou perceptíveis ao tato e, aptas a permitir que o dispositivo de aplicação se carregue de produto. O revestimento de flocagem é obtido recobrindo-se a superfície a ser flocada com um adesivo, por exemplo por imersão ou aplicação por pistola, e depositando-se nela as fibras do material de flocagem através de um processo eletroestático. Desse processo, resulta uma orientação das fibras de modo, sensivelmente, perpendicular ao plano de superfície a ser flocado. As fibras são assim distribuídas de modo uniforme sobre a superfície revestida de adesivo do suporte. Assim, o dispositivo de aplicação recoberto com o revestimento de flocagem, sensivelmente, a mesma forma geral que a do suporte ainda não recoberto pelo revestimento, com a espessura próxima do revestimento de flocagem.

Por “superfície isenta de relevo”, entende-se como sendo uma superfície que não apresenta variações aptas a provocar irregularidades na superfície do revestimento de flocagem, sendo que irregularidades presentes na superfície deste último resultam apenas das diferenças entre as fibras que formam a referida flocagem. Assim, quando essa superfície é recoberta por uma flocagem constituída de fibras idênticas, a superfície da flocagem não apresenta uma irregularidade de superfície visível a olho nu. Essa superfície é, em particular, desprovida de estrias, de fendas, de dentes visíveis a olho nu.

Por “sensivelmente todo o comprimento”, entende-se como sendo pelo menos a metade do comprimento e, de preferência, pelo menos 75% de seu comprimento.

As irregularidades visíveis a olho nu podem se traduzir, por exemplo, pela presença de relevos na superfície do revestimento de flocagem, que resultam em particular do uso de fibras de comprimentos diferentes. Elas podem se traduzir também por variações de densidade de fibras por unidade de superfície, que resulta, em particular, o uso de fibras de diâmetros ou de seções diferentes. As irregularidades perceptíveis ao tato podem, por exemplo, traduzir-se por variações de dureza sensíveis na superfície e que resultam, em particular, do uso de fibras de naturezas diferentes, em particular de fibras constituídas por materiais que possuem durezas diferentes. Fibras com comprimentos diferentes podem também provocar variações sensíveis ao tato. A mistura de fibras compreende de 2 a 98% em peso de um primeiro tipo de fibras, de preferência, de 5 a 95% e, ainda mais preferencialmente, de 10 a 90%. A flocagem é constituída de fibras diferentes, por exemplo, de fibras de natureza e/ou de dimensões diferentes. A mistura compreende, em particular, fibras de comprimentos, de diâmetros, de seções, de naturezas e/ou de cores diferentes. Por diâmetro, deve-se entender como sendo o diâmetro do círculo se a seção for circular ou então o diâmetro do círculo que circunscreve a seção se ela não for circular.

As fibras são escolhidas, por exemplo, entre fibras cujo comprimento varia de 0,01mm até 3mm e cujo diâmetro varia de 0,01 até 0,06mm. As fibras podem possuir também uma seção transversal circular, oval, poligonal, cruciforme, trilobular, tetralobular, em forma de “C”, de Έ”, de “F, de “U”, de Ί”, de “L”, de “N”, de “S”, de "T”, de “V”, de “W”, de “X”, de Ύ”, de “Z”, em forma de estrela ou de meia-lua. As fibras podem ser fibras de poliamida, por exemplo de Nylon®, de poliacrílico, de poliéster, de algodão ou de celulose, por exemplo, de viscose ou de rayon. E por fim, as fibras podem ser escolhidas entre fibras de todas as cores. A mistura pode compreender ainda fibras retas e fibras curvas.

As fibras podem ser tratadas ou compreenderem aditivos tais como, por exemplo, agentes deslizantes, agentes absorventes, agentes anti- UV, partículas magnéticas ou magnetizáveis, agentes bactericidas, etc.

De acordo com um exemplo de realização, o conjunto da superfície do suporte é recoberto pelo dito revestimento de flocagem. É bem evidente que dependendo da forma do aplicador e da superfície a ser maquilado, o suporte pode ser recoberto, apenas em parte, pelo revestimento de flocagem.

De acordo com um modo de realização particular, o suporte possui uma forma alongada de acordo com um eixo X. Ele pode ser de forma cilíndrica, cônica, troncônica ou prismática, reta ou curva segundo um ou mais eixos. De forma alternativa, ele pode ser em forma de pena, de bola de rugbi, de feijão, de espátula. Ele possui, por exemplo, uma seção transversal circular, oval, triangular, retangular ou quadrada.

Vantajosamente, duas fibras consecutivas de acordo com o eixo X são implantadas de maneira sensivelmente paralela, em particular, transversalmente ao eixo X.

De acordo com um modo de realização, o suporte é realizado em material rígido ou semi-rígido, em particular em material termoplástico, vidro, metal ou madeira. Ele pode também ser realizado em um material flexível, em particular, em elastômero. O suporte pode ser também poroso de maneira que ele possa absorver produto e constituir uma reserva de produto. O suporte pode também ser constituído de um material magnético ou magnetizável que pode ser revestido de resina de prata. As fibras da flocagem compreendem então, de maneira vantajosa, partículas magnetizáveis ou magnéticas, por exemplo, um pó de prata. O suporte pode também ser realizado em um material que apresenta uma inércia térmica suficientemente elevada para que o produto que é retirado pelo dispositivo de aplicação não esfrie muito depressa quando for aplicado depois que sua temperatura tiver sido elevada. O suporte pode, por exemplo, ser realizado em uma matéria plástica que comporta uma proporção elevada de uma carga mineral ou outra que lhe proporcione uma capacidade térmica elevada. O dispositivo de aplicação pode ainda compreender um órgão de preensão, em particular em forma de uma haste, formado por exemplo no eixo X. Evidentemente, pode-se prever que o órgão de preensão forma um ângulo não nulo com o eixo de suporte, em particular para facilitar a aplicação.

De acordo com um modo de realização, o suporte e o órgão de preensão são obtidos por moldagem de uma só peça. De forma alternativa, o órgão de preensão é fixado sobre o suporte por colagem, aperto, travamento ou forjamento de precisão.

Os objetivos da presente invenção também são alcançados realizando-se um conjunto de condicionamento e de aplicação que compreende um reservatório que contém o produto a ser aplicado, cuja borda livre delimita uma abertura, um órgão de fechamento previsto para fechar de modo estanque a abertura do reservatório, e um dispositivo de aplicação como o que acaba de ser descrito.

De acordo com um modo de realização, o dispositivo de aplicação está fixado no órgão de fechamento e fica alojado no interior do reservatório quando o órgão de fechamento fecha o reservatório. O reservatório pode comportar um órgão de enxugamento, disposto perto da abertura, apto a enxugar o revestimento de flocagem do órgão de aplicação e eventualmente a hasteno momento da retirada do dispositivo de aplicação do reservatório. O órgão de enxugamento pode ser realizado em espuma, em elastômero, ou em material termoplástico, recoberto ou não por uma flocagem.

De acordo com outro modo de realização, o dispositivo de aplicação possui uma forma esférica e está montado na abertura do reservatório de maneira a poder girar no reservatório, tal como um “roll-on". O dispositivo de aplicação, de acordo com a presente invenção, pode ser utilizado para aplicar um produto de maquilagem, tal como, uma máscara, um delineador, um esmalte de unhas, uma sombra para as pálpebras, um brilho para os lábios, e também um produto de cuidado como um soro, um produto de tratamento das raízes dos cabelos, etc...

Descrição Resumida das Figuras A presente invenção consiste, além das disposições expostas acima, em um certo número de outras disposições que serão explicitadas a seguir, a respeito de exemplos de realização não limitaitvos, descritos em relação às figuras anexas, as quais: - A Figura 1 ilustra uma vista em corte de um modo de realização de um conjunto de condicionamento e de aplicação de acordo com a presente invenção; - A Figura 1A ilustra um detalhe da superfície de aplicação do dispositivo de aplicação do conjunto representado na Figura 1; - A Figura 2 representa um segundo modo de realização de um dispositivo de aplicação de acordo com a presente invenção; - A Figura 2A ilustra um detalhe da superfície de aplicação do dispositivo de aplicação representado na Figura 2; - A Figura 3 representa um terceiro modo de realização de um dispositivo de aplicação de acordo com a presente invenção; - A Figura 3A ilustra um detalhe da superfície de aplicação do dispositivo de aplicação representado na Figura 3; - A Figura 4 representa um quarto modo de realização de um dispositivo de aplicação de acordo com a presente invenção; - A Figura 4A ilustra um detalhe da superfície de aplicação do dispositivo de aplicação representado na Figura 4; - A Figura 5 representa um quinto modo de realização de um dispositivo de aplicação de acordo com a presente invenção; - A Figura 6 representa um sexto modo de realização de um dispositivo de aplicação de acordo com a presente invenção; - A Figura 6A ilustra um detalhe da superfície de aplicação do dispositivo de aplicação representado na Figura 6; - As Figuras 7A a 7L representam diferentes seções de fibras que podem ser utilizadas em um dispositivo de aplicação da presente invenção; e - A Figura 8 representa um sétimo modo de realização de um dispositivo de aplicação de acordo com a presente invenção.

Descrição Detalhada das Figuras A Figura 1 ilustra a título de exemplo um conjunto de aplicação (100) no qual pode ser montado um aplicador (10), de acordo com a presente invenção, previsto por exemplo para aplicar uma máscara. Ele compreende um reservatório (20) de formato cilíndrico fechado por um fundo (21). Do lado oposto ao fundo (21), o reservatório prolonga-se por um gargalo (22) de diâmetro inferior ao do reservatório, cuja borda livre (23) define uma abertura (24). O gargalo (22) apresenta uma rosca externa que coopera com uma rosca interna de uma luva cilíndrica (30) prevista para fechar de modo estanque o reservatório (20). Na luva (30) está fixada uma haste (40) cuja extremidade está fixada no aplicador (10). A luva serve assim de elemento de preensão do aplicador (10). A haste (40) comporta uma extensão radial (41) situada no interior da luva, cujo diâmetro é sensivelmente idêntico ao diâmetro externo do gargalo (22), sendo que a dita extensão está fixada na luva (30). Quando a luva (30) está parafusada no gargalo (22) do reservatório, o aplicador mergulha no produto (P) contido no reservatório.

No gargalo está inserido um órgão de enxugamento (50), por exemplo em forma de dedo de luva, que apresenta, do lado do reservatório, uma borda de enxugamento circular (51). Do lado oposto, esse dedo de luva (50) compreende um flange (52), que se estende radialmente para fora, e que repousa sobre o gargalo (22) do reservatório. Em posição montada do conjunto (100), a extensão radial (41) da haste fica em apoio contra o flange (52), exercendo assim a função de junta de estanqueidade. O órgão de enxugamento (50) é constituído por um material elastomérico ou termoplástico, que pode ser escolhido entre os elastômeros termoplásticos e as borrachas naturais ou sintéticas. A borda de enxugamento (51) pode ser recoberta, pelo menos em parte, por um revestimento de flocagem. De forma alternativa, pode- se utilizar um enxugador de espuma que pode ser flocado ou não flocado. O aplicador (10), representado de forma mais detalhada na Figura 1A, compreende um suporte (11), de formato cilíndrico em revolução. O suporte (11) é formado no prolongamento da haste que ela própria se estende segundo o eixo (X). É evidente que se pode de forma alternativa prever um suporte (11) de eixo (X) que forme um ângulo não nulo com o eixo da haste. O suporte (11) é obtido por moldagem a partir de uma única peça com a haste.

De forma alternativa, o suporte (11) pode ser travado, colado ou soldado na haste (40). O suporte (11) do aplicador pode ser, por exemplo, realizado em um material elastomérico semi-rígido cuja dureza Shore A é da ordem de 25 a 40, escolhido no grupo dos termoplásticos, dos elastômeros termoplásticos, das borrachas naturais e sintéticas. O suporte (11) define uma superfície (12), lisa em todo seu comprimento, ou seja, ela não apresenta irregularidades visíveis a olho nu.

Essa superfície (12) é depois recoberta por um revestimento de flocagem constituído por uma mistura de duas fibras diferentes (13a) e (13b). A mistura de fibras compreende cerca de 75 % em peso do primeiro tipo de fibras (13a) e 25 % em peso do segundo tipo de fibras (13b). Os dois tipos de fibras são, por exemplo, fibras de algodão de seção circular que possuem um diâmetro idêntico e um comprimento diferente. Em particular, as fibras (13a) e (13b) possuem um diâmetro de 0,1 mm. As fibras (13a) possuem um comprimento de cerca de 1mm e as fibras (13b) possuem um comprimento de cerca de 0,5mm. Além disso, como a superfície (12) do suporte (11) é lisa e sem irregularidades, as fibras (13a) e (13b) são orientadas de modo sensivelmente paralelo. Com esse arranjo de fibras, o revestimento de flocagem apresenta uma superfície que comporta relevos de maneira que ela não é uniforme como se vê na Figura 1A. Assim, entre duas fibras (13a) de maior comprimento, forma-se um espaço (14) que permite reter uma quantidade de produto relativamente grande. As fibras são também implantadas de maneira perpendicular ao eixo (X) do suporte de maneira que quando o produto é aplicado, os cílios que vão ser maquilados passam através dos espaços (14) e ficam carregados de produto. O aplicador obtido permite assim obter uma maquilagem relativamente carregada. Além disso, as fibras mais longas conferem suavidade à aplicação. As fibras (13a) e (13b) também podem compreender aditivos como agentes deslizantes que permitem em particular aumentar a suavidade da aplicação.

Assim, quando se deseja obter uma escova ainda mais carregada de produto, basta aumentar a porcentagem de fibras mais curtas para obter mais espaços (14) de retenção do produto.

Para realizar esse aplicador (10), forma-se primeiramente o suporte (11), por exemplo, moldando-o com a haste. Em seguida, reveste-se a superfície externa (12) do suporte (11) com um adesivo líquido, por exemplo, uma cola epoxi acrílica, vinílica, ou ainda elastomérica. O adesivo é aplicado, quer por imersão, quer por pulverização do adesivo através de pistola. No caso de toda a superfície (12) do suporte ser flocada e do suporte ser poroso, é preciso certificar-se de que a cola forma uma camada permeável ou porosa de maneira a não eliminar a capacidade do suporte de absorver profundamente o produto e de liberá-lo nos locais desejados. Porém, vantajosamente, quando o suporte (11) for poroso, ele não está colado em toda sua superfície. O suporte (11) assim impregnado recebe a seguir a mistura de fibras (13). Essas fibras carregadas eletroestaticamente estão em suspensão no ar e são depositadas sobre a superfície recoberta do suporte por atração eletroestática. Por esse motivo, na maior parte dos casos, essas fibras se orientam de modo sensivelmente perpendicular à superfície impregnada. O excesso de fibras é depois eliminado por aspiração. A Figura 2 representa um segundo modo de realização de um aplicador (10) da presente invenção. O aplicador difere do que foi descrito em relação à Figura 1 pelo fato do suporte (11) ser desta vez constituído por um elastômero de poliéster. Além disso, ele é formado separadamente da haste ao qual está fixado por travamento. O suporte (11) também cilíndrico em revolução comporta desta vez um entalhe (15) que se estende segundo o eixo (X) em quase todo seu comprimento. O órgão de aplicação difere do que foi descrito anteriormente, mais particularmente, por sua flocagem representada em detalhe na Figura 2A. O revestimento de flocagem é obtido desta vez de uma mistura constituída por dois tipos de fibras de poliamida de seção circular com um comprimento idêntico e um diâmetro diferente. Os dois tipos de fibras (13c) e (13d) possuem, por exemplo, um comprimento de cerca de 0,5mm. O primeiro tipo de fibra (13c) tem um diâmetro de 0,1 mm e o segundo tipo de fibra (13d) tem um diâmetro de 0,2mm. A mistura é desta vez constituída por 80 % de fibras (13c) e por 20 % de fibras (13d) em peso. Essa mistura permite obter um revestimento de flocagem que apresenta uma densidade de fibras por unidade de superfície variável ao longo da superfície. De fato, as áreas que compreendem um número maior de fibras de pequeno diâmetro são mais densas que as áreas nas quais se encontram fibras de maior diâmetro. A presença de fibras de menor diâmetro permite obter uma superfície de aplicação relativamente macia enquanto as fibras de maior diâmetro permitem espaçar as fibras de menor diâmetro de maneira a criar espaços maiores entre as fibras, o que permitem reter o produto. Também neste caso, obtem-se um aplicador relativamente carregado, mas que proporciona ao mesmo tempo uma aplicação suave. A Figura 3 representa um terceiro modo de realização de um aplicador (10) da presente invenção. O órgão de aplicação difere do que foi descrito em relação à Figura 1 pelo fato do suporte (11) ser curvado. Além disso, o revestimento de flocagem representado de modo mais detalhado na Figura 3A é, desta vez, constituído por dois tipos de fibras (13e) e (13f) de seção circular e os dois tipos de fibras possuem o mesmo comprimento de aproximadamente 1mm, o mesmo diâmetro de aproximadamente 0,1 mm. As fibras (13e) e (13f) não são de mesma natureza. As fibras (13e) são realizadas em algodão e são curvas e as fibras (13f) são realizadas em poliéster e são retas. A mistura compreende, em peso, cerca de 25% de fibras curvas (13e) e 75% de fibras retas (13f). Assim, a superfície do revestimento de flocagem compreende irregularidades de relevo que resultam da presença de espaços (14) formados entre as fibras retas e as fibras curvas. Esses espaços permitem reter uma quantidade relativamente grande de produto. A Figura 4 representa um quarto modo de realização de um aplicador (10) de acordo com a presente invenção. O suporte (11), desta vez, possui o formato de uma espátula no eixo (X) que está inclinada em relação ao eixo (Y) da haste. A espátula é realizada, por exemplo, em poliamida. O revestimento de flocagem, representado de modo mais detalhado na Figura 4A, é constituído desta vez por dois tipos de fibras (13g) e (13h) de comprimento e diâmetro diferentes. As fibras (13g) são, por exemplo, fibras de rayon e possuem um comprimento de aproximadamente 1,2mm e um diâmetro de aproximadamente 0,1 mm. As fibras (13h) são, por exemplo, fibras de poliéster e possuem um comprimento de aproximadamente 0,5mm e um diâmetro de aproximadamente 0,2mm. A mistura compreende, em peso, cerca de 75% de fibras (13g) mais longas e 25% de fibras (13h) mais curtas. As fibras de maior diâmetro (13h) permitem afastar e arejar as fibras de menor diâmetro (13g).

Assim, espaços (14) são obtidos entre as fibras curtas e as fibras mais longas o que permite obter um aplicador relativamente carregado. A presença de fibras longas e de menor diâmetro permite, por sua vez, obter um aplicador que confere uma aplicação suave. Esse aplicador pode ser utilizado, por exemplo, para aplicar um batom líquido para os lábios. A Figura 5 representa um quinto modo de realização de um aplicador (10) da presente invenção e pode ser utilizado em particular para aplicar uma máscara. O suporte (11) é cônico no eixo (X) e é fixado na haste (40) por colagem. Ele é formado no eixo da haste. O suporte (11) é realizado em material poroso. A flocagem é constituída, desta vez, por dois tipos de fibras (13) de natureza diferente e de comprimento, diâmetro e seção idênticos. O revestimento de flocagem é constituído, por exemplo, por uma mistura de fibras de poliéster relativamente rígidas e por fibras de viscose relativamente macias. Essa diferença de dureza é perceptível ao tato, pois quando se exerce uma pressão sobre a superfície de flocagem, as fibras mais rígidas praticamente não se curvam enquanto as fibras mais macias se curvam com a pressão do dedo. As fibras possuem uma seção circular, um comprimento de cerca de 2mm e um diâmetro de cerca de 0,1 mm. A mistura compreende, em peso, aproximadamente 20% de fibras de poliéster e 80% de fibras de viscose. A presença de fibras mais rígidas permite pentear os cílios, enquanto as fibras menos rígidas conferem suavidade à aplicação. A Figura 6 ilustra, finalmente, um órgão de aplicação (10), em forma de espátula, obtida por moldagem de uma única peça com a haste (40) de poliamida. A espátula possui uma forma retangular e é relativamente achatada. Sua superfície externa (11) é lisa em todo o comprimento da espátula. A superfície só é parcialmente recoberta por um revestimento de flocagem, em particular, na extremidade oposta à haste. O revestimento de flocagem, ilustrado de forma ampliada na Figura 6A, é constituído por uma mistura de dois tipos de fibras (13k) e (131) de natureza e comprimento iguais, mas de seção transversal diferente. As fibras (13k) e (131) são, por exemplo, fibras de poliacrílico, com um comprimento aproximadamente igual a 1mm. As fibras (13k) possuem uma seção transversal circular, enquanto as fibras (131) possuem uma seção transversal cruciforme ilustrada de forma ampliada na Figura 7K. A mistura é constituída, por exemplo, de 50% de fibras de seção transversal circular e de 50% de fibras de seção transversal cruciforme.

Utilizando fibras de seção transversal diferente, criam-se assim irregularidades que permitem aumentar a capacidade de retenção de produto. De fato, as fibras de seção transversal diferente não possuem a mesma capacidade de retenção por capilaridade, uma vez que a superfície externa das fibras sobre a qual o produto pode ser retido não é a mesma. Em particular, quando a seção transversal compreender porções ocas, como no caso em particular de uma fibra oca representada na Figura 7F, de uma fibra de seção em forma de “H”, de “Z”, de “V” (Figuras 7C a 7E) de seção cruciforme (Figuras 7G, 7K) ou ainda de seção que compreende porções côncavas tais como representadas nas Figuras 71, 7J e 7L, sendo que a capacidade de retenção de produto nessas áreas ocas é mais elevada que a capacidade de retenção de produto em superfícies de seção transversal circular, quadrada (Figura 7A), triangular (Figura 7B), ou ainda oval (Figura 7H). A Figura 8 representa outro exemplo de um conjunto de condicionamento (200) que compreende um dispositivo de aplicação (210), no qual o suporte (211) possui desta vez um formato esférico. O suporte (211) está montado no gargalo (222) de um recipiente (220) e ultrapassa a abertura (224) delimitada pela borda livre (223) do gargalo. O suporte (211) pode girar no gargalo que possui uma forma adaptada ao suporte esférico tal como a de um “roll-on”. O suporte (211) é recoberto por um revestimento flocado por fibras (213) de natureza diferente e de comprimento, diâmetro e seção idênticos. O revestimento de flocagem é constituído, por exemplo, por uma mistura de fibras de poliéster relativamente rígidas e por fibras de viscose relativamente macias como no exemplo ilustrado pela Figura 5.

Todos os exemplos que acabam de ser ilustrados referem-se a misturas de dois tipos de fibras. Mas é evidente que o revestimento de flocagem pode ser obtido por uma mistura de um número maior de tipos de fibras, em particular, em função do resultado de maquilagem que se deseja obter. Além disso, a superfície do órgão de aplicação pode ser recoberta por diversos tipos de misturas.

Assim, atuando-se, de um lado, sobre a natureza, a forma e as dimensões das fibras e, de outro lado, sobre as proporções de diferentes tipos de fibras na mistura, pode-se obter superfícies de aplicação muito diferentes.

Assim, a partir de um mesmo suporte, pode-se realizar um aplicador que poderá ser utilizado para diferentes produtos e diferentes tipos de maquilagem, mudando-se simplesmente a mistura de fibras que constitui a flocagem.

Na descrição detalhada acima, fez-se referência a modos de realização preferidos da presente invenção. É evidente que podem ser introduzidas variantes, sem que isso signifique fugir ao espírito da presente invenção tal como reivindicada a seguir. Pode-se, em particular, combinar entre si todas ou parte das características dos modos de realização acima citados sem sair do âmbito da presente invenção.

Claims (17)

1. DISPOSITIVO DE APLICAÇÃO DE UM PRODUTO, caracterizado por compreender um suporte (11) que define pelo menos uma superfície (12) isenta de relevo que se estende continuamente sobre sensivelmente todo o comprimento do suporte, sendo que a superfície (12) está pelo menos em parte recoberta por um revestimento de flocagem formado por uma mistura de pelo menos duas fibras (13) diferentes de maneira a definir, na superfície do revestimento de flocagem, irregularidades visíveis a olho nu e/ou perceptíveis ao tato, e aptas a permitir que o dispositivo de aplicação se carregue de produto.

2. DISPOSITIVO, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato da mistura de fibras comportar de 2 a 98% em peso de um primeiro tipo de fibras (13), de preferência de 5 a 95% e, ainda, mais preferencialmente, de 10 a 90%.

3. DISPOSITIVO, de acordo com a reivindicação 1 ou 2, caracterizado pelo fato da mistura compreender fibras (13) de comprimentos, diâmetros, seções, naturezas e/ou cores diferentes, que são escolhidas entre fibras com um comprimento que varia de 0,01 a 3mm; com um diâmetro que varia de 0,01 a 0,6mm; com seção circular, oval, poligonal, cruciforme, trilobular, tetralobular, em forma de “C”, de Έ”, de “F, de “U”, de Ί”, de “L”, de “N”, de “S”, de “T”, de “V”, de "W”, de “X”, de Ύ”, de “Z”, em forma de estrela ou meia-lua; fibras de poliamida, de poliacrílico, de poliéster, de algodão ou de celulose.

4. DISPOSITIVO, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizado pelo fato da mistura compreender fibras (13) retas e fibras curvas.

5. DISPOSITIVO, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizado pelo fato do conjunto da superfície (12) do suporte (11) estar recoberto pelo referido revestimento de flocagem.

6. DISPOSITIVO, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 5, caracterizado pelo fato do suporte (11) possuir uma forma alongada segundo um eixo (X), em particular de forma cilíndrica, cônica, troncônica ou prismática, reta ou curva, ou ainda em forma de pena, de bola de rugbi, de feijão ou de espátula.

7. DISPOSITIVO, de acordo com a reivindicação 6, caracterizado pelo fato do suporte (11) apresentar uma seção transversal circular, oval, triangular, retangular ou quadrada.

8. DISPOSITIVO, de acordo com a reivindicação 6 ou 7, caracterizado pelo fato de duas fibras (13) consecutivas, segundo o eixo (X), estarem implantadas de forma sensivelmente paralelas, em particular, transversalmente ao eixo (X).

9. DISPOSITIVO, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 8, caracterizado pelo fato do suporte (11) ser realizado em material rígido ou semi-rígido, em particular em material termoplástico, em vidro, em metal ou em madeira, ou em material flexível, particularmente em elastômero.

10. DISPOSITIVO, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 9, caracterizado pelo fato de compreender ainda um órgão de preensão (30; 40), em particular em forma de haste.

11. DISPOSITIVO, de acordo com a reivindicação 10, caracterizado pelo fato do órgão de preensão (30; 40) ser formado no eixo (X).

12. DISPOSITIVO, de acordo com a reivindicação 10 ou 11, caracterizado pelo fato do suporte (11) e do órgão de preensão (30, 40) serem obtidos por moldagem de uma só peça.

13. DISPOSITIVO, de acordo com a reivindicação 10 ou 11, caracterizado pelo fato do órgão de preensão (30; 40) estar fixado no suporte por colagem, aperto, travamento ou forjamento de precisão.

14. CONJUNTO DE CONDICIONAMENTO E DE APLICAÇÃO DE PRODUTO, caracterizado por compreender um reservatório (20; 220) que contém o produto a ser aplicado, no qual uma borda livre (23; 223) delimita uma abertura (24; 224), um órgão de fechamento (30) previsto para fechar de forma estanque a abertura (24; 224) do reservatório, e um dispositivo de aplicação (10; 210) de acordo com qualquer uma das reivindicações de 1 a 13.

15. CONJUNTO, de acordo com a reivindicação 14, caracterizado pelo fato do dispositivo de aplicação (10) estar fixado no órgão de fechamento (30) e estar alojado no interior do reservatório (20) quando o órgão de fechamento (30) fecha o reservatório.

16. CONJUNTO, de acordo com a reivindicação 14 ou 15, caracterizado pelo fato do reservatório (20) compreender um órgão de enxugamento (50), disposto nas proximidades da abertura, apto a enxugar o revestimento de flocagem do órgão de aplicação (10), e eventualmente a haste (40), no momento da retirada do dispositivo de aplicação (10) do reservatório, sendo que o referido órgão de enxugamento (50) é realizado em espuma, elastômero, ou em material termoplástico, recoberto ou não por uma flocagem.

17. CONJUNTO, de acordo com a reivindicação 14, caracterizado pelo fato do dispositivo (210) ter um formato esferico e estar montado na abertura (224) do reservatório de maneira a poder girar no reservatório.