PT719097E - Novas composicoes dieteticas a base de fosfolipidos e sua utilizacao como complemento nutritivo - Google Patents

Description

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Descrição “Novas composições dietéticas à base de fosfolipidos e sua utilização como complemento nutritivo” A presente invenção refere-se ao domínio da dietética e, em particular, ao domínio dos suplementos nutritivos.

Mais particularmente, a presente invenção tem como objecto novas composições dietéticas destinadas a compensar, nas crianças lactentes e nas crianças ou nos anciãos, um défice nutricional de ácidos gordos essenciais das séries n-3 e n- -6.

Especificamente, ela tem como objecto composições dietéticas que fornecem ácidos gordos essenciais das séries n-3 e/ou n-6 a pacientes frágeis, mal nutridos ou desnutridos sob uma forma facilmente utilizável e directamente úteis para o bem estar do paciente.

Sabe-se com efeito que: • Os recém-nascidos prematuros e as crianças de pequeno peso à nascença têm necessidades particulares que não satisfeitas com os leites artificiais actuais, mesmo que contenham uma quantidade satisfatória de ácido línoleico (18:2 n-6) e a-linolénico (18:3 n-3). Com efeito, o equipamento enzimático (dessaturases e elongases) dos prematuros é demasiadamente fraco para sintetizar os homólogos superiores e, em particular, o ácido docosa--hexenóico ou DHA (22:6 n-3) e o ácido araquidónico (20:4 n-6) (M. FOREMAN Am. J. Clin. Nutr. 57 (supl) (1993) 829S). • um suplemento destes dois ácidos gordos parece primordial para garantir o desenvolvimento correcto da visão (P. PEIRANO J. Pediatr. 120 (1992) 168- -180), mas também das outras funções cerebrais nos prematuros que não são alimentados ao seio. Ensaios mostraram que as funções fotorreceptoras dos prematuros apenas têm uma maturação óptima se se adicionar um suplemento suficiente de ácidos gordos de cadeias poli-insaturadas longas da série n-3, ou com leito materno, ou com óleos de carne de peixe (D. R. HOFFMAN Am. J. Clin. Nutr. 57 (supl) (1993) 801-806).

Foi mesmo posta em evidência uma correlação entre a taxa de DHA no plasma do recém-nascido e o seu grau de prematuridade, avaliado de acordo com índices de desenvolvimentos psicomotor e mental (K. BJERVE .Am. J. Clin. Xutr. 57 (supl) (1993) 801-806).

Foram propostas diversas fontes de DHA a começar pelo óleo de carne de peixe mas esta tem o inconveniente de conter uma grande proporção de ácido icosapentenóico ou EPA (20:5 n-3) cuja presença pode ser perigosa para a criança e que não se encontra no leite materno (K. BJERVE).

Os ácidos gordos essenciais e, particularmente, o ácido a-linolénico (18:3 n--3), desempenham um papel fundamental para a maturação cerebral da criança mas as carências são frequentes. Uma carência em ácidos gordos essenciais da série n-3 origina uma diminuição do teor em DHA ao nível cerebral (22:6 n-3). Depois de uma compensação em ácido α-linolénico, a recuperação é extremamente lenta (J. M BOURRE Prostaglandins, Leukotrienes and Essential fatty acids 48 (1993) 5-15), enquanto um fornecimento de ácidos gordos superiores e em particular de DHA, favorece uma recuperação rápida (J. M BOURRE J. Neuroch, 60 (1992) 2018--2027).

Da mesma maneira, durante o envelhecimento, as capacidades de insaturação e de alongamento das cadeias dos ácidos gordos essenciais são reduzidas. Pode-se tentar obter os efeitos benéficos de um fornecimento em ácidos gordos poliinsaturados de cadeia comprida. A presente invenção consiste em propor uma fonte de ácido gordos da série n-3 em proporção conveniente para o sistema nervoso e em particular ricas em DHA (22:6 n-3) e em ácido araquidónico (20:4 n-6), sob a forma de fosfolípidos ricos em ácidos gordos da série n-3.

Estes fosfolípidos ricos em ácidos gordos poliinsaturados de cadeias muito compridas estão presentes particularmente na gema dos ovos de galinhas que foram convenientemente alimentadas, em particular com alimentos ricos em ácidos gordos essenciais das séries n-3 e n-6, a saber o ácido α-linolénico e o ácido linoleico : sementes ou óleos de colza, de soja, de linhaça, de frutos de Ribes.

Os fosfolípidos de gema de ovo de galinha têm a seguinte estrutura química:

os ácidos gordos estão ligados ao glicerol ou por uma ligação éster, ou por uma ligação éter. A presente invenção tem, portanto, como objecto composições dietéticas para a alimentação de paciente frágeis ou desnutridos, caracterizadas pelo facto de

conterem fosfolípidos provenientes de gema de ovo de galinha contendo 75 a 80% de fosfatidilcolina e 15 a 20% de fosfatidiletanolamina, contendo os referidos fosfolípidos ácidos gordos essenciais das séries n-3 e n-6 em associação ou mistura com excipientes ou diluentes apropriados para utilização alimentar.

Resulta, com efeito que estes fosfolípidos que provêm da gema de ovo de galinha contêm, em proporção fisiológica, os seguintes constituintes: • fosfatidilcolina 75-80% • fosfatidilserina inferior a 0,5% • fosfatidilinositol 0,5-1% • fosfatidiletanolamina 15-20% • plasmalogénio 1-2% • esfingomielina 2-3% Estes fosfolípidos têm de particular e de específico o facto de serem compostos por uma quantidade notável de ácidos gordos polunsaturados de cadeia comprida tal como: • ácido araquidónico 20:4 n-6 de 2 a 6% • DHA 22:6-3 de 3 a 6% • _ n-6 arazao- n-3 inferior a 4 • a razão ácido araauidónico DHA EPA compreendida entre 0,5 e 1,5 • arazao- DHA inferior a 0,25 • uma publicação mostrou já a diferença de composição de ácidos gordos dos ovos de galinha provenientes de uma quinta tradicional da GRÉCIA e de uma 5

jP instalação da criação industrial e vendidos pela grande distribuição nos EUA (A.P SIMOPOULOS N. Engl. J. of Med. 1989 (16 Nov. 1989) p. 1412). (em mg ácidos gordos por grama)

Ácidos: Ovos de quinta gregos Ovos industrias US . linoleico 18:2 n-6 16 26 . a-linolénico 18:3 n-3 6,90 0,52 . araquidónico 20:4 n-3 5,4 5,02 . EPA 20:5 n-3 1,2 - 22:5 n-3 2,8 0,09 . DHA 22:6 n-3 6,6 1,09 n - 6 1,3 19,4 n - j araquidónico 0,82 4,61 DHA EPA 0,18 DHA

Outros trabalhos confirmaram a variabilidade da composição dos ácidos gordos da gema de ovo de galinhas em função da sua alimentação.

Por exemplo, a riqueza dos ovos de quinta grega em DHA e em ácidos gordos da série n-3 em geral é devida à alimentação das frangas constituída principalmente por beldroegas conhecida pela sua riqueza em ácidos gordos n-3 (A. P SIMOPOULONS N. Engl. J. of Med. 315 (1986) (13) 833).

Outros autores confirmaram que os ovos de galinha em criação industrial continham muito pequenas quantidades de ácidos gordos da série n-3 e somente vestígios de DHA. Os mesmos autores propuseram enriquecer a ração dos animais em os óleos de peixe com o fim de enriquecer os ovos em ácidos gordos n-3 para melhorar as suas propriedades nutritivas. Mas o óleo de peixe aumenta a quantidade de EPA (C20:5 n-3) nos fosfolípidos de gema de ovo o que não é desejável nas crianças e sobretudo nas crianças lactentes. A título de exemplo, pode-se comparar o teor de ácidos gordos poli-insaturados de cadeia comprida nos ovos produzidos por frangas “testemunha”, que recebem uma alimentação industrial clássica e frangas que recebem a mesma alimentação à qual se misturou 10% de óleo vegetal conhecido pela sua riqueza em ácido α-linolénico (Cl8:3 n-3), em particular a semente de linho ou de colza. ácidos gordos de ovos de galinha em percentagem do total dos ácidos gordos regime testemunha Regime óleo vegetal rico em n-3 18:2 n-6 8,8 10,6 18:3 n-3 0,2 5,5 20:4 n-6 1,8 2,0 20:5 n-3 0 0,2 22:6 n-3 0,8 3,9 Soma n-3 1,3 7,9 Soma n-6 10,7 11,4 n-6 8,2 1,4 n-3 A utilização nutricional dos fosfolípidos da gema de ovo de galmha foi já considerada, em particular por lutar contra as perturbações da senescência (N. HUBER Phospholipides (1990) 241-253), mas, nestes trabalhos, fizeram-se 7 sobretudo esforços no sentido de um fornecimento de fosfatidilcolina sem olhar à natureza dos ácidos gordos cujo fornecimento provoca uma fluidifícação das membranas e activa os Iínfócitos e os macrófagos.

Nestas publicações, não se procurou nunca enriquecer a ração alimentar dos frangos com ácidos gordos da série n-3; nunca tinha sido previsto exercer uma acção de regeneração e de construção das membranas dos neurónios.

Este fornecimento nutricional de fosfolípidos de ovos ricos em ácidos gordos poliinsaturados de cadeias compridas justifica-se em particular nos seguintes casos: • entre os recém-nascidos prematuros e as crianças lactentes frágeis consideradas incapazes de realizar a biossíntese destes ácidos gordos específicos e indispensáveis para o sistema nervoso central • entre as crianças ou os adolescentes que podem ter atrasos ou dificuldades escolares em consequência do atraso de maturação cerebral provocada por uma carência em ácidos gordos essenciais • entre as pessoas idosas para lutar contra a velhice cerebral e favorecer a regeneração fisiológica das membranas.

Os fosfolípidos de ovo, ricos em ácidos gordos poliinsaturados de cadeias compridas, podem ser utilizados nos leites infantis ou então como complemento nutricional, misturados ou não com outros elementos nutritivos como as vitaminas, os sais minerais ou oligoelementos e apresentadas sob a forma de pó, de comprimidos, de gélulas ou cápsulas para mastigar ou engolir.

Os fosfolípidos de acordo com a invenção serão para isso misturados ou diluídos com ou em adjuvantes alimentares como farinhas, açúcares, polióis, sacáridos, materiais de cargas, com edulcorantes, com agentes ligantes, com agentes aromatizantes, com agentes de sapidez.

Como auxiliares alimentares, podem-se citar as farinhas de cereais, as farinhas de sementes de plantas oleaginosas, os autolisados de proteína, os autolisados de levedura de cerveja, as peptonas, a caseína, a pectma, as gelatinas ou os hidrolisados de gelatma.

Os açúcares que podem ser incorporados nas composições de acordo com a invenção são açúcares digeríveis como a sacarose, a frutose, a maltose ou a lactose ou então açúcares não digeríveis como a glucose e a arabinose. Podem-se adicionar igualmente dextrinas, amidos modificados, oxidados ou hidrolisados, dextrinas hidrolisadas, maltodextrinas ou polissacáridos modificados não digeríveis.

Como substâncias de carga, podem-se citar celuloses, celuloses modificadas, argilas, sais minerais, proteínas não digeríveis, hidrolisados de proteína como por exemplo hidrolisados de caseína ou de farinhas de peixe desoleadas e desodorizadas.

Como agentes ligantes, citar-se-á em primeiro lugar celuloses alcoiladas, carboximetilceluloses reticuladas ou não, carboximetilamidos ou polímeros de vinil pirrolidona em ponte. O teor de fosfolípidos de ovo varia de acordo com o objectivo alimentar. Será mais elevado para as preparações destinadas às crianças e aos adolescentes. Para as crianças lactentes ou as crianças muito novas, será mais fraco, tendo em linha de conta o facto de que o fornecimento nutritivo, nesta idade da vida, é função do peso corporal.

Para pessoas idosas, o fornecimento de fosfolípidos de ovo será mais importante porque há um défice nutricional a compensar e uma baixa da actividade 9

enzimática que tende a arrastar um desperdício dos elementos de construção biológica essenciais.

As composições dietéticas, de acordo com a invenção, apresentarão vantajosamente uma concentração em fosfolipidos que está compreendida entre 0,05 e 5 g por dose unitária, de preferência entre 0,1 e 0,5 g por dose unitária. A presente invenção tem igualmente como objecto um processo de obtenção de fosfolipidos contidos nas composições alimentares descritas antes, caracterizado pelo facto de os fosfolipidos serem extraídos de gema de ovo de galinhas alimentadas com uma alimentação que contém sementes ou óleos de Ribes, de soja, de colza ou de linho. As oleaginosas ricas em ácidos gordos poliinsaturados da série n-3 são principalmente as sementes ou os óleos de Ribes, de colza ou de linho.

Este processo consiste em separar as gemas de ovo, tratá-las com acetona a fim de obter um produto pulverulento que se seca e que depois se esgota com uma mistura de solvente clorado e álcool a fim de obter um solução concentrada de fosfolipidos, em precipitar a solução assim obtida por adição de uma cetona, depois secar e moer a fracção que contém os fosfolipidos e mcorporá-la num excipiente ou num diluente apropriado para utilização alimentar.

EXEMPLO I Pó para incorporar no leite do biberão • Fosfolipidos de gema de ovo de franga alimentada com alimento que contém 10% de sementes de linho 49,975 g • Caseína de leite 100,000 g • Acetato de tocofenol 0,025 g 100,000 g

Carbonato de cálcio 10

para 1000 saqueias de pó contendo 0,05 g de fosfolipidos de gema de ovo a incorporar no leite do biberão ou diluir em um pequeno volume de água açucarada. EXEMPLO II • Fosfolipidos de gema de ovo de galinha alimentada com alimento que contém 5% de óleo de pevides de groselha 2,000 g • Lecitina de soja 1,000 g • Ácido palmitil-6-L-ascórbico 0,030 g • Alginato de sódio 1,000 g • Água qsp 100 ml

Realiza-se assim uma emulsão leitosa que se pode incorporar no leite de biberão ou diluir em água mineral. EXEMPLO ΠΙ

Fosfolipidos de gema de ovo de galinha alimentada com alimento usual contendo 10% de óleo de colza 1,000 g Celulose microcristalina 10,000 g Carbonato de magnésio 2,000 g Fosfato tricálcico 2,000 g Vitamina E 0,010 g Metilcelulose 10,000 g Aroma de café 1,000 g Sorbitol 25,000 g Maltodextrma qsp 100 g Preparam-se assim granulados que contêm lecitinas para tomar a cada refeição. 11

EXEMPLO IV • Fosfolipidos de gema de ovo de galinha alimentada com uma alimentação usual suplementada com pevides de groselha moídas 1,000 g • Leite em pó desnatado 40,000 g • Fosfato tricálcico 2,000 g • Gluconato ferroso 0,400 g • Carbonato de manganês 0,100 g • Lactato de zinco 0,200 g • Celulose microcristalma 10,000 g • Sorbitol 36,300 g • Pó de sumo de limão 10,000 g O pó assim obtido é distribuído em saquetas de 10 g. Destinam-se a ser adicionadas à alimentação a cada refeição ou a ser diluídas em um pequeno volume de água.

EXEMPLO V • Fosfolipidos de gema de ovo de galinha alimentada com uma alimentação usual suplementada com 10% de sementes de linho 25,00 g • Pó de acerola 20,00 g • Caseína 25,00 g • Carbonato de cálcio 10,00 g • Estearato de magnésio 2,00 g • Frutose 17,00 g • Aroma de tangerina 1,0 g

Aroma de tangerina para fazer comprimidos que pesam em média 0,300 g.

Lisboa, 22 de Junho de 2001

O Age fite OticÍQi qq Ho.jiieuaae Inousiriot

Rua do SnliSrc, Ϊ95, r/e-LAt 1269-063 LíSHOa

Claims (9)

1

Reivindicações 1. Composições dietéticas para a alimentação de pacientes frágeis ou desnutridos, caracterizadas pelo facto de conterem fosfolípidos provenientes de gema de ovo de galinha contendo 75 a 80% de fosfatidilcolina e 15 a 20% de fosfatidiletanolamina, contendo os referidos fosfolípidos ácidos gordos essenciais das séries n-3 e n-6, em associação ou em mistura com excipientes ou diluentes apropriados para a utilização alimentar.

2. Composições dietéticas de acordo com a reivindicação 1, caracterizadas pelo facto de a fosfatidilcolina e a fosfatidiletanolamina conterem como constituinte de ácido gordo, ácido araquidómco (n-6) e ácido docosa--hexenóico (n-3).

3. Composições dietéticas de acordo com uma das reivindicações 1 ou 2, caracterizadas pelo facto de os fosfolípidos possuírem uma relação (n-6)/'(n-3) inferior a 4.

4. Composições dietéticas de acordo com uma das reivindicações 1 a 3, caracterizadas pelo facto de a concentração de fosfolípidos estar compreendida entre 5 e 0,05 g por unidade de dosagem.

5. Composições dietéticas de acordo com uma das reivindicações 1 a 4, caracterizadas pelo facto de a concentração em fosfolípidos estar compreendida de preferência entre 0,5 e 0,1 g por unidade de dosagem.

6. Composições dietéticas de acordo com uma das reivindicações 1 a 5, caracterizadas pelo facto de os fosfolípidos de gema de ovo de galinha serem adicionados com adjuvantes alimentares, agentes edulcorantes, agentes ligantes, agentes aromatizantes e/ou agentes de sapidez. 2

7. Composições dietéticas de acordo com uma das reivindicações 1 a 6, apresentadas sob a forma de comprimidos, gélulas, cápsulas, pó ou emulsão.

8. Processo de obtenção de fosfolípidos contidos em composições alimentares de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo facto de os fosfolípidos serem extraídos de gemas de ovo de galinhas alimentadas com uma alimentação que contém sementes ou óleos de Ribes, de soja, de colza ou de linho.

9. Processo de obtenção de fosfolípidos de acordo com a reivindicação 8, caracterizado pelo facto de consistir em separar as gemas de ovo, tratá-las com acetona com o fim de obter um produto pulverulento que se seca, depois se esgotar com uma mistura de solvente clorado e de álcool para se obter uma solução concentrada de fosfolípidos, precipitar a solução obtida mediante adição de uma cetona, depois secar e moer a fracção que contém os fosfolípidos e incorporá-la num excipiente ou num diluente apropriado para utilização alimentar. Lisboa, 22 de Junho de 2001 J i/A O Agente Oíicia! da Propriedade Industrial

1269-063 LlbílCA