PT2421380T - Produto lácteo reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática - Google Patents

Produto lácteo reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática Download PDF

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Description

DESCRIÇÃO "PRODUTO LÁCTEO REDUZIDO EM COLESTEROL PARA UTILIZAR NO TRATAMENTO E/OU NA PREVENÇÃO DE UMA DOENÇA HEPÁTICA"
Campo da invenção A presente invenção refere-se ao campo da terapia e/ou da prevenção da doença hepática de mamíferos (especialmente humanos) e refere-se a um produto lácteo (leite ou produto lácteo) incluindo composições alimentares ou de alimentação animal que compreendem este produto lácteo, sendo este produto lácteo obtido a partir de um ruminante, preferencialmente um produto lácteo de gado (leito ou produto lácteo), mais preferencialmente um produto lácteo de vaca (leite ou produto lácteo) com um teor reduzido de colesterol.
Antecedentes da invenção
Existe uma tendência, nos países desenvolvidos, de consumir alimentos ricos em triglicerídeos ou gorduras (i.e., cerca de 22% da ingestão total; medida em peso seco) e em colesterol. 0 distúrbio lipídico é um termo médico para definir relações sanguíneas elevadas de colesterol e triglicerídeos no sangue de mamíferos, que está relacionado com o aumento do risco de doenças cardiovasculares (como a aterosclerose) e outras doenças cardíacas em mamíferos, especialmente em humanos. 0 leite contém cerca de 3 a cerca de 8% de gordura (peso:peso), que é principalmente uma gordura saturada. A gordura (triglicerídeos) é essencial no leite para o seu sabor e para algumas das suas propriedades "técnicas", especialmente em produtos derivados do leite (produtos lácteos), tais como produtos para barrar, queijos, natas, etc. 0 teor de gordura no produto derivado do leite pode ser de cerca de 3% a cerca de 100% do peso seco (entre cerca de 10% e 80% do peso total) . Por exemplo, o queijo e a manteiga contêm cerca de 45% (expresso em peso seco) e cerca de 80% de gordura (expresso em peso total ou até 98% em peso seco), respetivamente.
Os ácidos gordos insaturados, especialmente os ácidos gordos polinsaturados ω3, tais como o ácido α-linolénico (ALA), o ácido eicosapentaenóico (EPA) e/ou o ácido docosahexaenóico (DHA) parecem exercer efeitos positivos na saúde e as suas propriedades são apresentadas em composições alimentares funcionais, complementos alimentares ou nutracêuticos enriquecidos nestas gorduras polinsaturadas.
Estes ácidos gordos específicos podem estar presentes na forma de gordura (triglicerídeos), fosfolípidos ou como ácidos gordos conjugados a veículos, tais como as lipoproteínas.
Contudo, o leite (ruminante) é pobre em ácidos gordos poli(insaturados). Por razões regulamentares, um produto lácteo (produto lácteo) enriquecido com ácidos gordos exógenos (por exemplo, pela adição de gordura vegetal) pode não ser rotulado como um produto lácteo (produto de leite). A gordura do leite contém ainda colesterol (cerca de 300 mg por 100 g de gordura). Contudo, a ingestão de alimentos com colesterol deve ser limitada a um máximo de 300 mg por dia. Consequentemente, melhorar a imagem nutricional da gordura do leite implica a redução do seu teor de colesterol.
Sabe-se que tanto o colesterol como a gordura saturada afetam negativamente a saúde (humana), especialmente no que diz respeito a doenças cardiovasculares e a alguns cancros.
Portanto, o leite inteiro, a gordura do leite e os produtos lácteos, que são ricos nesta gordura láctea (tais como produtos para barrar, natas, queijos...) e qualquer composição alimentar ou de alimentação animal que compreenda estes produtos lácteos sofrem de uma má imagem nutricional, devido aos seus elevados ácidos gordos saturados e aos seus elevados teores de colesterol associados a estes problemas de saúde.
Estado da técnica
Atualmente, a extração de colesterol da gordura do leite é conseguida industrialmente por de métodos físicos, tais como encapsulação molecular por contacto com uma ciclodextrina (EP-387708 Bl) ou por remoção com vapor. Com estes métodos, um mínimo de 75% do colesterol presente inicialmente pode ser extraído.
Alternativamente, foram desenvolvidos vários métodos para reduzir o teor de colesterol no leite ou a sua biodisponibilidade.
Por exemplo, a US 6 485 931 B2 descreve a conversão do colesterol do leite em coprostanol, com uma menor disponibilidade. 0 pedido de patente internacional WO 2004 052 122 descreve métodos para reduzir o teor de colesterol da gordura derivada de animais por alteração da sua dieta. A patente europeia EP 1585508 Bl está relacionada com o uso de esfingolipidos para o fabrico de um alimento ou de um produto farmacêutico para reduzir o colesterol e os triglicerideos no plasma e/ou no soro e o uso de esfingolipidos para o tratamento ou prevenção de doenças cardiovasculares em humanos através da redução do colesterol e dos triglicerideos no plasma e/ou soro. A EP 0615 690 descreve a extração de colesterol do leite usando óleos e a US 5 175 015 descreve um leite desnatado misturado com gordura vegetal. A W02007/090289 mostra que o cloreto de berberina e o estanol vegetal, isoladamente ou em combinação, reduzem drasticamente a concentração de colesterol no fígado de hámsteres e podem ser usados para tratar fígado gordo.
Objetivos da invenção A presente invenção visa proporcionar um elemento alimentar ou de alimentação animal ou uma composição alimentar ou de alimentação animal que não apresente as desvantagens do estado da técnica, especialmente um elemento ou composição que possa evitar e/ou tratar uma doença hepática. A presente invenção visa proporcionar tal elemento ou composição que possa ser usado como um alimento funcional ou um alimento para animais (composição) ou como um nutracêutico e possa ser apresentado em produtos lácteos habituais ou em composições alimentares ou de alimentos para animais que compreendam estes produtos lácteos (leite e bebidas de leite, produtos para barrar, especialmente manteiga, natas, queijo, etc.) ou obtidos a partir destes produtos lácteos (gelados, produtos de pastelaria e confeitaria).
Sumário da invenção A presente invenção refere-se a um produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática, preferencialmente esteatose, o referido produto lácteo (leite ou produto de leite) , contendo de 60% a 70% de gordura saturada (pesog0rdura saturada·pssOgordura total) t em que o teor de colesterol está compreendido entre 30 mg/100 g de gordura e 150 mg/100 g de gordura, preferencialmente entre 30 mg/lOOg de gordura e 90 mg/100 g de gordura.
Preferencialmente, o produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol (leite ou produto de leite) da invenção é obtido de uma vaca. A presente invenção também se refere a um produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática, em que o referido produto lácteo é suplementado com uma fonte de ácido gordo co3 selecionada a partir do grupo que consiste em ácido a-linolénico (ALA), ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA) (em que os ácidos gordos co3 são adicionados de 2% (pesO(o3:pesog0rdura) a 10% (peso^ipesogordura) < preferencialmente de 2% (peso^:pesog0rdura) a 8% (pesOa)3: pesogordura) , preferencialmente a 6% (pesOo)3 :pesog0rdura) (i · e., em comparação com o peso total da gordura do produto lácteo que é de 100%)) .
Vantajosamente, o produto lácteo da invenção é um leite que compreende entre 3% e 4% (pesorpeso) de proteína (dos quais cerca de 80% é caseína), entre 3% e 6% (peso:peso) de gordura, entre 4% e 5% (pesorpeso) de hidratos de carbono e entre 0,6 e 1% de minerais, sendo principalmente cálcio, potássio, cloreto e fósforo (i.e., em comparação com a % em peso total do produto lácteo que é de 100%).
Preferencialmente, o produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol da invenção é selecionado a partir do grupo que consiste em leite, gordura anidra do leite, produtos para barrar, preferencialmente uma manteiga, gelado, nata de leite, queijo, leite fermentado, leite aromatizado e natas. A presente invenção refere-se também a uma composição alimentar ou de alimentos para animais (funcional) que compreende o produto lácteo ou a gordura láctea da invenção ou obtida do produto lácteo ou da gordura láctea da invenção, tais como gelado, produtos de pastelaria ou de confeitaria.
Por "cerca de", entende-se preferencialmente cada número real mais ou menos 10%. Por exemplo, por "cerca de 4%", entende-se todos os números reais entre 3,6% e 4,4%. O produto lácteo de ruminante (leite, produto ou gordura de leite) da presente invenção e obtido do leite de ruminante, pode ser usado isoladamente (como leite, um nata de leite ou gordura anidra do leite), como um produto derivado (como um produto para barrar, como a manteiga, uma bebida de leite ou queijo), ou como um suplemento ou ingrediente ativo numa composição de alimento para animais (funcional) ou numa composição alimentar (funcional) com os outros ingredientes habituais desta composição, como ou numa composição nutracêutica e/ou como ou numa composição farmacêutica.
Vantajosamente, este medicamento (composição farmacêutica) e/ou nutracêutico que compreende o produto lácteo, especialmente a gordura láctea, da invenção é fornecido (presente) numa composição alimentar, preferencialmente um produto para barrar, mais preferencialmente uma manteiga que possui entre 10% a 50% (preferencialmente cerca de 40%) (peso:peso) de gordura total (lipido) e um teor de colesterol compreendido entre 30 mg/100 g de gordura e 150 mg/100 g de gordura, mais preferencialmente entre 30 mg/100 g de gordura e 90 mg/100 g de gordura. O consumo do produto lácteo, especialmente da gordura láctea, da presente invenção, aumenta vantajosamente o teor de ácido gordos polinsaturados (de cadeia longa) (tais como, o ácido araquidónico, o ácido eicosapentaenóico e o ácido docosahexaenóico) no sangue de mamíferos (incluindo o de humano).
Mais precisamente, o consumo do produto lácteo, especialmente da gordura láctea, da presente invenção aumenta ainda o teor de ácidos gordos polinsaturados ω3 de cadeia longa no sangue de mamíferos (incluindo o de humano).
Por ácidos gordos ω3 de cadeia longa, entende-se ácido eicosapentaenóico (EPA) e/ou ácido docosahexaenóico (DHA). 0 consumo do produto lácteo, especialmente da gordura láctea, da invenção diminui ainda o teor de triglicerideos no sangue de mamíferos (incluindo o de humano) (em comparação com uma gordura de leite de ruminante que não tem um teor de colesterol reduzido (que possui um teor de colesterol de cerca de 280 mg/100 d de gordura)). O consumo do produto lácteo, especialmente da gordura láctea, da invenção aumenta em pelo menos 15% (preferencialmente em pelo menos 30%, mais preferencialmente em pelo menos 50%) o teor de colesterol HDL no sangue de mamíferos (incluindo o de humano) e, preferencialmente, aumenta o teor de colesterol sanguíneo não HDL em menos de 10%, mais preferencialmente em menos de 20%.
Portanto, o consumo do produto lácteo, especialmente da gordura láctea, da presente invenção também diminui a razão aterogénica do sangue de mamíferos (incluindo o de humano) em pelo menos 10%, preferencialmente em pelo menos 20%, mais preferencialmente em pelo menos 30%.
Descrição detalhada da invenção
Como se descreve no método da patente Europeia EP-387708 Bl, os inventores reduziram o teor de colesterol do leite de vaca tratando-o com β-ciclodextrina.
Mais precisamente, misturou-se 5 Kg de gordura de leite de vaca contendo 278 mg de colesterol/100 g de gordura durante 30 minutos a 55 °C com 5 Kg de uma solução de beta-ciclodextrina a 6% para formar uma emulsão de "azeite em água". A gordura do leite com um teor de colesterol mais baixo (25 mg/100 g) foi recuperada por centrifugação contínua, lavagem com água, segunda centrifugação contínua e secagem sob vácuo.
Os inventores trataram 56 animais de hámsteres, sendo um modelo cardiovascular adaptado à população humana com várias dietas que mimetizam as dietas humanas (quanto ao teor de gordura de 12,5% e 22% (% em peso seco)) e contendo gordura de leite tratada ou não e com uma dieta clássica (sem gordura do leite).
Ao comparar os animais alimentados com uma dieta (fortemente) enriquecida com gordura láctea e uma dieta clássica, os inventores observaram um aumento constante do colesterol no sangue e uma tendência ao aumento dos triglicerídeos no sangue. Contudo, a razão aterogénica, sendo a razão colesterol HDL/não HDL, foi apenas ligeiramente alterada.
Portanto, os inventores concluíram que alimentar um animal (incluindo um ser humano) com uma gordura láctea rica em colesterol (ou não tratada, i.e., contendo cerca de 280 mg de colesterol por 100 g de gordura) provoca a piora da maioria dos parâmetros sanguíneos, no que diz respeito ao risco cardiovascular e doenças associadas, consistentes com a má imagem nutricional dos produtos lácteos.
Para além disso, os inventores observaram que o fígado dos hámsteres alimentados com a gordura láctea rica em colesterol é maior, bem como os seus teores de colesterol e triglicerídeos, que estão aumentados em cerca de 6 vezes e em cerca de 2 vezes.
Os inventores mediram, em paralelo, os mesmos parâmetros para hámsteres alimentados com a gordura láctea reduzida em colesterol (25 mg/100 g) da invenção.
Em comparação com os hámsteres alimentados com a gordura láctea rica em colesterol, os inventores mediram uma redução constante do colesterol no sangue, dos triglicerideos e da razão aterogénica em animais alimentados com a gordura reduzida em colesterol da invenção.
Portanto, os inventores concluem, portanto, que (todos) os principais parâmetros sanguíneos relevantes para uma medida do risco cardiovascular e doenças associadas melhoram com o produto lácteo da invenção (gordura láctea reduzida em colesterol) em comparação com animais alimentados com gordura láctea normal (rica em colesterol).
Em comparação com hámsteres alimentados com a dieta clássica, o teor de triglicerideos não é consistentemente melhorado em animais alimentados com a gordura láctea reduzida em colesterol da invenção.
Curiosamente, ao alimentar os animais com gordura láctea reduzida em colesterol (em vez da dieta clássica), o "mau" colesterol (não HDL) não aumentou, enquanto o bom colesterol (HDL) aumentou consistentemente, especialmente quando são administradas dietas (compreendendo a gordura láctea da invenção) a 22% de lípidos, que mimetizam as dietas humanas atuais, especialmente na Europa, EUA e Japão.
Os parâmetros hepáticos, tais como o peso total e o teor de colesterol (de animais alimentados com a gordura láctea da invenção) são semelhantes aos dos hámsteres alimentados com uma dieta clássica (que não compreende gordura láctea), com a exceção dos teores de triglicerideos e fosfolípidos que foram maiores.
Em todos os casos, a razão aterogénica é consistente e significativamente diminuída em animais alimentados com a gordura láctea reduzida em colesterol da invenção.
Portanto, os inventores concluíram que, embora alimentassem os animais com um produto que é rico em gorduras saturadas, os seus parâmetros sanguíneos e hepáticos não se degradavam e, nalguns aspetos, melhoravam.
Refinando mais as suas observações, os inventores mediram um aumento consistente e significativo dos teores plasmáticos de EPA e DHA em animais alimentados com o leite reduzido em colesterol da invenção.
Uma vez que existe uma necessidade de aumentar o teor sanguíneo de ácidos gordos co3 de cadeia longa em animais (incluindo humanos), os inventores deduzem que a gordura láctea reduzida em colesterol testada é um nutracêutico, uma composição de alimentos para animais (ou alimentar) muito adequada ou um ingrediente ou uma composição farmacêutica adequada e eficiente.
Os inventores concluem que, a longo prazo, esta gordura láctea reduzida em colesterol é segura e até melhora vários parâmetros sanguíneos de um mamífero (incluindo um humano).
Os inventores alimentaram adicionalmente outro grupo de hámsteres com gordura láctea enriquecida em ácido gordo essencial ω3, ácido α-linolénico (ALA).
Com a exceção de um forte aumento no teor plasmático do ácido a-linolénico, os inventores observaram apenas uma ligeira redução dos teores de triglicerídeos e colesterol no seu sangue em comparação com os grupos controlo.
Os inventores observaram ainda que tanto a adição do ácido gordo co3 ácido α-linolénico à gordura láctea como a redução do teor de colesterol desta gordura láctea (enriquecida em ALA) têm um efeito sinérgico e provocam uma forte redução dos teores sanguíneos de colesterol e triglicerídeos, juntamente com um aumento consistente do teor plasmático dos três ácidos gordos co3 medidos (ALA, EPA e DHA) .
Portanto, embora se tema que um animal (incluindo um humano) alimentado com (gordura) leite reduzido em colesterol possua valores aumentados de triglicerídeos sanguíneos e hepáticos (e possua um risco cardiovascular aumentado), estes dados comparativos mostram claramente que este temido aumento não é necessariamente espetacular ou consistente e não se traduz num aumento do tamanho do fígado. Mais importante, a gordura láctea reduzida em colesterol da invenção resulta num aumento dos ácidos gordos ω3 de cadeia longa, tais como EPA e DHA medidos no plasma de mamíferos, sendo estes ácidos gordos ω3 de cadeia longa conhecidos por melhorar vários aspetos relacionados com a saúde. A presente invenção será descrita em mais detalhe nos seguintes exemplos não limitativos.
Os inventores desenvolveram uma dieta na qual a gordura láctea é substituída por gordura láctea reduzida em colesterol e/ou por uma dieta enriquecida em gordura láctea reduzida em colesterol.
Uma dieta típica contém cerca de 10 a cerca de 22% de gordura total (peso:peso; peso seco) e um teor reduzido de colesterol (compreendido entre cerca de 10 mg/100 g de gordura (total) e cerca de 150 mg/lOOg de gordura (total), preferencialmente compreendido entre cerca de 30 mg/100 g de gordura (total) e cerca de 150 mg/100 g de gordura (total), mais preferencialmente compreendido entre cerca de 30 mg/100 g de gordura (total) e cerca de 90 mg/100 g de gordura (total)).
Alternativamente, o perito na técnica e/ou o consumidor pode replicar a referida dieta substituindo os produtos lácteos geralmente utilizados (e, possivelmente, reduzindo o consumo de outros produtos ricos em colesterol, como a carne) pelos produtos lácteos da invenção (que contêm a gordura láctea reduzida em colesterol da invenção).
Exemplos
Exemplo 1
Os inventores dividiram 56 hámsteres em 8 grupos.
Grupo G1: hámsteres alimentados com gordura de leite de inverno.
Grupo G2: hámsteres alimentados com gordura de leite de inverno mais pobre em colesterol (i.e., gordura láctea baixa em colesterol).
Grupo G3: hámsteres alimentados com gordura de leite de primavera.
Grupo G4: hámsteres alimentados com gordura de leite de primavera mais enriquecida em ALA.
Grupo G5: hámsteres alimentados com gordura de leite de primavera fortemente enriquecida em ALA.
Grupo G6: hámsteres alimentados com gordura de leite de primavera mais pobre em colesterol e enriquecida em ALA.
Grupo G7: hámsteres alimentados com gordura de leite de primavera mais pobre em colesterol e fortemente enriquecida em ALA.
Grupo G8: hámsteres controlo tendo recebido alimentação clássica.
Para reduzir o colesterol, os inventores misturaram gordura láctea com β-ciclodextrina. 0 teor de colesterol foi reduzido em cerca de 90%.
Os hámsteres receberam durante 5 semanas uma primeira dieta de lipidos a 12,5% (caracterizada ainda mais na Tabela 1 abaixo).
Tabela 1: dieta de lipidos a 12,5%
Após 5 semanas, foram recolhidas amostras de sangue por punção cardíaca em animais famintos.
Depois disso, os hámsteres receberam durante 12 semanas uma dieta de lípidos a 22% (caracterizada ainda mais na Tabela 2 abaixo).
Tabela 2: dieta de lípidos a 22%
Nota: nas Tabelas 1 e 2, os minerais e as vitaminas são fornecidos numa mistura. As misturas padrão fornecem a quantidade diária recomendada de minerais e vitaminas. LA significa ácido linoleico (ácido gordo essencial ω6).
Quinze semanas após o inicio da experiência (10 semanas após a administração da dieta de lipidos a 22%), recolheu-se uma segunda amostra de sangue por punção cardíaca em animais famintos.
Dezassete semanas após o início da experiência (12 semanas após a administração da dieta de lipidos a 22%), recolheu-se uma terceira amostra de sangue por punção cardíaca em animais que mantiveram acesso livre à sua alimentação.
Os animais foram então sacrificados para analisar os seus órgãos.
Os parâmetros plasmáticos são adicionalmente representados na Tabela 3.
Tabela 3: Parâmetros sanguíneos em 3 momentos.
A razão não HDL/HDL representa a razão aterogénica medida como colesterol não HDL dividido pelos valores de colesterol HDL. Razões aterogénicas elevadas representam um risco aumentado de ataque cardiovascular.
Além da ingestão de colesterol total, colesterol e ácidos gordos saturados, a razão aterogénica medida no sangue é uma medida independente, preditiva do risco de doenças cardiovasculares.
Tabela 4: peso dos animais e parâmetros hepáticos
Como representado na Tabela 4, é claro que o peso do fígado e o seu teor de colesterol nos grupos que recebem dietas de gordura láctea reduzida em colesterol (G2 e G7) estão próximos dos valores do grupo controlo (G8) ou mesmo melhores nos grupos controlo Gl, G3 e para alguns aspetos do G8.
Adicionalmente, os inventores mediram os valores plasmáticos para os ácidos gordos de todos os hámsteres em Gl a G7.
Tabela 5: Valores plasmáticos dos ácidos gordos nos grupos 1 a 7
Como demonstrado na Tabela 5, a redução de colesterol na gordura administrada aos animais resulta num aumento do teor de ácidos gordos polinsaturados no plasma, à custa do teor de ácidos gordos monoinsaturados para ácidos gordos na forma de fosfolipidos e à custa dos ácidos gordos saturados e monoinsaturados para ácidos gordos na forma de triglicerideos. A adição de ALA na dieta resulta num aumento dos ácidos gordos polinsaturados no plasma, mas os valores de EPA e DHA aumentam comparativamente e, inclusivamente, não alcançaram valores maiores como os obtidos em G2.
Lisboa, 10 de novembro de 2017

Claims (4)

REIVINDICAÇÕES
1. Um produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática, o referido produto contendo 60% a 70% de gordura saturada (peso de gordura saturada:peso de gordura total), em que o teor de colesterol está compreendido entre 30 mg/100 g de gordura e 150 mg/100 g de gordura.
2. O produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática, de acordo com a reivindicação 1, em que a doença hepática é a esteatose.
3. O produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática, de acordo com a reivindicação 1, em que o teor de colesterol está compreendido entre 30 mg/100 g de gordura e 90 mg/100 g de gordura.
4. O produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol, de acordo com a reivindicação 1 ou 2, em que o produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol é suplementado com uma fonte de ácidos gordos ómega-3, selecionada a partir do grupo que consiste em ácido a-linolénico (ALA), ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA), e em que o ácido gordo ómega-3 é adicionado de 2% (pesoo3:pesog0rdura) a 10% (peSOo)3 ! peSOgordu ra) · 5. 0 produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática, de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que o produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol é selecionado a partir do grupo que consiste em leite, gordura anidra do leite, produtos para barrar, gelado, nata de leite, queijo, leite fermentado, leite aromatizado e natas. 6. 0 produto lácteo de ruminante reduzido em colesterol para utilizar no tratamento e/ou na prevenção de uma doença hepática, de acordo com a reivindicação 5, em que o produto para barrar é manteiga ou uma manteiga para barrar. Lisboa, 10 de novembro de 2017
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