PT1356730E - Método de controlo térmico de parasitas - Google Patents

Description

DESCRIÇÃO "MÉTODO DE CONTROLO TÉRMICO DE PARASITAS"

Campo da invenção

Esta invenção refere-se ao controlo térmico de parasitas na produção de frutos e na agricultura. Mais especificamente o método da presente invenção é aplicável em espaços abertos dedicados à produção de frutos e à agricultura tais como vinhas, pomares e terrenos de cultivo para a eliminação, de um modo preferido, de fungos indesejáveis. 0 método é igualmente adequado à eliminação de insectos pela sua desidratação e, nos insectos com asas, por danificação das asas.

Antecedentes da invenção 0 controlo químico de parasitas na agricultura e na fruticultura tem sido utilizado com muito sucesso, no que se refere ao controlo de pragas, durante os últimos setenta anos. Todos os anos são desenvolvidos novos produtos químicos, aparentemente com novas vantagens relativamente aos seus antecessores, relacionadas com custos, facilidade de aplicação, e a gama de pragas coberta. Infelizmente descobriu-se que também durante muito tempo, e até aos nossos dias, muitos desses produtos químicos têm efeitos secundários indesejáveis, poluindo o ambiente ou outras plantas e animais, incluindo humanos. Alguns destes efeitos indesejados apenas foram observados depois de muitos anos de utilização contínua dos químicos, devido ao 1 seu efeito cumulativo sobre o corpo, ou por transmissão genética, afectando as novas gerações; outros efeitos indesejados são observados muito rapidamente. Por estas razões, existe uma tendência para a procura de soluções com muito pouco ou nenhum impacto sobre o ambiente.

Uma das primeiras soluções não quimicas foi o controlo biológico de pragas, consistindo na estimulação do desenvolvimento de predadores naturais desses parasitas. 0 problema é que por vezes o predador elimina a praga, mas elimina igualmente alguns dos controlos naturais, criando assim um problema ecológico sério.

Outro grupo de soluções para controlo dos parasitas, em alternativa aos métodos biológicos e quimicos, é a alteração de algumas das variáveis físicas do habitat da praga, de modo a fazer com que esta tenha um ambiente hostil para o seu desenvolvimento e reprodução. Nestes tipos de soluções incluem-se, entre outros, refrigeração, redução da humidade, aplicação de calor, redução de oxigénio. 0 problema com este tipo de soluções é a determinação das variáveis do habitat a modificar, a duração e magnitude das alterações, de modo a se obterem os efeitos desejados nos parasitas sem prejudicar as espécies a proteger.

Neste tipo de soluções, a aplicação de calor mostrou ser muito útil. Uma das primeiras soluções para a eliminação de microrganismos foi o bem conhecido método da pasteurização. Este método só é aplicável a substâncias inanimadas, de origem animal ou vegetal, mas não pode ser utilizado quando os referidos animais ou plantas se encontram vivos. Foram propostos outros métodos para controlo de parasitas por utilização de calor, como 2 o revelado por Forbes na Patente Norte Americana n° 4.817.329 ou a proposta por Binker et al. na Patente Norte Americana n° 6.279.261.

Forbes ensina um método para matar insectos, tais como térmitas, numa estrutura urbana, por exemplo um espaço isolado, em que é insuflado um gás aquecido sem mudanças de fase. Encontrando-se o gás a uma temperatura entre a temperatura ambiente e a temperatura letal para o insecto, a referida temperatura é mantida durante o tempo necessário para matar o insecto. 0 método de Forbes considera a instalação de condutas de entrada e de saida para os gases aquecidos. Forbes ensina também que o espaço a tratar deve ser isolado com esteiras nas portas e janelas de modo a facilitar a acumulação dos gases aquecidos. De acordo com o exposto, o método de Forbes não pode ser utilizado em espaços abertos e, consequentemente, não pode ser utilizado na agricultura ou fruticultura.

Binker ensina igualmente um método para a exterminação de pragas em espaços fechados, tais como moinhos ou fábricas de processamento de alimentos. 0 processo de Binker não requer o isolamento de espaços, mas isto porque os seus espaços são normalmente fechados e sem janelas, ao contrário das estruturas urbanas de Forbes. Assim também o método de Binker não é utilizável em campos abertos tais como os de agricultura ou fruticultura. A preocupação mais importante de Binker é a de não contaminar ou alterar os alimentos nas fábricas de processamento, evitando a introdução de gases de combustão e controlando a humidade do ar aquecido.

Nem Forbes nem Binker ensinam um método de controlo de parasitas por utilização de gases aquecidos ou de ar aquecido 3 num espaço aberto onde seja necessário manter ou preservar de qualquer dano as espécies vivas vegetais tais como vinhas, árvores de fruto ou plantas. 0 documento DE-A-28 28 743 revela um aparelho e um método para o controlo de insectos na produção de frutos e na agricultura por meio de ar quente, em que uma corrente de ar quente é projectada directamente sobre a planta infestada com insectos fazendo manualmente a corrente de ar quente oscilar num rápido movimento circular sobre a referida planta sem a danificar. 0 documento US-A-5.974.728 revela um método para controlo de insectos em que, num modo de realização, os insectos presentes no ar sobre as plantas são sugados para o interior do aparelho e mortos por ar quente aquecido por grelhas aquecidas dentro do aparelho, e o ar quente é dirigido para a superfície do solo na área entre as plantas para a eliminação de insectos, larvas, ovos e ervas daninhas aí presentes. Num outro modo de realização revelado no documento US-A-5.974.728, o ar aquecidoO é soprado sobre a superfície do solo antes do cultivo para a eliminação de insectos, larvas e ovos presentes sobre a superfície do solo.

Breve descrição da invenção A presente invenção oferece um método de acordo com a reivindicação 1 para controlo térmico de parasitas na fruticultura e na agricultura, em espaços abertos, tais como vinhas, pomares e outros. 0 método da presente invenção permite, de um modo preferido, a eliminação de fungos que afectam as 4 plantas, e também a eliminação de insectos nocivos, pela sua desidratação e, no caso de insectos com asas, por danificação das asas. No caso dos insectos, o método é especialmente eficaz na eliminação de insectos nocivos quando estes se encontrem numa fase vulnerável, tal como o larvar no caso da Drosophila melanogaster. Observou-se igualmente uma clara diferença entre as fileiras tratadas com o método térmico da presente invenção numa vinha e as fileiras tratadas com produtos químicos para protecção das vinhas contra o fungo Botritis cirenea. Nas fileiras tratadas com produtos químicos podem-se observar ataques esporádicos de um acarídeo designado por Brevipalpus chilensis, enquanto que as fileiras tratadas de acordo com o presente método se encontram completamente livres desta praga. 0 método da invenção é muito simples; as vantagens económicas e ambientais são maiores que as vantagens da técnica anterior. 0 conceito em que esta invenção se baseia quebra um paradigma, ao aplicar pela primeira vez ar aquecido directamente nas plantas, para eliminação da praga. Basicamente o processo consiste na projecção, a partir de um veículo móvel, de uma ou mais correntes de ar quente, a temperaturas entre 65 °C e 250 °C e, a uma velocidade de entre 80 e 250 km por hora, projectar estas correntes de ar aquecido sobre as plantas a uma distância mínima das saídas de ar quente de cerca de 0,20 m. A presente invenção foi utilizada com sucesso, controlando o fungo Oídio (Uncinula necator) e Botritis (Botritis cinerea) em vinhas de vinho de mesa.

Até à data, estas doenças dos dois fungos têm sido controladas apenas com a utilização de fungicidas químicos, com os consequentes danos para o ambiente e para os consumidores. 5

Acessoriamente, a presente invenção permite a eliminação da condensação sobre os frutos ou plantas, evitando o desenvolvimento de fungos indesejáveis, e permitindo aos produtores embalar os seus frutos sem os problemas relacionados com a condensação.

Assim, um primeiro objectivo da invenção é oferecer um método de controlo de parasitas na produção de frutos e na agricultura, por projecção de correntes de ar quente sobre as plantas, a partir de um veiculo móvel.

Outro objectivo da presente invenção é oferecer um método para controlo de fungos na produção de frutos e na agricultura, especialmente em vinhas e pomares, pela aplicação de correntes de ar quente às plantas a partir de um veiculo móvel, não se limitando o método a isto.

Um terceiro objectivo da presente invenção consiste em oferecer um método que, para além do controlo de parasitas na fruticultura e na agricultura, possa reduzir ou eliminar a condensação sobre as frutas ou as plantas.

Descrição detalhada da invenção A presente invenção consiste num método de acordo com a reivindicação 1, para controlo térmico de pragas na produção de frutos e na agricultura, em espaços abertos. 0 método da invenção é aplicado de um modo preferido em vinhas de modo a controlar as doenças provocadas por fungos, tais como o Oídio (Uncinula necator) e Botritis (Botritis cinerea) , que atacam 6 cachos de uvas ou, no caso dos pomares de macieiras, controlar a Venturia (Venturia inaequalis) . Estes fungos morrem a temperaturas entre 40 °C e 60 °C; os insectos são afectados a temperaturas superiores, dependendo da espécie e da sua fase de desenvolvimento. O método consiste na projecção de uma ou mais correntes de ar quente, a uma temperatura de entre aproximadamente 65 °C e 250 °C, a uma distância minima de cerca de 0,20 m da planta, a partir de um veiculo móvel, movendo-se de um modo preferido a uma velocidade de entre aproximadamente 5 e 15 km por hora, e numa direcção aproximadamente paralela às fileiras. As correntes de ar quente são projectadas a uma velocidade de entre aproximadamente 80 e 250 km por hora, de um modo preferido a uma velocidade de aproximadamente 100 km por hora. Encontrando-se a corrente de ar quente a uma temperatura assim elevada, por exemplo 250 °C, e tendo uma velocidade como a acima mencionada, a transferência de calor para o vegetal a tratar é suficientemente elevada, mas suficientemente curta, para danificar as pragas sem causar danos à planta. Na realidade, na planta, o ar quente aplicado tal como acima referido mantém-se a uma temperatura superior a 45 °C durante um período de 16 segundos.

Em ensaios preliminares em vinhas com doenças provocadas por fungos, com a aplicação de ar quente a 110 °C, não apenas foram controlados os fungos como também alguns insectos foram eliminados, tais como a mosca Drosophila melanogaster. Foram também gravemente danificados Micrapate scabrata, Capitarsia turbata e Proeulia auraria. 7 A temperatura adequada à utilização neste método dependerá em cada caso do tipo de colheita, da praga e da temperatura ambiente.

Para a aplicação de correntes de ar quente sobre campos tratados, a partir do veiculo móvel, pode-se considerar uma orientação das correntes paralelas às fileiras, perpendiculares a estas, ou obliquas em relação às mesmas, dependendo da sensibilidade da planta ao calor, da espessura das fileiras e da folhagem das árvores. É necessário clarificar que, apesar da muito elevada velocidade e temperatura da corrente de ar quente, esta expande-se muito rapidamente à saida e, uma vez que a fonte de ar quente se encontra em movimento, tempo durante o qual a planta se encontra sob o efeito do ar quente é muito curto.

Lisboa, 22 de Junho de 2007 8

Claims (5)

1. REIVINDICAÇÕES 1. Método para controlo térmico de pragas na agricultura e fruticultura que inclui a projecção de pelo menos uma corrente de ar quente directamente sobre uma cultura a partir de um veiculo que se move numa direcção sensivelmente paralela às fileiras da cultura sem danificar a cultura, em que pelo menos uma das referidas correntes de ar quente saem a uma temperatura de entre aproximadamente 65 °C e aproximadamente 250 °C, em que pelo menos uma das referidas correntes de ar quente são projectadas a uma distância minima de cerca de 0,20 m da cultura, e em que pelo menos uma das referidas correntes de ar quente são projectadas a uma velocidade de entre aproximadamente 80 e aproximadamente 250 km por hora.
2. 2. Método para o controlo térmico de parasitas de acordo com a reivindicação 1, em que pelo menos uma das referidas correntes de ar quente são projectadas numa direcção substancialmente paralela às fileiras da cultura.
3. 3. Método para o controlo térmico de parasitas de acordo com a reivindicação 1, em que pelo menos uma das referidas correntes de ar quente são projectadas numa direcção substancialmente transversal às fileiras da cultura.
4. 4. Método para o controlo térmico de parasitas de acordo com a reivindicação 1, em que pelo menos uma das referidas correntes de ar quente são projectadas numa direcção substancialmente obliqua relativamente às fileiras da cultura. 1
5. 5. Método para o controlo térmico de parasitas de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, em que o parasita a controlar é qualquer dos fungos Uncinula necator, Botritis cinerea e Venturia inaequalis, ou qualquer das variedades de insectos Drosophila melanogaster, Micrapate scabrata, Capitarsia turbata e Proeulia atiraria. Lisboa, 22 de Junho de 2007 2