BR112017000265B1 - Peça compósita de fricção autolubrificante e processo de fabricação da mesma - Google Patents

Abstract

uma peça compósita de fricção (1) autolubrificante podendo ser submetida em serviço a temperaturas pelo menos iguais a 250°c, comporta, ao longo da superfície de fricção (2), uma única camada de um tecido formado por fios de trama e de urdume de politetrafluoroetileno, este tecido sendo impregnado com uma resina termoestável tendo uma temperatura de transição vítrea pelo menos igual a 250°c, ele é aplicado sobre uma camada de reforço (3).

Description

[0001] A invenção refere-se a uma peça compósita de fricção autolubrificante destinada a aplicações sem emprego de lubrificante entre esta peça e uma peça antagonista, apresentando, portanto, um baixo coeficiente de fricção com esta última, e/ou implicando temperaturas superiores a 250°C e podendo chegar a 300°C, ou mesmo 320°C em ponta. Tal peça de fricção pode ser notadamente uma peça de articulação ou uma corrediça.

[0002] Para atender a este tipo de tensões, já foi proposto revestir a superfície da peça mecânica por meio de reforços impregnados com uma resina formando uma matriz, mas estes revestimentos não permitem obter um baixo coeficiente de fricção combinado com um bom comportamento em altas temperaturas.

[0003] Assim, o documento GB-1.439.030 descreve um revestimento de fricção, notadamente para um mancal, comportando uma camada de fricção formada por uma tecelagem de cordões adjacentes formados por fios de baixo coeficiente de fricção contendo uma resina fluorocarbonada; a superfície destes cordões apresenta irregularidades, com saliências e cavidades, e os fios e os cordões são imersos em um material plástico. Os fios são formados de fibras de um material, como PTFE, que não se liga quimicamente a qualquer material plástico; estas fibras são, no entanto, ancoradas no revestimento acima citado; as fibras de PTFE podem ser misturadas com fios de algodão. No exemplo descrito, o tecido estende-se helicoidalmente sendo contornado por um conjunto helicoidal de fibras de vidro; o conjunto é imerso em uma resina epóxi ou poliéster. A camada formada por fibras de vidro é mais espessa que a camada formada por fios e PTFE. Notadamente devido à natureza da resina utilizada como matriz, compreende-se que tal revestimento não pode mesmo resistir, em serviço, a temperaturas de 200°C.

[0004] Também, foi visado, no documento JP-H0425669, ativar a superfície de fibras PTFE de modo a obter um agarramento das fibras no seio de uma matriz em que estas fibras são misturadas a uma concentração que é de apenas, no máximo, 5%. Tal configuração também não permite obter um bom comportamento mecânico, em alta temperatura, com um baixo coeficiente de fricção.

[0005] Retomando alguns ensinamentos do documento US - 2.804.886, o documento US - 3.804.479 propõe outro tipo de camada de fricção que comporta filamentos de Teflon® e filamentos aderentes de Dacron® são tecidos de um modo suficientemente solto para permitir uma boa impregnação por uma resina líquida; esta camada é contornada por um enrolamento de tiras impregnadas com uma resina e carregadas com fibras de vidro. A presença dos filamentos aderentes de um material como o Dacron® implica que o revestimento não pode suportar em serviço temperaturas de 200°C ou superiores.

[0006] O documento US - 4.666.318 divulga um revestimento autolubrificante destinado a aplicações bem específicas no domínio aeronáutico (baixa pressão e baixas amplitudes), formado por um material plástico contendo PTFE, cooperando com uma peça antagonista tendo uma rugosidade de, no máximo, 0,50 mícrons CLA e uma dureza de, pelo menos, 1000VPN.

[0007] Compreende-se que a determinação de um revestimento de fricção combinando um baixo coeficiente de fricção, um bom comportamento mecânico (notadamente uma boa resistência ao destacamento), e a capacidade de conservar boas propriedades de fricção e mecânicas até em temperaturas de serviço compreendidas entre 250°C e 300°C (ou mesmo até 320°C em regime transitório) implica poder, em condições industrialmente aceitáveis e com um custo razoável, combinar uma resina conservando um bom comportamento mecânico além de 250°C apresentando, ao mesmo tempo, uma aderência satisfatória, incluindo acima deste limiar de temperatura, com elementos de reforço tendo um coeficiente de fricção particularmente baixo, portanto a priori pouco aderente a esta resina.

[0008] A invenção tem por objeto responder a esta necessidade.

[0009] Para esse efeito, a invenção propõe uma peça compósita de fricção autolubrificante podendo ser submetida em serviço a temperaturas pelo menos iguais a 250°C, comportando, ao longo da superfície de fricção, uma única camada de um tecido formado por fios de trama e de urdume de politetrafluoroetileno, este tecido sendo impregnado com uma resina termoestável tendo uma temperatura de transição vítrea pelo menos igual a 250°C.

[0010] Pode-se notar que, contrariamente às soluções já propostas, a invenção ensina empregar uma única camada de um tecido cujos fios de urdume e fios de trama são, todos, de politetrafluoroetileno (PTFE). Assim, a invenção preconiza aumentar a seção dos fios constitutivos do tecido (onde as soluções conhecidas mais recentes tendiam a prever várias camadas finas), de modo a favorecer uma boa ancoragem pela resina e utilizar apenas fios de PTFE, onde as soluções conhecidas as mais recentes tendiam a combinar, em um mesmo tecido, fios de PTFE a fios diferentes, apresentando uma melhor aderência com a resina. De fato, notou-se que o fato de empregar, na camada de proteção da superfície da peça, apenas uma única camada de tecido de PTFE tinha a vantagem de aumentar a resistência ao destacamento, levando em conta a continuidade dos fios em toda a espessura desta camada de proteção, favorecendo ao mesmo tempo uma boa ancoragem desta camada na resina para favorecer os espaços permanecendo entre os fios do tecido.

[0011] Pode-se afirmar que tal tecido é autolubrificante.

[0012] De acordo com características vantajosas da invenção:• O tecido é uma armação formada de cruzamentos de pares de fios de trama e pares de fios de urdume; notadamente pode ser uma sarja 2/2,• Os fios de trama ou os fios de urdume são formados de fibras curtas ligadas umas nas outras,• O tecido tem uma espessura de, pelo menos, 0,10 mm, com vantagem de, pelo menos, 0,30 mm, preferivelmente de, pelo menos, 0,50 mm,• Os fios de trama e os fios de urdume têm uma titulação de, pelo menos, 100 dtex, preferivelmente pelo menos 400 dtex,• A resina é uma poliimida termoendurecível,• A peça comporta ainda uma camada de reforço contornando o tecido do lado oposto da superfície de fricção, esta camada de reforço sendo impregnada pela mesma resina que o tecido,• A peça constitui um mancal ou um trilho de guia, entre diversas aplicações possíveis.

[0013] O produto da invenção foi notado como tendo a vantagem de ser autolubrificante em serviço, sob temperaturas superiores a 250°C, podendo ir até 300°C em contínuo, ou mesmo 320 °C em ponta, tendo, ao mesmo tempo, um coeficiente de fricção muito baixo (compreendido entre 0,01 e 0,2) equivalente ao do PTFE virgem (sem aditivo ou sem reforço) mas resistente a cargas superiores a 40 N/mm2.

[0014] A invenção propõe, por analogia, um processo de fabricação de uma peça compósita de fricção autolubrificante do tipo acima citado segundo o qual se forma uma camada de tecido por enrolamento helicoidal de uma tira de tecido formada de fios de trama e fios de urdume, todos constituídos por politetrafluoroetileno, sobre um mandril ao longo de um ângulo de enrolamento tal que a tira fica borda a borda com ela mesma após cada volta, impregna-se o tecido com uma resina termoestável tendo uma temperatura de transição vítrea de, pelo menos, 250°C. Esta resina é com vantagem uma poliimida termoendurecível.

[0015] Objetos, características e vantagens da invenção irão aparecer da descrição que segue, dada a título de exemplo ilustrativo, não limitativo, com relação ao desenho em anexo, no qual:• A figura 1 é uma vista em perspectiva de uma peça de fricção de acordo com a invenção,• A figura 2 é uma vista de um exemplo preferido de tecelagem da camada de fricção desta peça de fricção,• A figura 3 é uma vista em corte desta camada de fricção contornada por uma camada de reforço, e- A figura 4 é um esquema simplificado do processo de formação de uma peça de fricção, como a das figuras 1 a 3.

[0016] Uma peça de fricção de acordo com a invenção comporta essencialmente uma camada de fricção tendo uma superfície livre S destinada a ficar oposta a uma peça antagonista; de modo vantajoso, esta peça de fricção comporta ainda uma camada de reforço contornando a camada de fricção no lado oposto da superfície de fricção para reforçar o comportamento mecânico desta camada.

[0017] No exemplo da figura 1, a peça de fricção é um mancal 1 destinado a receber, em sua perfuração longitudinal 1 A, uma árvore não representada. Em variante, ela pode ser também uma corrediça recebendo uma haste em translação. A camada de fricção que acompanha a superfície de fricção (portanto a superfície interna) é designada pela referência 2, enquanto que a camada de reforço é designada pela referência 3. Esta camada 3 tem aqui uma espessura sensivelmente superior à da camada de fricção; com efeito, a camada de fricção tem na prática uma espessura da ordem de, no máximo, alguns milímetros (não mais de 3 mm na prática), enquanto que a camada de reforço pode ter vários milímetros, ou mesmo alguns centímetros de espessura, em função das necessidades. No entanto, é evidente que a camada de reforço, quando ela existe, pode ter qualquer espessura relativa em relação à camada de fricção.

[0018] A camada de fricção tem por função guiar, com a menor fricção possível, a peça antagonista que é a árvore acima citada conservando ao mesmo tempo a sua integridade física em serviço, o maior tempo possível, incluindo temperaturas de serviço de, pelo menos, 250°C em contínuo, e podendo exceder 300°C em ponta (por exemplo até da ordem de 320°C).

[0019] Para isto, a camada de fricção consiste em uma única camada de um tecido de fios de politetrafluoroetileno (ou PTFE) revestida em uma matriz formada de uma resina termoestável tendo uma temperatura de transição vítrea superior à temperatura máxima de serviço em contínuo, portanto de, pelo menos, 250°C, ou mesmo tão próximo como possível de 300°C.

[0020] A noção de politetrafluoroetileno ou PTFE designa aqui as diversas formas deste composto, incluindo a versão expandida conhecida sob a designação de “ePTFE”.

[0021] A armação do tecido, isto é, a configuração relativa dos fios constitutivos deste tecido, é escolhida de modo a formar, entre os diversos fios, canais de passagem podendo ser preenchidos pela resina termoestável. Compreende-se com efeito que, dado que PTFE não tem praticamente nenhuma aderência com os outros materiais, a ancoragem do tecido na matriz pode ser feita apenas pelo entrelaçamento dos filamentos irregulares constituídos pela resina preenchendo as diversas passagens existentes através do tecido, os quais filamentos se conectam ao longo dos fios de PTFE junto da superfície de fricção.

[0022] Compreende-se que um compromisso, dependendo das aplicações, deve ser encontrado quanto à seção e ao número de passagens de resina através do tecido; quanto mais as passagens são numerosas e largas, melhor será a ancoragem dos fios de PTFE, mas menor será a fração da superfície de fricção que é formada por fios de PTFE. Ao contrário, quanto maior for a fração da superfície de fricção formada por fios de PTFE, melhor será o comportamento em fricção da peça de fricção, mas mais menor será a ancoragem do tecido na matriz.

[0023] Notou-se ser desejável que se tenha uma passagem para resina em cada cruzamento de fios de trama e de fios de urdume.

[0024] Entre as armações correntes, notou-se que uma sarja e, mais precisamente sarja 2/2 formada do entrelaçamento de pares de fios de trama e pares de fios de urdume, permitia a constituição entre os fios de uma rede de canais preenchidos com resina que é suficientemente densa para assegurar uma boa ancoragem do tecido apesar da ausência de aderência entre os fios e a resina, oferecendo, ao mesmo tempo, à peça antagonista uma superfície significativa formada de PTFE.

[0025] Tal sarja uns 2/2 é representada nas figuras 2 e 3, onde os fios de trama são designados sob a referência 5 e os fios de urdume são designados sob a referência 6, deixando livres interstícios 7 para a passagem da resina, exceto se a tecelagem não for muito apertada. Bons resultados foram obtidos com uma sarja 2/2.

[0026] De modo ainda mais vantajoso, os fios de trama e de urdume são cada formados por um único filamento formado de fibras de PTFE ligadas umas nas outras por torção, o que significa que os filamentos e, portanto, os fios de trama e de urdume, têm uma superfície irregular que contribui para a boa ancoragem do tecido na matriz.

[0027] Bons resultados foram obtidos com tal tecelagem de monofilamentos formados por fibras de diâmetro médio de 0,1 a 0,14 mm.

[0028] Estas fibras têm preferivelmente uma titulação de mais de 400 dtex; com vantagem, pelo menos 750 dtex; testes muito satisfatórios foram obtidos com fibras de 833 dtex.

[0029] Em variante, o tecido é formado por fios formados cada de vários filamentos, contínuos ou formados de fibras curtas como no exemplo acima citado; em tal caso, a titulação dos filamentos pode ser mais baixa, por exemplo, da ordem de 350 a 450 dtex para fios bi-filamentares, ou mesmo menos. A tecelagem pode ser feita por montagem de fios de duas ou três pontas, com ou sem torção.

[0030] De acordo com ainda outra variante, a superfície dos filamentos é tornada voluntariamente irregular, por exemplo, por formação de microentalhes.

[0031] A espessura do tecido é de, pelo menos, 0,30 mm, ou mesmo pelo menos 0,5 mm; valores indo além de um milímetro são possíveis; isto permite determinar a seção dos fios a utilizar. Os fios de trama e os fios de urdume são com vantagem idênticos. Sua seção é, no exemplo considerado nas figuras 2 e 3, a de um disco. Em variante não representada, esta seção é retangular com, por exemplo, um fator de forma (relação entre a dimensão maior e a dimensão menor) que é preferivelmente de pelo menos 2.

[0032] A resina termoestável é escolhida com vantagem entre as poliimidas termoendurecíveis, as resinas à base de cianato éster ou entre as poliétercetonas (poliéterétercetona - PEEK, ou poliéercetonacetona - PEKK, notadamente). Estas resinas têm no mínimo temperaturas de transição vítrea superiores a 280°C. Entre as poliimidas termoendurecíveis, pode-se citar as polibismaleimidas - ou BMI.

[0033] Não pareceu ser útil integrar uma carga na resina termoestável.

[0034] Dado que a camada de reforço, quando presente, tem por função de forçar a camada de fricção para conservar a sua forma apesar da pressão aplicada entre a peça de fricção e a peça antagonista, incluindo em alta temperatura, compreende-se que é vantajoso que esta camada de reforço seja constituída por um material tendo um coeficiente de dilatação térmica muito baixo, tipicamente de, no máximo, igual a 13,10-6 K-1 (correspondendo ao do aço); está no alcance do versado na técnica definir a geometria e a constituição desta camada de reforço em função das necessidades. Podem ser notadamente fios ou fibras de carbono, de vidro ou de aramida, livres ou reagrupada em um tecido (às vezes chamado roving).

[0035] O tecido da camada de fricção é com vantagem disponível em uma tira, o que confere uma grande liberdade para conformar a camada de fricção utilizando, se necessário, uma peça de esboço cujo perfil é o negativo da forma da superfície de fricção a obter. A largura da tira pode ser escolhida em função das necessidades; é escolhida com vantagem entre 5 mm e 2 m, por exemplo, entre 1 cm e 10 cm, preferivelmente entre 1,5 cm e 3 cm.

[0036] No caso acima citado onde a peça de fricção é um mancal, sua fabricação pode começar pelo enrolamento de tal tira de tecido em torno de um mandril cujo diâmetro exterior é igual ao diâmetro interior do mancal a obter; a tira é enrolada de modo helicoidal de modo a assegurar um contato borda a borda das espiras sucessivas formadas sobre o mandril (ver a figura 4). Compreende-se que a largura da tira 10 condiciona a inclinação dos fios de trama e dos fios de urdume em relação ao eixo do mandril e, portanto, do futuro mancal. Com efeito, os fios de trama e os fios de urdume são dispostos longitudinalmente e transversalmente à tira de tecido, respectivamente.

[0037] Compreende-se que uma continuidade ao mesmo tempo dos fios de trama e dos fios de urdume na camada de fricção contribui para a conservação de uma boa integridade durante a vida em serviço do mancal; uma inclinação de 40° a 60° para estes fios, em relação ao eixo longitudinal do mancal, pareceu ser favorável para esse efeito. No caso de um enrolamento borda a borda e ainda mais de um tecido (e não de um fio), é preferível ter enrolamento ao longo de um ângulo compreendido entre 65° e 89°.

[0038] A camada de reforço pode ser formada por enrolamento de um fio de carbono ou de vidro, ou qualquer outro material apropriado, com um ângulo de inclinação que pareceu poder ser qualquer um. No caso dos enrolamentos de fios, o ângulo ótimo parece estar compreendido entre 40° e 60°, mas este ângulo pode variar de acordo com as aplicações e as características mecânicas desejadas.

[0039] A tira de tecido, por um lado, e o fio da camada de reforço, por outro lado, são com vantagem previamente impregnados com uma resina termoestável; compreende-se, contudo, que, se a camada de reforço for formada utilizando a mesma resina que para a camada de fricção, um tratamento térmico posterior pode contribuir para tornar as matrizes solidárias uma da outra.

[0040] Em vez de ser formado por um enrolamento de uma tira, o tecido de PTFE é, em alternativa, constituído por uma luva tubular trançada.

[0041] Compreende-se facilmente que, para uma peça de fricção do tipocorrediça, a camada de fricção pode ser formada simplesmente pela fixação do tecido acima citado a uma camada de reforço subjacente.

[0042] A título de exemplo, um mancal de fricção foi formado do seguinte modo.

[0043] Um tecido de PTFE de 0,3 mm de espessura foi escolhido com umaarmação de sarja 2/2, sob a forma de uma tira de 3 cm de largura. Esta tira foi imersa em um banho de impregnação, mantido a 110°C, contendo uma resina termoestável de tipo polibismaleimida (BMI) tendo uma temperatura de transição vítrea de 285°C.

[0044] Esta tira impregnada foi enrolada sobre um mandril cuidando para recobrir a totalidade da superfície do mandril sem recobrimento entre as espiras sucessivas, isto é, de modo a formar uma camada única contínua sobre a totalidade da superfície do mandril que era destinada a formar um mancal (ou uma pluralidade de mancais). De modo vantajoso, o mandril foi, ele também, mantido na temperatura do banho de impregnação.

[0045] Em seguida, foi enrolado um fio de vidro epóxi previamente impregnado com a mesma resina (trata-se de filamento de vidro tipo roving).

[0046] O ciclo de polimerização seguido comportou um tratamento de 4h (uma duração mais longa é possível) a 170°C, uma desmoldagem, um tratamento complementar de cozimento de 4h (uma duração mais longa é possível) a uma temperatura compreendida entre 230°C e 250°C.

[0047] Foi constatado que era difícil cortar as fibras de PTFE quando de um tratamento posterior de usinagem, o que confirma o bom comportamento ao desgaste do conjunto.

[0048] Testes tribológicos foram efetuados nas seguintes condições:- Oscilação do eixo de amplitude: 100°.- Pressão projetada: 80 MPa.- Velocidade média: 8 mm/s- PV média (pressão x velocidade): 0,64 MPa. m/s.- Jogo inicial árvore/mancal: entre 0,1 e 0,2mm.- Dimensões mancal: 0int 30 x 0ext 36 x Lg 20.- Lubrificação com graxa inicial: Sem- Eixo antagonista das soluções testadas.: 16 NC 6 cimentado temperado- Duração teste máximo: 1 mês (350.000 ciclos)- Temperatura ambiente

[0049] Enquanto um aumento do coeficiente de fricção foi constatado com um mancal conhecido (formado a partir de um tecido de poliéster revestido com uma resina carregada com PTFE, ou de um tecido formado por fios de poliéster e fios de PTFE a menos de 50% no máximo de PTFE), até 0,04, ou mesmo 0,08, o coeficiente de fricção para o mancal da invenção pareceu permanecer sensivelmente constante a um valor de apenas 0,02 até 350.000 ciclos.

[0050] Supervisionando a evolução da temperatura no centro do eixo da peça antagonista, constatou-se que esta temperatura aumentava até quase 50°C, ou mesmo 60°C com o mancal conhecido, a temperatura permanecendo abaixo de 40°C com um mancal de acordo com a invenção; isto traduz bem que a energia a dissipar com um mancal de acordo com a invenção é menor que com um mancal conhecido.

[0051] No entanto, constatou-se um desgaste geral do mancal da invenção que é superior ao do mancal conhecido, enquanto que a peça antagonista foi muito pouco desgastada; pode-se, no entanto, supor que este desgaste é apenas aparente, traduzindo com efeito a existência de um fenômeno de esmagamento da camada de fricção sob a pressão de contato aplicada.

[0052] O mancal de acordo com a invenção foi ainda testado nas condições seguintes:- oscilação do eixo de amplitude: 100°.- pressão projetada: 80 MPa.- velocidade média: 8 mm/s- PV médio: 0,64 MPa. m/s.- Jogo inicial árvore/mancal: entre 0,1 e 0,2mm.- Dimensões do mancal: 0int 30 x 0ext 36 x Lg 20.- Lubrificação com graxa inicial: sem- Eixo antagonista das soluções testadas: 16 NC 6 cimentado temperado- Duração teste maxi: 1 mês (350.000 ciclos)- Temperatura variando de 50° a 280°C (ambiente) - foi difícil manter a temperatura constante durante os patamares de temperatura- o coeficiente de fricção apareceu permanecer sensivelmente constante, apesar das passagens a 280°C.

[0053] Estes testes estabelecem que o mancal de acordo com a invenção combina bem um baixo coeficiente de temperatura e um bom comportamento na temperatura de até além 250°C, na faixa de 250°C-280°C.

Claims (12)

1. Peça compósita de fricção autolubrificante podendo ser submetida em serviço a temperaturas pelo menos iguais a 250°C, comportando, ao longo da superfície de fricção, uma única camada de um tecido formado por fios de trama e de urdume de politetrafluoroetileno, este tecido sendo impregnado com uma resina termoestável tendo uma temperatura de transição vítrea pelo menos igual a 250°C, em que os fios de trama ou os fios de urdume são formados por fibras curtas ligadas umas nas outras, caracterizada pelo fato de que a camada única é obtida enrolando uma tira de tecido em um mandril de forma helicoidal, garantindo o contato de borda a borda da tira com ela mesma após cada volta.

2. Peça de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pelo fato de que o tecido é uma armação formada por cruzamentos de pares de fios de trama e pares de fios de urdume.

3. Peça de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 2, caracterizada pelo fato de que o tecido tem uma espessura de, pelo menos, 0,10 mm.

4. Peça de acordo com a reivindicação 3, caracterizada pelo fato de que tecido tem uma espessura de, pelo menos, 0,5 mm.

5. Peça de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizada pelo fato de que os fios de trama e os fios de urdume têm uma titulação de, pelo menos, 100 dtex.

6. Peça de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3,caracterizada pelo fato de que a resina é uma poliimida termoendurecível.

7. Peça de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4,caracterizada pelo fato de comportar ainda uma camada de reforço contornando otecido no lado oposto da superfície de fricção, esta camada de reforço sendoimpregnada pela mesma resina que o tecido.

8. Peça de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7,caracterizada pelo fato de constituir um mancal.

9. Peça de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7,caracterizada pelo fato de constituir um trilho de guia.

10. Peça de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 9, caracterizada pelo fato de que os fios de trama e/ou os fios de urdume são formados por pelo menos um filamento formado por fibras de PTFE ligadas uma a outra por torção.

11. Processo de fabricação de uma peça compósita de fricção autolubrificante de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 10, caracterizado pelo fato de que se forma uma camada de tecido por enrolamento helicoidal de uma tira de tecido formada por fios de trama e fios de urdume, todos constituídos por politetrafluoroetileno, em que os fios de trama ou os fios de urdume são formados por fibras curtas ligadas umas nas outras, sobre um mandril ao longo de um ângulo de enrolamento tal que a tira se situa borda a borda com ela mesma após cada volta, impregna-se o tecido com uma resina termoestável tendo uma temperatura de transição vítrea de, pelo menos, 250°C.

12. Processo de acordo com a reivindicação 11, caracterizado pelo fato de que a resina é uma poliimida termoendurecível.

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