BR112016018886B1 - Formulação farmacêutica, processo para a preparação de uma formulação farmacêutica, nanopartículas, processo para a preparação de nanopartículas, uso de nanopartículas e kit - Google Patents

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Annamaria Soliani Raschini
Akif Emre Türeli
Eva Marie Prinz
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Chiesi Farmaceutici S.P.A
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FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA, PROCESSO PARA A PREPARAÇÃO DE UMA FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA, NANOPARTÍCULAS, PROCESSO PARA A PREPARAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS, USO DE NANOPARTÍCULAS E KIT. A presente invenção se refere à uma formulação de melatonina adequada para administração parenteral em recém-nascidos. Em particular, a presente invenção se refere à uma formulação farmacêutica compreendendo nanopartículas de melatonina para o uso para o tratamento de lesão cerebral neonatal. A formulação pode estar na forma de pó para ser reconstituída antes da utilização ou na forma de suspensão pronta para utilização em um veículo aquoso adequado. A presente invenção também é destinada a um processo de sua preparação e a suas utilizações terapêuticas

Description

CAMPO TÉCNICO DA INVENÇÃO
[001]. A presente invenção se refere à uma formulação de melatonina adequada para administração parenteral.
[002]. Em particular, a presente invenção se refere à uma formulação compreendendo nanopartículas de melatonina para o uso para o tratamento de lesão cerebral neonatal.
ANTECEDENTES DA INVENÇÃO
[003]. Os recém-nascidos, especialmente se nascidos de forma prematura, são muito suscetíveis ao dano oxidativo de radical livre. De fato os recém-nascidos no nascimento estão: a) naturalmente expostos ao desafio hiperóxico devido à transição do ambiente intrauterino hipóxico à vida extrauterina, e essa diferença é ainda mais significativa para recém- nascidos que necessitam de oxigênio suplementar durante a reanimação na sala de parto; b) eles são mais suscetíveis à infecção, especialmente se nascidos de forma prematura; c) eles reduziram as defesas antioxidantes; d) eles possuem níveis elevados de ferro livre que melhora a reação de Fenton fazendo com que ocorra a produção de radicais altamente tóxicos. O estresse oxidativo provavelmente também contribui com a gravidade das doenças de vários recém-nascidos, uma vez que pode afetar uma variedade de órgãos, muitas vezes simultaneamente, dando origem a diferentes sinais de acordo com o órgão mais danificado. Essas doenças incluem displasia broncopulmonar / doença pulmonar crônica (BDP/CLD), retinopatia da prematuridade (ROP) e enterocolite necrosante (NEC). Subsequentemente, ficou claro que os radicais livres estão envolvidos na lesão cerebral perinatal, assim como influenciam o canal arterial e a circulação pulmonar.
[004]. A fim de neutralizar os danos de radicais livres foram propostas muitas estratégias para aumentar as capacidades antioxidantes em recém- nascidos prematuros e de gestação completa e foram testados diversos fármacos com resultados contrastantes.
[005]. A N-[2-(5-Metoxi-1H-indol-3-il)etil] acetamida, conhecida como melatonina, é uma substância endógena sintetizada principalmente na glândula pineal do neurotransmissor serotonina.
[006]. A melatonina desempenha um papel chave em uma variedade de funções fisiológicas importantes, incluindo a regulagem dos ritmos circadianos, assim como as ações visuais, reprodutivas, cerebrovasculares, neuroendócrinas e neuro-imunológicas. A melatonina é um depurador de radicais livres altamente eficaz, que também aumenta o potencial antioxidante da célula, estimulando a síntese de enzimas antioxidantes e aumentando os níveis de glutationa. A melatonina também é conhecida por contrariar a depleção de energia celular através da preservação da homeostase mitocondrial e protege a síntese de ATP mitocondrial estimulando as atividades dos Complexos I e IV. Além disso, a melatonina mostrou que atenua as respostas neuroinflamatórias e de ativação microglial, que estão tipicamente associadas com insultos hipóxicos-isquêmicos. Além da sua eficácia neuroprotetora bem documentada, a melatonina é uma droga interessante, devido ao seu perfil de segurança e a sua capacidade de atravessar todas as barreiras fisiológicas e atingir compartimentos subcelulares.
[007]. Em face dessas propriedades, durante a última década, a melatonina começa a ser considerada um agente neuroprotetor atraente em asfixia perinatal.
[008]. Por outro lado, a biodisponibilidade oral de melatonina é muito baixa e variável. Além disso, a melatonina é fracamente solúvel em água e se degrada rapidamente em água. No estado da técnica, foram reportadas evidências indicando que a melatonina em solução aquosa gradualmente perde potência em todos os valores de pH e não é estável quando exposta à luz ou ao oxigênio. A este respeito, também é bem conhecido que alguns estabilizantes e/ou conservantes podem ter o potencial para causar problemas toxicológicos, especialmente na população infantil.
[009]. Além disso, o perfil farmacocinético da melatonina em bebês difere daquele encontrado em adultos; portanto, a dosagem de melatonina para crianças prematuras ou de gestação completa não pode ser extrapolada a partir dos estudos com adultos. Recentemente, Robertson N et al (Brain 136(1), 2013, 90-105) mostrou que a melatonina administrada por via intravenosa em leitões recém-nascidos aumenta a neuroproteção hipotérmica a doses significativamente elevadas (5 mg/kg/h). No entanto, a formulação utilizada neste estudo não é adequada para administração em recém-nascidos humanos.
[0010]. Em vista deste contexto, seria altamente vantajoso proporcionar uma formulação física e quimicamente estável, segura e adequada para a via parenteral para a administração de altas doses de melatonina em recém-nascidos para o tratamento eficaz de uma doença neonatal, de preferência, a lesão cerebral neonatal.
[0011]. O problema de uma administração parenteral segura e eficaz de doses terapêuticas de melatonina para recém-nascidos é resolvido pela formulação da presente invenção.
DESCRIÇÃO RESUMIDA DA INVENÇÃO
[0012]. Num primeiro aspecto, a presente invenção se refere à uma formulação farmacêutica na forma de pó que deve ser dispersa em um veículo aquoso, compreendendo a referida formulação: i) nanopartículas consistindo de melatonina como ingrediente ativo em mistura com um ou mais fosfolípidos selecionados das fosfatidilcolinas, fosfatidilgliceróis, fosfatidiletanolaminas, fosfatidilserinas, fosfatidilinositol, lecitinas, e, opcionalmente, com um agente de estabilização, em que pelo menos um dos referidos fosfolípidos é adsorvido na superfície de melatonina; ii) um agente crioprotetor selecionado a partir do grupo de manitol, glicerol, propileno glicol, glicina, sacarose, lactose e trealose, e suas misturas.
[0013]. De um modo vantajoso, mediante a dispersão no veículo aquoso, a concentração de melatonina está compreendida entre 1,0 e 20 mg/ml.
[0014]. Mais preferivelmente, o fosfolípido tem uma pureza superior a 80%.
[0015]. Num segundo aspecto, a presente invenção é destinada a um processo para a preparação da formulação farmacêutica acima, compreendendo as etapas de: i) dissolução de melatonina e um ou mais excipientes num solvente orgânico; ii) geração de nanopartículas por precipitação controlada contra a água como anti-solvente, utilizando a tecnologia de reator de micro jato; iii) adição do agente crioprotetor; e iv) remoção do solvente orgânico residual e da água.
[0016]. Num terceiro aspecto, a presente invenção se refere à nanopartículas de melatonina, a um processo para a sua preparação e à sua utilização como fármaco.
[0017]. Num quarto aspecto, a presente invenção é destinada para as nanopartículas de melatonina acima para a utilização para a profilaxia e/ou tratamento de uma doença neonatal, de um modo preferido para o tratamento de lesão cerebral neonatal.
[0018]. Num quinto aspecto, a presente invenção é destinada para o uso de nanopartículas de melatonina acima na fabricação de um fármaco para a profilaxia e/ou tratamento de uma doença neonatal, de um modo preferido para o tratamento de lesão cerebral neonatal.
[0019]. Num sexto aspecto, a presente invenção proporciona um método para a prevenção e/ou tratamento de uma doença neonatal em um paciente, compreendendo a administração de uma quantidade terapeuticamente eficaz das nanopartículas de melatonina acima.
[0020]. Num sétimo aspecto, a presente invenção é destinada para um kit para a preparação extemporânea compreendendo: a) a formulação farmacêutica da presente invenção; b) um veículo aquoso farmaceuticamente aceitável; e c) meios recipientes para conter a formulação farmacêutica e o veículo aquoso.
DEFINIÇÕES
[0021]. Com referência à melatonina, as expressões "fármaco", "ingrediente ativo" e "substância ativa" são utilizadas indistintamente.
[0022]. O termo "excipiente" é utilizado para englobar indistintamente os fosfolípidos e agentes de estabilização.
[0023]. O termo "nanopartículas" significa partículas possuindo um diâmetro compreendido entre 1 e 1000 nanômetros. O referido diâmetro pode ser determinado de acordo com os métodos conhecidos do técnico no assunto, por exemplo, com a dispersão Dinâmica da Luz (DLS), e Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET).
[0024]. A expressão "adsorvido na superfície" significa a adesão do excipiente até à superfície do fármaco. Este processo cria um filme do excipiente sobre a superfície. A adsorção do excipiente pode ser determinada por espectroscopia FT-IR ou por calorimetria exploratória diferencial (DSC), de acordo com os procedimentos conhecidos do técnico no assunto. Tipicamente, quanto à análise por FT-IR: i) os espectros de referência de excipiente e melatonina devem ser registrados; ii) para confirmar que ocorreu a adsorção, o espectro de FT- IR das nanopartículas secas deve apenas exibir os picos do excipiente. Quanto à análise de DSC, o traço térmico das nanopartículas secas não deveria mostrar o pico endotérmico de fusão do fármaco.
[0025]. O termo "anti-solvente" significa um líquido que tem pouca ou nenhuma capacidade de solvatação para o fármaco.
[0026]. O termo "seguro" significa uma formulação farmacêutica adequada para a injeção capaz de atender aos critérios de injectabilidade dos fármacos, bem tolerados pelos recém-nascidos, e desprovido de excipientes que podem ser prejudiciais, antigênicos ou tóxicos para esta população de pacientes.
[0027]. A expressão "insolúvel em água ou fracamente solúvel em água " é utilizada com referência à solubilidade em água, tal como definido na Farmacopeia Europeia 4a Ed., 2003, página 2.891.
[0028]. O termo "fosfolípidos" se refere à uma classe de lipídios constituída por glicerol, um grupo fosfato, um radical neutro ou porção zwitteriônica como parte caracterizadora (colina, serina, inositol, etc.); A porção de glicerol pode ser esterificada com ácidos graxos de cadeia longa (C14-C22) que por sua vez podem ser saturados (por exemplo, mirístico, palmítico e ácido esteárico), mono-insaturados (por exemplo, ácido oleico) ou poli-insaturados (por exemplo, ácido linoleico e araquidônico).
[0029]. Cada classe de fosfolipídeo é uma mistura de diferentes espécies variando para os ácidos graxos de esterificação.
[0030]. Por exemplo, dependendo da fonte, as fosfatidilcolinas podem ser constituídas de diferentes proporções de: 1,2-dilauril-sn-glicero-3- fosfocolina, geralmente conhecida como dilauril-fosfatidilcolina; 1,2-miristoil- sn-glicero-3-fosfocolina, geralmente conhecida como dimiristoil- fosfatidilcolina; 1,2-dipalmitoil-sn-glicero-3-fosfocolina, geralmente conhecida como dipalmitoil-fosfatidilcolina; l-palmitoil-2-oleoil-sn-glicero-3- fosfocolina geralmente conhecida como palmitoil-oleoil-fosfatidilcolina; 1- palmitoil-2-linoleoil-sn-glicero-3-fosfocolina, geralmente conhecida como palmitoil-linoleoil-fosfatidilcolina; 1-estearoil-2-oleoil-sn-glicero-3-fosfocolina, geralmente conhecida como estearoil-oleoil-fosfatidilcolina; 1-estearoil-2- linoleoil-sn-glicero-3-fosfocolina, geralmente conhecida como estearoil- linoleoil-fosfatidilcolina.
[0031]. A expressão "carga de fármaco em nanopartículas" se refere à proporção do fármaco que foi carregada nas nanopartículas para o teor total de sua dose. Pode ser determinado de acordo com os métodos conhecidos, por exemplo, por filtração seguida pela determinação do teor residual de fármaco no sobrenadante. Quanto menor for o teor de fármaco no sobrenadante, mais eficiente é a carga de fármaco. Caso contrário, a carga de fármaco pode ser determinada pelo ensaio de HPLC do fármaco após a dissolução das nanopartículas com etanol.
[0032]. O termo "preparação extemporânea" é utilizado para designar todos os casos em que a formulação farmacêutica não é fabricada pronta para a utilização, ao invés de ser preparada em um momento subsequente àquele em que é fabricado o pó, normalmente um momento próximo daquele da administração ao paciente.
[0033]. Para obter uma formulação na forma de preparação extemporânea, a expressão "quimicamente estável" se refere à uma formulação que, por armazenagem à temperatura ambiente (25 °C ± 2 °C) durante pelo menos um dia, de preferência três dias, mais preferivelmente uma semana, não mostra nenhuma perda de fármaco a partir das nanopartículas e nenhuma degradação do fármaco.
[0034]. Para uma formulação pronta para o uso, a expressão "quimicamente estável" se refere à uma formulação que, por armazenagem à temperatura ambiente (25 °C ± 2 °C) durante pelo menos três dias, de preferência uma semana, mais preferencialmente um mês, ainda melhor se armazenada por três meses, não mostra nenhuma perda de fármaco a partir das nanopartículas e nenhuma degradação do fármaco.
[0035]. Para obter uma formulação na forma de preparação extemporânea, a expressão "fisicamente estável" se refere à uma formulação que, à temperatura ambiente (25 °C ± 2 °C), que apresenta substancialmente qualquer crescimento no tamanho das partículas durante a armazenagem por pelo menos um dia, de preferência três dias, que é fácil de dispersar novamente, e após a nova dispersão, não existe nenhum aglomerado nem é observada a separação rápida do veículo aquoso, para impedir a reprodução da dosagem do ingrediente ativo.
[0036]. Para uma formulação pronta para o uso, a expressão "fisicamente estável" se refere à uma formulação que, à temperatura ambiente (25 °C ± 2 °C), não apresenta substancialmente qualquer crescimento no tamanho das partículas durante o armazenamento por pelo menos três dias, de preferência uma semana, que é fácil de dispersar novamente, e após a mova dispersão, não existe nenhum aglomerado nem é observada a separação rápida do veículo aquoso, para impedir a reprodução da dosagem do ingrediente ativo.
[0037]. O termo "quantidade terapeuticamente eficaz" significa a quantidade de ingrediente ativo, que, quando administrado aos recém- nascidos, proporciona o efeito biológico desejado.
[0038]. O termo "profilaxia" se refere à utilização terapêutica para a redução da ocorrência de uma doença.
[0039]. O termo "tratamento" se refere ao uso terapêutico para paliativos, cura, atenuação do sintoma, redução de sintoma, terapia de indução de regressão da doença.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA PRESENTE INVENÇÃO
[0040]. Graças à sua atividade antioxidante e as suas outras propriedades farmacológicas, a melatonina pode ser utilizada com sucesso na profilaxia e/ou tratamento de certas doenças neonatais.
[0041]. No entanto, a necessidade de administrar doses bastante elevadas faz com que seja difícil o desenvolvimento de uma formulação líquida.
[0042]. Por isso, o objetivo da presente invenção é proporcionar uma formulação farmacêutica física e quimicamente estável, segura e adequada para via parenteral em recém-nascidos, em que a concentração de melatonina esteja vantajosamente compreendida entre 1,0 e 20 mg/ml.
[0043]. De forma mais vantajosa, a concentração deve estar compreendida entre 1,2 e 15 mg/ml, e de forma ainda mais vantajosa entre 3 e 12 mg/ml, de preferência entre 5 e 10 mg/ml.
[0044]. Numa forma de realização particular da presente invenção, a concentração de melatonina deve ser de 5 mg/ml.
[0045]. A melatonina pode ser utilizada como uma base livre ou na forma de qualquer sal farmaceuticamente aceitável e/ou solvato do mesmo.
[0046]. A formulação farmacêutica compreende nanopartículas de melatonina e um agente crioprotetor que deve ser suspenso novamente em um veículo aquoso.
[0047]. De um modo vantajoso, as referidas nanopartículas têm um diâmetro compreendido entre 20 e 1000 nanômetros, de forma mais vantajosa entre 30 e 500 nanômetros, e de forma ainda mais vantajosa entre 40 e 350 nanômetros, de preferência entre 60 e 250 nanômetros.
[0048]. Em uma forma de realização preferida, o diâmetro pode estar compreendido entre 100 e 200 nanômetros, uma vez que o referido tamanho é adequado para a esterilização por filtração.
[0049]. O diâmetro das nanopartículas foi determinado pela dispersão Dinâmica da Luz (DLS) de acordo com as condições experimentais conhecidas pelo técnico no assunto.
[0050]. Nas referidas nanopartículas, pelo menos um fosfolípido é adsorvido na superfície de melatonina, de modo que essa aglomeração e/ou crescimento das partículas possam ser evitados mediante a nova suspensão em um veículo aquoso.
[0051]. Além disso, é bem conhecido que uma carga baixa de fármaco pode causar problemas de homogeneidade.
[0052]. Surpreendentemente, verificou-se que por seleção adequada do fosfolípido, é possível conseguir uma alta carga de fármaco nas nanopartículas, de forma vantajosa igual ou maior que 65%, em peso, de preferência superior a 80%, mais preferivelmente superior a 90%.
[0053]. Finalmente, a estabilidade da preparação farmacêutica durante o seu manuseio e armazenagem pode ser garantida, sem a necessidade de manter as nanopartículas em condições controladas de temperatura e/ou umidade relativa.
[0054]. Os fosfolípidos são substâncias biodegradáveis, não tóxicas, não-antigênicas que os tornam candidatos adequados para aplicações parenterais.
[0055]. O fosfolípido é selecionado do grupo que consiste de fosfatidilcolinas, fosfatidiletanolaminas, fosfatidilglicerois, fosfatidilserinas, fosfatidilinositol, lecitinas, e suas misturas, e, opcionalmente, ele é utilizado em mistura com agentes que podem ajudar na estabilização das nanopartículas.
[0056]. De forma vantajosa, o fosfolípido tem um grau de pureza aceitável para administração parenteral para recém-nascidos, de preferência superior a 80%, mais preferencialmente maior que 90%, de forma ainda mais preferida igual ou superior a 99%.
[0057]. Em uma forma de realização da presente invenção, caso seja necessário o uso de uma mistura de fosfolípidos, as lecitinas podem ser utilizadas de diferentes fontes, por exemplo, extraídas do óleo de soja, óleo de girassol ou gema de ovo. Por exemplo, as lecitinas que têm diferentes graus de pureza estão comercialmente disponíveis na Sigma Aldrich Co., St. Louis, MO, EUA ou na Lipoid AG, Steinhausen, Suíça ou na AppliChem GmbH, Darmstadt, Alemanha.
[0058]. Em outras formas de realização, podem ser utilizados fosfolípidos individuais de pureza e qualidade adequada para a aplicação parenteral, por exemplo, comercialmente disponível na LipoidAG.
[0059]. Numa forma de realização particular, pode ser utilizada a fosfatidilcolina ou a fosfatidilcolina hidrogenada, comercialmente disponível na Lipoid AG como Lipoid S 100 ou Phospholipon 80 H, respectivamente.
[0060]. Numa forma de realização mais preferida, é utilizada a fosfatidilcolina com 90% de pureza, disponível na Lipoid AG como Lipoid S 100.
[0061]. Em uma forma de realização preferida da presente invenção é utilizada uma mistura de lecitina e fosfatidilcolina, de preferência, em uma proporção compreendida entre 70:30 e 99:1 em peso, mais preferencialmente numa proporção compreendida entre 80:20 e 98:2 em peso.
[0062]. Opcionalmente, podem ser adicionados na formulação agentes adicionais que podem ajudar na estabilização das nanopartículas (doravante agentes de estabilização) para aumentar ainda mais a estabilidade física das nanopartículas de melatonina e modular o tamanho de partícula das nanopartículas. Por outro lado, a quantidade do referido agente de estabilização deve ser adequadamente controlada para evitar a formação de micelas.
[0063]. De forma vantajosa, o referido agente de estabilização pode ser um tocoferol, de preferência, D,L-alfa-tocoferol também conhecido como vitamina E. Em uma outra forma de realização, o referido agente pode ser o ácido desoxicólico ou um sal farmaceuticamente aceitável do mesmo, de preferência o sal de sódio. Os referidos agentes de estabilização podem ser utilizados isoladamente ou em uma mistura dos mesmos.
[0064]. Os referidos agentes de pureza e qualidade adequada para a aplicação parenteral em recém-nascidos estão comercialmente disponíveis na Sigma Aldrich Co, St. Louis, MO, EUA ou na Alfa Aesar GmbH, Karlsruhe, Alemanha).
[0065]. Em uma forma de realização particular da presente invenção, o referido agente de estabilização é um ácido graxo C12-C24 saturado ou insaturado, de preferência ácido graxo C14-C18 saturado ou insaturado, de forma mais preferida o ácido palmítico ou o ácido oleico ou sal farmaceuticamente aceitável do mesmo.
[0066]. Numa forma de realização ainda mais preferida, o agente de estabilização é o oleato de sódio de pureza superior a 99%, comercialmente disponível na Lipoid AG.
[0067]. A composição farmacêutica da presente invenção compreende ainda um agente crioprotetor selecionado a partir do manitol, glicerol, propileno glicol, glicina, sacarose, lactose e trealose, e suas misturas em qualquer proporção, em peso, de preferência o manitol, trealose e glicina, um modo mais preferido o manitol ou trealose ou uma mistura dos mesmos em qualquer proporção em peso.
[0068]. Em uma das formas de realização preferidas da presente invenção, o agente crioprotetor é uma mistura de manitol e trealose numa proporção compreendida entre 6:4 e 4:6 em peso, mais preferencialmente numa proporção 1:1 em peso.
[0069]. Na verdade, verificou-se que a referida mistura de agentes crioprotetores melhora significativamente a nova dispersão das nanopartículas em forma de pó, no veículo aquoso. Além disso, a composição farmacêutica compreendendo a referida mistura de agentes crioprotetores acabou por ser, de forma particular, química e fisicamente estável.
[0070]. De forma vantajosa, o agente crioprotetor pode estar presente numa quantidade capaz de dar origem a uma concentração de 5 a 100 mg/ml, de preferência de 20 a 80 mg/ml, mais preferencialmente entre 25 e 50 mg/ml. Mais vantajosamente, deve ser utilizado um agente crioprotetor de um grau de pureza adequado para administração parenteral em recém-nascidos, por exemplo, disponível na Sigma Aldrich Co, St. Louis, MO, EUA, ou BDH Middle East LLC, Catar.
[0071]. De um modo vantajoso, na formulação farmacêutica da presente invenção, a melatonina pode estar presente numa quantidade que varia de 2 a 85% em peso, sendo o restante constituído de 5 a 50% em peso, um ou mais fosfolípido ou, facultativamente uma sua mistura com um agente de estabilização, e 10 a 93% em peso de um agente crioprotetor.
[0072]. Em uma forma de realização particular da presente invenção, a melatonina pode estar presente em uma quantidade que varia de 5 a 15%, o fosfolípido, opcionalmente, em uma mistura com um agente de estabilização, em uma quantidade compreendida entre 15 e 60% em peso, e o agente crioprotetor em uma quantidade compreendida entre 25 e 80% em peso.
[0073]. De um modo vantajoso, caso seja utilizada a melatonina nas nanopartículas em combinação com apenas um ou mais fosfolípidos, sem agentes de estabilização, a relação entre a melatonina e o fosfolípido pode variar entre 0,1:99,9 e 90:10 em peso.
[0074]. Em algumas formas de realização, a proporção pode variar entre 90:10 e 20:80 em peso.
[0075]. Em outras formas de realização, por exemplo, quando for utilizada a fosfatidilcolina sozinha ou uma mistura dela com a lecitina, a proporção pode variar entre 2:98 e 25:75 em peso.
[0076]. Caso seja utilizada a melatonina em nanopartículas em combinação com um fosfolípido e um agente de estabilização, a proporção pode variar entre 98:1:1 e 30:40:30 em peso.
[0077]. Por exemplo, caso seja utilizada a melatonina em combinação com uma fosfatidilcolina e ácido desoxicólico, ou um sal da mesma, a proporção pode variar entre 5:90:5 e 30:55:15 em peso. Mais preferencialmente, a proporção é de 10:80:10 em peso.
[0078]. Caso seja utilizada melatonina em combinação com um sal de sódio de oleato e fosfatidilcolina, a proporção pode vantajosamente variar entre 10:89,999:0,001 em peso e 30:40:30. Em uma forma de realização particular, a razão pode estar compreendida entre 10:89,999:0,001 e 15:84,9:0,1 em peso.
[0079]. A este respeito, em algumas formas de realização exemplares, a proporção pode ser: 14,3:85,67:0,03 ou 14,3:85,685:0,015 ou 14,3:85,693:0,007 ou 14,3:85,697:0,003 em peso.
[0080]. Em uma outra forma de realização particular, a proporção pode variar de 30:40:30 até 20:60:20, em peso.
[0081]. A este respeito, em algumas formas de realização exemplares, a proporção pode ser 26:47:27 ou 23:55:22 em peso.
[0082]. Caso seja utilizada a melatonina em combinação com a lecitina e a vitamina E, a proporção pode variar entre 45:50:5 e 96:3:1 em peso, respectivamente. As proporções exemplares poderiam ser de 55:43:3 ou 76:20:4 ou 85:10:5 em peso.
[0083]. As nanopartículas da presente invenção podem ser armazenadas em uma forma sólida seca e a formulação farmacêutica relativa na forma de dispersão preparada extemporaneamente antes da utilização.
[0084]. Alternativamente, pode ser preparada uma formulação farmacêutica pronta para o uso por meio da dispersão de nanopartículas de melatonina e o agente crioprotetor em um veículo aquoso adequado.
[0085]. Poderá ser utilizado qualquer veículo aquoso farmaceuticamente aceitável adequado para administração parenteral para recém-nascidos, por exemplo, água para injeção. Caso contrário, pode ser utilizada uma solução aquosa salina ou uma solução de glicose, com uma concentração adequada, que deverá ser ajustada pelo técnico no assunto. Em algumas formas de realização pode ser preferível o uso de uma solução aquosa de solução salina fisiológica (0,9% peso/volume de cloreto de sódio).
[0086]. Em outras formas de realização pode ser utilizada de forma vantajosa uma solução aquosa de glicose a uma concentração de 5% ou 10% peso/volume.
[0087]. A formulação farmacêutica da presente invenção pode compreender outros excipientes, por exemplo, soluções tampão de pH, como soluções tampão de acetato, fosfato ou citrato, de preferência fosfato, e conservantes.
[0088]. De forma vantajosa, o pH da formulação farmacêutica está compreendido entre 4,5 e 8,0, de preferência 5,5 e 7,5.
[0089]. Numa forma de realização particular, a formulação farmacêutica da presente invenção compreende nanopartículas de: 5-15% em peso de melatonina, 40-60% em peso de uma mistura de fosfatidilcolina e oleato de sódio, e 35-45% em peso de manitol como agente crioprotetor, para serem dispersas em um veículo aquoso farmaceuticamente aceitável, em que, de um modo preferencial, mediante a dispersão, a concentração de melatonina é de 5 mg/ml.
[0090]. Em uma forma de realização particularmente preferida, a formulação farmacêutica da presente invenção compreende nanopartículas que consistem de 5-15%, em peso, de melatonina, em mistura com 15-25% em peso de uma mistura de fosfatidilcolina e lecitina, e 60-80% em peso, de uma mistura de manitol e trealose como agente crioprotetor, para ser disperso num veículo aquoso farmaceuticamente aceitável. Preferencialmente, por meio da dispersão no referido veículo, a concentração de melatonina é de 5 mg/ml.
[0091]. Uma vez que a formulação farmacêutica da presente invenção deve ser adequada para a administração parenteral, é de particular importância a sua capacidade de osmose. Por essa razão, a formulação da presente invenção deve ter uma osmolalidade inferior a 600 mOsm/kg, vantajosamente, de 180 mOsm/kg até 500 mOsm/kg, de forma mais vantajosa de 200 até 400 mOsm/kg, de preferência de 250 a 350 mOsm/kg.
[0092]. Numa forma de realização preferida da presente invenção, a formulação farmacêutica da presente invenção pode ser administrada por injeção intravenosa ou por infusão.
[0093]. Se administrada por infusão, a formulação farmacêutica pode ser dispersa novamente imediatamente antes da utilização em uma solução aquosa de solução salina ou glucose e administrada por uma bomba de infusão adequada.
[0094]. Uma vez que foi relatado na literatura que a melatonina atravessa a placenta, em uma forma de realização alternativa, a formulação farmacêutica da presente invenção pode ser administrada pré- natal para mulheres grávidas (Miller SL et al J Pineal Res. 23 de janeiro de 2014; Alers NO et al. BMJ Open. 23 de dezembro de 2013; 3(12)).
[0095]. Tipicamente, a concentração da melatonina na formulação, e, portanto, a sua dosagem pode variar com o sexo, peso e maturidade do paciente, assim como com a gravidade da condição do paciente. Os técnicos no assunto serão prontamente capazes de determinar esses fatores e ajustar a concentração em conformidade.
[0096]. Como um exemplo, a formulação farmacêutica da presente invenção pode ser administrada uma ou mais vezes por dia a fim de alcançar uma dosagem de 1 a 40 mg/kg/dia, vantajosamente de 5 a 35 mg/kg/dia, preferencialmente 30 mg/kg/dia.
[0097]. Em uma das formas preferidas de realização, a formulação é administrada por infusão, a 5 mg/kg/hora durante seis horas, para uma dosagem total de 30 mg/kg/dia.
[0098]. A presente invenção ainda proporciona um processo para a preparação da formulação farmacêutica da presente invenção, o referido processo compreende as etapas de: i) dissolução de melatonina e um ou mais excipientes em um solvente orgânico; ii) geração das nanopartículas por precipitação controlada contra a água como anti-solvente, utilizando a tecnologia de reator de micro jato; iii) adição do agente crioprotetor; e iv) remoção do solvente orgânico residual e água.
[0099]. Dependendo do tipo de fosfolípido e/ou agentes de estabilização, podem ser selecionados solventes orgânicos apropriados a partir do grupo incluindo, mas não se limitando ao DMSO, metanol, isopropanol ou etanol, de preferência etanol ou DMSO, mais preferencialmente etanol.
[00100]. No entanto, uma vez que foi constatado que os solventes orgânicos residuais afetam significativamente a estabilidade física das nanopartículas na presente invenção, eles devem ser removidos de acordo com os procedimentos descritos no estado da técnica.
[00101]. De preferência, são removidos ao submeter a suspensão obtida no final da etapa III) a uma etapa de liofilização de acordo com os métodos conhecidos pelo técnico no assunto.
[00102]. Após a liofilização, a formulação farmacêutica é coletada para se obter um pó que deve ser reconstituído antes da utilização ou a suspensão novamente em um veículo aquoso adequado para proporcionar uma formulação farmacêutica pronta para o uso.
[00103]. Os detalhes e parâmetros operativos da tecnologia de reator de micro jato são revelados na publicação US 2011/0294770, cujo ensinamento é incorporado no presente pedido por referência.
[00104]. A fim de otimizar a etapa de precipitação, o técnico no assunto deverá ajustar adequadamente todos os parâmetros de acordo com o seu conhecimento, em particular, as vazões da solução orgânica e da água e a sua proporção de mistura.
[00105]. Opcionalmente, as nanopartículas da presente invenção e/ou da formulação farmacêutica são estéreis.
[00106]. A esterilização pode ser obtida de acordo com os métodos conhecidos. Por exemplo, as nanopartículas podem ser esterilizadas por meio de irradiação gama, enquanto que a formulação farmacêutica pronta para o uso pode ser esterilizada por filtração ou por meio de tratamentos de autoclavagem.
[00107]. As nanopartículas de melatonina da presente invenção e formulações farmacêuticas das mesmas, podem ser utilizadas para a profilaxia e/ou tratamento de qualquer doença neonatal onde existe a contribuição de um estresse oxidativo. Estas doenças incluem, mas não estão limitadas a displasia broncopulmonar / doença crônica do pulmão (BDP/CLD), retinopatia da prematuridade (ROP), enterocolite necrosante (NEC) e lesão cerebral por asfixia perinatal e encefalopatia hipóxico - isquêmica (HIE).
[00108]. Em particular, podem ser utilizadas nanopartículas de melatonina da presente invenção para a profilaxia e/ou tratamento de patologias caracterizadas por morte celular, particularmente em HIE.
[00109]. Também podem ser utilizadas nanopartículas de melatonina da presente invenção para a profilaxia e/ou tratamento de outras lesões do cérebro neonatal hipóxico-isquêmicas englobando acidente arterial perinatal (PAS) e Leucomalácia periventricular (PVL).
[00110]. Hoje em dia, a hipotermia é reconhecida como uma modalidade de tratamento eficaz para a asfixia perinatal e HIE. Consequentemente, a utilização de nanopartículas de melatonina da presente invenção em combinação com a hipotermia pode conduzir a um maior efeito neuroprotetor cerebral do que a hipotermia sozinha, melhorando assim o resultado clínico imediato e de longo prazo.
[00111]. Uma vez que os recém-nascidos, em particular os de parto prematuro são menos protegidos contra a oxidação e são altamente suscetíveis ao dano oxidativo mediado por radicais livres, as nanopartículas da presente invenção também podem ser úteis para reduzir o estresse oxidativo em recém-nascidos com sepse, síndrome da angústia respiratória ou estresse cirúrgico.
[00112]. Além disso, as nanopartículas de melatonina da presente invenção podem ser administradas para a profilaxia e/ou tratamento de qualquer doença em que a melatonina pode ser de algum benefício, levando em conta o seu perfil conhecido de segurança muito boa. Por exemplo, elas podem ser utilizadas como um coadjuvante para muitas aplicações, incluindo condições que estão tipicamente relacionadas com a idade pediátrica, tais como: - dissonias e dificuldades no início do sono e para sua manutenção. Entre estes, a síndrome do atraso das fases do sono (SAFS) e a síndrome da antecedência das fases do sono (ASPS); - deficiências neurológicas que afetam os padrões irregulares de sono-despertar, tais como: deficiência mental ou intelectual, retardo mental, dificuldades de aprendizagem, perturbações do espectro autista, a síndrome de Rett, esclerose tuberosa, deficiências de desenvolvimento e síndrome de Angelman; - problemas com o sono, incluindo o início tardio do sono, resistência ao sono ou hora de dormir, cansaço prolongado ao acordar e sonolência diurna, assim como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (ADHD), Síndrome de Smith-Magenis (SMS) e síndrome de Sanfilippo (SFS).
[00113]. A presente invenção também é destinada a um kit para a preparação extemporânea: a) a formulação farmacêutica da presente invenção; b) um veículo aquoso farmaceuticamente aceitável; c) meios recipientes para conter a formulação farmacêutica e o veículo aquoso.
[00114]. Numa forma de realização preferida, tal como um veículo aquoso farmaceuticamente aceitável, pode ser utilizada água para injeção.
[00115]. Numa outra forma de realização pode ser utilizada uma solução aquosa de solução salina fisiológica (0,9% peso/volume de cloreto de sódio).
EXEMPLOS
[00116]. A presente invenção é ilustrada com referência aos exemplos a seguir.
Exemplo 1 - Preparação de nanopartículas de melatonina na presença de fosfatidilcolina
[00117]. A fim de preparar as nanopartículas, a melatonina foi dissolvida em etanol em uma concentração de 25 ou 50 mg/ml na presença de fosfatidilcolina (Lipoid S 100, Lipoid AG) com concentrações que variaram de 5 a 300 mg/ml.
[00118]. Estas soluções foram precipitadas contra água, utilizando a tecnologia do reator de micro jato. Durante o processo de precipitação, a vazão da solução de melatonina foi ajustada para 1-4 ml/min e a vazão da água foi ajustada para 10 ml/min.
[00119]. Foi utilizada uma pressão de gás de 0,1 ou 0,2 bar para assegurar a produção de nanopartículas homogêneas. A temperatura do reator de micro jato foi ajustada para 25 - 40 °C durante todo o processo de precipitação.
[00120]. O solvente orgânico residual foi removido sob vácuo a 30 °C.
[00121]. A fim de determinar a carga de fármaco, a concentração de melatonina livre nas nanopartículas da fase aquosa foi filtrada através de filtros de seringa de 0,02 μm e centrifuga a 16.000 r.p.m. durante 90 min.
[00122]. As nanopartículas de melatonina também foram caracterizadas em termos de tamanho de partícula pela medição do seu diâmetro através da dispersão Dinâmica da Luz (DLS).
[00123]. Os resultados são apresentados na Tabela 1. Tabela 1
[00124]. Como pode ser considerado, é possível preparar nanopartículas de melatonina com teor de melatonina livre inferior a cerca de 15%.
[00125]. Algumas das amostras têm um tamanho de partícula inferior a 200 nanômetros, que é apropriado para esterilização por filtração.
Exemplo 2 - Preparação de nanopartículas de melatonina na presença de fosfatidilcolina e desoxicolato de sódio
[00126]. A melatonina foi dissolvida em etanol numa concentração de 25 ou 50 mg/ml na presença de fosfatidilcolina (Lipoid S 100, Lipoid AG) em concentrações variando entre 5 e 200 mg/ml e desoxicolato de sódio em concentrações de 15 ou 25 mg/ml. Durante o processo de precipitação, a vazão da solução de melatonina foi ajustada para 3-4 ml/min e a vazão da água foi ajustada para 10 ml/min. Foi utilizada uma pressão de gás de 0,2 bar para assegurar a produção de nanopartículas homogêneas. A temperatura do reator de micro jato foi ajustada para 25 - 40 °C durante todo o processo de precipitação.
[00127]. O solvente orgânico residual foi evaporado a 30 °C sob vácuo.
[00128]. Além disso, a suspensão de nanopartículas foi feita para o volume para que fosse reajustada a concentração de ingrediente ativo para cerca de 5 mg/ml para todas as preparações.
[00129]. As nanopartículas de melatonina resultantes foram caracterizadas em termos de tamanho de partícula conforme descrito no Exemplo 1.
[00130]. Além disso, o teor total de melatonina nas nanopartículas foi determinado por HPLC após a sua dissolução com etanol.
[00131]. Os resultados são apresentados na Tabela 2. Tabela 2
[00132]. Como pode ser considerado, dentro do erro experimental, a concentração de melatonina é consistente com uma carga de fármaco maior que 95%.
[00133]. O tamanho de partícula está compreendido entre 100 e 200 nm.
Exemplo 3 - Estabilidade das nanopartículas de melatonina
[00134]. A amostra 5 do Exemplo 2, em que são utilizadas a melatonina, fosfatidilcolina e o ácido desoxicólico de sódio numa proporção 10:80:10, em peso, foi colocada num frasco e armazenada à temperatura ambiente. Após uma semana de armazenamento, a suspensão de nanopartículas foi caracterizada para o tamanho de partícula e teor de melatonina conforme relatado no Exemplo 2.
[00135]. Os resultados são apresentados na Tabela 3. Tabela 3
[00136]. Como pode ser visto acima, a referida formulação mostrou-se estável durante pelo menos uma semana.
Exemplo 4 - Formulação liofilizada
[00137]. As amostras 1 e 5 do Exemplo 2 foram liofilizadas com a adição de manitol como agente crioprotetor de acordo com o programa a seguir:
[00138]. As nanopartículas liofilizadas obtidas foram dispersas em água para injeção para se obter concentrações variáveis de melatonina e manitol.
[00139]. As amostras resultantes foram analisadas quanto ao teor e tamanho de partícula conforme descrito no Exemplo 2.
[00140]. Os resultados são apresentados na Tabela 4. Tabela 4
[00141]. As formulações provaram ser bem dispersíveis. Em particular, a adição de 25 ou 50 mg/ml de manitol deu origem a dispersividade total das nanopartículas depois da liofilização.
Exemplo 5 - Preparação de nanopartículas de melatonina na presença de lecitina e vitamina E
[00142]. A fim de preparar as nanopartículas, a melatonina foi dissolvida em DMSO a uma concentração de 150 ou 200 mg/ml na presença de lecitina (Lipoid AG) em uma concentração de 0,7 mg/ml e a vitamina E em uma concentração de 0,5, 1,2 mg/ml.
[00143]. Durante o processo de precipitação as vazões da solução de melatonina e a água foram ajustadas para que fosse obtida uma proporção de mistura de 1:1 v/v.
[00144]. Foi utilizada uma pressão de gás de 0,2 bar para assegurar a produção de nanopartículas homogêneas. A temperatura do reator de micro jato foi ajustada para 25 - 40 °C durante todo o processo de precipitação.
[00145]. O solvente orgânico residual foi evaporado a 30 °C sob vácuo.
[00146]. Além disso, a suspensão de nanopartículas foi feita para o volume para que fosse reajustada a concentração de ingrediente ativo para cerca de 5 mg/ml para todas as preparações.
[00147]. As composições são indicadas na Tabela 5. Tabela 5
Exemplo 6 - Preparação de nanopartículas de melatonina na presença de fosfatidilcolina e oleato de sódio
[00148]. A melatonina foi dissolvida em etanol em uma concentração de 25 mg/ml na presença de fosfatidilcolina (Lipoid S 100, Lipoid AG) em uma concentração de 150 mg/ml e oleato de sódio (Lipoid Natriumoleat B, Lipoid AG) em uma concentração de 0,05 mg/ml. Durante o processo de precipitação, a vazão da solução de melatonina foi ajustada para 3-4 ml/min enquanto a vazão da água foi ajustada para 10 ml/min.
[00149]. Foi utilizada uma pressão de gás de 0,2 bar para assegurar a produção de nanopartículas homogêneas. A temperatura do reator de micro jato foi ajustada para 25 - 40 °C durante todo o processo de precipitação.
[00150]. Além disso, a suspensão de nanopartículas foi feita para o volume para que fosse reajustada a concentração de ingrediente ativo para cerca de 5 mg/ml para todas as preparações.
[00151]. As nanopartículas resultantes foram caracterizadas em termos de tamanho de partícula conforme descrito no Exemplo 1.
[00152]. Os resultados são apresentados na Tabela 6. Tabela 6
[00153]. As amostras são então liofilizadas após a adição de glicina ou manitol, conforme relatado no Exemplo 4, para que fosse obtida uma concentração final de 25 mg/ml do agente crioprotetor.
Exemplo 7 - Preparação de nanopartículas de melatonina na presença de fosfatidilcolina e lecitina
[00154]. A melatonina (50 mg/ml) foi dissolvida em etanol na presença de fosfatidilcolina (Lipoid S 100, Lipoid AG) e lecitina de soja (Lipoid S PC-3, Lipoid AG) em diferentes proporções. Durante o processo de precipitação, a vazão da solução de melatonina foi ajustada para 2 ml/min e a vazão da água foi ajustada para 10 ml/min. Foi utilizada uma pressão de gás de 0,2 bar para assegurar a produção de nanopartículas homogêneas. A temperatura do reator de micro jato foi ajustada para 25 - 40 °C durante todo o processo de precipitação.
[00155]. As amostras 1 foram liofilizadas com a adição de uma mistura de manitol e trealose em uma proporção de 1:1, em peso, como agente crioprotetor, de acordo com as condições do Exemplo 4.
[00156]. Os pós liofilizados obtidos foram dispersos em água para injeção para que fosse obtida uma concentração de melatonina de cerca de 5 mg/ml para todas as preparações.
[00157]. As composições das formulações obtidas e o tamanho de partícula das nanopartículas de melatonina são apresentados na Tabela 7. Tabela 7
[00158]. As amostras resultantes foram analisadas quanto à carga de fármaco e o tamanho de partícula conforme descrito no Exemplo 1.
[00159]. Todas as formulações provaram ser bem dispersíveis com uma carga de fármaco acima de 80%.
Exemplo 8 - Estabilidade da formulação farmacêutica liofilizada
[00160]. As amostras da formulação liofilizada 1, conforme preparado no Exemplo 7, foram armazenadas a 25 °C e 40 °C, a fim de avaliar a estabilidade da formulação.
[00161]. Em cada ponto de tempo, os liofilizados foram suspensos novamente com água e avaliados imediatamente após a nova suspensão (0h), assim como após 8 (8h) e 24 horas (24h) de armazenamento à temperatura ambiente (aproximadamente 25 °C).
[00162]. A estabilidade química foi verificada por HPLC, enquanto que a estabilidade física foi avaliada visualmente. O tamanho das partículas foi determinado conforme descrito no Exemplo 1. O pH também foi avaliado.
[00163]. Os resultados são mostrados na Tabela 8. Tabela 8
[00164]. A formulação passou a ser química e fisicamente estável durante pelo menos três meses. Ela também acabou por ser estável durante pelo menos 24 horas, conforme reconstituída a suspensão.
Exemplo 9 - Preparação de uma formulação farmacêutica compreendendo nanopartículas de melatonina na presença de lecitina e vitamina E
[00165]. A fim de preparar as nanopartículas, a melatonina foi dissolvida em etanol a uma concentração de 25 ou 50 mg/ml na presença de lecitina (Lipoid AG) em uma concentração de 50 mg/ml e vitamina E em uma concentração de 0,5, 1, 2 ou 4 mg/ml.
[00166]. Durante o processo de precipitação as vazões da solução de melatonina e a água foram ajustadas para que fosse obtida uma proporção de mistura de 1:2,5 v/v.
[00167]. Foi utilizada uma pressão de gás de 0,2 bar para assegurar a produção de nanopartículas homogêneas. A temperatura do reator de micro jato foi ajustada para 25 - 40 °C durante todo o processo de precipitação.
[00168]. As amostras foram então liofilizadas após a adição de glicina ou manitol, conforme relatado no Exemplo 4, para que seja obtida uma concentração final de 50 - 100 mg/ml do agente crioprotetor.

Claims (8)

1. FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA compreendendo um pó para ser dispersado em um veículo aquoso e adequada para administração parental em neonatal afetado por uma lesão cerebral, caracterizada pelo fato de que o pó consiste em: i) 20% a 75% em peso de nanopartículas consistindo em melatonina como ingrediente ativo em mistura com um ou mais fosfolípidos com pureza igual ou superior a 99% e selecionados do grupo formado por fosfatidilcolinas, fosfatidilgliceróis, fosfatidiletanolaminas, fosfatidilserinas, fosfatidilinositol, lecitinas, em que a razão entre melatonina e fosfolípidos varia entre 90:10 e 20:80 em peso e; ii) 25% a 80% em peso de uma mistura de manitol e trealose como um agente crioprotetor; em que pelo menos um dos ditos fosfolípidos é adsorvido na superfície da melatonina, e a razão entre o manitol e trealose é de 6:4 a 4:6 em peso.
2. FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pelo fato de que, após a dispersão no veículo aquoso, a concentração de melatonina está compreendida entre 1,0 e 20 mg/ml.
3. FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA de acordo com uma das reivindicações 1 ou 2, caracterizada pelo fato de que o fosfolípido é a fosfatidilcolina ou uma mistura da mesma com a lecitina.
4. FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA de acordo com uma das reivindicações de 1 a 3, caracterizada pelo fato de que compreende mais excipientes selecionados a partir do grupo que consiste em soluções tampões de pH, e conservantes.
5. NANOPARTÍCULAS de uma formulação farmacêutica conforme definida pela reivindicação 1, adequadas para serem dispersas em um veículo aquoso, caracterizadas pelo fato de que consiste em melatonina como ingrediente ativo em mistura com um ou mais fosfolípidos com pureza igual ou superior a 99% e selecionados do grupo formado por fosfatidilcolinas, fosfatidilgliceróis, fosfatidiletanolaminas, fosfatidilserinas, fosfatidilinositol, lecitinas, em que pelo menos um dos ditos fosfolípidos é adsorvido na superfície da melatonina e a razão entre melatonina e fosfolípidos varia entre 90:10 e 20:80 em peso e; ii) 25% a 80% em peso de uma mistura de manitol e trealose como um agente crioprotetor; em que pelo menos um dos ditos fosfolípidos é adsorvido na superfície da melatonina, e a razão entre o manitol e trealose é de 6:4 a 4:6 em peso.
6. PROCESSO PARA A PREPARAÇÃO DE UMA FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA conforme definida pela reivindicação 1, caracterizado pelo fato de que compreendendo as etapas de: i) dissolução de melatonina e um ou mais excipientes num solvente orgânico; ii) geração de nanopartículas por precipitação controlada contra a água como anti-solvente, utilizando a tecnologia de reator de micro jato; iii) adição do agente crioprotetor; e iv) remoção do solvente orgânico residual e da água.
7. PROCESSO de acordo com a reivindicação 6, caracterizado pelo fato de que o solvente orgânico e a água da etapa iv) são retirados por liofilização.
8. USO DE NANOPARTÍCULAS de melatonina conforme definida pela reivindicação 5, caracterizado pelo fato de que é para a fabricação de um medicamente para utilização para a profilaxia e/ou tratamento de uma doença neonatal, tal como lesão cerebral por asfixia perinatal e encefalopatia hipóxico - isquêmica (HIE), acidente arterial perinatal (PAS) e Leucomalácia periventricular (PVL).
BR112016018886-1A 2014-03-13 2015-03-11 Formulação farmacêutica, processo para a preparação de uma formulação farmacêutica, nanopartículas, processo para a preparação de nanopartículas, uso de nanopartículas e kit BR112016018886B1 (pt)

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