PT2048004E - Jante para velocípede utilizando uma manga de ligação e processo de fabrico de uma tal jante - Google Patents
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DESCRIÇÃO "JANTE PARA VELOCÍPEDE UTILIZANDO UMA MANGA DE LIGAÇÃO E PROCESSO DE FABRICO DE UMA TAL JANTE" A invenção refere-se ao fabrico e montagem de jantes para velocípedes e, mais particularmente, a uma jante utilizando uma manga de ligação e ao seu processo de fabrico.
As jantes e, particularmente, aquelas que se destinam aos velocípedes, são realizadas por um perfil em alumínio ou liga de alumínio curvado. Na maior parte dos casos, são ligadas ao cubo por extensões planas de raios de modo a constituir a roda do velocípede. Os perfis utilizados podem ser de diferentes tipos, mas têm geralmente a forma de um U, compreendendo duas abas laterais, cujas paredes laterais compreendem, por vezes, faces de travagem contra as quais os calços de travão exercem a pressão de travagem.
As jantes actuais são tradicionalmente realizadas de modo conhecido em si, a partir de uma peça de perfil de um comprimento determinado, que é curva e cujas duas extremidades são colocadas em contacto e solidarizadas. A rigidez do anel assim realizado é naturalmente função da qualidade do material utilizado para realizar o perfil inicial e, nomeadamente, da sua resistência, que é obtida segundo um processo denominado por trefilagem ou por extrusão de alumínio através de uma fieira tendo as dimensões e as formas da secção do perfil a realizar. 1
Um dos problemas essenciais da construção de uma jante é a realização da ligação das extremidades após a operação de curvatura. Existem diferentes métodos mas nenhum proporciona satisfação total.
Um processo muito divulgado consiste em montar, topo a topo, as duas extremidades da peça de perfil curvo, em seguida realizar uma soldadura por falseamento a nível da linha de junção. Obtém-se um cordão de soldadura que é, em seguida, necessário rectificar e depois escovar. Estas operações são difíceis de realizar sobre perfis de jante bastante complexos. Para a rectificação, uma fresa deve deslocar-se em torno do perfil seguindo o cordão de soldadura. Geralmente, é utilizada uma fresa diferente para suprimir as saliências sobre as faces internas das abas laterais e no fundo da jante, sobre o qual deve se apoiar o pneu. Estas operações requerem a utilização de dispositivos específicos e adaptados. Um tal processo é, por conseguinte, dispendioso e, com efeito, não é utilizado senão por certos construtores apenas para o fabrico de jantes "topo de gama". Além disso, as características mecânicas da jante podem ser afectadas devido à operação de soldadura que provoca um recozimento do metal ao nível da soldadura e reduz a resistência localmente. 0 documento WO 98/03296 descreve um método de montagem de uma jante por soldadura.
Um outro processo consiste em ligar as duas extremidades por duas agulhas espaçadas lateralmente uma da outra e que penetram em canais laterais previstos no perfil da jante. Para obter uma boa resistência da junção, o ajustamento deve ser apertado e é necessário, por conseguinte, controlar perfeitamente as tolerâncias dimensionais. Além disso, os perfis de jante obtidos são mais pesados devido ao excesso de material para cada canal 2 realizado. Além disso, este processo apresenta problemas de trefilagem do perfil de j ante que é complexo de realizar. As velocidades de trefilagem são, por conseguinte, bastante lentas de modo a obter as precisões geométricas e dimensionais necessárias. É também necessário prever um emparelhamento dos pernos de ligação para não danificar os canais e efectivamente controlar os esforços de aperto.
Um outro processo consiste em realizar a ligação por engate de um tubo oco e pré-esforçado no interior da secção do perfil de jante. 0 tubo tem uma forma sensivelmente complementar à da secção interna do perfil. É realizado por trefilagem numa liga leve habitualmente à base de alumínio. Por esta técnica é difícil controlar correctamente as tolerâncias inferiores a 0,3 mm. 0 perfil de jante, em si, é fabricado por trefilagem ou por extrusão e a conservação das tolerâncias é, por conseguinte, da mesma ordem de grandeza. Deste modo, é difícil obter sempre um bom aperto da manga na jante tendo em conta a dispersão das tolerâncias dimensionais da jante e da manga. Um outro inconveniente é que o tubo tem, frequentemente, um comprimento superior ao comprimento separando duas linhas de perfurações para a instalação dos raios. É, por conseguinte, necessário escarear fresagens no tubo ao nível destas linhas de perfuração. Esta operação é difícil de realizar para jantes muito perfiladas destinadas à utilização de competição. É, além disso, bastante dispendiosa. Além disso, é necessário utilizar olhais mais longos nos locais de perfuração da manga para segurar os raios; o que implica gerir ainda numerosas referências de peças no fabrico da jante e tem, por conseguinte, um custo suplementar. A patente US 4938540 refere-se a uma jante e ao seu processo de fabrico utilizando uma ligação por agulhas. Para resolver um 3 problema de estanqueidade, utiliza-se uma cola no interior dos canais nos quais são introduzidas as agulhas. A patente FR 2733459, que é considerado o estado da técnica actual mais próximo, propõe resolver os problemas da técnica anterior prevendo a ligação de uma jante por meio de uma manga em duas partes expansíveis e por meio de um parafuso. 0 parafuso provoca um afastamento relativo das partes entre si. Contudo, um dos problemas encontrados com esta solução refere-se à deformação do perfil da jante. Com efeito, o esforço aplicado de modo radial possa eliminar as folgas, pode provocar uma deformação local da aba transversal e/ou da parede de base inferior da jante, geralmente adelgaçada. Esta deformação pode afectar o controlo do esforço de aperto bem como as características de resistência mecânica da jante. A manga também é feita de duas peças a afastar por meio de um parafuso; o que torna o fabrico da manga mais dispendioso e é inconveniente na montagem e no aperto. Por último, a disposição do parafuso não permite engatar uma jante de perfil achatado ou baixo porque as duas partes da manga não têm, então, suficiente rigidez e resistência e a manga encontra-se ainda, enfraquecida pelo espaço central. 0 objectivo da invenção é propor uma solução melhorada que resolva os problemas principais da técnica anterior.
Para tal, a invenção refere-se a uma jante para velocípede compreendendo um perfil de revolução tendo, em secção radial, a forma de uma caixa oca, com duas faces de extremidades ligadas uma à outra, topo a topo, segundo uma linha de junção, e solidarizadas por intermédio de uma manga introduzida na caixa oca do perfil, de um lado e do outro da linha de junção, a manga 4 compreendendo, pelo menos, duas partes de apoio da manga que exercem forças de apoio no interior e contra as paredes da caixa oca, geradas por afastamento relativo das referidas partes entre si através de, pelo menos, um órgão de afastamento.
De acordo com um primeiro aspecto da invenção, o órgão de afastamento está configurado em associação com as partes de apoio de modo a dirigir as forças de apoio segundo uma direcção essencialmente lateral para as paredes laterais da jante. Deste modo, os esforços exercidos pela manga são dirigidos de modo a gerar o mínimo de deformação possível da jante. Em especial, as paredes laterais da jante ou "flancos" suportam melhor os esforços de deformação pelo facto de serem geralmente mais curtas e mais rígidas e reforçadas por, pelo menos, uma aba transversal. É até vantajoso ter antes uma manga com partes de apoio que exercem um esforço mais importante contra a parte inferior das paredes laterais na junção dos bordos laterais da jante, do que contra a parte superior das paredes laterais na junção da aba superior da jante. Por "parte inferior", entende-se a parte mais afastada do fundo de jante em oposição à "parte superior" que é a parte mais próxima do fundo de jante. Quando os esforços de apoio se exercem sobre a parte inferior do flanco da jante, resulta daqui um risco menor de afastamento dos bordos de engate do pneu sobre a jante. Em especial, a parte inferior pode ser mais espessa do que as outras paredes da jante de modo a assegurar a resistência à extração dos raios ligados a esta parede.
De acordo com um aspecto da invenção, o órgão de afastamento provoca um engate irreversível em, pelo menos, um espaço entre as duas partes de apoio. Por engate "irreversível" entende-se um engate que é estável sem desengate espontâneo no espaço entre as 5 duas partes de apoio. De acordo com um princípio da invenção, a irreversibilidade do engate pode ser obtida por diferentes tipos de órgãos de afastamento.
Num modo possível, a irreversibilidade do engate é obtida pelo órgão de afastamento que é um meio de aperto introduzido à força entre as duas partes de apoio. Este meio de aperto está configurado de modo a criar forças de atrito que são suficientes para se oporem ao desengate do meio de aperto no espaço entre as partes de apoio. 0 meio de aperto compreende superfícies de engate que formam entre si um ângulo não nulo, o qual provoca a irreversibilidade por atrito da ligação de contacto com as superfícies de contacto das partes de apoio.
Num outro modo possível, a irreversibilidade do engate é obtida através de, pelo menos, um parafuso de afastamento.
Num outro modo possível, a irreversibilidade do engate pode ser obtida por soldadura de uma peça entre e sobre as superfícies de duas partes de apoio. Por exemplo, pode ser utilizada uma peça formando uma cunha. A soldadura pode ser obtida por vibração ou por fricção como, por exemplo, por uma soldadura piezoeléctrica. 0 método consiste em engatar a cunha entre as superfícies das partes de apoio e realizar, em seguida, a soldadura no contacto das superfícies da cunha contra as superfícies das partes de apoio.
Num outro modo, uma ligação de contacto irreversível é obtida por um órgão de afastamento formado por um elemento deformável em metal, que é deformado no espaço entre as partes de apoio até ao domínio plástico do material. Isto proporciona a vantagem de poder compensar uma gama importante de desvios 6 dimensionais na jante sem necessitar de aplicar esforços de deformação demasiado importantes, contrariamente ao domínio elástico do material onde a variação entre os afastamentos e os esforços é linear. Este elemento pode ter uma forma em U ou em V. Pode ser introduzido até atingir a região de deformação plástica uma vez colocado no lugar entre as partes de apoio.
De acordo com um modo de realização da invenção, as partes de apoio da manga são ligadas entre si por, pelo menos, uma parte de retracção. A parte de retracção favorece a expansão da manga por afastamento das partes de apoio. A parte de retracção afasta-se num limite de região elástica ou plástica. A parte de retracção pode estar compreendida entre cerca de 0,5 e 2 mm ou, ainda, 0,9 e 1 mm.
De acordo com outra característica, as partes de apoio estão separadas parcialmente por, pelo menos, um orifício longitudinal estendendo-se até à parte de retracção. O orifício longitudinal, por exemplo, é dimensionado entre 1 e 10 mm ou, ainda, entre 1,2 e 8 mm. O orifício permite, deste modo, o afastamento das partes de apoio, uma relativamente à outra, em direcção aos flancos da jante. O orifício pode, deste modo, estender-se de modo sensivelmente paralelo às paredes laterais da jante. Pode situar-se sensivelmente no plano médio radial da jante ou estar ligeiramente deslocado relativamente a este. Particularmente, o orifício pode estar deslocado quando a secção da jante é assimétrica. O orifício longitudinal pode estar aberto na direcção oposta relativamente à aba transversal da jante. Este modo apresenta a vantagem de exercer menos esforços sobre as partes externas da jante que recebem o pneu e maiores esforços de aperto da manga 7 sobre a jante na junção entre a parede lateral e o fundo de jante. Porém, num outro modo possível, o orifício longitudinal é aberto na direcção da aba transversal da jante.
Num modo de realização, o órgão de afastamento assume a forma de, pelo menos, uma cunha. Pelo termo "cunha", entende-se qualquer meio ou peça de aperto compreendendo superfícies de contacto formando um determinado ângulo de inclinação entre si e permitindo realizar um determinado afastamento de duas superfícies sensivelmente opostas durante o engate forçado do meio ou peça de aperto entre estas duas superfícies e, deste modo, realizar um aperto irreversível sem possibilidade de retracção espontânea. Deste modo, a cunha pode ser introduzida num orifício, ou passagem, formada entre as partes de apoio. Num primeiro modo, a cunha tem uma secção de forma sensivelmente trapezoidal ou cónica. 0 ângulo de cone da cunha é geralmente determinado em função do coeficiente de atrito de material que determina o cone de atrito +cp e -cp de modo a que o semi-ângulo da cunha seja, em geral, inferior ao valor cp. Deste modo, para uma cunha em metal, tal como em liga de alumínio, por exemplo, as duas superfícies de contacto da cunha formam entre si um ângulo de cone compreendido, por exemplo, entre 2 e 14 graus de modo a provocar um aperto irreversível sem desengate possível.
Num outro modo possível, o órgão de afastamento é formado por, pelo menos, um parafuso de afastamento. Deste modo, as partes de apoio da manga são afastadas por meio de um parafuso que se engata nas referidas partes e as empurra contra as paredes internas da jante. Em particular, o parafuso apresenta um comprimento de haste roscada que coopera com um comprimento de fresagem roscado efectuado sobre cada parte de apoio da manga.
Num modo possível, as partes de apoio e a parte de retracção da manga formam uma só peça integral. A manga pode, deste modo, ser fabricada segundo um perfil sensivelmente constante. Pode ser feita em metal, tal como em liga de alumínio ou ainda em titânio ou liga de titânio ou ainda em madeira ou material plástico, tal como em material termoplástico injectado. Quando é realizada em metal, pode ser fabricada por trefilagem ou extrusão a baixo custo e seccionado no comprimento desejado. A manga pode, também, ser arqueada na curvatura da jante, de modo a facilitar a montagem na jante.
De acordo com uma característica possível, cada parte de apoio compreende uma parte de base estendendo-se ao longo da parede de flanco da jante e uma parte de extremidade adelgaçada que se introduz na caixa na intersecção da parede de flanco e da aba transversal da jante. Num modo possível, a parte de extremidade adelgaçada e a parte de base ligam-se entre si por uma parte retraída formando uma charneira. Deste modo, sob o efeito da pressão do órgão de afastamento, a parte adelgaçada tende a flectir ao nível da charneira, de modo que a manga se posicione em tensão na jante recuperando as folgas. Uma tal configuração contribui para a correcção de folgas reduzindo, ao mesmo tempo, os esforços necessários para a colocação em tensão da manga na jante.
Num modo possível, as partes de apoio formam duas partes separadas e espaçadas da manga. Um órgão de afastamento é utilizado no espaço entre as duas partes de apoio para afastar as partes de apoio e provocar uma ligação de afastamento irreversível. 9 A invenção refere-se, também, a uma jante para velocípede compreendendo um perfil de revolução tendo, em secção radial, a forma de uma caixa oca, com duas faces de extremidades ligadas uma à outra, topo a topo, segundo uma linha de junção, e solidarizadas por intermédio de uma manga introduzida na caixa oca do perfil, de um lado e do outro da linha de junção, a manga compreendendo partes de apoio da manga que exercem uma pressão interna no interior e contra as paredes da caixa oca, gerada por afastamento relativo das referidas partes entre si através, pelo menos, do órgão de afastamento, caracterizada por o órgão de afastamento ser um órgão de aperto que causa um afastamento e um aperto irreversível entre as partes de apoio. A invenção refere-se, também, a uma roda de um velocípede compreendendo uma jante de acordo com a invenção. A invenção refere-se, também, um processo de fabrico de uma jante compreendendo: o arqueamento de um perfil metálico compreendendo em secção radial a forma de caixa até formar um círculo aberto de jante; a montagem de uma manga expansível no interior de cada extremidade livre da jante; a expansão da manga exercendo um esforço de impulsão essencialmente lateral sobre a manga e, a aproximação das extremidades do perfil até à colocação em encosto das extremidades de jante. 10
De acordo com um modo do método da invenção, o esforço de impulsão lateral exercido pela manga é mais importante na intersecção entre o fundo da jante e a parede lateral da jante do que na intersecção entre a aba e a parede lateral da jante. A vantagem é, essencialmente, de concentrar os esforços numa região de maior rigidez da jante e, deste modo, de limitar a deformação da jante.
Em particular, a montagem da manga faz-se deixando livre, entre as duas extremidades da jante, uma parte de orifício na manga, na qual se introduz a cunha. A cunha, por exemplo, é pressionada sobre a sua face livre para o interior da manga com a ajuda de uma prensa, como uma prensa assistida por um macaco hidráulico ou mecânico. Tendo em conta a pressão exercida sobre a manga durante esta operação, o apoio está, de um modo preferido, apoiado sobre a face oposta da manga durante a prensagem. A parte em excesso da cunha é, em seguida, recortada após introdução sob a prensa da cunha na manga.
Num modo diferente do processo de acordo com a invenção, o esforço de impulsão lateral sobre a manga faz-se por meio de um parafuso que afasta lateralmente duas partes de apoio da manga.
Outras características e vantagens da invenção tornar-se-ão evidentes dos desenhos em anexo. A figura 1 é uma vista em planta de uma jante montada de acordo com a invenção.
A figura 2 é uma vista parcial em corte segundo o plano I-I da jante da figura 1. 11 A figura 3 é uma vista em corte longitudinal segundo o plano II-II da jante da figura. A figura 4 é uma vista em corte I-I durante a montagem. A figura 5 é uma vista em corte I-I após montagem sobre uma jante com paredes com tolerâncias máximas. A figura 6 é uma vista em corte I-I após montagem sobre uma jante com paredes com tolerâncias mínimas. A figura 7 é uma vista em corte II-II da operação de introdução da cunha na manga. A figura 8 é uma vista em corte II-II da operação de montagem após corte da cunha e antes da aproximação das extremidades da jante. A figura 9 é uma vista em corte segundo I-I de uma variante da jante de acordo com a invenção, antes da expansão da manga. A figura 10 é uma vista em corte segundo I-I de uma variante da jante de acordo com a invenção, após expansão da manga. A figura 11 é uma vista em corte I-I de um terceiro modo de realização da invenção, antes de montagem. A figura 12 é vista em corte I-I de um terceiro modo de realização da invenção, após montagem. 12 A figura 13 é uma vista em corte I-I de um quarto modo de realização da invenção, com uma manga em duas partes de apoio separadas. A figura 14 é uma vista em corte I-I de um quinto modo de realização da invenção, com uma manga compreendendo partes de apoio num material sem ser o metal. A jante 1 de acordo com a invenção ilustrada na figura 1, é constituída por um perfil de revolução tendo a forma de um anel de grande diâmetro, construído a partir de um segmento curvado possuindo duas extremidades 2, 3 cujas faces são ligadas uma à outra e topo a topo segundo uma linha 4 de junção. A ligação faz-se por uma manga 5 de pequeno comprimento e que não excede, em princípio, o comprimento de arco separando duas linhas de perfuração na jante de dois raios vizinhos. A manga reparte-se idealmente, em igual comprimento, de um lado e outro da linha 4 de junção, no interior do caixão da jante. A manga está num estado de tensão no interior da jante de forma a produzir uma retenção das duas extremidades da jante topo a topo. A figura 2 mostra a jante da figura 1 no plano I-I radial ao nível da linha 4 de junção. A jante compreende um caixão 6 oco delimitado por várias paredes das quais duas paredes laterais ou flancos 7, 8 que se juntam interiormente por uma parede 9 de fundo mais espesso, no lado interno de jante ou cubo, para formar um perfil em forma de "U" ou de "V". Na base 10 superior, os flancos 7, 8 são ligados por uma aba 11 transversal. A forma da aba transversal pode ser ligeiramente côncava. A base superior compreende paredes 12, 13 livres terminando por bordos 14 alargados adaptados para favorecer a retenção interna 13 do pneu. Os bordos alargados formam, deste modo, uma bacia 15 de revolução para receber um pneu.
No interior do caixão 6 oco está, deste modo, disposta uma manga 5 de acordo com a invenção. Compreende partes 16, 17 de apoio postas sob tensão, pelo menos parcialmente, contra as superfícies internas dos flancos 7, 8. As duas partes 16, 17 são ligadas por uma parte 19 de ligação de secção mais reduzida do que as partes 16, 17. A parte 19 de ligação estende-se transversalmente entre as duas partes 16, 17 de apoio laterais. A parte 19 de ligação forma, por conseguinte, uma parte de retracção que delimita, com as duas outras partes 16, 17, um orifício 20 longitudinal que se abre para baixo em direcção à parede 9 de fundo. Além disso, o orifício dilata-se em forma de “T" em direcção à parede de aba 19, por uma cavidade 18 estendendo-se transversalmente, de modo a criar duas charneiras 22, 23 dispostas entre a parte 19 de ligação e as partes 16, 17 de apoio. O orifício 20 está parcialmente ocupado por um órgão de afastamento da manga sob forma de uma cunha 24 introduzida na entrada desta e que se estende por uma parte com, pelo menos, a altura do orifício. O órgão de afastamento em forma de cunha 24 tem uma forma sensivelmente trapezoidal com superfícies laterais convergentes. As dimensões (nomeadamente, o ângulo de inclinação das superfícies convergentes) e a forma da cunha são escolhidos de modo a produzir forças de afastamento suficientes sobre as faces internas das partes 16, 17 de apoio. Deste modo, a base 25 da cunha é sensivelmente mais larga que a largura do orifício 20 na sua entrada. O orifício 20 possui, por exemplo, uma largura sensivelmente constante. As partes de apoio são, deste modo, empurradas sensivelmente em direcção às superfícies internas dos 14 flancos 7, 8 mas também em redor das charneiras 22, 23. Deste modo, as arestas 26, 27 superiores da manga são postas em tensão contra as zonas 28, 29 de intersecção dos flancos e da aba. Os bordos externos das extremidades livres das partes de apoio possuem ressaltos 30, 31 que aplicam um constrangimento localizado próximo da intersecção entre os flancos 7, 8 e a parede 9 de fundo. Este constrangimento Fi orienta-se de um modo essencialmente lateral para o exterior e provoca uma reacção Fo resultante orientada para o interior da manga e perpendicularmente à tangente à linha de contacto do ressalto sobre a parede de jante. Esta reacção é sensivelmente inclinada relativamente à direcção lateral da jante, num ângulo Θ, de um modo preferido, inferior a 45 graus, por exemplo, de aproximadamente 15 graus. Produzem-se também sobre as arestas 26, 27 superiores, forças F2 de tensão que favorecem o bloqueio da manga e, por conseguinte, a retenção das extremidades de jante uma contra a outra. A figura 3 mostra a jante 1 em estado de montagem com a manga 5 sob tensão que liga as duas extremidades 2, 3 ao nível da linha 4 de junção. O orifício estende-se, por exemplo, por todo o comprimento da manga; de modo a tornar a manga deformável em todo o seu comprimento. O órgão de afastamento em forma de cunha pode estender-se sobre, pelo menos, uma parte do comprimento da manga. Por exemplo, o órgão de afastamento recobre, pelo menos, 10% do comprimento L do orifício, por exemplo, pelo menos, 25% do comprimento L do orifício. O órgão na forma de cunha pode ter uma secção longitudinal rectangular ou qualquer outra forma adaptada. O órgão 24 de afastamento pode ser introduzido sobre uma parte apenas da altura H do orifício sem contudo entrar em contacto com o fundo deste; de forma a evitar criar um sistema hiperestático. 15
As figuras 4 a 8 mostram o princípio de montagem da jante de acordo com a invenção. A jante é realizada, de modo conhecido, a partir de um segmento de perfil em alumínio ou liga de alumínio curvada. Numa etapa prévia de trefilagem ou de extrusão, realiza-se uma barra tendo um perfil inicial pela passagem do metal numa fieira (não representada). Curva-se a barra em várias espiras, em seguida corta-se as jantes no comprimento correto. Numa etapa seguinte, as extremidades de cada jante são colocadas topo a topo.
De acordo com um primeiro modo de realização do processo da invenção, após a operação de curvatura, liga-se cada extremidade 2, 3 do segmento inserindo uma manga 5, tal como anteriormente descrito, no interior da secção oca. A manga 5 é montada num estado de afastamento mínimo das partes de apoio a fim de permitir um determinada aproximação das extremidades 2, 3 deixando contudo o orifício da manga parcialmente desimpedido. A libertação parcial do orifício permite o pré-posicionamento do órgão de afastamento na forma de cunha 24, como o mostram as figuras 4 e 7. Uma vez colocado, o órgão de afastamento é introduzido à força de modo a realizar o afastamento das partes 16, 17 de apoio. A introdução à força pode ser realizada por meio de uma prensa. A fim de evitar a deformação da manga e conseguir uma contrapressão durante a prensagem, um elemento 44 de apoio está em contacto sobre a face 48 superior da manga. A força de introdução do órgão de afastamento é função da geometria e das dimensões da manga e da jante e das folgas e tolerâncias a compensar. Pode considerar-se a força exercida pela prensa da ordem de 200 daN. Antes de aproximar as extremidades da jante uma contra a outra, a parte 32 em relevo, não introduzível da cunha 24 é cortada ou 16 rectificada. A jante encontra-se, então, no estado da figura 8. A última etapa consiste em aproximar as extremidades 2, 3 da jante por meio de uma prensa envolvendo a jante. A figura 5 mostra uma primeira jante compreendendo uma espessura ei de paredes laterais correspondente a tolerâncias máximas, por exemplo, uma espessura da ordem de 0,9 mm. A figura 6 mostra uma segunda jante compreendendo uma espessura e2 de paredes laterais correspondente a tolerâncias mínimas, por exemplo, uma espessura de aproximadamente 0,75 mm. Deste modo, o dispositivo da invenção permite compensar as tolerâncias máximas e mínimas utilizando os mesmos elementos. No caso da jante com tolerâncias máximas da figura 5, uma menor compensação de folgas conduz a um menor grau de introdução da cunha no orifício da manga. Inversamente, para a jante com tolerâncias mínimas da figura 6, é necessária uma maior compensação de folgas o que conduz a um maior grau de introdução da cunha no orifício e, por conseguinte, uma maior altura da cunha no final na manga.
As figuras 9 e 10 mostram uma variante da invenção na qual o órgão de afastamento na forma de cunha é substituído por um parafuso 33 de afastamento. O perfil da manga pode ser idêntico ao perfil do modo anterior ou ser diferente como ilustrado. No caso ilustrado, a manga compreende um orifício 34 formado entre as partes 35, 36 de apoio que se abre na direcção da aba 11. As partes 35, 36 de apoio prolongam-se também por partes 37, 38 de extremidade adelgaçadas na direcção da intersecção entre a aba e os flancos 7, 8 da jante. Além disso, entre as partes 37, 38 de extremidade e as partes 35, 36 de apoio estão dispostas partes 39, 40 de retracção formando charneiras. A parte 33 de 17 parafuso engata, deste modo, numa parte 41 roscada de uma das partes 36 e apoia-se em aperto contra a superfície 42 interna da parte 35 de apoio oposta, como o mostra a figura 9. Daqui resulta um afastamento das duas partes de apoio na direcção dos flancos da jante e uma determinada inclinação segundo uma direcção A das partes 37, 38 de extremidade em redor das partes 39, 40 de charneira. Naturalmente, diversos parafusos podem servir de órgão de afastamento sobre a manga, os quais podem ser distribuídos sobre o comprimento e/ou a altura da parte de orifício da manga.
As figuras 11 e 12 ilustram outro modo de realização, no qual a manga 5 é posta sob tensão na caixa da jante, por meio de um órgão de afastamento na forma de cunha que é um elemento 43 deformável. 0 elemento deformável compreende, pelo menos, uma parte apta a sofrer uma deformação, de modo preferido atingindo o domínio de alongamento plástico, durante a introdução no orifício 20 entre as duas partes 16, 17 de apoio. Por exemplo, o elemento possui uma secção em forma de "U" ou de "V" invertido cuja distância "d" entre as extremidades dos braços é superior à largura "1" do orifício 20. A fim de obter esforços de tensão suficientes contra as partes de apoio e compensar as tolerâncias (da ordem de 0,5 mm), é preferido utilizar um elemento de metal tal como, por exemplo, uma liga de alumínio, por exemplo, ou uma liga de zinco como Zamac® ou um aço que se deforma atingindo o domínio de alongamento plástico do elemento. A manga pode também ser feita em material como uma liga de alumínio ou de zinco. A figura 13 mostra um modo de realização no qual a manga é formada por duas partes 16, 17 de apoio que formam duas peças separadas. As duas partes são separadas num espaço 45 ocupado, 18 pelo menos parcialmente, por um órgão de afastamento, tal como uma cunha 24 ou ainda um parafuso. A figura 14 mostra uma variante na qual a manga forma um corpo 46 expansível num material como madeira ou ainda um plástico. Uma fenda 47 é efectuada no corpo para permitir a introdução de um órgão 24 de afastamento. 0 órgão de afastamento é uma cunha. Pode ser em qualquer material adequado como em metal, plástico ou madeira. A invenção não está limitada apenas aos modos de realização descritos e pode abranger numerosas modificações. Por exemplo, as partes de apoio da manga podem ser duas ou várias partes separadas.
Lisboa, 24 de Maio de 2013 19
Claims (25)
- REIVINDICAÇÕES 1. Jante para velocípede compreendendo um perfil (1) de revolução tendo em secção radial a forma de uma caixa oca, com duas faces de extremidades ligadas uma à outra, topo a topo, segundo uma linha de junção, e solidarizadas por intermédio de uma manga introduzida na caixa oca do perfil, de um lado e do outro da linha de junção, a manga (5) compreendendo, pelo menos, duas partes (16, 17) de apoio da manga que exercem uma pressão interna no interior e contra as paredes da caixa oca, gerada por afastamento relativo das referidas partes entre si através de, pelo menos, um órgão de afastamento, caracterizada por o órgão (24, 33, 43) de afastamento ser configurado, em associação com as partes (16, 17) de apoio, de modo a dirigir as forças de apoio segundo uma direcção essencialmente lateral para as paredes (7, 8) laterais da jante.
- 2. Jante de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por o órgão de afastamento provocar um engate irreversível em, pelo menos, um espaço (20, 45) entre as duas partes (16, 17) de apoio.
- 3. Jante de acordo com a reivindicação 2, caracterizada por as partes (16, 17) de apoio estarem ligadas entre si por, pelo menos, uma parte (19) de retracção.
- 4. Jante de acordo com a reivindicação 3, caracterizada por as partes de apoio estarem parcialmente separadas por, pelo 1 menos, um orifício (20) longitudinal estendendo-se até à parte (19) de retracção.
- 5. Jante de acordo com a reivindicação 4, caracterizada por o orifício (20) longitudinal estar aberto na direcção da aba (19) transversal da jante.
- 6. Jante de acordo com a reivindicação 4, caracterizada por o orifício (20) longitudinal estar aberto na direcção oposta à aba (19) transversal da jante.
- 7. Jante de acordo com qualquer uma das reivindicações 2 a 6, caracterizada por as partes (16, 17) de apoio e a parte (19) de retracção formarem uma só peça integral.
- 8. Jante de acordo com a reivindicação 2, caracterizada por as partes de apoio formarem duas partes separadas e espaçadas da manga.
- 9. Jante de acordo com qualquer uma das reivindicações 2 a 8, caracterizada por o órgão (24, 43) de afastamento ser, pelo menos, uma cunha introduzida num orifício formado entre as partes de apoio.
- 10. Jante de acordo com a reivindicação 9, caracterizada por a cunha (24) ter uma secção de forma sensivelmente trapezoidal ou cónica.
- 11. Jante de acordo com a reivindicação 10, caracterizada por as superfícies de engate da cunha formarem um ângulo de cone compreendido entre 2 e 14 graus. 2
- 12. Jante de acordo com uma qualquer das reivindicações 2 a 8, caracterizada por o órgão de afastamento ser formado por, pelo menos, um parafuso (43) de afastamento.
- 13. Jante de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizada por cada parte (16, 17) de apoio compreender uma parte de base estendendo-se ao longo da parede de flanco da jante e uma parte (26, 27, 37, 38) de extremidade adelgaçada que se introduz na caixa, na intersecção da parede de flanco e da aba transversal da jante.
- 14. Jante de acordo com a reivindicação 13, caracterizada por a parte (37, 38) de extremidade adelgaçada e a parte (35, 36) de base se ligarem entre si por uma parte reduzida formando uma charneira (39, 40).
- 15. Jante para velocípede compreendendo um perfil (1) de revolução tendo, em secção radial, a forma de uma caixa oca, com duas faces de extremidades ligadas uma à outra, topo a topo, segundo uma linha de junção, e solidarizadas por intermédio de uma manga introduzida na caixa oca do perfil, de um lado e do outro da linha de junção, a manga (5) compreendendo partes (16, 17) de apoio da manga que exercem uma pressão interna no interior e contra as paredes da caixa oca, gerada por afastamento relativo das referidas partes de apoio entre si por meio de, pelo menos, um órgão de afastamento, caracterizada por as duas partes (16, 17) de apoio estarem ligadas por uma parte (19) de ligação de secção mais reduzida do que as duas partes (16, 17) de apoio 3 e por o órgão de afastamento ser um órgão (5, 43) de aperto que provoca um afastamento lateral e um aperto irreversível entre as partes (16, 17) de apoio.
- 16. Roda de um velocípede compreendendo uma jante de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores.
- 17. Processo de fabrico de uma jante compreendendo: o encurvamento de um perfil metálico compreendendo em secção radial a forma de caixa, até formar um círculo aberto de jante; a montagem de uma manga (5) expansível no interior de cada extremidade livre da jante; a expansão da manga exercendo um esforço de impulsão essencialmente lateral sobre a manga e, a aproximação das extremidades (2, 3) do perfil até à colocação em encosto das extremidades de jante.
- 18. Processo de acordo com a reivindicação 17, caracterizado por o esforço de impulsão lateral exercido pela manga ser mais importante na intersecção entre o fundo da jante e a parede lateral da jante do que na intersecção entre a aba e a parede lateral da jante.
- 19. Processo de acordo com as reivindicações 17 ou 18, caracterizado por o esforço de impulsão lateral sobre a 4 manga se fazer por meio de, pelo menos, uma cunha (5, 43) introduzida num orifício (20) da manga.
- 20. Processo de acordo com as reivindicações 17, 18 ou 19, caracterizado por a montagem da manga se fazer deixando livre entre as duas extremidades da jante uma parte de orifício na manga, na qual se introduz a cunha.
- 21. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações 17 a 20, caracterizado por a cunha ser comprimida na manga (5) com a ajuda de uma prensa.
- 22. Processo de acordo com a reivindicação 17, caracterizado por a cunha ser um elemento (43) deformável.
- 23. Processo de acordo com a reivindicação 22, caracterizado por a deformação do elemento deformável atingir o domínio de alongamento plástico do material que o constitui.
- 24. Processo de acordo com a reivindicação 21, caracterizado por a parte (32) em excesso da cunha ser cortada após introdução sob prensa da cunha na manga.
- 25. Processo de acordo com a reivindicação 17, caracterizado por o esforço de impulsão lateral sobre a manga se fazer por meio de, pelo menos, um parafuso (33) que afasta lateralmente duas partes de apoio da manga. Lisboa 24 de Maio de 2013 5
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