PT1773314E - Uso de l-carnitina para o tratamento de doenças cardiovasculares - Google Patents
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Description
DESCRIÇÃO
USO DE L-CARNITINA PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS
CARDIOVASCULARES A presente invenção relaciona-se com o uso combinado de L-carnitina e de glicose como um medicamento útil para diminuir o número de mortes causadas por enfarte agudo do miocárdio, para reduzir o número de dias com os doentes com enfarte tem de passar nos cuidados intensivos no hospital, e para reduzir o número de episódios de insuficiência cardíaca pós-enfarte. A dose diária de L-carnitina a ser administrada deve ser dissolvida em dois ou três frascos de 500 ml de solução glicosada a 5% e administrada por via intravenosa. É importante que o tratamento com a combinação de acordo com a invenção deve começar dentro de 6 horas após o início dos sintomas agudos de enfarte agudo do miocárdio, a uma dose inicial de 9 gramas por dia durante 5 dias, após o que o tratamento deve ser continuado com uma dose de 4 gramas por dia com L-carnitina sozinha, administrada por via oral. A insuficiência cardíaca pós-enfarte é devido à incapacidade do coração para bombear o sangue em quantidades suficientes para satisfazer as necessidades metabólicas dos diversos tecidos. O enfarte agudo do miocárdio (EAM) provoca alterações morfofuncionais que muitas vezes induzem a dilatação 1 ventricular esquerda progressiva (fenómeno de "remodelação ventricular"). A dilatação ventricular Pós-EAM pode ser considerada como um mecanismo de compensação global destinado a manter um débito cardíaco adequado na presença de uma redução na fração de ejeção. A extensão da dilatação ventricular é o indicador mais importante de prognóstico em pacientes com EAM.
Os pacientes com volumes ventriculares relativamente maiores estão em maior risco de eventos cardíacos futuros (Circulation 1987; 76:44-51). A limitação do fenómeno de remodelação ventricular pós-enfarte é, portanto, de grande importância do ponto de vista do prognóstico clínico (Circulation 1994; 89:68-75). A limitação deste fenómeno pode ser conseguida através de dois mecanismos: (a) por limitação da extensão da área enfartada (que é o principal determinante da dilatação futura) por meio de reperfusão miocárdica precoce (Circulation 1989; 79:441-444) e/ou (b) através da redução da tensão parietal e, consequentemente, a dilatação progressiva da área do miocárdio não envolvida no processo de enfarte por meio da administração de inibidores da ACE. 2
Quando a obstrução trombótica evolui rapidamente na direção da oclusão vascular permanente total, a falta de perfusão resultante dá origem, no espaço de poucas horas, à necrose celular do miocárdio e, assim, ao enfarte. 0 prognóstico imediato e de longo prazo dependerá de uma série de factores, o mais importante das quais sendo o tamanho da área necrótica e as complicações precoces e tardias dai resultantes. Por conseguinte, é óbvio que o objectivo primário da terapia moderna do enfarte agudo é o de reduzir o tamanho da área enfartada. Este objectivo é geralmente conseguido por meio de procedimentos de reperfusão, quer farmacológicos (trombolitico) , mecânicos (PTCA), tais como a angioplastia, ou cirúrgicos (bypass). De um modo geral, quanto mais cedo e mais eficaz a reperfusão, menor será a área necrótica. Esta última é também influenciada, embora em menor extensão, por outros factores, o primeiro dos quais é o consumo de oxigénio do miocárdio, que é condicionado pela frequência cardíaca, a contractilidade do miocárdio e a tensão parietal. De fundamental importância, então, serão todas as medidas, seja farmacológicas ou não, que reduzem a carga de trabalho cardíaco, enquanto ao mesmo tempo mantêm o débito circulatório adequado.
De todos os indivíduos que morrem como resultado de enfarte agudo do miocárdio, mais da metade fá-lo dentro das primeiras horas.
Os fármacos úteis para o tratamento da insuficiência cardíaca e enfarte do miocárdio agudo são já conhecidos. 3
Os beta-bloqueadores são fármacos dotados de propriedades anti-arritmia e são significativamente mais ativos se utilizados nas primeiras fases de inicio do enfarte.
Os nitroderivados são fármacos geralmente administrados por infusão venosa, e são úteis para melhorar a perfusão do miocárdio através da vasodilatação dos vasos epicárdicos. 0 nitroprussiato de sódio é um fármaco que exerce uma dupla ação sobre os distritos arteriolares e venosos. Este composto produz a vasodilatação coronária e renal, aumentando assim a perfusão miocárdica e a diurese. A L-carnitina é um composto conhecido, cujo processo de preparação é descrito na US 4254053. O uso de L-carnitina em combinação com a glicose é já conhecido. A US 4320145 descreve uma solução de glicose contendo L-carnitina, que é útil para favorecer a absorção muscular da glicose e, portanto, para a prevenção da secreção excessiva de insulina. O uso de L-carnitina para o tratamento de doenças do coração é também conhecido. 4
Em Drugs Exp. Clin. Res. 1992; 18(8):355-65 é descrita a utilização de L-carnitina em doentes com enfarte, nos quais o tratamento oral com L-carnitina foi iniciado após os pacientes terem alta do hospital.
Em Eur Heart J. 1989 Jun; 10(6) :502-8 a utilização de L-carnitina é descrita em doentes com enfarte, nos quais são avaliados os efeitos anti-arritmia e metabólicos da L-carnitina. Neste estudo, relata-se que houve duas mortes em cada um dos grupos tratados com L-carnitina e tratados com placebo.
Em J. Am. Coll. Cardiol 1995 Ago; 26(2) :380-7 é descrito o uso prolongado de L-carnitina nos doentes com enfarte, e o seu efeito sobre o volume do ventrículo esquerdo em 3, 6 e 12 meses após o início do tratamento.
Neste estudo, a L-carnitina foi administrada dentro de 24 horas após o enfarte e a avaliação da mortalidade mostrou que 11 pacientes no grupo tratado morreram durante o período de hospitalização contra 14 no grupo de controlo. A não-significância da diferença no número de mortes observado nos dois grupos testados é evidente.
Em Am. Heart J. 2000 Feb; 139 (2 Pt 3):Sll5-9, que é uma revisão dos efeitos metabólicos da L-carnitina no campo cardiológico, relata-se que a L-carnitina é eficaz porque tem efeitos metabólicos sobre o metabolismo lipídico e dos hidratos de carbono. 5
Em Lancet 1982 Jun. 19/ 1(8286) :1419-20 relata-se que as análises de amostras de tecido cardíaco de pacientes que morreram de enfarte, em paralelo com as amostras de tecido do coração de pessoas que morreram devido a outras causas que não enfarte, mostram que nas áreas não afetadas por enfarte cardíaco (de pacientes cardiopatas) o nível de carnitina livre era igual à dos controlos, enquanto o nível de carnitina livre na área do tecido do coração enfartado foi menor do que nos controlos.
Em Postgrad Med. J. 1996 Jan; 72(843):45-50 a utilização de L-carnitina é descrita em pacientes que apresentam sintomas de enfarte no período de 24 horas antes do início do tratamento. Neste estudo, a L-carnitina foi administrada numa dose de 2 g/dia, e o número de mortes a 28 dias após o início do tratamento foi de 6 no grupo de controlo e 4 no grupo tratado. A não-significância da diferença no número de mortes observado nos dois grupos testados é evidente.
Em Am. J. Cardiovasc Pathol 1990; 3(2):131-42 é descrita a utilização de L-carnitina num modelo experimental de isquémia cardíaca em animais experimentais (cães) onde a L-carnitina provou ser ativa no aumento do metabolismo lipídico cardíaco nestes animais.
Em Drugs Exptl. Clin. Res. X(4)219-223 (1984 ) é descrito o uso de L-carnitina, numa dose de 40 mg/kg/dia (2,8 g/dia). 0 número de mortes no grupo de controlo foi um, contra nenhum no grupo tratado. Além disso, neste estudo, o grupo tratado foi dividido em dois subgrupos um 6 dos quais foi tratado com L-carnitina dentro de 4 horas após o inicio dos sinais de enfarte e os outros tratados 4 horas após o aparecimento dos sinais de enfarte. Na discussão dos resultados os autores afirmam que não encontraram nenhuma diferença estatisticamente significativa entre os pacientes tratados dentro de 4 horas após o inicio dos sintomas de enfarte e os pacientes tratados 4 horas após o inicio dos sintomas.
Numa nova publicação intitulada "Clinicai aspects of human carnitine deficiency", publicado pela "Pergamon Press 1986" é descrito um ensaio cego no qual foram recrutados 351 pacientes com enfarte agudo do miocárdio cujos sintomas de enfarte haviam sido definidos até 8 horas do inicio do tratamento com L-carnitina. Neste ensaio clinico, os pacientes receberam 3 gramas de L-carnitina a cada 8 horas (9 gramas por dia) por via intravenosa. 0 tratamento com L-carnitina foi continuado durante 48 horas (o grupo de controlo recebeu solução salina). A análise da mortalidade 7 dias após o inicio do tratamento não mostrou qualquer diferença significativa entre o grupo de controlo e o grupo tratado com L-carnitina. A W02004/091602, publicada em 2004/10/28, revela a utilização de L-carnitina para a preparação de um medicamento útil para reduzir o número de mortes causadas por enfarte agudo do miocárdio e para melhorar o prognóstico de longa e curta duração de pacientes tratados através da administração de uma dose inicial de 9 g/dia durante 5 dias e continuando com 4 g/dia. A administração por via intravenosa pode ocorrer em diferentes formas num 7 veículo adequado e a glicose é mencionada como uma das diferentes possibilidades. Não foram dadas indicações sobre o papel da glicose como ingrediente co-ativo no tratamento do enfarte agudo do miocárdio. Esta referência não lida com o problema específico da permanência em terapia intensiva e dos desdobramentos do enfarte, especificamente a insuficiência cardíaca pós-enfarte.
No American Journal of Cardiology, vol. 78, n. 4, 1996, páginas 476-479, descreve-se um estudo realizado em pacientes com enfarte agudo do miocárdio tratados com uma solução i.v. compreendendo carnitina, glicose, insulina, magnésio e potássio e o esquema de tratamento é diferenciado quanto à taxa de fluxo de temporização de infusão, para um total de 15 horas e um total a administração de 3,0 g de L-carnitina. São relatados a redução da mortalidade e ocorrência de insuficiência cardíaca. Nenhuma indicação é fornecida sobre a permanência em unidade de terapia intensiva.
Em International Journal of Clinicai Pharmacology Research, vol. 17, n° 4, 1997, págs. 143-147, um estudo mostra que a administração concomitante de carnitina e glicose desempenha um papel importante no metabolismo da glicose e sugere esta terapia de suporte para a fase imediata de pós-enfarte. O estudo é realizado em indivíduos saudáveis.
Em nenhum destes estudos com L-carnitina (ou de outros estudos não mencionados no presente pedido) é reivindicado ou sugerido que a L-carnitina em combinação com a glicose é 8 útil para o tratamento da insuficiência cardíaca pós-enfarte, para reduzir o número de dias que os pacientes de enfarte gastam em cuidados intensivos no hospital, e para reduzir o número de mortes causadas por enfarte agudo do miocárdio.
Um certo número de pacientes com enfarte agudo do miocárdio ainda continua a morrer durante a primeira semana de internamento em serviços de cuidados intensivos, e também mais tarde, mesmo quando tratados com todos os meios farmacológicos e técnicos apropriados disponíveis. Além disso, a L-carnitina sozinha, quer utilizando os regimes terapêuticos adoptadas até à data e descritos nas publicações acima citadas, ou em combinação com os referidos meios farmacológicos e técnicos adequados e disponíveis, embora melhore a condição geral dos pacientes tratados, não consegue reduzir a mortalidade em comparação com pacientes tratados com os fármacos normalmente utilizados.
Existe, portanto, ainda uma necessidade fortemente percebida de novos fármacos ou combinações novas úteis para para diminuir o número de mortes causadas por enfarte do miocárdio agudo, para reduzir o número de dias que os pacientes de enfarte passam nos cuidados intensivos no hospital, e para reduzir o número de episódios de insuficiência cardíaca pós-enfarte.
Foi agora surpreendentemente e inesperadamente verificado que o uso combinado de L-carnitina ou um dos seus sais 9 farmaceuticamente aceitáveis, juntamente com glicose é útil para diminuir o número de mortes causadas por enfarte do miocárdio agudo, para reduzir o número de dias em que pacientes de enfarte passam em cuidados intensivos em hospital, e para reduzir o número de episódios de insuficiência cardíaca pós-enfarte. 0 que se quer dizer pelo uso combinado de L-carnitina e de glicose é a administração simultânea de uma solução de glicose a 5% (1000/1500 mL/dia i.v.) na qual 9 gramas de L-carnitina são dissolvidos, ou a administração de solução de glicose a 5% (1000/1500 mL/dia i.v.) e a administração paralela de 9 gramas/dia i.v. de L-carnitina, em dose única ou em doses divididas (por exemplo, 3 g x 3 administrações/dia i.v.). O que se quer dizer por um seu sal f armaceuticamente aceitável de L-carnitina é qualquer sal desta última com um ácido que não dá origem a efeitos tóxicos ou secundários.
Estes ácidos são bem conhecidos dos farmacologistas e dos especialistas em farmácia; exemplos não limitativos de tais sais são: cloreto, brometo, orotato, aspartato, aspartato ácido, citrato ácido, citrato de magnésio, fosfato, fosfato ácido, fumarato e fumarato ácido, magnésio fumarato, lactato, maleato e ácido maleato, oxalato, ácido oxalato, pamoato, ácido pamoato, sulfato, sulfato ácido, fosfato de glicose, tartarato e ácido tartarato, glicerofosfato, mucato, tartarato de magnésio, 2-amino etanossulfonato, 10 magnésio 2-amino etanossulfonato, metanossulfonato, tartarato de colina, tricloroacetato, e trifluoroacetato. 0 que se quer dizer por um seu sal f armaceuticamente aceitável de L-carnitina é também um sal aprovado pela FDA e listado na publicação Int. J. of Pharm. 33 (1986), 201-217, aqui incorporada como referência. O objecto da presente invenção é, então, o uso combinado de L-carnitina ou um dos seus sais f armaceuticamente aceitáveis, em combinação com a glicose, em que o tratamento intravenoso com L-carnitina e glicose é iniciado dentro de 6 horas após o inicio dos sintomas de enfarte agudo do miocárdio, de preferência dentro de 4 horas após o inicio dos sintomas agudos de enfarte do miocárdio; o tratamento é administrado durante 5 dias consecutivos numa dose de inicial L-carnitina de 9 gramas por dia dissolvida em 1000-1500 mL de solução glicosada a 5%, após o qual o tratamento de L-carnitina é continuado por via oral numa dose de 4 gramas por dia; para a preparação de um medicamento útil para diminuir o número de mortes causadas por enfarte agudo do miocárdio, para reduzir o número de dias em que os pacientes de enfarte passam nos cuidados intensivos no hospital, e para reduzir o número de episódios de insuficiência cardíaca pós-enfarte. O exemplo seguinte ilustra a invenção. 11
Exemplo 1
Um estudo clinico foi realizado destinado a avaliar o efeito da administração de L-carnitina na incidência de curto, médio e longo prazo e mortalidade em pacientes com enfarte agudo do miocárdio. 0 delineamento experimental foi o de um estudo randomizado, multicêntrico, duplo-cego, placebo-controlado, estudo de grupo paralelo.
Foram recrutados um total de 2296 pacientes do sexo masculino e feminino, com idade inferior a 80 anos, subdivididos em grupos. O composto de estudo, a L-carnitina, foi administrado numa dose de 9 g/dia i.v. durante os primeiros 5 dias e 4 g/dia por via oral a partir do dia 6 ao dia 180.
Em particular, num grupo de pacientes a L-carnitina foi administrado por via intravenosa dissolvida em solução salina estéril, enquanto no outro grupo de pacientes foi administrada dissolvida em solução normal de 5% de glicose, utilizada em serviços hospitalares. O grupo de controlo recebeu a terapia padrão utilizada para o tratamento de enfarte, sem L-carnitina.
Terapias concomitantes foram administradas de acordo com os procedimentos adotados na prática clinica local. 12
Os parâmetros de eficácia avaliados foram ra edução da mortalidade, a redução do número de dias em cuidados intensivos, e a redução do número de episódios de insuficiência cardíaca pós-enfarte.
Critérios de inclusão - Dor torácica típica com duração > 30 minutos que não é aliviada por administração oral ou i.v. de nitratos; - ECG com elevação do segmento ST > 0,2 mV em D, e em aVL e/ou em pelo menos dois precordiais contíguos; - Intervalo de tempo decorrido entre o início dos sintomas e a randomização do estudo <12 horas; - Idade <80 anos; - Consentimento informado por escrito.
Critérios de exclusão - Gravidez ou amamentação; - Valvulopatia hemodinamicamente significativa; - Cardiomiopatia hipertrófica ou dilatória; - Cardiopatia congénita; - Doença renal e do fígado clinicamente grave; - Abuso de álcool; - Outras doenças associadas com uma baixa expectativa de vida; - Condições de provável de má adesão ao tratamento e/ou exames periódicos; - Inclusão em outro ensaio.
Os pacientes tratados com 9 g/dia de L-carnitina dissolvida em 1000/1500 mL de uma solução de glicose mostraram uma menor taxa de mortalidade do que o grupo de controlo, e a dita mortalidade foi comparável à observada no grupo 13 tratado com L-carnitina dissolvida em solução salina. Por esta razão, a Tabela 1/A abaixo fornece os dados de mortalidade no grupo de placebo comparativamente com os doentes tratados com L-carnitina, independentemente de a L-carnitina ser dissolvidA em solução salina ou em solução de glicose (totalidade dos pacientes incluídos no estudo). 13
Tabela 1/A NÚMERO DE MORTES EM: 3 dias 5 dias 7 dias 1 mês 2 meses 6 meses 12 meses Placebo 34 43 45 58 65 74 75 L-carnitina 23 27 31 45 53 64 67 RR 0, 68 0, 63 0, 69 0, 78 0, 81 0,86 0, 89 P 0,1357 0,0498 0, 097 0,1766 0, 238 0,3546 0,4555 RR - Risco relativo A Tabela 1/B abaixo dá os dados de mortalidade no grupo de doentes tratados com L-carnitina dissolvida em solução de glicose em comparação com o grupo de controlo tratado com placebo.
Tabela 1/B NÚMERO DE MORTES EM: 3 dias 5 dias 7 dias 1 mês 2 meses 6 meses 12 meses Placebo 17 21 22 29 33 37 38 L-carnitina 11 13 15 22 26 32 33 RR 0, 67 0, 64 0,70 0,79 0, 80 O 00 O 00 00 P 0,1356 0,0497 0, 099 0,1768 0,237 0,3548 0,4553 RR - Risco relativo 14 0 grupo de doentes com enfarte tratados com L-carnitina dissolvida em solução de glicose apresentaram uma redução estatisticamente significativa no número de dias em cuidados intensivos em comparação com o grupo de pacientes tratados com L-carnitina dissolvida em solução salina.
Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 TEMPO DE PERMANÊNCIA NA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS L-carnitina em solução salina 6 dias L-carnitina e solução de glicose 5 dias Significância P < 0,05 0 grupo de pacientes tratados com L-carnitina e solução de glicose mostrou uma redução estatisticamente significativa no número de episódios de insuficiência cardíaca pós-enfarte em comparação com o grupo de doentes tratados com L-carnitina dissolvida em solução salina.
Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 EPISÓDIOS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA PÓS-ENFARTE L-carnitina em solução salina η = 16 L-carnitina e solução de glicose n = 9 Significância P < 0,001 15
As doses de L-carnitina utilizadas de acordo com a presente invenção e o regime de tratamento podem ser sujeitos a mudanças, como recomendado pelo médico de cuidados primários, com base na sua Experiência e condição geral do doente, graças também à falta de toxicidade do composto de acordo com a invenção.
As formulações para administração intravenosa, de acordo com a presente invenção, incluem soluções ou suspensões em veículos adequados, tais como, por exemplo, solução salina, água destilada, solução de glicose ou outros.
As formulações de presente invenção, grânulos, xaropes, com a pós, administração oral, de acordo incluem comprimidos, cápsulas, elixires, soluções ou suspensões. 16
Claims (6)
- REIVINDICAÇÕES 1. utilização combinada de L-carnitina ou um dos seus sais farmaceuticamente aceitáveis e de glicose para a preparação de um medicamento útil para reduzir o número de dias que pacientes de enfarte passam nos cuidados intensivos no hospital e para reduzir o número de episódios de insuficiência cardíaca pós-enfarte, em que a L-carnitina é administrada por via intravenosa dentro de 6 horas após o início do início dos sintomas de enfarte agudo do miocárdio, a uma dose inicial de 9 gramas por dia caracterizado pelo facto de ser administrada em combinação com 1000-1500 mL de uma solução de 5% glicose durante 5 dias, após o que o tratamento com L-carnitina é continuado com uma dose de 4 gramas por dia, administrados por via oral.
- 2. Uso de acordo com a reivindicação 1, em que a L-carnitina e a solução de glucose são administradAs dentro de 4 horas após o início dos sintomas de enfarte agudo do miocárdio.
- 3. Uso de acordo com a reivindicação 1, em que o sal de L-carnitina farmaceuticamente aceitável é selecionado a partir do grupo consistindo em cloreto, brometo, orotato, aspartato, aspartato ácido, citrato ácido, citrato de magnésio, fosfato, fosfato ácido, fumarato e fumarato ácido, fumarato de magnésio, lactato, maleato e maleato ácido, oxalato, ácido oxalato, pamoato, ácido pamoato, sulfato, sulfato ácido, fosfato de glicose, tartarato e ácido tartarato, glicerofosfato, mucato, tartarato de magnésio, 2-amino-etano-sulfonato, magnésio 2-amino-etano sulfonato, metano-sulfonato, tartarato de colina, tricloroacetato, e trifluoroacetato.
- 4. Uso de acordo com a reivindicação 1, em que a L- carnitina é administrada dissolvida em 1000-1500 mL de solução glicosada a 5%.
- 5. Uso acordo com as reivindicações 1-2, em que a L- carnitina é administrada em paralelo com a solução de glucose, em dose única ou em doses divididas, dissolvida num veiculo adequado, tal como, por exemplo água destilada, solução salina ou solução de glicose.
- 6. Uso acordo com as reivindicações 1-2, em que a L- carnitina para administração oral está sob a forma de comprimidos, cápsulas, pós, grânulos, xaropes, elixires, suspensões ou soluções.
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