Relatório Descritivo da Patente de Invenção para DISPOSITIVO E KIT PARA USO EM TRATAMENTO CIRÚRGICO DE UM PACIENTE QUE SOFRA DE TÓRAX EM FUNIL.
[0001] A invenção refere-se a um dispositivo para uso no tratamento cirúrgico de tórax em funil.
[0002] O tórax em funil (também conhecido como pectus excavatum ou peito de sapateiro) é uma deformidade do tórax, que tem uma aparência escavada (ou afundada). Ela é causada pelo crescimento anormal do esterno e de diversas costelas. Os pacientes que sofrem de tórax em funil podem padecer dos seguintes problemas: problemas psicológicos (devido à imperfeição cosmética claramente visível), dor no peito e nas costas, problemas respiratórios e problemas cardíacos.
[0003] Os problemas respiratórios e cardíacos se devem ao fato de que o coração está em uma posição ligeiramente diferente devido ao tórax escavado, de uma posição normal (em que o coração está posicionado atrás do esterno). Devido ao fato de o coração estar em uma posição ligeiramente diferente, os pulmões podem não se desenvolver e chegar ao seu tamanho apropriado.
[0004] Pacientes com tórax em funil são tratados usualmente por meio cirúrgico. Tradicionalmente, a cirurgia era realizada usando a assim chamada técnica de Ravitch. Este procedimento envolve a remoção da cartilagem que conecta o esterno às costelas, separando assim completamente o esterno das costelas. Então, é introduzida uma barra atrás do esterno para segurá-lo. A barra é deixada implantada no tórax do paciente e só é removida quando a cartilagem tiver crescido novamente. A técnica de Ravitch não é mais amplamente praticada porque ela é muito invasiva, muito dolorosa e deixa uma cicatriz considerável. Ela pode ser usada ainda quando outras opções não são bem-sucedidas (Por exemplo, com pacientes
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2/18 idosos, cujo esterno calcificou.) [0005] Subsequente, foi desenvolvido o procedimento de Nuss. O procedimento de Nuss é muito menos invasivo pelo fato de envolver a inserção de uma (ou mais) barras de aço no tórax, abaixo do esterno. Na cirurgia, a barra é virada até uma posição côncava. Isso força o esterno para fora, corrigindo assim a deformidade. Podem ser inseridos estabilizadores em um lado ou outro da(s) barra(s) para evitar que a barra vire de volta após a operação. Por exemplo, WO 2005/055844 descreve um aro que compreende uma placa de estabilização em uma de suas extremidades para estabilizar o aro em um lado do esterno. WO 2004/028412 descreve um dispositivo similar.
[0006] Para realizar de maneira segura o procedimento de Nuss, o cirurgião faz uma pequena incisão no lado do tórax, através da qual uma câmera, um toracoscópio, entra no corpo. As imagens oriundas desta câmera ajudam o cirurgião a realizar de maneira segura a operação. A barra pode ficar no corpo por alguns meses até alguns anos. Quando os ossos tiverem solidificado no lugar, a barra é removida. O procedimento de Nuss é geralmente menos doloroso do que a técnica de Ravitch e deixa menos cicatrizes. Por outro lado, ela ainda é muito dolorosa para muitos pacientes e a operação não é totalmente sem risco, já que uma barra é introduzida atrás do tórax, na área do coração e dos pulmões. Adicionalmente, existe um pequeno risco pelo fato de que a barra se mova após a inserção, o que acarreta a necessidade de uma segunda cirurgia.
[0007] US 2004/0117016 descreve um aparelho para “Pectus
Carinatum”. O dito aparelho compreende uma barra e uma placa, em um lado ou outro da barra (uma placa em cada lado do esterno).
[0008] Adicionalmente, é conhecido, de CN 2748040Y, a aplicação de um tratamento terapêutico, ao invés de um tratamento cirúrgico. Um paciente é tratado usando-se um dispositivo tipo espartilho no
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3/18 exterior do tórax. O documento descreve uma placa curva que é encaixada em torno do tórax de um paciente e compreende um mecanismo de aparafusamento. O mecanismo de aparafusamento é aparafusado e fixado no esterno do paciente. Em um período de tempo, usando o mecanismo de aparafusamento, o esterno é gradualmente elevado. A invenção neste documento é especialmente designada para o tratamento de crianças carentes, cujas famílias não podem pagar por uma cirurgia convencional. No entanto, a desvantagem deste dispositivo terapêutico (e de similares) é que, por um longo período (por exemplo, um período de tempo de 150 dias é mencionado em CN2748040), um paciente tem que carregar um dispositivo em torno de seu peito, o qual é desconfortável e claramente visível, mesmo através da roupa, porque as peças ficam salientes. Adicionalmente, é doloroso ajustar periodicamente o parafuso para elevar o tórax e não é prático usar medicação como analgésico, por tal período de tempo prolongado.
[0009] Assim, existe a necessidade de melhorar o tratamento cirúrgico do tórax em funil, que seja menos arriscado, que tenha menos complicações e que seja menos doloroso. A presente invenção proporciona um dispositivo para uso no tratamento cirúrgico de tórax em funil que proporciona ao menos algumas dessas vantagens.
[00010] A presente invenção proporciona, a saber, um dispositivo para uso no tratamento cirúrgico de um paciente que sofra de tórax em funil caracterizado pelo fato de compreender uma placa com curvatura substancialmente contínua e adaptada para ser encaixada sob a pele do paciente, caracterizado adicionalmente pelo fato de que, em uso, a dita placa pode ser fixada ao esterno do paciente e a curvatura, comprimento e largura da placa são tais que a placa se estende em ambos os lados do esterno e pode ser adaptada no exterior do tórax do paciente e ser suportada pelas costelas para segurar o esterno.
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4/18 [00011] O dispositivo é posicionado em torno do tórax do paciente na cirurgia. Como ele é encaixado no exterior do tórax, o cirurgião não precisa entrar na área do coração e dos pulmões com o dispositivo, então, existe menos perigo durante a operação. Como a placa é larga e é encaixada em torno do tórax, ela não pode se deslocar após a operação, tal que uma segunda operação corretiva não será necessária. A curvatura da placa pode, em algumas modalidades, ser substancialmente contínua. Em outras modalidades, a placa pode ser substancialmente completamente reta. Ainda em outras modalidades, a placa pode ser quase completamente reta, e apenas as partes de extremidade são curvadas para se adaptarem ao formato do tórax. Não existem partes que se salientem e que sejam claramente visíveis, mesmo através da roupa. Após o tórax ter sido elevado até seu formato desejado usando algum tipo de meio de elevação, o dispositivo é fixado ao esterno através de meios de fixação, por exemplo, parafusos de osso. O meio de elevação pode então ser removido e não precisa fixar no corpo do paciente. A espessura e o material do dispositivo são escolhidos de tal modo que ele possa ser encaixado sob a pele do paciente (mas ainda no exterior do tórax). Devido ao fato de a placa encaixar em um lado ou outro do tórax, as costelas dão suporte à placa, tal que ela pode segurar o externo. Os materiais que são adequados incluem titânio, aço inoxidável e materiais cerâmicos. Em algumas modalidades, materiais de polímero biodegradável também podem ser usados. Naturalmente, a placa precisa ser espessa o suficiente para ser capaz de suportar as forças a que ela é submetida em uso. Em um aspecto da invenção, a espessura da placa pode estar entre aproximadamente 1 mm e aproximadamente 5 mm. Em algumas modalidades, a espessura pode ser, por exemplo, 2,5 ou 3,5 mm.
[00012] De preferência, a placa é dotada de pelo menos um orifício
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5/18 que é adaptado para acomodar uma ferramenta usada na elevação do esterno do paciente. Um orifício pode ser proporcionado para acomodar uma ferramenta, como um parafuso, para trazer o tórax para mais perto do dispositivo e, no processo, elevar o tórax até a posição desejada. A elevação do tórax, deste modo, é mais gradual e menos agressiva do que virar uma barra côncava até uma posição convexa, como no procedimento de Nuss. Consequentemente, ele será, em geral, menos doloroso. Um único orifício adaptado para acomodar uma ferramenta usada na elevação pode ser proporcionado, mas a placa também pode ser dotada de mais orifícios (como, por exemplo, dois ou três). Se for proporcionado mais de um orifício, a força de elevação pode ser dividida por mais pontos. Além disso, dependendo do tórax do paciente e da deformidade particular do peito, pode ser mais fácil para um cirurgião elevar o esterno usando mais de um orifício e mais de um mecanismo de elevação.
[00013] Opcionalmente, a placa compreende orifícios adicionais adaptados para acomodarem fixadores para prender a placa ao esterno do paciente. De preferência, parafusos de osso podem ser usados para fixar a placa ao esterno. Para esta finalidade, a parte central do dispositivo, que em uso será posicionado no topo do esterno, pode compreender orifícios para acomodar estes parafusos. Também é possível que o(s) orifício(s) usado(s) para elevar o esterno possa(m) ser usado(s), subsequente, para fixação.
[00014] Opcionalmente, a placa compreende uma parte central, que, em uso, é posicionada no topo do esterno, e duas partes laterais que, em uso, são posicionadas nas laterais do tórax, sendo que a largura da parte central e das partes laterais é substancialmente igual ao longo do comprimento da placa. A placa compreende partes que podem ser distinguidas, uma parte central, que é posicionada no topo do esterno, e partes laterais, que são posicionadas em cada lado do
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6/18 esterno. O fato de a placa compreender diversas partes que podem ser distinguidas, não significa que elas sejam componentes fisicamente separáveis. As partes são meramente indicadas para ajudar a descrever alguns formatos adequados do dispositivo. Uma primeira modalidade pode ter uma largura substancialmente constante ao longo do comprimento da placa. Este formato é mais fácil para ser fabricado e mais fácil de lidar durante a cirurgia. Por outro lado, pode não ser confortável para todos os pacientes, já que a superfície das partes laterais que pressionam o tórax, nesta modalidade, é relativamente pequena. Essas partes têm que segurar e suportar o esterno após a cirurgia por meio de pressão sobre o tórax. A pressão local nas laterais das costelas do paciente pode, consequentemente, ser ligeiramente dolorosa.
[00015] Opcionalmente, a parte central do dispositivo é mais larga do que as partes laterais. Se a parte central for mais larga, ela cobrirá mais o esterno do paciente, tal que o meio de fixação pode ser proporcionado ao longo de uma parte aumentada do esterno, fixando de maneira mais segura o dispositivo ao esterno. Além disso, ou alternativamente, na parte central, mais de um orifício para acomodar o meio de elevação, pode ser proporcionado.
[00016] Opcionalmente, as partes laterais compreendem pernas que se estendem substancialmente verticalmente em suas extremidades. Uma opção para evitar a dor causada pela alta pressão nas partes laterais é proporcionar às extremidades dessas partes laterais, pernas que se estendem substancialmente verticalmente. A superfície das partes da placa que pressionam as costelas é aumentada, o que reduz a pressão local. Assim, carregar a placa será menos doloroso para os pacientes. Opcionalmente, essas pernas que se estendem verticalmente compreendem extensões horizontais em suas extremidades. As extensões horizontais aumentam ainda mais a
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7/18 superfície e, adicionalmente, podem melhorar o suporte nas laterais do tórax.
[00017] Opcionalmente, a placa compreende uma parte central, que, em uso, é posicionada no topo do esterno, e quatro partes laterais que, em uso, são posicionadas nas laterais do tórax, sendo que as quatro partes laterais se estendem substancialmente diagonalmente. Este formato também pode proporcionar um bom encaixe em torno do tórax capaz de suportar o esterno.
[00018] De preferência, o dispositivo compreende ao menos um orgânico ao longo de sua superfície para melhorar a fixação da pele em torno da placa. A placa é posicionada sob a pele e a pele, deste modo, tem que se fixar no exterior da placa a partir das bordas da placa, cobrindo-a inteiramente. Se um orifício, ou uma pluralidade de orifícios, for proporcionado ao longo da superfície da placa, estes pontos locais ajudam a pele a se fixar melhor à placa.
[00019] De preferência, a placa compreende nervuras ao longo de sua largura na lateral da placa que, em uso, é direcionada ao interior do corpo do paciente. A placa é adaptada para ser encaixada no exterior do tórax, que é, ele próprio, um encaixe seguro e estável. Proporcionar localmente nervuras ao longo da largura da placa pode ajudar a estabilizar as placas na posição.
[00020] De preferência, a superfície de cada região de extremidade do dispositivo é dotada de rugosidade extra na lateral da placa que, em uso, é direcionada ao interior do corpo do paciente. A rugosidade nas extremidades, em um lado ou outro do externo, pode ajudar a fixar de modo mais seguro a placa ao tórax. Neste aspecto da invenção, a placa será mais estável durante a cirurgia, também.
[00021] Em outro aspecto, a presente invenção proporciona um kit para uso no tratamento cirúrgico de um paciente que sofra de tórax em funil, compreendendo um dispositivo, de acordo com a invenção, e
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8/18 meios para a elevação do esterno. O meio de elevação pode ser adaptado, em tamanho e formato, ao dispositivo. Um meio de elevação adequado pode compreender um mecanismo de aparafusamento. O meio de elevação também pode ser adaptado para funcionar, subsequentemente, como meio de fixação.
[00022] Opcionalmente, o kit compreende ainda um meio de fixação para prender o dispositivo ao esterno do paciente. Opcionalmente, o meio de elevação é um parafuso que compreende duas partes separáveis. Se tal parafuso for usado, após o esterno ter sido elevado, a parte no exterior do tórax pode ser desconectada da outra parte, que serve imediatamente como um meio de fixação.
[00023] Estas e outras possíveis modalidades da invenção e suas vantagens, serão explicadas, apenas por meio de exemplo não limitante, com referência às figuras anexas, em que:
A Figura 1 mostra uma modalidade preferida do dispositivo, de acordo com a invenção; a Figura 1a mostra uma vista de topo, a figura 1b mostra uma seção transversal e a Figura 1c mostra uma vista de fundo;
A Figura 2 mostra um dispositivo, de acordo com a invenção, em uso durante a cirurgia; a Figura 2a mostra o dispositivo antes da correção do formato do tórax e a Figura 2b mostra o dispositivo após a correção;
A Figura 3 mostra um detalhe de modalidades preferidas do meio de elevação e o meio de fixação usado na cirurgia;
As Figuras 4a a 4f mostram vistas de topo de modalidades alternativas do dispositivo, de acordo com a invenção;
As Figuras 5a - 5e mostram vistas isométricas de diversas ferramentas que podem ser usadas no sistema e um método de tratamento cirúrgico, de acordo com a presente invenção;
As Figuras 6a - 6e ilustram um método de tratamento
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9/18 cirúrgico usando um dispositivo, de acordo com a presente invenção;
As Figuras 7a e 7b ilustram um método alternativo de tratamento cirúrgico usando um dispositivo, de acordo com a presente invenção; e
A Figura 8 ilustra uma etapa alternativa no método de tratamento de acordo com a presente invenção.
[00024] A Figura 1a mostra uma vista de topo de uma modalidade preferida do dispositivo, de acordo com a invenção. Ela mostra a lateral do dispositivo que está direcionada para fora, quando do encaixe no peito de um paciente. A Figura 1c mostra o lado oposto (o lado que, em uso, está direcionado para o tórax do paciente) do mesmo dispositivo. A Figura 1b mostra uma seção transversal do mesmo dispositivo.
[00025] O dispositivo 1 compreende uma parte central 2 que suporta o esterno e duas partes laterais 3 que são posicionadas no tórax. O orifício 4 pode acomodar um meio de elevação, como um mecanismo de aparafusamento, para elevar o esterno. Uma vez que o esterno tenha sido elevado até a posição desejada, os fixadores podem ser presos aos orifícios 5. Dentro do escopo da invenção, também é possível que mais de um orifício 4 para acomodar o meio de elevação seja proporcionado. Adicionalmente, também é possível que o orifício 4 que acomoda o meio de elevação, possa ser usado para acomodar um prendedor, uma vez que o esterno tenha sido elevado até a posição desejada.
[00026] Na modalidade mostrada na Figura 1, é possível ver que a parte central 2 é alargada com relação a suas partes laterais adjacentes 3. As partes laterais 3 compreendem pernas 6 que se estendem verticalmente em suas extremidades. Essas pernas 6 aumentam a superfície do dispositivo nas laterais do tórax, tal que a pressão local é limitada e o paciente apresenta menos desconforto.
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10/18 [00027] Conforme pode ser vista na Figura 1b, o dispositivo 1 é curvado de tal maneira que ele pode ser encaixado por pressão no tórax de um paciente. Um encaixe correto é necessário tal que o tórax possa suportar a placa que, por sua vez, tem que suportar o esterno (e, ao mesmo tempo, o dispositivo está localizado sob a pele de um paciente). Na modalidade da Figura 1b, a placa tem uma curvatura substancialmente contínua. Em outras modalidades da invenção, a placa pode ser substancialmente completamente reta. Ainda em outras modalidades, a placa pode ser reta com partes de extremidade ligeiramente curvadas nos lados para se adaptar ao formato local do tórax.
[00028] A Figura 1c mostra o lado oposto do dispositivo 1 (que, em uso, é direcionado para o tórax do paciente). Porções com maior rugosidade 7 foram proporcionadas nas extremidades distais das pernas 6 para aumentar o encaixe do dispositivo no peito. Para esta mesma finalidade, nervuras 8 (saliências locais) foram proporcionadas ao longo da largura do dispositivo.
[00029] A Figura 2 mostra uma seção transversal do tórax de um paciente que sofre de tórax em funil 11. O esterno 12, a vértebra 13 e a costela 14 do paciente, foram indicados de maneira esquemática.
[00030] Antes da cirurgia ser realizada, é preciso fazer medições do tórax para determinar o tamanho do mesmo. O tamanho e o formato do tórax determinam o comprimento, a largura e a curvatura do dispositivo 1. O comprimento, a largura e a curvatura, terão que ser determinados de tal modo que o dispositivo encaixe no exterior do tórax e que, em uso, as costelas deem suporte suficiente. Naturalmente, o tamanho e formato exato do tórax serão diferentes para cada paciente. Isso não significa necessariamente que para cada paciente, um dispositivo feito sob medida do tamanho apropriado, tenha que ser fabricado. Na prática, pode ser suficiente proporcionar
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11/18 uma série de tamanhos padrões do dispositivo. Então, o cirurgião tem que escolher o dispositivo que melhor se adapte a cada paciente. Na prática, também pode ser que a placa seja completamente reta antes de a cirurgia iniciar. Após tirar as medidas, a placa pode ser deformada de modo a assumir a curvatura necessária.
[00031] Para a maioria dos pacientes, o comprimento do dispositivo ficará aproximadamente entre. 12 cm - 20 cm e a largura será, aproximadamente, 5 -10 cm. No entanto, as dimensões exatas do dispositivo dependerão do tamanho do tórax do paciente (e assim, por exemplo, da idade do paciente quando tratado cirurgicamente). Os dispositivos com dimensões menores do que estes intervalos podem ser usados, por exemplo, para pacientes mais jovens. E dispositivos com dimensões maiores do que estes intervalos, podem ser úteis para certos pacientes com um tórax com tamanho maior.
[00032] Na cirurgia, é feita uma pequena incisão no peito do paciente, através da qual o dispositivo 1 é inserido sob a pele. Então, o dispositivo é encaixado no exterior do tórax do paciente. Um mecanismo de elevação 9 é usado então para elevar o esterno até sua posição desejada. Neste caso mostrado na Figura 2, usa-se um parafuso e porca como meio de elevação. Opcionalmente, um mancal (ou inserção dotada de rosca) é posicionada no orifício no esterno para acomodar o parafuso. Nessa figura, é usado um parafuso, mas dentro do escopo da invenção, outros meios de elevação também podem ser usados, como uma cavilha adequada. Em todo o procedimento, pode ser usado um toracoscópio para proporcionar ao cirurgião uma visão do interior do corpo (conforme indicado de maneira esquemática na Figura 2a). Assim, o cirurgião pode ter certeza de que nenhum órgão é prejudicado no procedimento.
[00033] Após o esterno ter sido elevado até sua posição desejada, o dispositivo é fixado ao externo usando um ou mais prendedores 10.
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Por causa do formato e da rigidez do dispositivo, ele pode suportar a tendência natural do esterno voltar à sua posição original.
[00034] A Figura 3 mostra uma modalidade preferida do meio de elevação 9 e prendedores 10, com mais detalhes. O meio de elevação 9, neste caso, consiste de um parafuso 9a sem cabeça e uma porca alada 9b. Os prendedores, nesta modalidade, consistem em parafusos de osso 10. Meios de elevação alternativos e prendedores alternativos também podem ser usados. Por exemplo, outros tipos de porcas podem ser usados, como uma porca hexagonal, ou uma porca quadrada. Pode ser também que o parafuso seja dotado de um soquete hexagonal em sua cabeça, tal que ele possa ser manipulado usando uma chave Allen. Outros meios de elevação, como uma cavilha adequada, também podem ser usados. Adicionalmente, é possível que o meio de elevação sirva, subsequentemente, como meio de fixação. Por exemplo, a parte de topo do parafuso 9a pode ser cortada uma vez que o esterno seja elevado. Então, a parte remanescente serve como um meio de fixação, fixando o esterno à placa. Outra possibilidade é que o parafuso 9a consista de duas partes que podem ser desconectadas. Uma vez que o externo tenha sido elevado, a parte de topo que fica para fora do esterno, pode ser desconectada a parte inferior. A parte inferior serve então como um meio de fixação.
[00035] As Figuras 4a-4f mostram diversas modalidades alternativas do dispositivo 1. Todas elas mostram uma vista de topo. Na Figura 4a, uma versão muito simples do dispositivo é mostrada. O dispositivo 1, de acordo com essa figura, é muito fácil de fabricar. Ele compreende um orifício 4 para acomodar o meio de elevação e dois orifícios 5 para acomodarem os meios de fixação. Nesta modalidade, a parte central e as partes laterais têm uma largura substancialmente constante e as diversas partes não podem ser distinguidas com
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13/18 facilidade. O dispositivo forma essencialmente uma placa contínua. [00036] A Figura 4b mostra uma modalidade alternativa em que uma parte central 2 e partes laterais 3 são claramente reconhecíveis. Quatro orifícios 5 para acomodação dos prendedores, são proporcionados na parte central 2.
[00037] A Figura 4c mostra ainda outra modalidade. Nesta modalidade, as partes laterais 3 são formadas por quatro pernas que se estendem diagonalmente. Ao longo das pernas, são proporcionados orifícios 16 para melhorar a fixação da pele em torno da placa. Quatro orifícios 16 são mostrados, mas também é possível proporcionar ao dispositivo mais ou menos orifícios.
[00038] A Figura 4d mostra ainda outra modalidade. As partes laterais 3 compreendem pernas que se estendem substancialmente verticalmente 6 em cada extremidade. Essas pernas que se estendem verticalmente 6 compreendem extensores horizontais 15 em suas extremidades distais.
[00039] A Figura 4e mostra outra modalidade do dispositivo. Seu formato é similar ao dispositivo mostrado na Figura 1a. Uma parte central 2 é dotada de quatro orifícios 5 para fixar a placa ao esterno do paciente. O orifício central 4 pode acomodar alguma forma de mecanismo de elevação. Os orifícios 4 e 5 são mostrados como orifícios afundados nesta modalidade. Prendedores posicionados nestes orifícios podem compreender cabeças afundadas, tal que os prendedores sejam ainda menos visíveis a partir do exterior. Cinco orifícios 16 para melhorar a fixação da pele em torno da placa são vistos nas pernas que se estendem verticalmente 6. Finalmente, dois orifícios menores 17 são proporcionados para acomodarem uma ferramenta de estabilização. Em uso, quando o esterno está sendo elevado, pode acontecer de a placa girar um pouco. Para evitar que isso aconteça, uma ferramenta de estabilização (descrita
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14/18 posteriormente com referência à Figura 5e) pode ser usada, a qual pode ser acomodada nos orifícios 17. Em uso, enquanto o parafuso (ou cavilha ou outro mecanismo de elevação adequado) é girado, a ferramenta de estabilização pode ser mantida tal que o dispositivo seja impedido de girar. Uma outra maneira de inibir o movimento da placa durante a cirurgia pode ser conseguida proporcionando-se porções rugosas ao longo da superfície da placa (conforme foi descrito com referência à Figura 1c).
[00040] A Figura 4f mostra ainda outra modalidade do dispositivo, de acordo com a presente invenção. O dispositivo, nesta modalidade, é muito similar ao mostrado na Figura 4e. No entanto, nesta modalidade, podem ser proporcionados dois orifícios 4 para acomodar dois mecanismos de elevação. Em alguns pacientes, o esterno pode ter um formato bem irregular. Para elevar de maneira apropriada o esterno até sua posição desejada, pode ser necessário proporcionar uma força de elevação em dois ou mais pontos. Por esta razão, na modalidade da Figura 4f, é proporcionada uma pluralidade de orifícios
4. Os mecanismos de elevação podem ser iguais ou diferentes para cada um dos orifícios. O tamanho de cada um dos orifícios 4 pode, consequentemente, também ser diferente em algumas modalidades da invenção.
[00041] As modalidades mostradas na Figura 4 não devem ser interpretadas como limitantes ao escopo da invenção. Características descritas nas diversas figuras podem ser combinadas entre si. Em particular, o número de orifícios 5 que acomodam o meio de fixação pode ser mudado em cada uma das modalidades mostradas, pode ser proporcionado um orifício ou uma pluralidade de orifícios 16 para melhorar a fixação da pele em todas as modalidades mostradas e vincos 8 e rugosidade 7 mostrados na Figura 1c, podem ser proporcionados em todas as modalidades mostradas nas Figuras 4aPetição 870190103229, de 14/10/2019, pág. 17/29
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4f.
[00042] As Figuras 5a - 5e mostram vistas isométricas de diversas ferramentas que podem ser usadas no sistema e um método de tratamento cirúrgico, de acordo com a presente invenção. A Figura 5a mostra um parafuso de força 60 que pode constituir parte do mecanismo de elevação em uma modalidade da presente invenção. O parafuso de força 60 é externamente dotado de rosca (61, não mostrada) e compreende adicionalmente uma parte inferior 62, que também é externamente dotada de rosca (não mostrada). O parafuso de força 60 nessa modalidade compreende adicionalmente uma cabeça hexagonal 63 para sua manipulação com uma chave adequada.
[00043] A Figura 5b mostra uma porca 50 que compreende rosca interna 51 não mostrada. Em uso, a porca 50 pode ser aparafusada no parafuso de força 60. O parafuso de força 60 pode então ser aparafusado ao esterno do paciente. A porca 50 pode então ser desparafusada para elevar o esterno (conforme ilustrado posteriormente com referência às Figuras 6 e 7) [00044] A Figura 5c mostra uma inserção dotada de rosca 40 que, em uso, pode ser posicionada em um orifício feito no esterno. A rosca interna da inserção pode então ser usada para fazer correspondência à rosca 62 da parte inferior do parafuso 60. A inserção 40 também é dotada de rosca externa (41, não mostrada) e compreende um soquete hexagonal 43, tal que possa ser manipulada usando uma chave adequada.
[00045] A Figura 5d mostra uma ferramenta de suporte 20 que pode ser usada vantajosamente em algumas modalidades da invenção. A ferramenta de suporte 20 compreende uma seção central 22 e dois suportes laterais 21. A seção central 22 é dotada de um orifício central 23 que pode acomodar um mecanismo de elevação usado na presente
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16/18 invenção. O uso e funcionamento da ferramenta de suporte 20 será explicado adicionalmente com referência às Figuras 7a e 7b.
[00046] A Figura 5e mostra uma ferramenta de estabilização 30 que pode ser usada, vantajosamente, em algumas modalidades da presente invenção. A ferramenta de estabilização 30 compreende uma base 31, que serve como um cabo. Ela compreende adicionalmente pernas 32, 33 na extremidade de sua base. As pernas 32, 33 compreendem saliências 34, 35 que podem engatar orifícios 17 das Figuras 4d e 4e. Ao colocar a ferramenta de estabilização de tal modo que as saliências 34, 35 entrem nos orifícios 17 das placas, a placa pode ser estabilizada durante a elevação do esterno. O cirurgião ou assistente precisa apenas segurar a base 31 enquanto aparafusa, por exemplo, o parafuso de força 60.
[00047] As Figuras 6a - 6e ilustram um método de tratamento cirúrgico que utiliza um dispositivo, de acordo com a presente invenção. O tratamento cirúrgico pode compreender fazer duas incisões A e B no peito do paciente, veja a Figura 6a. A incisão central B pode ser usada para acessar o esterno. Através desta incisão, um orifício pode ser perfurado no esterno do paciente. Após um orifício ter sido perfurado, um macho de tarraxa adequado pode ser usado para criar a rosca no dito orifício. O dispositivo 1 pode ser introduzido através da incisão A e pode ser girado para ser posicionado no topo do esterno 12 e das costelas 14, veja a Figura 6b.
[00048] A porca 50 pode ser aparafusada no parafuso de força 60. Subsequentemente, o parafuso de força 60 é aparafusado no orifício que foi perfurando anteriormente no esterno. Então, para elevar o esterno, a porca 50 pode ser desparafusada. Na Figura 6c, a porca 50 foi desparafusada para ser posicionada exatamente no topo da placa ainda sem elevar o esterno. Ao desparafusar ainda mais a porca 50, a porca 50 exercerá uma força sobre a placa 1 mas a placa não pode
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17/18 ser abaixada, já que ela é suportada pelas costelas 14. Como consequência, o esterno 12 será elevado desaparafusando-se ainda mais a porca 50.
[00049] A Figura 6d mostra o esterno e sua posição desejada. Então, prendedores 10 podem ser usados para fixar a placa 1 ao esterno. Na modalidade da Figura 6d, são usados parafusos com cabeça afundada. Subsequentemente, parafuso de força 60 pode ser removido desparafusando-o do orifício no esterno. Finalmente, o orifício central na placa 1, que foi usado para acomodar o parafuso de força 60, também pode ser usado para acomodar um prendedor 70 que também conecta o esterno à placa, veja a Figura 6e.
[00050] Pode-se ver, na Figura 6e, que a parte central do dispositivo 1 é fixada, desta maneira, ao esterno e as partes laterais do dispositivo, se estendem em ambos os lados do esterno, além da cartilagem. Assim, o dispositivo é suportado pelas costelas para elevar o esterno.
[00051] Um método alternativo de tratamento cirúrgico que usa um dispositivo, de acordo com a presente invenção, é ilustrado nas Figuras 7a e 7b. Antes de aparafusar o parafuso de força 96 com a porca 50 no orifício no esterno, uma ferramenta de suporte 20 pode ser colocada no peito do paciente (no topo da pele). Agora, quando do desaparafusamento da porca 50, a porca 50 exerce força sobre a seção central 22 da ferramenta de suporte 20 ao invés de sobre o dispositivo 1. Dependendo da preferência do cirurgião, tal ferramenta de suporte 20 pode ser usada ou não em um método de tratamento de acordo com a presente invenção.
[00052] A Figura 8 ilustra uma etapa alternativa no método de tratamento, de acordo com a presente invenção. Em algumas modalidades da invenção, uma inserção dotada de rosca 40 pode ser inserida no orifício 100 anteriormente perfurado no esterno do
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18/18 paciente. Tal inserção dotada de rosca 40 pode tornar mais fácil proporcionar um bom rosqueamento no orifício 100, que acomoda o parafuso 60. A Figura 8 ilustra que uma chave padrão 80 pode ser usada para posicionar (e aparafusar) a inserção dotada de rosca 40. No caso da inserção dotada de rosca 40, mostrada na Figura 5c, a chave 80 teria que compreender uma cabeça hexagonal para ser introduzida no soquete hexagonal 43. A mesma chave 80 pode, obviamente, ser usada para remover a inserção 40 do orifício após o tratamento.
[00053] Para completar, diversos aspectos da presente invenção são estabelecidos abaixo nas reivindicações numeradas a seguir.