(54) Título: USO DE GLICOPROTEÍNA PARA PREPARAÇÃO DE COMPOSIÇÕES PARA O TRATAMENTO E A REEPITELIZAÇÃO DE FERIDAS (51) Int.CI.: A61K 38/46; A61P 17/12 (30) Prioridade Unionista: 14/06/2001 ES P 200101383 (73) Titular(es): LIPOTEC, S.A.
(72) Inventor(es): ANTONIO PARENTE DUENA; JOSEP GARCES GARCES; JESÚS GUINEA SANCHEZ; JOSEP MARIA GARCIA ANTON; RICARDO CASAROLI MARANO; MANUEL REINA DEL ΡΟΖΟ; SENEN VILARO COMA
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USO DE GLICOPROTEÍNA PARA PREPARAÇÃO DE COMPOSIÇÕES PARA O TRATAMENTO E A REEPITELIZAÇÃO DE FERIDAS
CAMPO DA INVENÇÃO [001] A presente invenção está relacionada ao uso de uma glicoproteina conhecida como Antarticina - NF3 na preparação de composições farmacêuticas, veterinárias e cosméticas para o tratamento e a reeptilelização de feridas.
ESTADO DA TÉCNICA [002] A Antarticina - NF3 é uma glicoproteina conhecida por Pseudoalteromonas antartica, uma bactéria Gram-negativa isolada do oceano Antártico. Esta bactéria aeróbica heterotrópica apresenta um único flagelo polar e produz uma glicoproteina hexopolimérica (a Antarticina - NF3), composta por 14% de carboidrato e 86% de proteína, que a rodeia completamente. A Pseudoalteromonas antartica está perfeitamente adaptada às baixas temperaturas em torno do Antártico e suporta altas concentrações salinas.
[003] A Antarticina - NF3 forma em dissolução agregados regulares mediante automontagem. O progressivo aumento da concentração em dissolução desta glicoproteina produz uma diminuição progressiva na tensão superficial da dissolução. Por outro lado, a Antarticina - NF3 é conhecida porque apresenta uma grande afinidade com os lipossomas de fosfatidilcolina, recobrindo-os e protegendo-os do efeito permeabilizante dos tensoativos como o SDS, tal como se descreve no WO98/42731. Adicionalmente, a Antarticina - NF3 é conhecida porque induz a nucleação do gelo e impede o crescimento dos grandes cristais hexagonais do gelo. Estes dados fazem pensar que a Antarticina - NF3 é responsável
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2/5 pela adaptação da Pseudoalteromonas antartica às condições de meio ambiente de seu habitat antártico.
[004] Por outro lado, os ceratinócitos são um tipo de células que se encontra na epiderme, constituindo sua camada mais profunda. Os ceratinócitos geram a camada externa da pele (extrato córneo) mediante multiplicação e modificação de sua estrutura até formarem a camada de células maduras ceratinizadas na superfície da pele. A velocidade de cura das feridas é influenciada, entre outros fatores, pela velocidade de proliferação e de migração dos ceratinócitos. Qualquer fator que favoreça um destes processos favorecerá o processo de cura e cicatrização de feridas.
DESCRIÇÃO DA INVENÇÃO [005] Como resultado de nossas investigações, surpreendentemente descobrimos que a glicoproteína solúvel procedente da Pseudoalteromonas antartica, conhecida como Antarticina - NF3, constituída por 14% de carboidrato e 86% de proteína, melhora sensivelmente a adesão dos fibroblastos dérmicos humanos e promove o crescimento celular dos ceratinócitos epidérmicos humanos. Desse modo, a Antarticina - NF3, surpreendentemente, revelou-se um bom agente melhorador da cicatrização de feridas.
[006] Portanto, é o objetivo da presente invenção a utilização da Antarticina - NF3 em dissoluções ou formulações medicamente aceitáveis para sua utilização no tratamento e na reepitelização de feridas no campo farmacêutico e veterinário, assim como para os tratamentos cosméticos regeneradores. As concentrações de uso da Antarticina - NF3 estão compreendidas entre 100 mg/L e 1
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3/5 fg/mL, e, mais concretamente, entre 10 mg/mL e 0,1 ng/mL.
[007] Para complementar a descrição que está sendo realizada e com o objetivo de ajudar na melhor compreensão das características da invenção, a seguir são incluídos alguns exemplos, com caráter explicativo e não limitativo. Esta invenção não deverá ser considerada limitada às realizações expostas.
Exemplo N° 1: citotoxicidade in vitro.
[008] Foram realizadas experiências mediante o teste
WST-1, que mede a atividade das desidrogenases mitocondriais em um ensaio colorimétrico não radioativo utilizando sais de formazan. Foram testadas diferentes concentrações de glicoproteína (entre 1 mg/mL e 0,01 pg/mL). Como controle negativo, foi empregado 0,01 M de NaCl, e como controle positivo foi empregado SDS a 0,02%.
[009] Os resultados obtidos são mostrados na tabela a seguir:
|
Concentração
testada |
Resultado
sobre HDF |
Resultado
sobre HEK |
Controle |
|
0,46 |
0,92 |
Controle negativo (NaCl) |
0,01 M |
0,43 |
0,70 |
Controle positivo (SDS) |
0,02% |
0,17 |
0,20 |
|
1 fg |
— |
0,78 |
|
o, i pg |
— |
0,92 |
|
0,0 ngl |
0,44 |
0,92 |
|
1 ng |
0,43 |
1,02 |
|
0,1 pg |
0,41 |
0,97 |
|
10 pg |
0,42 |
0,80 |
|
1 mg |
0,44 |
0,81 |
[0010] Como se pode apreciar na tabela anterior, os
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4/5 ensaios de toxicidade mostraram que a Antarticina - NF3 não apresenta toxicidade em ceratinócitos epidérmicos humanos (HEK) nem em fibroblastos dérmicos humanos (HDF).
Exemplo N° 2: efeito na adesão celular [0011] Os ensaios de adesão celular in vitro demonstraram que a Antarticina - NF3 apresenta um efeito específico na adesão dos HDF. As células de HDF mostraram um incremento importante na adesão celular quando cresciam em substratos recobertos com 1 mg/mL de Antarticina - NF3 após 2 e 5 horas de cultivo.
[0012] Os resultados obtidos para HDF são mostrados na tabela a seguir:
|
Concentração
ensaiada |
Tempo de
2 horas |
Tempo de
5 horas |
Controle |
|
0,10 |
0,13 |
Glicoproteína |
0,001 mg/mL |
0,11 |
0,24 |
1 mg/mL |
0,24 |
0,28 |
Os resultados obtidos para HEK são mostrados na tabela a seguir:
|
Concentração
ensaiada |
Tempo de
2 horas |
Tempo de
5 horas |
Controle |
|
0,09 |
0,15 |
Glicoproteína |
0,001 mg/mL |
0,11 |
0,17 |
1 mg/mL |
0,15 |
0,19 |
[0013] Como se pode apreciar, em condições similares de cultivo, o efeito apreciado sobre HEK não é estatisticamente significativo.
Exemplo N° 3: efeito no crescimento celular [0014] Os experimentos de crescimento celular in vitro realizados utilizando-se o método de eluição com cristal
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5/5 violeta expuseram que a Antarticina - NF3 a diferentes concentrações em presença ou não de um mínimo aporte de soro fetal bovino (FCS a 2%) estimula o crescimento das células HEK, tal como mostrado na tabela a seguir:
|
Concentração
ensaiada |
Tempo de 0
hora |
Tempo de
24 horas |
Tempo de
48 horas |
Controle |
|
0,2 |
0,16 |
0,58 |
Glicoproteína |
10 pg/mL |
|
0,15 |
0,78 |
0,1 pg/mL |
|
0,16 |
0,77 |
0,001 pg/mL |
|
0,18 |
0,77 |
[0015] Enquanto que experimentos similares realizados sobre células HDF não obtiveram resultados significativamente relevantes, tal como se pode apreciar na tabela a seguir:
|
Concentração
ensaiada |
Tempo de 0
hora |
Tempo de
24 horas |
Tempo de
48 horas |
Controle |
|
0,21 |
0,16 |
0,25 |
Glicoproteína |
10 pg/mL |
|
0,175 |
0,26 |
0,1 pg/mL |
|
0,17 |
0,248 |
0,001 pg/mL |
|
0,175 |
0,249 |
Exemplo N° 4: efeito na regeneração das feridas in vitro” [0016] Os experimentos de regeneração de feridas in vitro” foram efetuados em cultivos de células HEK diferenciadas, na ausência e na presença de FCS. A duração dos ensaios foi de sete dias.
[0017] As concentrações de Antarticina - NF3 superiores a 0,1 ng/mL mostraram um efeito positivo na regeneração da ferida em comparação com os cultivos de controle; este efeito da Antarticina - NF3 na regeneração de feridas in vitro” se pode observar na figura 1, para uma concentração de 0,1 pg/mL.
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