BR112016011938B1

BR112016011938B1 - processo de biselamento de uma lente oftálmica

Info

Publication number: BR112016011938B1
Application number: BR112016011938-0A
Authority: BR
Inventors: Andréa Molinaro; Sarah BOUKOBZA; Marc PERRIER
Original assignee: Essilor International
Priority date: 2013-11-26
Filing date: 2014-10-28
Publication date: 2021-01-12
Also published as: CN105764652A; US20170136597A1; WO2015079133A1; FR3013620B1; CN105764652B; FR3013620A1; EP3074178B1; US10357865B2; EP3074178A1; KR102253019B1; BR112016011938A2; JP6416907B2; KR20160090319A; EP3074178B8; ES2659382T3; JP2016540244A

Abstract

“PROCESSO DE BISELAMENTO DE UMA LENTE OFTÁLMICA” A invenção se refere a um processo de elaboração de uma instrução de biselamento de uma lente oftálmica, para sua montagem em uma cercadura de uma armação de óculos em que é inicialmente encaixada uma lente de apresentação biselada. De acordo com a invenção, estão previstas etapas consistindo em: a) adquirir um parâmetro de correção relativo à folga entre a cercadura e a lente de apresentação, b) capturar uma imagem facial da lente de apresentação previamente extraída da cercadura, c) determinar, na referida imagem facial, um contorno inicial da referida lente de apresentação, d) calcular um contorno corrigido (C1), corrigindo o contorno inicial em função do referido parâmetro de correção, e e) deduzir a referida instrução de biselamento em função do referido contorno corrigido.

Description

DOMÍNIO TÉCNICO A QUE SE REFERE A INVENÇÃO

[0001] A presente invenção se refere de modo geral ao domínio dos óculos.

[0002] Se refere mais particularmente a um processo de elaboração de uma instrução de biselamento de uma lente oftálmica, para sua montagem em uma cercadura de uma armação de óculos.

[0003] A invenção encontra uma aplicação particularmente vantajosa quando é instalada em um software de comando de um dispositivo de centragem de lentes oftálmicas.

ANTECEDENTES TECNOLÓGICOS

[0004] Quando se deseja adquirir um par de óculos corretivos em um oculista, o cliente começa por escolher uma armação de óculos onde estão encaixadas lentes de apresentação não corretivas.

[0005] O oculista se encarrega então de recortar lentes oftálmicas para substituir essas lentes de apresentação.

[0006] Para cada lente oftálmica, o oculista procede a quatro operações principais que são: • a aquisição do contorno de uma das cercaduras da armação de óculos selecionada, • a centragem da lente que consiste em determinar o referencial óptico dessa lente depois tornar a levar a essa lente oftálmica o contorno previamente adquirido, de tal modo que uma vez recortada seguindo esse contorno e montada em uma armação de óculos, a lente é centrada convenientemente em frente da pupila do olho correspondente do cliente, • o bloqueio da lente oftálmica que consiste em fixar um acessório de bloqueio na face dianteira da lente em uma posição determinada, para permitir a preensão dessa lente mantendo o referencial dessa lente (o que é necessário quando a lente passa de um posto de usinagem para outro), depois • a usinagem da lente que consiste em a cortar de acordo com um contorno desejado.

[0007] No quadro da presente invenção, têm mais importância particularmente as armações de óculos com cercaduras, isto é as armações de óculos com aros.

[0008] A operação de usinagem compreende então uma etapa de desbaste para trazer o contorno inicial da lente para uma forma próxima do contorno desejado, depois uma etapa de biselamento permitindo formar sobre a porção da lente uma nervura de encaixamento (habitualmente chamada bisel) apta para ser encaixada em uma ranhura de encaixamento (habitualmente chamada moldura) que desliza ao longo da face interior da cercadura correspondente da armação.

[0009] As operações de aquisição e de usinagem devem ser realizadas com cuidado de modo que a lente possa perfeitamente ser encaixada na sua cercadura, sem esforço e «da primeira vez », isto é, sem necessidade de retomada de usinagem.

[0010] Para adquirir a forma da cercadura, se utiliza geralmente um aparelho de leitura de contornos compreendendo um apalpador que desliza diretamente ao longo da moldura da cercadura.

[0011] Esse aparelho de leitura permite realçar a forma do fundo de moldura para permitir usinar a lente de tal modo que o cimo do seu bisel tem uma forma homóloga à da moldura.

[0012] O inconveniente maior dessa solução é que ela precisa da utilização de um leitor de contornos cujos custos de compra e de manutenção são elevados.

[0013] É por outro lado longa de implementar e necessita muito de cuidado por parte do oculista, o que vai ao encontro do princípio de simplicidade procurado. OBJETIVO DA INVENÇÃO

[0014] Para remediar esse inconveniente, a presente invenção propõe uma solução permitindo adquirir a forma da cercadura de maneira menos onerosa.

[0015] Mais particularmente, se propõe de acordo com a invenção um processo compreendendo etapas consistindo em: a) adquirir um parâmetro de correção relativo à folga entre a cercadura e a lente de apresentação, b) capturar uma imagem facial da lente de apresentação previamente extraída da cercadura, c) determinar, na referida imagem facial, um contorno inicial da referida lente de apresentação, d) calcular um contorno corrigido, corrigindo o contorno inicial em função do referido parâmetro de correção, e e) deduzir a referida instrução de biselamento em função do referido contorno corrigido.

[0016] Para determinar a instrução de biselamento da lente oftálmica, a invenção propõe portanto se basear na forma da lente de apresentação correspondente entregue com a cercadura de óculos, e não na forma da armação.

[0017] Essa solução permite portanto dispensar um aparelho de leitura de contornos. É, portanto, pouco onerosa.

[0018] Essa solução permite todavia obter resultados satisfatórios (evitando qualquer retomada de usinagem) com a única condição de que seja realizada tendo em conta o parâmetro de correção.

[0019] A requerente constatou com efeito que as lentes de apresentação são em geral usinadas imperfeitamente, de modo que sua montagem nas armações de óculos faz aparecer geralmente uma folga entre a lente e sua cercadura. Se compreende, portanto, que uma simples réplica da forma da lente de apresentação não permitiria obter uma montagem satisfatória da lente oftálmica na sua cercadura de armação de óculos.

[0020] É a razão pela qual a invenção propõe portanto ter em conta o parâmetro de correção.

[0021] Esse parâmetro será preferencialmente obtido pelo usuário (em geral o oculista) que, antes de desmontar a lente de apresentação, verificará se essa é montada ajustada, ou com uma folga na cercadura da armação de óculos. O parâmetro de correção permitirá então compensar a folga eventualmente assinalada para chegar a uma montagem mais exata da lente oftálmica na armação de óculos.

[0022] Preferencialmente, a aquisição da matriz da lente de apresentação será realizada através do dispositivo de centragem da lente, o que evita recorrer a qualquer dispositivo dedicado para essa aquisição de imagem.

[0023] Essa solução se mostra assim pouco onerosa, rápida e simples de implementar.

[0024] Essa solução que não necessita de nenhuma modificação técnica do dispositivo de centragem mas somente de uma modificação de software, poderá além disso ser introduzida nos softwares de comando dos dispositivos de centragem existentes.

[0025] Outras características vantajosas e não limitativas do processo de acordo com a invenção são as seguintes: • a referida armação de óculos compreendendo uma segunda cercadura onde é inicialmente encaixada uma segunda lente de apresentação, na etapa a), se adquire um segundo parâmetro de correção relativo à folga entre a segunda cercadura e a segunda lente de apresentação, e, na etapa d), se calcula um segundo contorno corrigido realizando uma simetria e uma correção do referido contorno inicial em função do referido segundo parâmetro de correção; • na etapa a), o parâmetro de correção é selecionado em uma lista que compreende entre três e cinco valores; • na etapa d), o contorno corrigido é calculado em função de um outro parâmetro de correção relativo ao material da lente oftálmica; • na etapa d), o contorno corrigido é calculado em função de um outro parâmetro de correção relativo ao material da armação de óculos; • na etapa d), o contorno corrigido é calculado em função de um outro parâmetro de correção relativo ao modo de montagem previsto, a frio ou a quente, da lente oftálmica na cercadura da armação de óculos; • . na etapa d), o contorno corrigido é calculado em função de um outro parâmetro de correção relativo à potência óptica da lente oftálmica; • na etapa d), o contorno corrigido é calculado em função de um outro parâmetro de correção relativo à espessura da lente oftálmica; • na etapa d), o contorno corrigido é calculado em função de um outro parâmetro de correção relativo à vontade do usuário em montar a lente oftálmica na cercadura da armação de óculos com ou sem folga; • na etapa b), a referida imagem facial da lente de apresentação é adquirida por meio de um dispositivo de centragem que compreende um suporte para a lente de apresentação, de um lado desse suporte, uma placa refletora, e, do outro lado desse suporte, meios de iluminação e meios de captura de imagem.

[0026] A invenção se refere também a um método de preparação de uma lente oftálmica para sua montagem em uma cercadura de uma armação de óculos onde é inicialmente encaixada uma lente de apresentação biselada, compreendendo: • uma etapa de elaboração de uma instrução de biselamento da lente oftálmica de acordo com um processo tal como supracitado, durante o qual o contorno corrigido é calculado em função de pelo menos um coeficiente deduzido do referido parâmetro de correção, • uma etapa de biselamento da lente oftálmica de acordo com a instrução de biselamento, depois, se a lente oftálmica não está adaptada para ser montada na cercadura, • uma etapa de retomada do biselamento da lente oftálmica de tal modo que a lente esteja adaptada para ser montada na cercadura, • uma etapa de captura de uma imagem facial da lente oftálmica retomada, • uma etapa de determinação, na referida imagem facial, de um contorno retomado da referida, lente oftálmica retomada, e • uma etapa de correção do referido coeficiente em função da diferença entre o contorno retomado e o contorno corrigido.

DESCRIÇÃO DETALHADA DE UM EXEMPLO DE REALIZAÇÃO

[0027] A descrição que se vai seguir em relação aos desenhos anexados, dados a título de exemplos não limitativos, fará compreender bem em que consiste a invenção e como pode ser realizada.

[0028] Nos desenhos anexados: • a figura 1A é uma vista esquemática em perspectiva de uma armação de óculos com aro, compreendendo duas cercaduras em cada uma das quais é encaixada uma lente de apresentação; • a figura 1B é uma vista esquemática em corte de acordo com o plano A-A da figura 1A; • a figura 2 é uma vista esquemática em perspectiva de uma lente oftálmica não aparada; • a figura 3 é uma vista facial da lente oftálmica não aparada da figura 2, em que são representados o contorno inicial de uma das lentes de apresentação da figura 1 e um contorno corrigido de acordo com um processo de acordo com a invenção; • a figura 4 é uma vista esquemática em perspectiva de um aparelho de centragem e de bloqueio adaptado para implementar o processo de acordo com a invenção; e • a figura 5 é uma vista esquemática dos meios de centragem do aparelho de centragem e de bloqueio da figura 4.

[0029] Na figura 1A, foi representada uma armação de óculos 10 com aro.

[0030] Essa armação de óculos 10 compreende duas cercaduras 11 (habitualmente chamadas «aros») cada uma recebendo uma lente de apresentação 20.

[0031] Uma tal lente de apresentação 20 tem geralmente a forma de uma lente não corretora, que é entregue ao oculista com a armação de óculos 10. Assim equipada com duas lentes de apresentação 20, a armação de óculos 10 tem uma forma próxima da que apresentará quando estiver equipada com lentes oftálmicas corretivas, o que facilita ao cliente a escolha de uma armação de óculos.

[0032] Os dois aros 11 são ligados um ao outro por uma ponte ou uma argola 12. Estão além disso equipados cada um com uma plaqueta nasal 13 apta para assentar no nariz do portador e com uma haste 14 apta para assentar em uma das orelhas do portador. Cada haste 14 é articulada sobre o aro correspondente por meio de um pino 15.

[0033] Como mostra a vista em corte da figura 1B, os aros 11 da armação de óculos 10 têm cada um uma face interior onde é disposta uma ranhura de encaixamento (habitualmente chamada «moldura» 16) de seção geralmente em forma de diedro.

[0034] Para serem encaixadas nesses dois aros 11, as lentes de apresentação 20 têm cada uma um campo ao longo do qual é disposta uma nervura de encaixamento (habitualmente chamada «bisel 26») de seção geralmente em forma de diedro.

[0035] Na figura 2, foi representada uma lente oftálmica 30 não aparada, que está prevista para ser usinada depois montada em um dos aros 11 da armação de óculos 10, em vez de uma das lentes de apresentação 20.

[0036] Como mostra a figura 3, a lente oftálmica 30 tem duas faces ópticas dianteira 31 e traseira 32, e uma porção 33.

[0037] A face óptica dianteira 31 é aqui esférica e tem um raio de curvatura conhecido.

[0038] A porção 33 da lente tem um contorno inicial circular. A lente oftálmica 30 se destina, no entanto, a ser aparada na forma de um aro 11 que corresponde à armação de óculos 10, de modo a poder ser encaixada nesse.

[0039] A lente oftálmica 30 se destina mais precisamente a ser aparada para ter sobre sua porção 33 uma nervura de encaixamento (ou bisel) apta para ser encaixada na moldura 16 do aro 11 que corresponde à armação de óculos 10.

[0040] Essa lente oftálmica 30 tem características ópticas adaptadas às necessidades do portador de óculos. Tem em particular propriedades de refringência esférica, cilíndrica e prismática que são próprias do portador.

[0041] Essa lente oftálmica 30 está além disso equipada com marcações 34, 35 que permitem uma referência cômoda do referencial óptico da lente oftálmica 30 para sua montagem na armação de óculos 10 selecionada pelo portador. Essas marcações consistem aqui em marcações provisórias 34, 35 em tinta.

[0042] Aqui, para simplificar a exposição, se considera o caso de uma lente tendo uma potência óptica exclusivamente esférica.

[0043] Essas marcações compreendem então uma cruz de centragem 34 permitindo marcar a posição do ponto de centragem da lente, isto é o ponto onde o raio incidente e o raio transmitido têm o mesmo eixo. Compreendem além disso, de ambos os lados dessa cruz de centragem 34, duas linhas de horizonte 35 marcando a horizontal da lente oftálmica 30.

[0044] Se caracteriza então o referencial óptico da lente oftálmica 30 por uma referência ortonormal compreendendo um eixo horizontal X2 paralelo às referidas linhas de horizonte 35, um eixo de ordenada Y2, e um eixo normal Z2 que é perpendicular ao plano tangente da face dianteira da lente oftálmica 30 no ponto de centragem 34.

[0045] Na figura 4 foi representado um aparelho de centragem e bloqueio 100.

[0046] Um tal aparelho é geralmente usado para implementar operações de centragem e de bloqueio da lente oftálmica 30 a ser montada na armação de óculos 10.

[0047] O objetivo da operação de centragem é marcar o referencial da lente oftálmica 30, e determinar a posição que deve ocupar o contorno de acordo com o qual a lente deve ser cortada, para que a lente, uma vez aparada seguindo esse contorno depois montada na armação de óculos, esteja convenientemente centrada em frente do olho correspondente do indivíduo.

[0048] O objetivo da operação de bloqueio é depositar um acessório de bloqueio sobre a lente oftálmica que possa permitir, por um lado, facilitar a preensão da lente para a transportar desde o aparelho de centragem e bloqueio 100 até a uma amoladora, e por outro lado, fornecer uma marca estável permitindo indicar a posição do referencial da lente no final de seu transporte.

[0049] O aparelho de centragem e bloqueio 100 compreende para esse fim: • uma estrutura 103, • uma mesa de trabalho 101 fixada à estrutura 103 e que assenta sobre um plano horizontal (por exemplo sobre uma mesa) • uma tela de exibição 104 tátil, fixada na estrutura 103 e orientada de tal modo que é visível para o oculista que trabalha na mesa de trabalho 101, • meios de centragem 109 da lente, fixados à estrutura 103, e • meios de bloqueio 108, montados móveis na estrutura 103.

[0050] A mesa de trabalho 101 compreende um plano de trabalho horizontal que se abre sobre uma área de carregamento 102 de uma lente oftálmica.

[0051] Essa área de carregamento 102 compreende nesse caso uma placa de apoio 105 transparente e plana, que obtura uma abertura circular prevista no plano de trabalho horizontal, e um suporte 1 de lente oftálmica. Esse suporte 1 tem aqui a forma de um tripé colocado sobre a placa de apoio 105.

[0052] Os meios de bloqueio 108 compreendem por seu lado um braço de manobra 106 equipado com um alicate 107 adaptado para segurar um acessório de bloqueio previamente disposto em um receptáculo 110 e para o depositar em um local determinado na face dianteira de uma lente oftálmica.

[0053] Tal como representado na figura 4, o braço de manobra 106 é auto motorizado. Tem então uma mobilidade em translação seguindo um eixo A6 para subir e descer para a área de carregamento 102 e uma mobilidade de rotação em torno de um eixo A4 ortogonal ao eixo A6 para se afastar ou se aproximar da área de carregamento 102.

[0054] Os meios de centragem 109 da lente oftálmica são por sua vez projetados para determinar a posição do referencial da lente oftálmica 30 colocada sobre um tripé 1, assinalando a posição e a orientação de diferentes marcas de centragem 34, 35 pintadas ou gravadas na face dianteira 31 da lente oftálmica 30.

[0055] Como mostra a figura 5, esses meios de centragem 109 compreendem meios de iluminação 120 da lente oftálmica 30, meios de aquisição 130 de uma imagem da lente oftálmica 30 iluminada pelos meios de iluminação 120, e meios de processamento 140 para analisar a imagem adquirida.

[0056] Na modalidade de realização preferida da invenção, os meios de iluminação 120 e os meios de aquisição 130 estão situados em um mesmo lado da área de carregamento 102.

[0057] Um refletor 102B é então instalado do outro lado da área de carregamento 102 sob uma placa de apoio 105, para refletir a luz. Esse refletor 102B é aqui formado por um espelho fixo.

[0058] Os meios de iluminação 120 compreendem aqui uma fonte de luz estendida 121 tornada pontual pela utilização de uma placa perfurada 122, que emite um feixe de luz divergente. Compreendem também um espelho 123 inclinado 45° que reflete esse feixe de luz divergente e que permite reduzir o volume do conjunto, e uma lente convergente 124 adaptada para formar um fluxo de luz 125 de raios paralelos em direção ao tripé 1.

[0059] Os meios de aquisição 130 compreendem por sua vez, além do espelho 123, um espelho semitransparente 134 inclinado 45° e uma câmera digital 133 para adquirir pelo menos uma imagem. O espelho semitransparente 134, colocado diante da fonte de luz, permite transmitir uma parte da luz para a lente e permite refletir em parte a imagem da lente para a câmera digital 133. Assim, a câmera 130 está adaptada para adquirir uma imagem da lente oftálmica 30 colocada no tripé 1, em que aparecem nomeadamente o contorno da lente oftálmica 30 e as marcas de centragem 34, 35.

[0060] Do mesmo modo, a câmera 130 estaria perfeitamente adaptada para adquirir uma imagem de uma das lentes de apresentação 20 colocada para esse fim no tripé 1, em que apareceria nomeadamente o contorno inicial C0 dessa lente de apresentação 20.

[0061] Os meios de processamento de imagens fazem parte integrante do sistema eletrônico de comando 140 do dispositivo de centragem e de bloqueio 100.

[0062] Esse sistema eletrônico de comando, chamado na sequência dessa exposição «computador 140», compreende um processador (CPU), uma memória viva (RAM), uma memória morta (ROM), conversores analógicos/digitais (A/D), e diferentes interfaces de entrada e de saída.

[0063] Graças às suas interfaces de entrada, o computador 140 está adaptado para receber sinais de entrada, nomeadamente da câmera 133 e da tela de exibição 104 tátil.

[0064] Graças a um software memorizado na sua memória morta, o computador 140 está adaptado para processar as imagens adquiridas pela câmera 133 e as informações digitadas na tela de exibição 104 para deduzir uma instrução de biselamento CONS da lente oftálmica 30.

[0065] Finalmente, graças às suas interfaces de saída, o computador 140 está adaptado para transmitir essa instrução de biselamento CONS à amoladora.

[0066] Para montar duas lentes oftálmicas 30 nos dois aros 11 da armação de óculos 10, o oculista procede então a três operações principais que são: • a aquisição dos contornos para aparar as lentes oftálmicas 30, • a centragem e o bloqueio das lentes por meio do dispositivo de centragem e de bloqueio 100, depois • a usinagem das lentes 100 que consiste em as cortar de acordo com os contornos desejados, considerando parâmetros de centragem definidos, através de uma amoladora.

[0067] As operações de centragem, de bloqueio e de usinagem sendo bem conhecidas do perito na técnica, não serão aqui descritas.

[0068] A invenção aplica por outro lado um outro método de aquisição dos contornos para aparar as lentes oftálmicas 30.

[0069] Aplica mais exatamente um processo de elaboração das instruções de biselamento CONS a serem transmitidas à amoladora para permitir a essa última cortar as lentes oftálmicas 30 de acordo com os contornos adaptados às formas dos aros 11 da armação de óculos 10.

[0070] De acordo com uma característica particularmente vantajosa da invenção, esse processo compreende: • uma primeira etapa de aquisição de um parâmetro de correção P1 relativo à folga entre a cercadura 11 e a lente de apresentação 20 considerada, • uma segunda etapa de captura de uma imagem facial da lente de apresentação 20 previamente extraída da cercadura 11, • uma terceira etapa de determinação, na referida imagem facial, de um contorno inicial C0 da referida lente de apresentação 20, • uma quarta etapa de cálculo de um contorno corrigido C1, corrigindo o contorno inicial C0 em função pelo menos do referido parâmetro de correção P1, e • uma quinta etapa de dedução da referida instrução de biselamento CONS em função do referido contorno corrigido C1.

[0071] Como será descrito na sequência dessa exposição, no momento da quarta etapa, o cálculo do contorno corrigido C1 poderá eventualmente ser realizado em função de outros parâmetros de correção escolhidos na lista seguinte: • um parâmetro de correção P2 relativo ao material da lente oftálmica 30, • um parâmetro de correção P3 relativo ao material da armação de óculos, • um parâmetro de correção P4 relativo ao modo de montagem previsto, a frio ou a quente, da lente oftálmica 30 na cercadura 11 da armação de óculos 10, • um parâmetro de correção P5 relativo à potência óptica da lente oftálmica 30, • um parâmetro de correção P6 relativo à espessura da lente oftálmica 30, • um parâmetro de correção P7 relativo à vontade do usuário em montar a lente oftálmica 30 na cercadura 11 da armação de óculos 10 com ou sem folga (certos oculistas preferindo com efeito prever uma folga leve entre a lente e seu aro para facilitar seu encaixe).

[0072] Na prática, o oculista executa da maneira seguinte.

[0073] Durante a primeira etapa o oculista inicia o aparelho de centragem e de bloqueio 100, o que tem como efeito iniciar seu computador 140.

[0074] O computador 140 comanda então a exibição na tela de exibição 104 com um menu convidando o oculista a digitar um parâmetro de correção P1 para cada uma das duas lentes de apresentação 20.

[0075] Aqui, esse menu é dividido em duas partes correspondentes respectivamente às duas lentes de apresentação 20 direita e esquerda.

[0076] Cada uma dessas partes convida o óptico a selecionar um ou o outro de três botões em que aparecem as menções «nenhuma folga», «pequena folga», «grande folga».

[0077] Para determinar qual dos botões selecionar, o óptico manipula então o par de óculos 10 equipado com suas lentes de apresentação 20 de modo a verificar a qualidade da montagem de cada uma das lentes de apresentação 20 nos aros 11.

[0078] Se pode assim facilmente constatar, para cada lente de apresentação 20: • se é montada com uma grande folga no seu aro 11 (sendo a lente recortada demasiado pequena, ela se move no seu aro 11), • se é montada com uma pequena folga no seu aro 11 (sendo a lente recortada um pouco grande, ela se desencaixa facilmente de seu aro 11), • se é montada sem folga no seu aro 11 (a lente é mantida corretamente no aro 11).

[0079] Então, para cada lente de apresentação 20, o oculista seleciona na tela de exibição 104 o botão correspondente à folga constatada.

[0080] É assim que o computador 140 adquire os parâmetros de correção P1 atribuídos às duas lentes de apresentação 20.

[0081] Uma vez validado esse primeiro menu, o computador 140 comanda então a exibição na tela de exibição 104 de um segundo menu convidando o oculista a digitar os parâmetros de correção P2 relativos aos materiais das lentes oftálmicas 30.

[0082] Aqui ainda, esse menu é dividido em duas partes correspondentes respectivamente às duas lentes oftálmicas 30 direita e esquerda.

[0083] Cada uma dessas partes convida o oculista a selecionar um ou outro dos seis botões em que aparecem as menções: • «orgânica» (que se sabe que o índice é igual a 1,5), • «orgânica índice médio» (que se sabe que o índice é igual a 1,6), • «orgânica índice alto» (que se sabe que o índice é igual a 1,75), • «Trivex®» (que se sabe que o índice é igual a 1,53), • «mineral» (que se sabe que o índice é igual a 1,5) • «policarbonato» (de que se sabe que o índice é igual a 1,59).

[0084] Então, para cada lente oftálmica 30, o oculista seleciona na tela de exibição 104 o botão correspondente ao material da lente oftálmica 30.

[0085] Uma vez validado esse segundo menu, o computador 140 comanda a exibição na tela de exibição 104 de um terceiro menu convidando o oculista a digitar os parâmetros de correção P3 (relativo ao material da armação de óculos 10) e P4 (relativo ao modo de montagem previsto, a frio ou a quente, das lentes oftálmicas 30 nos seus aros 11).

[0086] Esse menu convida o oculista a selecionar um ou outro de dois botões em que aparecem as menções «armação de plástico» e «armação de metal», depois um ou outro de dois botões em que aparecem as menções «montagem a frio» e «montagem a quente».

[0087] O oculista seleciona então os botões correspondentes ao material da armação de óculos 10 selecionada pelo cliente e ao modo de montagem que utilizará para encaixar as lentes oftálmicas 30 na armação de óculos 10.

[0088] Uma vez validado esse terceiro menu, o computador 140 comanda a exibição na tela de exibição 104 de um quarto menu convidando o oculista a digitar os parâmetros de correção P5 relativos às propriedades de refringência esférica e/ou cilíndrica e/ou prismática das duas lentes oftálmicas 30.

[0089] Aqui, esse menu é dividido em duas partes correspondentes respectivamente às duas lentes oftálmicas 30 esquerda e direita.

[0090] Cada uma dessas partes convida o oculista a digitar os valores digitais correspondentes às potências esféricas das lentes oftálmicas 30.

[0091] Finalmente, uma vez validado esse quarto menu, o computador 140 comanda a exibição na tela de exibição 104 de um quinto e último menu convidando o oculista a digitar o parâmetro de correção P7 relativo à vontade do usuário em montar as lentes oftálmicas 30 na armação de óculos 10 com ou sem folga.

[0092] Esse menu convida o oculista a selecionar um ou outro de dois botões em que aparecem as menções «montagem sem folga» e montagem com folga leve».

[0093] O oculista seleciona então o botão correspondente ao seu desejo.

[0094] A digitação desse parâmetro de correção P7 será necessária em um primeiro momento, a seguir à aquisição do dispositivo de centragem e de bloqueio 100.

[0095] Se poderá prever que, se o computador 140 constata que o parâmetro de correção P7 escolhido pelo oculista é sempre o mesmo, ele já não exibe esse quinto menu e considera que esse parâmetro não muda.

[0096] Durante uma segunda etapa o oculista extrai uma das lentes de apresentação 20 fora da armação de óculos 10, de modo a poder adquirir a forma do seu contorno inicial C0.

[0097] Na prática, o oculista escolhe a lente de apresentação 20 que está montada com menos folga no seu aro 11. É com efeito seu contorno inicial C0 que vai constituir a melhor base de trabalho para determinar o contorno corrigido C1 para aparar as lentes oftálmicas 30.

[0098] O oculista coloca em seguida essa lente de apresentação 20 no dispositivo de centragem e de bloqueio 100, de modo que sua face traseira côncava assenta no tripé 1 desse dispositivo de centragem e de bloqueio 100.

[0099] Nessa posição, como mostra a figura 5, o eixo central A3 da lente de apresentação 20 (isto é o eixo que passa pelo ponto central da face dianteira da lente de apresentação 20 e que é ortogonal ao plano tangente da face dianteira da lente de apresentação 20 ao nível desse ponto central) é sensivelmente paralelo aos raios de luz que chegam à lente.

[0100] A câmera 133 pode assim adquirir uma imagem facial da lente de apresentação 20, isto é uma imagem em um plano ortogonal ao eixo central A3.

[0101] Durante uma terceira etapa, graças a essa imagem, o computador 140 pode determinar e memorizar a geometria bidimensional do contorno inicial C0 dessa lente de apresentação 20.

[0102] Essa etapa de determinação não necessita de nenhum desenvolvimento particular do software de comando do dispositivo de centragem e de bloqueio 100, visto que um tal dispositivo de centragem e de bloqueio está nativamente previsto para assinalar o contorno de uma lente oftálmica a ser centrada.

[0103] No caso presente, o contorno inicial C0 marcado corresponde à curva descrita pelo cimo do bisel 26 da lente de apresentação 20.

[0104] Esse contorno inicial C0 poderá ser memorizado na forma de uma função matemática.

[0105] Se vai considerar aqui que é memorizado na forma de um conjunto de n pares correspondente às coordenadas bidimensionais de n pontos caracterizando a forma do contorno inicial C0.

[0106] Um conjunto de 360 pontos será utilizado aqui.

[0107] Durante uma quarta etapa, o computador 140 vai corrigir a forma desse contorno inicial C0 de modo a garantir uma montagem «da primeira vez» (isto é não necessita de retomada de usinagem) das lentes oftálmicas 30 nos seus aros 11.

[0108] O contorno corrigido C1 que será calculado primeiramente será o da lente oftálmica 30 a introduzir no aro 11 do qual foi extraída a lente de apresentação 20 (aquela cuja imagem foi adquirida).

[0109] Na prática, o cálculo do contorno corrigido C1 consistirá aqui em realizar uma homotetia no contorno inicial C0, de razão k e de centro A1.

[0110] O centro A1 dessa homotetia poderá ser constituído por um ponto qualquer compreendido no interior do contorno inicial C0.

[0111] Aqui, como mostra a figura 3, se tratará do «centre boxing Ci» do contorno inicial C0, isto é, do centro do retângulo que está circunscrito ao contorno inicial C0 e em que dois dos lados são paralelos às linhas de horizonte 35.

[0112] A razão k dessa homotetia será por sua vez determinada em função dos parâmetros de correção P1, P2, P3, P4, P5 e P7.

[0113] Poderá assim por exemplo ser determinada do seguinte modo.

[0114] O primeiro caso i) a considerar é aquele onde o parâmetro P1 digitado pelo oculista indica que a primeira lente de apresentação 20 era montada sem folga no seu aro 11.

[0115] Nesse caso i), o computador 140 atribui à razão k o valor 1, quaisquer que sejam os valores dos outros parâmetros de correção P2, P3, P4, P5 e P7.

[0116] Se compreende então que o contorno corrigido C1 será nesse caso idêntico ao contorno inicial C0.

[0117] O segundo caso ii) a considerar é aquele onde o parâmetro P1 digitado pelo oculista indica que a primeira lente de apresentação 20 era montada com folga no seu aro 11.

[0118] Então, se o parâmetro P1 indica que a primeira lente de apresentação 20 era montada com uma folga reduzida no seu aro 11, o computador 140 atribui à razão k0 o valor 1,015.

[0119] Caso contrário, se o parâmetro P1 indica que a primeira lente de apresentação 20 era montada com uma grande folga no seu aro 11, o computador atribui à razão k0 o valor 1,025.

[0120] Nesse segundo caso ii), a razão k0 é em seguida refinada em função dos outros parâmetros de correção P2, P3, P4, P5 e P7.

[0121] Assim, se o parâmetro de correção P2 (relativo ao material da lente oftálmica 30) indica que o índice da lente oftálmica 30 está compreendido entre 1,5 e 1,6 (o que significa que a lente pode ser considerada flexível), a razão k0 pode ser ligeiramente aumentada. A flexibilidade da lente oftálmica 30 vai autorizar com efeito uma montagem um pouco mais apertada da lente oftálmica 30 no seu aro 11.

[0122] Na prática, a nova razão k1 poderá ser calculada de acordo com a fórmula seguinte: K1 = k0 + a, sendo a uma constante lida na memória morta do computador, cujo valor depende do material da lente oftálmica 30, e que é obtido de forma empírica. Quanto mais alto for o índice n, mais baixa será essa constante a.

[0123] Se o parâmetro de correção P3 (relativo ao material da armação de óculos 10) indica que a armação de óculos 10 se pode considerar flexível (porque de plástico), a razão k1 pode aumentar ligeiramente. A flexibilidade da armação permitirá com efeito uma montagem um pouco mais apertada da lente oftálmica 30 no seu aro 11.

[0124] Na prática, a nova razão k2 será calculada de acordo com a fórmula seguinte: • k2 = k1 se a armação de óculos 10 é de metal, e • k2 = k1 + b se a armação de óculos 10 é de plástico, b sendo uma constante estritamente positiva obtida de forma empírica.

[0125] Se o parâmetro de correção P4 (relativo ao modo de montagem a frio ou a quente da lente oftálmica 30 no aro 11) indica que a lente oftálmica 30 será montada a quente no seu aro 11, a razão k2 pode aumentar ligeiramente. Esse processo de montagem permite com efeito uma montagem um pouco mais apertada da lente oftálmica 30 no seu aro 11.

[0126] Na prática, a nova razão k3 será calculada de acordo com a fórmula seguinte: • k3 = k2 se o processo de montagem escolhido é uma «montagem a frio», e • k3 = k2 + c se o processo de montagem escolhido é uma «montagem a quente» c sendo uma constante estritamente positiva obtida de forma empírica.

[0127] Se o parâmetro de correção P5 (relativo às propriedades de refringência da lente oftálmica 30) indica que a lente oftálmica 30 terá uma vez aparada uma borda de espessura reduzida, a razão k3 pode aumentar ligeiramente. Essa baixa espessura na borda da lente oftálmica 30 lhe vai conferir com efeito uma flexibilidade aumentada, o que permitirá uma montagem um pouco mais apertada da lente oftálmica 30 no seu aro 11.

[0128] Na prática, a nova razão k será calculada de acordo com a fórmula seguinte: • k = k3 se a lente tem uma potência esférica positiva, e • k = k3 + d se a lente tem uma potência esférica negativa d sendo uma constante estritamente positiva obtida de forma empírica.

[0129] Nos dois casos i) e ii) considerados, se obtém assim uma razão k de homotetia.

[0130] Essa razão k pode ser corrigida uma última vez para ter em conta a vontade do usuário em montar a lente oftálmica 30 no aro 11 da armação de óculos 10 com ou sem folga. Assim se vai poder subtrair a essa razão k uma constante e estritamente positiva (obtida de forma empírica) se o parâmetro de correção P7 indica que o oculista deseja montar a lente com uma folga leve.

[0131] Uma vez fixada essa razão k, o computador 140 calcula as coordenadas dos 360 pontos do contorno corrigido C1.

[0132] Durante uma última etapa, o computador 140 elabora a instrução de biselamento CONS a partir desse contorno corrigido C1.

[0133] Para isso, o computador 140 determina as coordenadas espaciais de 360 pontos provenientes da projeção dos 360 pontos do contorno corrigido C1 sobre uma superfície de referência predeterminada.

[0134] Essa superfície de referência predeterminada é aqui representativa da forma da face dianteira da lente oftálmica 30. É, portanto, esférica e tem um raio de curvatura que o oculista terá previamente informado na tela de exibição 104.

[0135] A projeção é aqui uma projeção ortogonal seguindo o eixo Z2.

[0136] Esses 360 pontos definem assim um contorno tridimensional, que corresponde à forma que deverá ter o cimo do bisel a ser formado na porção da lente oftálmica 30.

[0137] Esse contorno tridimensional constitui assim a instrução de biselamento CONS da primeira lente oftálmica 30.

[0138] O computador 140 procede em seguida ao cálculo da instrução de biselamento CONS’ da segunda lente oftálmica 30.

[0139] Por medida de simplificação e de rapidez, esse cálculo será efetuado sobre uma base não de uma imagem da segunda lente de apresentação 20, mas antes sobre a base de uma simetria do contorno inicial C0.

[0140] Os parâmetros de correção serão em seguida utilizados para corrigir essa simetria do contorno inicial C0, para chegar a um contorno corrigido C1’.

[0141] É de notar que em geral, visto que os parâmetros de correção atribuídos às duas lentes são diferentes, os dois contornos corrigidos C1, C1’ não serão simétricos.

[0142] A presente invenção não se limita à modalidade de realização descrita e representada, mas o perito na técnica saberá trazer aí qualquer variante de acordo com seu espírito.

[0143] A razão de homotetia k poderá nomeadamente ser refinada em função de outros parâmetros.

[0144] Assim poderá por exemplo ser corrigida conforme o contorno inicial é considerado de preferência redondo ou quadrado. Com efeito, se o contorno inicial é de preferência quadrado, se sabe que o bisel da lente oftálmica correrá o risco de ser cortado durante a usinagem o que reduzirá no final o perímetro da lente oftálmica. Nesse caso, se poderá prever, em antecipação dessa redução de perímetro, diminuir a razão de homotetia k de uma constante diferente de zero obtida de forma empírica.

[0145] De acordo com uma outra variante, o contorno final poderá ser obtido por meio de uma deformação do contorno inicial que não será uma homotetia. Assim, o contorno final poderá ser obtido deformando o contorno inicial unicamente em largura (segundo X2), sendo conservada a altura (segundo Y2).

[0146] De acordo com uma outra variante, o parâmetro utilizado para estimar a espessura na borda da lente oftálmica poderá ser, não a potência esférica da lente, mas antes um dado digitado pelo oculista por considerar que a lente apresentará ou não uma porção espessa.

[0147] De acordo com uma outra variante da invenção, para adquirir o parâmetro de correção (relativo à folga entre o aro e a lente de apresentação), se terá podido prever que o computador oferece uma escolha mais extensa ao oculista, exibindo por exemplo cinco botões em que apareceriam as menções «montagem demasiado apertada», «nenhuma folga», «folga média» e «grande folga». Se o botão «montagem demasiado apertada» for selecionado, se poderia então prever atribuir à razão k0 o valor 0,09.

[0148] De acordo com uma outra modalidade de realização da invenção, se poderá prever que os valores atribuídos às razões k0 e aos coeficientes a, b, c e d sejam, não predeterminados, mas que possam evoluir graças a uma aprendizagem do dispositivo de centragem e de bloqueio 100.

[0149] Nessa outra modalidade de realização, se poderá prever que para a entrega, os valores atribuídos às razões k0 e aos coeficientes a, b, c, e d sejam ligeiramente superiores aos utilizados na primeira modalidade de realização exposta mais acima.

[0150] Se vão seguir em geral, durante primeiros ciclos de utilização do dispositivo de centragem e de bloqueio 100, impossibilidades de montagem das lentes oftálmicas 30 biseladas nas suas armações de óculos 10.

[0151] O oculista será então forçado a retomar o biselamento de cada lente oftálmica 30 de modo a permitir sua montagem na armação de óculos 10. No momento dessa retomada de usinagem, o oculista poderá nomeadamente aparar a lente oftálmica 30 de tal modo que seja montável no seu aro 11 com ou sem folga, de acordo com sua preferência.

[0152] Nessa modalidade de realização, o dispositivo de centragem e de bloqueio 100 vai tirar partido dessa retomada de usinagem para ajustar melhor os valores atribuídos às razões k0 e aos coeficientes a, b, c e d.

[0153] Antes de montar a lente oftálmica 30 reaparada na armação de óculos 10, o oculista vai colocar então essa lente oftálmica 30 no tripé 1 do dispositivo de centragem e de bloqueio 100, de modo que o computador 140 possa adquirir o contorno retomado C2 da lente oftálmica 30.

[0154] O computador 140 vai então poder comparar esse contorno retomado C2 com o contorno corrigido C1.

[0155] Se vai poder calcular nomeadamente a razão kr que deveria ter sido atribuída ao contorno inicial C0 para obter um contorno final permitindo uma montagem de uma vez da lente oftálmica 30 no seu aro 11 de armação de óculos 10.

[0156] O computador 140 memorizará então para cada ciclo a diferença Δk entre a razão k, que tinha atribuído inicialmente e a razão kr.

[0157] O computador 140 poderá assim corrigir seu método de cálculo da razão k de modo a prover, com prazo, a obtenção das lentes aparadas que sejam montáveis nas suas armações de uma vez e que satisfaçam além disso o oculista do ponto de vista da sua preferência de montagem com ou sem folga.

[0158] Mais exatamente, o computador 140 poderá corrigir a razão k antes do seu envio para a amoladora, em função das diferenças Δk memorizadas durante ciclos anteriores.

[0159] Poderá caso contrário modificar cada um dos valores atribuídos às razões k0 e aos coeficientes a, b, c e d em função das diferenças Δk memorizadas. Esse segundo método será mais exato e permitirá chegar a melhores resultados a longo prazo. Irá exigir, no entanto uma aprendizagem mais longa, e, portanto, um maior número de retomadas de usinagem a curto prazo.

Claims

1. Processo de elaboração de uma instrução de biselamento (CONS) de uma lente oftálmica (30), para sua montagem em uma cercadura (11) de uma armação de óculos (10), caracterizado pelo fato de que é inicialmente encaixada uma lente de apresentação (20) biselada, compreendendo etapas consistindo em: a) adquirir um parâmetro de correção (P1) relativo à folga entre a cercadura (11) e a lente de apresentação 20), b) capturar uma imagem facial da lente de apresentação (20) previamente extraída da cercadura (11), c) determinar, na referida imagem facial, um contorno inicial (C0) da referida lente de apresentação (20), d) calcular um contorno corrigido (C1), corrigindo o contorno inicial (C0) em função do referido parâmetro de correção (P1), e e) deduzir a referida instrução de biselamento (CONS) em função do referido contorno corrigido (C1).

2. Processo, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de que a referida armação de óculos (10) compreende uma segunda cercadura (11) em que é inicialmente encaixada uma segunda lente de apresentação (20): • na etapa a), se adquire um segundo parâmetro de correção (P1) relativo à folga entre a segunda cercadura (11) e a segunda lente de apresentação (20), e • na etapa d), se calcula um segundo contorno corrigido (C1) realizando uma simetria e uma correção do referido contorno inicial (C0) em função do referido parâmetro de correção (P1).

3. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 ou 2, caracterizado pelo fato de que, na etapa a), o parâmetro de correção (P1) é selecionado em uma lista que compreende entre três e cinco valores.

4. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2 ou 3, caracterizado pelo fato de que, na etapa d), o contorno corrigido (C1) é calculado em função de um outro parâmetro de correção (P2) relativo ao material da lente oftálmica (30).

5. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3 ou 4, caracterizado pelo fato de que, na etapa d), o contorno corrigido (C1) é calculado em função de um outro parâmetro de correção (P3) relativo ao material da armação de óculos.

6. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4 ou 5, caracterizado pelo fato de que, na etapa d), o contorno corrigido (C1) é calculado em função de um outro parâmetro de correção (P4) relativo ao modo de montagem previsto, a frio ou a quente, da lente oftálmica (30) na cercadura (11) da armação de óculos (10).

7. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5 ou 6, caracterizado pelo fato de que, na etapa d), o contorno corrigido (C1) é calculado em função de um outro parâmetro de correção (P5) relativo à potência óptica da lente oftálmica (30).

8. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5, 6 ou 7, caracterizado pelo fato de que, na etapa d), o contorno corrigido (C1) é calculado em função de um outro parâmetro de correção (P6) relativo à espessura da lente oftálmica (30).

9. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 ou 8, caracterizado pelo fato de que, na etapa d), o contorno corrigido (C1) é calculado em função de um outro parâmetro de correção (P7) relativo à vontade do usuário em montar a lente oftálmica (30) na cercadura (11) da armação de óculos (10) com ou sem folga.

10. Processo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 ou 9, caracterizado pelo fato de que, na etapa b), a referida imagem facial da lente de apresentação (20) é adquirida por meio de um dispositivo de centragem (100) que compreende: • um suporte (1) para a lente de apresentação (20) • de um lado desse suporte (1), uma placa refletora, e • do outro lado desse suporte (1), meios de iluminação (121) e meios de captura de imagem (133).

11. Método de preparação de uma lente oftálmica (30) para sua montagem em uma cercadura (11) de uma armação de óculos (10), caracterizado pelo fato de que é inicialmente encaixada uma lente de apresentação (20) biselada, compreendendo: • uma etapa de elaboração de uma instrução de biselamento (CONS) da lente oftálmica (30) de acordo com um processo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 ou 10, durante o qual o contorno corrigido (C1) é calculado em função de pelo menos um coeficiente (k0) deduzido do referido parâmetro de correção (P1), • uma etapa de biselamento da lente oftálmica (30) de acordo com a instrução de biselamento (CONS), depois, se a lente oftálmica não está adaptada a ser montada na cercadura (11), • uma etapa de retomada do biselamento da lente oftálmica (30) de tal modo que esteja adaptada para ser montada na cercadura (11), • uma etapa de captura de uma imagem facial da lente oftálmica (30) retomada, •uma etapa de determinação, na referida imagem facial, de um contorno retomado (C2) da referida lente oftálmica (30) retomada, • uma etapa de correção do referido coeficiente (k0) em função da diferença entre o contorno retomado (C2) e o contorno corrigido (C1).