BR102017010714A2

BR102017010714A2 - processo para tratamento de matéria vegetal, bem como respectivo produto

Info

Publication number: BR102017010714A2
Application number: BR102017010714-0A
Authority: BR
Inventors: Eduardo Filgueiras Barbosa
Original assignee: Nova Kaeru Industria De Couros S.A.
Priority date: 2017-05-22
Filing date: 2017-05-22
Publication date: 2018-12-04
Also published as: JP2020523491A; EP3633102A1; WO2018213907A1; CN110945180A; EP3633102A4; US20200181835A1

Abstract

processo para tratamento de matéria vegetal, bem como respectivo produto. a presente invenção se refere a um processo de tratamento de matéria vegetal para a transformação da mesma em um produto com características semelhantes ao couro. o processo da presente invenção compreende o tratamento químico, ou curtimento, de matéria vegetal para a transformação da mesma em material semelhante a couro. o referido processo compreende pelo menos as etapas de tratamento químico, secagem e soldagem. o produto final é caracterizado por sua semelhança com couro, podendo ser aplicado a diversas áreas da indústria, como de vestuário, calçados, bolsas, acessórios, mobiliário, entre outras.

Description

(54) Título: PROCESSO PARA TRATAMENTO DE MATÉRIA VEGETAL, BEM COMO RESPECTIVO PRODUTO (51) Int. Cl.: D06N 3/02; D04H 1/425; D01C 1/00.

(71) Depositante(es): NOVA KAERU INDUSTRIA DE COUROS S.A..

(72) lnventor(es): EDUARDO FILGUEIRAS BARBOSA.

(57) Resumo: PROCESSO PARA TRATAMENTO DE MATÉRIA VEGETAL, BEM COMO RESPECTIVO PRODUTO. A presente invenção se refere a um processo de tratamento de matéria vegetal para a transformação da mesma em um produto com características semelhantes ao couro. O processo da presente invenção compreende o tratamento químico, ou curtimento, de matéria vegetal para a transformação da mesma em material semelhante a couro. O referido processo compreende pelo menos as etapas de tratamento químico, secagem e soldagem. O produto final é caracterizado por sua semelhança com couro, podendo ser aplicado a diversas áreas da indústria, como de vestuário, calçados, bolsas, acessórios, mobiliário, entre outras.

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Relatório descritivo da Patente de Invenção para: PROCESSO PARA TRATAMENTO DE MATÉRIA VEGETAL, BEM COMO RESPECTIVO

PRODUTO.

Campo da invenção [001] A presente invenção se refere a um processo de tratamento de matéria vegetal para a transformação dessa em um produto similar a couro. Portanto, aplica-se à indústria de curtumes, bem como indústria de vestuário, calçados, bolsas, acessórios, mobiliário e outras.

Estado da técnica [002] Existem, no estado da técnica, produtos obtidos de matéria vegetal que podem ser aplicados em indústria de vestuário, calçados, bolsas, acessórios, mobiliário e outras, de maneira semelhante ao objeto da presente invenção. Contudo, a matéria prima e processo de obtenção são completamente dos da presente invenção.

[003] Exemplos de produtos e processo que usam matéria vegetal para obtenção de produtos não tecidos estão nas publicações US 20130149512 Al, que se refere a um produto obtido de folhas de abacaxi, e KR101611361 Bl, que se refere a um material semelhante a couro obtido de cortiça.

[004] No que se refere a couro, há também produtos no mercado obtidos de matéria orgânica, porém não apenas vegetal, que tentam imitar a aparência do couro, por exemplo, os das marcas muskin, obtidos de fungos; Jacroki, feitos a partir de celulose; e Barkcloth, feitos de cascas de árvore

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2/10 (Moraceae tree).

[005] Porém, nenhuma das duas referências citadas acima ensina como tratar matéria vegetal de maneira que a mesma se transforme em um produto semelhante a couro, conforme o processo e produto da presente invenção.

[006] Em vista da natureza do processo e da evidente semelhança física do produto da presente invenção com couro, pode-se dizer que o estado da técnica mais próximo da presente invenção seria a milenar tecnologia de curtimento de peles de animais para a obtenção do próprio couro.

[007] A presente invenção se diferencia dos

processos	de	curtimento tradicional	porque,	devido a
natureza	das	matérias-primas utilizadas, o tratamento
químico	foi	completamente adaptado	em suas	etapas,
ingredientes e	respectivas concentrações,	conforme	descrição
a seguir.
Objetivos	da invenção
[008]		Basicamente, a presente	invenção	tem como

objetivo fornecer um processo de tratamento de matéria vegetal para a transformação da mesma em um produto com características semelhantes ao couro.

[009] O processo da presente invenção compreende o tratamento químico, ou curtimento, de matéria vegetal para a transformação da mesma em material semelhante a couro. O referido processo compreende pelo menos as etapas de tratamento químico, secagem e soldagem. O produto final é

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3/10 caracterizado por sua semelhança com couro, podendo ser aplicado a diversas áreas da indústria, como de vestuário, calçados, bolsas, acessórios, mobiliário, entre outras.

[010] Um objetivo particular da presente invenção é transformar matéria vegetal em um produto semelhante ao couro, de forma que tal produto sirva como substituinte do couro, seja de origem animal ou sintética, em roupas, calçados, bolsas, malas, mochilas, utensílios e acessórios diversos.

[011] Mais particularmente, é objetivo da presente invenção que o produto possa ser obtido a partir de matéria vegetal íntegra, isto é, que não passa, necessariamente, por nenhum processo de corte, moagem ou qualquer tipo de fragmentação, de modo que as fibras vegetais permanecem íntegras e a matéria vegetal preserva seu formato natural.

Breve descrição das figuras [012] A figura 1 mostra exemplos do produto da presente invenção.

[013] A figura 2 mostra o produto submetido a teste de abrasão.

[014] A figura 3 mostra uma comparação entre um produto da presente invenção recém acabado (A) e outro que passou por teste de aceleração de envelhecimento (B) (72h a

100°C).

[015] A figura 4 mostra um calçado feito do produto da presente invenção.

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4/10 [016] Descrição detalhada da invenção [017] A presente invenção se refere, em uma primeira modalidade, a um processo para tratamento de matéria vegetal para transformá-la em um produto cujo aspecto e características físicas são semelhantes a couro. 0 processo compreende as seguintes etapas básicas:

a) Tratamento químico da matéria vegetal;

b) Secagem do produto obtido na etapa a; e

c) Soldagem do produto obtido na etapa b.

[018] Em uma modalidade específica da presente invenção, o tratamento químico da matéria vegetal compreende acidificação, clareamento, lubrificação, curtimento e fixação. A etapa de tratamento químico da matéria vegetal pode ser feita, por exemplo, em uma cuba, ou recipiente similar, compreendendo os componentes químicos necessários, ou em máquinas industriais adequadas ao mesmo.

[019] A subetapa de acidificação pode ser feita com qualquer ácido orgânico, por exemplo ácido fórmico ou ácido acético. A subetapa de clareamento pode ser feita com qualquer alvejante, como, por exemplo, o clorito de sódio ou hipoclorito de sódio. A subetapa de lubrificação pode ser feita, por exemplo, com óleos sulfitados, óleos sulfatados, álcool graxo, óleo de peixe, óleo vegetal, óleo mineral e óleos sintéticos.

[020] A subetapa de curtimento poderia ser ainda dividida, por um indivíduo com conhecimento na técnica em

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5/10 questão, entre pré-curtimento e curtimento. Todavia, para facilitar a compreensão da invenção, a subetapa é chamada apenas de curtimento, e os seguintes ingredientes são exemplos de compostos que podem ser úteis para o curtimento da matéria orgânica vegetal: glutaraldeído, fosfônio, oxiziridina, sulfona, tanino sintético fenólico, tanino vegetal, tara micronizada, cromo, alumínio, zircônio, resina acrílica e polímeros diversos.

[021] A subetapa de fixação pode ser realizada com um ácido orgânico, por exemplo ácido fórmico ou ácido acético.

[022] Em uma modalidade opcional da invenção, a etapa de tratamento químico da matéria vegetal compreende ainda a esterilização; lavagem; e o tamponamento, acidificação ou basificação do ambiente de tratamento químico. Tais etapas opcionais podem ser feitas a qualquer tempo do processo objetivando estabilizar o sistema e evitar o crescimento de micro-organismos, como fungos e bactérias.

Por exemplo, uma etapa de esterilização, tamponamento, acidificação ou basificação pode ser feita entre as etapas, por exemplo entre acidificação e clareamento; entre um curtimento e uma lubrificação; entre uma lubrificação e um curtimento; entre um curtimento ou lubrificação e a fixação;

ou mesmo concomitantemente a uma das as etapas de acidificação, clareamento, curtimento, lubrificação ou fixação.

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6/10 [023] Em uma modalidade preferencial da invenção, as subetapas de curtimento e lubrificação são repetidas durante o processo. Por exemplo, tais subetapas podem ser feitas após o clareamento, após a lubrificação ou após uma etapa de esterilização e o tamponamento, acidificação ou basificação.

[024] Opcionalmente, o processo da presente invenção compreende ainda uma etapa de tratamento termoplástico do produto obtido na etapa c. Um ligante termoplástico pode ser usado em tal etapa, por exemplo polietileno (PE), polipropileno (PP) e cloreto de polivinila (PVC). O tratamento termoplástico pode ser feito, por exemplo, com um aparelho atomizador.

[025] Etapas para reforço do produto obtido, como colagem ou costura do mesmo com outro material que ofereça maior resistência a rasgos, podem ser incluídos no processo da presente invenção.

[026] A etapa b, de secagem, pode ser feita em qualquer ambiente com a presença de correntes de convecção, seja ao ar livre ou em aparato industrial adequado, de modo que toda a superfície do produto da etapa A seja exposta a tais correntes, a fim de que a secagem ocorra de forma eficiente. A secagem pode ocorrer em temperatura ambiente, ou em estufa, numa temperatura de 25 a 75°C, preferencialmente de 30 a 60°C, ou de 40 a 50°C.

[027] A soldagem do produto obtido da etapa b, por

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7/10 sua vez, pode ser feita de acordo com um método e usando um filme de ancoragem apropriado, por exemplo o método e filme descritos na patente PI 0103938-5, de 6 de setembro de 2011, incorporada aqui como referência. Opcionalmente, após a solda, pode-se fazer o acabamento e a coloração final do produto, a fim de obter efeitos estéticos diversos.

[028] Em uma modalidade preferencial da invenção, a matéria vegetal pode ser selecionada de folha, flor, fruto, pseudofruto, infrutescência, caule, raiz e semente, bem como partes desses.

[029] Em uma segunda modalidade, a invenção se refere a um produto. Tal produto sendo caracterizado pelo fato de compreender matéria vegetal transformada pelo processo conforme descrito acima.

[030] O produto da presente invenção é caracterizado ainda pelo fato da matéria vegetal ter seu conteúdo aquoso substituído por compostos não aquosos, como óleos e glicerina. O conteúdo aquoso pode ser total ou parcialmente substituído. Opcionalmente, o produto da presente invenção é caracterizado por compreender fibras vegetais íntegras.

[031] Em uma modalidade mais específica, o produto da presente invenção pode ser caracterizado pelas propriedades físicas descritas nas tabelas abaixo:

Tabela 1: Resistência a abrasão

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500g/500	ciclos/	rodas	Houve pequeno desgaste no
abrasivas	CS-10		acabamento
Perda de	massa		6, 6 mg

[032] O método para a determinação dos dados indicados na tabela 1 é baseado na norma DIN EM 14327:04. A figura 2 mostra o produto antes e após ser submetido ao teste de abrasão.

Tabela 2: Carga de rasgo

	Amostra A	Amostra B
Espessura	0,70 mm	0,77 mm
Carga de rasgo	31,3 N	38,0 N
máxima

[033] A determinação da carga de rasgo é baseada na norma DIN EM ISSO 3377-3:03/IUP 8.

Tabela 3: Força de tensão e porcentagem de extensão

	Amostra A	Amostra B
Espessura	0,80 mm	1,0 mm
Carga na quebra	126,2 N	154,7 N
Estresse na	15,7 N/mm²	15,5 N/mm²
quebra
Alongamento na	185,8%	236,0%
quebra

[034] A determinação dos dados da tabela 3 foi feita de acordo com a norma DIN EM ISO 3374:12 [035] As semelhanças físicas entre o produto da presente invenção e o couro permitem que o produto da

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9/10 presente invenção seja usado como substituinte do couro em suas diversas aplicações.

Exemplo [036] O seguinte exemplo tem como objetivo tão somente ilustrar o que foi descrito acima, de modo a facilitar a compreensão de um técnico no assunto. Não se pretende, contudo, limitar a descrição ou o escopo da presente patente às concretizações a seguir:

[037] A matéria vegetal escolhida foram folhas, conforme demonstradas na figura 1.

[038] A acidificação da matéria vegetal pode ser feita em solução aquosa de ácido fórmico 0,5% a 10%, no pH de 1,5 a 4,5, por um periodo de 24h. Após isso, a matéria vegetal pode ser clareada em clorito de sódio 0,1% a 10%, por 30 minutos e lubrificada com glicerina 1% a 40% e óleo sintético 0,5% a 6% por 24 horas. O curtimento da matéria vegetal pode ser feito com glutaraldeído 1% a 8%, Fosfônio

1% a 8% e a matéria pode ser esterilizada com um fungicida.

A fim de equilibrar o pH, um tampão de acetato de sódio 0,4 a 4,8 % pode ser utilizado para manter o pH entre 3 e 7.

Nessa altura uma etapa de lubrificação pode ser desejável e, para essa finalidade, pode-se usar, por exemplo, 1% a 40% de glicerina. Para um novo curtimento da matéria podem ser utilizados curtentes como sulfona 2% a 27% e resina acrílica

1% a 17%. A matéria vegetal processada até aqui pode, então ser lavada com água e, opcionalmente, bicarbonato de sódio.

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10/10 [039] Continuando o processo de curtimento, Óleo

Sintético 1% a 20%, Óleo de Lecetina 1% a 20%, Polímero sintético 1% a 20%, Glicerina 1% a 20% e Resina Acrílica 1% a 17% podem ser usados por, por exemplo 2 horas. Para finalizar o processo, a matéria vegetal pode passar novamente por tratamento com fungicidas antes de passar pela fixação, que pode ser realizada com ácido fórmico 0,5 % a 10%.

[040] As folhas tratadas podem ser expostas a correntes de convecção, por exemplo ao ar livre. Após secas, as folhas podem passar pela etapa de soldagem, conforme descrita na patente PI 0103938-5, de 6 de setembro de 2011.

Após a soldagem, as folhas podem, opcionalmente, passar pelo tratamento com termoplásticos, tintas e outros, obtendo-se um produto conforme demonstrado na figura 1.

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Claims

REIVINDICAÇÕES

1. Processo de tratamento de matéria vegetal caracterizado pelo fato de compreender as etapas de:

a) Tratamento químico da matéria vegetal; b) Secagem do produto obtido na etapa a; e c) Soldagem dc i produto obtido na etapa b. 2 . Processo, de acordo com , a reivindicação 1,

caracterizado pelo fato de compreender ainda seguinte etapa:

d) Tratamento termoplástico do produto obtido na etapa

b.

3. Processo, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de que o tratamento químico da matéria vegetal compreende acidificação, clareamento, lubrificação, curtimento e fixação.

4. Processo, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado pelo fato de que as subetapas de curtimento e fixação são repetidas.

5. Processo, de acordo com reivindicação 3, caracterizado pelo fato de compreender, opcionalmente, uma ou mais etapas de tamponamento, acidificação ou basificação.

6. Processo, de acordo com reivindicação 3, caracterizado pelo fato de compreender, opcionalmente, uma ou mais etapas de esterilização da matéria vegetal.

7. Processo, de acordo com a reivindicação 2, caracterizado pelo fato de que o tratamento termoplástico do material obtido na etapa b é feito com um ligante

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2/2 termoplástico .

8. Processo, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de a matéria vegetal ser selecionada de folha, flor, fruto, pseudofruto, infrutescência, caule, raiz e semente, bem como partes desses.

9. Produto caracterizado pelo fato de compreender matéria vegetal transformada pelo processo conforme definido em qualquer uma das reivindicações 1 a 8.

10. Produto, de acordo com a reivindicação 9, caracterizado pelo fato de que a matéria vegetal teve seu conteúdo aquoso substituído por compostos não aquosos.

11. Produto, de acordo com a reivindicação 9, caracterizado por compreender fibras vegetais íntegras.

12. Produto, de acordo com a reivindicação 9, caracterizado pelo fato de a matéria vegetal ser selecionada de folha, flor, fruto, pseudofruto, infrutescência, caule, raiz e semente, bem como partes desses.

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