BR102021010906A2 - Produção de farinha das cascas de melancia africana (citrullus lanatus var. citroides) - Google Patents

Abstract

A presente invenção propicia “Produção de farinha das cascas de melancia africana (Citrullus lanatus var. citroides)”. O produto em questão apresenta o processo de obtenção de farinha a partir das cascas de melancia africana, através da secagem em secador convectivo ou em estufa ou em equipamento equivalente em diferentes temperaturas. Destacando-se como uma alternativa de aproveitamento tecnológico e industrial das cascas, com potencial de aplicabilidade no desenvolvimento de novos produtos, como fonte de nutrientes comprovados cientificamente, podendo ser aproveitados parcialmente ou integralmente nos alimentos.

Description

PRODUÇÃO DE FARINHA DAS CASCAS DE MELANCIA AFRICANA (CITRULLUS LANATUS VAR. CITROIDES) CAMPO DE INVENÇÃO

[001] A presente invenção trata da elaboração de um alimento a partir das cascas de melancia africana. A invenção refere-se ao processo de secagem convectiva das cascas em diferentes temperaturas (60 a 90 °C) e velocidade do ar (1,0-2,5 m/s), no qual o produto obtido pode ser aplicado na indústria alimentícia, visando sua utilização no desenvolvimento de novos produtos e como substituto de farinhas convencionais já disponíveis no mercado, visto que possui excelente composição nutricional.

ANTECEDENTES DA INVENÇÃO

[002] A melancia africana (Citrullus lanatus var. citroides), comumente conhecida como melancia do mato, de cavalo, de porco ou forrageira tem seus percentuais de gordura e fibra bruta comparados às de outras forrageiras cultivadas no Semiárido. De origem africana, pode atingir considerável produtividade, sendo utilizada in natura ou como farelo na alimentação animal. Entretanto, pouco se conhece sobre a composição química deste fruto (casca, polpa e sementes). Estas informações são de grande importância para entender os potenciais desta cultura para a região, como a utilização de partes não convencionais deste fruto na obtenção de novos produtos (RIBEIRO et al., 2017).

[003] Dependendo da fruta, os principais resíduos gerados durante o processamento são: cascas, sementes e bagaço. Esses resíduos, quando aproveitados, servem na maioria das vezes para ração animal, entretanto poderiam ser utilizados na obtenção de novos produtos, principalmente pelo seu baixo custo, por possuírem na sua composição vitaminas, minerais, fibras e compostos antioxidantes importantes para as funções fisiológicas, associando uma melhoria no valor nutritivo na dieta das populações e a redução dos resíduos agroindustriais, sobretudo aquelas que processam frutas e hortaliças (ZABALAGA et al., 2016; SOUZA et al., 2020).

[004] Entretanto, por possuírem um alto teor de umidade, os resíduos agroindustriais são altamente perecíveis, sendo necessário a busca de métodos que diminuam essas perdas. Uma alternativa que vem ganhando espaço na indústria alimentícia é a transformação desses resíduos em farinhas, através de diferentes processos de secagem.

[005] O processo de secagem consiste em preservar substâncias físicas e químicas, além de reduzir o teor de umidade para níveis seguros de armazenamento, assim, o produto pode ser utilizado em períodos em que a fruta não está disponível (RESENDE et al., 2018; VENTURIN e SILVA, 2019; BARROS et al., 2020). Para o projeto e otimização de equipamentos de secagem, é importante usar modelos matemáticos e selecionar aqueles que melhor se ajustam à perda de água de cada material, com base nos dados experimentais obtidos (COSTA et al., 2015), daí justificando a importância da informação teórica sobre a secagem das cascas da melancia africana em diferentes temperaturas.

[006] Na literatura de patentes, pode-se citar a patente PI 0304911-6 A2, que relata o processo de obtenção de farinha a partir de cascas de frutos de maracujazeiro (Flavicarpa edulis), que correspondem entre 60 a 70% do peso do fruto, desprezadas no processo fabril que visa a obtenção de suco, gerando problemas ao meio ambiente, embora contenha nutriente importante à alimentação. Os frutos de meio maduros ou maduros depois de lavados e desinfectados são cortados para remoção da polpa. As cascas secas são transformadas em farinha. Não havendo qualquer semelhança com a presente invenção.

[007] A patente PI 08022523-1 A2 descreve um processo de obtenção de farinha a base da casca da banana verde. O produto foi obtido através do processo de esterilização da banana verde com casca em solução aquosa, colocada para secagem sobre telas, cortada em fatias, desidratada em estufa pelo tempo aproximado de três horas, chegando a uma temperatura aproximada de 170 °C, seguindo então para o processo de trituração. Pode ser misturada a qualquer tipo de alimento. Age como indutor de saciedade, papel semelhante ao das fibras, diminuindo a absorção de gorduras na dieta alimentar. Alimento energético, prevenção de doenças crônicas como câncer, diabetes, dislipidemias, doenças coronárias e obesidade. Age ainda combatendo a desidratação.

[008] A patente BR 10 2017 012872 5 A2, relata o processo para a obtenção da farinha da casca do alho bulbo e bulbilho, destinada à alimentação humana. Este processo engloba a lavagem, sanitização, secagem em estufa com circulação forçada de ar e trituração em liquidificador. As farinhas são peneiradas e acondicionadas em embalagens de polipropileno e mantida em ambiente seco, fresco, sob temperatura controlada, ao abrigo da luz. Assim, o estabelecimento deste processo é importante para a indústria alimentícia, pois há um reaproveitamento do resíduo que é descartado no meio ambiente. A referida patente não tem qualquer semelhança com a presente invenção.

[009] Acredita-se que o uso da casca de resíduos agrícolas na produção de farinha pode ser uma opção viável, considerando a importância de incorporar na dieta da população novas formas alimentares, como fonte de nutrientes comprovados cientificamente.

OBJETIVO DA INVENÇÃO

[010] O objetivo da invenção é a elaboração de uma farinha tendo como matéria-prima as cascas de melancia africana (Citrullus lanatus var. citroides), justificando-se pela importância do desenvolvimento de novos produtos, a procura por fontes nutricionais alternativas, como suplemento alimentar e como aproveitamento de resíduos agrícolas importantes e normalmente desperdiçados.

SUMÁRIO DA INVENÇÃO

[011] É um dos objetos da presente invenção propiciar um processo para obtenção do produto farinha de cascas de melancia africana, compreendendo as seguintes etapas de:

• a. Processamento da melancia;
• b. Preparação das cascas;
• c. Secagem e trituração das cascas;

[012] Estes e outros objetos da presente invenção serão melhor compreendidos e valorizados a partir da descrição detalhada da invenção que têm como objetivo apenas ilustrar um dos inúmeros meios de se realizar a invenção, não limitando portando seu escopo.

BREVE DESCRIÇÃO DAS FIGURAS

[013] A Figura 1 apresenta o fluxograma de obtenção de farinha das cascas de melancia africana.

DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO

[014] A presente invenção refere-se à elaboração da farinha das cascas de melancia africana, de acordo com os seguintes componentes:

• a. Processamento da melancia;
• b. Preparação das cascas;
• c. Secagem e trituração das cascas.

[015] As melancias são colhidas no estádio de maturação maduras, e selecionadas manualmente para eliminar os frutos que apresentam danos físicos.

[016] Os frutos selecionados são lavados em água corrente para retirada de sujidades e, em seguida, imersos em solução de hipoclorito de sódio (50-100 ppm) por um período de 5-10 minutos. As melancias são fracionadas em partes menores e a polpa separada manualmente da casca. As cascas são lavadas em água corrente, sanitizadas com solução de hipoclorito de sódio (50 ppm por 15 min) e colocadas em bandejas para evaporação da água superficial; em seguida são distribuídas em recipientes adequados (bandejas teladas) e submetidas ao processo de secagem em estufa com circulação forçada de ar ou equipamento equivalente, com a temperatura variando entre 60 e 90 °C.

[017] Após o processo de secagem, as cascas são trituradas em moinho de facas ou equipamento equivalente para obtenção da farinha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

[018] BARROS, S. L.; CÂMARA, G. B.; LEITE, D. D. F.; SANTOS, N. C.; SANTOS, F. S.; SOARES, T. C.; LIMA, A. R. N.; SOARES, T. S.; OLIVEIRA, M. N.; VASCONCELOS, U. A. A.; ALBUQUERQUE, A. P.; QUEIROZ, A. J. M. Modelagem matemática da cinética de secagem de cascas do kino (Cucumis metuliferus). Research, Society and Development, v. 9, n. 1, p. 1-18, 2020.

[019] COSTA, L. M.; RESENDE, O.; GONÇALVES, D. N.; SANTOS, M.N.; OLIVEIRA, D. E. C. Modelagem matemática da secagem de frutos de crambe em camada delgada. Bioscience Journal, v. 31, n. 2, p. 392403, 2015.

[020] RESENDE, O.; OLIVEIRA, D. E. C.; COSTA, L. M.; FERREIRA JUNIOR, W. N. Drying kinetics of baru fruits (Dipteryx alata Vogel). Engenharia Agrícola, v. 38, n. 1, p. 103-109, 2018.

[021] RIBEIRO, I. A.; FERREIRA, M. A. J. F.; SIMOES, W. L.; VOLTOLINI, T. V.; FERREIRA, M. A. J. F. Produção e composição quimico-bromatológica de genótipos de melancia forrageira. In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL, 1. 2018, Juazeiro, BA. Anais... Petrolina: Universidade Federal Do Vale Do São Francisco - UNIVASP: Embrapa Semiárido: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Sertão de Pernambuco, 2017.

[022] SOUZA, F. P.; VIEIRA, K. P. M. Desenvolvimento e caracterização de farinha obtida a partir da casca do jenipapo (Genipa americana L.). Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, v. 14, n. 1, p. 30223045, 2020.

[023] VENTURIN, A. C. Z.; SILVA, L. C. Modeling and simulation of paddy drying: a bibliometric analysis. Research, Society and Development, v. 8, n. 1, p. 1-22, 2019.

[024] ZABALAGA, R. F.; LA FUENTE, C. I. A.; TADINI, C. C. Experimental determination of thermophysical properties of unripe banana slices (Musa cavendishii) during convective drying. Journal of Food Engineering, v. 187, p. 62-69, 2016.

Claims (5)

1. PRODUÇÃO DE FARINHA DAS CASCAS DE MELANCIA AFRICANA (Citrullus lanatus var. citroides) caracterizado por compreender as etapas de:

   • a. Processamento da melancia;
   • b. Preparação das cascas;
   • c. Secagem e trituração das cascas.
2. PRODUÇÃO DE FARINHA DAS CASCAS DE MELANCIA AFRICANA de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por ser realizado a partir do processamento da melancia, deve ser submetida a seleção, lavagem, sanitização, enxágue, corte e separação das cascas.
3. PRODUÇÃO DE FARINHA DAS CASCAS DE MELANCIA AFRICANA de acordo com a reivindicação 2, caracterizado por ser realizado o processamento da melancia (etapa a), em seguida as cascas devem ser lavadas, sanitizadas, seguida de enxague e colocadas em bandejas para evaporação da água.
4. PRODUÇÃO DE FARINHA DAS CASCAS DE MELANCIA AFRICANA de acordo com a reivindicação 3, caracterizado por ser realizado o preparo das cascas (etapa b), para o processo de secagem, as cascas devem ser colocadas em recipientes adequados (bandejas teladas) e submetidas ao processo de secagem em estufa com circulação forçada de ar ou em equipamento equivalente, com a temperatura variando entre 60 e 90 °C, após a secagem as cascas secas seguem para trituração em moinho ou equipamento equivalente.
5. PRODUÇÃO DE FARINHA DAS CASCAS DE MELANCIA AFRICANA de acordo com a reivindicação 4, caracterizado por ser um produto com constituintes químicos concentrados, com grande potencial de inserção no mercado consumidor.

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