PT2257665E - Estrutura tecida e painel ou recipiente comportando uma tal estrutura - Google Patents

Description

DESCRIÇÃO "ESTRUTURA TECIDA E PAINEL OU RECIPIENTE COMPORTANDO UMA TAL ESTRUTURA" A presente invenção refere-se a uma estrutura tecida e uma peça equipada com uma tal estrutura. Refere-se, mais particularmente, a um recipiente flexível compreendendo uma tal estrutura e formando um reservatório insuflável. São conhecidas almofadas insufláveis para elevação de avião concebidas para facilitar o desatolamento e a recuperação de aviões comerciais e militares saídos acidentalmente de pista.

Estas almofadas permitem às equipas de socorro dos aeroportos, confrontadas com uma saída de pista de uma aeronave, levantar esta última e, em seguida, rebocá-la rapidamente e com toda a segurança, evitando causar-lhe prejuízos secundários.

Uma estrutura tecida compreendendo, pelo menos, duas paredes tecidas ligadas uma à outra por, pelo menos, um fio de ligação não acrescentado, é conhecida do documento US 3048198 A. A Figura 1 é uma vista em corte de uma almofada de elevação para avião da técnica anterior. Esta almofada comporta, tipicamente, duas paredes 1, 2 tecidas revestidas para impermeabilidade e vulcanizadas a quente. Estas paredes 1, 2 tecidas são ligadas sobre o seu contorno por uma sobreespessura 3 em borracha. 1

Estas paredes 1, 2 são, igualmente, ligadas entre si por fios 4 de poliamida gue, guando são postos sob tensão por insuflação da almofada ficam paralelos e espaçados regularmente uns dos outros.

Estes fios 4 são de comprimento idêntico de modo a manter as paredes 1, 2 paralelas. Garante-se, assim, a aplicação de uma pressão de elevação uniforme sobre a estrutura do avião sob o gual é colocada esta almofada.

Este último ponto é particularmente critico, por exemplo, durante a elevação de elementos frágeis, tais como uma asa 5 de avião, para evitar o aparecimento de prejuízos estruturais sobre estes últimos (Fig. 2).

Ora, pode observar-se perdas de ar destas almofadas de elevação resultante de um defeito de fabrico ou aparecendo ao longo do tempo ao nível de pontos 6 de ruptura da estrutura da almofada de elevação. A título ilustrativo, os defeitos de fabrico podem resultar de uma má vulcanização ou ainda de um deslizamento da sobrespessura 3 de borracha antes da vulcanização.

Tais defeitos provocam uma aplicação não uniforme da força de elevação sobre a estrutura do avião e eventualmente são responsáveis por prejuízos secundários.

Existe, por conseguinte, uma necessidade urgente para uma almofada de insuflação gue seja realizada numa única peça, de modo a apresentar uma resistência acrescida aos esforços. 2

De um modo mais geral, numerosos artigos tecidos apresentando uma forma complexa, tais como pufes cheios com esferas de poliestireno, capas de poltrona, etc., resultam da montagem de peças têxteis inicialmente distintas que são em seguida unidas, por exemplo, por costura para conferir a sua forma definitiva ao artigo.

Ora, estes artigos apresentam, por definição, uma certa fraqueza estrutural ao nível destas zonas de montagem.

Um desgaste prematuro do artigo ao nível destas zonas pode resultar, por exemplo, na perda do material de enchimento do artigo.

Finalmente, o tempo de montagem destes artigos que têm uma forma complexa pode ser relativamente longo e requerer operadores qualificados, tornando o artigo dispendioso. 0 objectivo da presente invenção é, por conseguinte, propor uma peça têxtil simples na sua concepção e no seu modo funcional, de uma só peça, conferindo-lhe, assim, propriedades mecânicas superiores aos artigos conhecidos da técnica anterior obtidos pela montagem de elementos inicialmente separados por costura, colagem ou, ainda, por uma combinação destes modos de montagem.

Um outro objectivo da invenção é uma estrutura tecida de uma única peça tendo uma forma complexa, tal como uma forma cónica ou cilíndrica, apresentando uma resistência mecânica acrescida para a realização de peças compósitas, tais como calotes esféricas, secções de fuselagem de aeronave, cascos de navio ou ainda mobiliário. 3

Para esse efeito, a invenção refere-se a uma estrutura tecida compreendendo, pelo menos, duas paredes tecidas ligadas uma à outra por, pelo menos, um fio de ligação não acrescentado.

De acordo com a invenção, a variação do comprimento entre duas alças consecutivas do referido, pelo menos um, fio de ligação, cada uma das referidas alças correspondendo a uma pega por um fio de trama de uma parede diferente, é continua sobre, pelo menos, uma parte da estrutura no sentido da teia e/ou no sentido da trama.

Cada uma destas duas alças pertence à tecedura fundamental de uma parede ou faixa diferente. Dito de outro modo, cada uma destas duas alças correspondendo a uma pega, ou fio de ligação ligado, por um fio de trama de uma parede diferente, estas paredes são ligadas entre si pelo fio de ligação. A ligação entre as duas paredes tecidas é, por conseguinte, assegurada por fios de teia suplementares.

Esta estrutura tecida pode ser fechada ou, pelo menos, parcialmente aberta. Esta abertura pode ser colocada em qualquer ponto da estrutura tecida, isto é, em pelo menos, uma das suas extremidades, os bordos correspondentes destas paredes não estando, então, ligados entre si ou ainda resultar da presença de um orifício sobre, pelo menos, uma das paredes. A secção desta estrutura tecida pode, de um modo vantajoso, apresentar qualquer forma, tal como uma forma circular, quadrada, rectangular, de losango, em T, em U, em L, em H, em I após corte eventual dos fios de teia não necessários. 4

Entende-se por "variaçao contínua" que esta variação é uniforme e não apresenta saltos ou patamares.

Entende-se por "fio de ligação não acrescentado" que este fio não é acrescentado após tecelagem de cada uma destas paredes para a montagem destas mas que, bem pelo contrário, é introduzido na trama destas paredes tecidas à medida que são fabricadas. 0 fio de ligação faz, por conseguinte, parte integrante da tecedura das duas paredes sobre partes destas. A estrutura tecida assim obtida é de uma única peça, o que lhe confere uma resistência mecânica acrescida aos esforços.

Esta estrutura tecida pode ser feita de uma única uma peça ou, pelo contrário, comportar materiais diferentes.

Entende-se pela expressão "a estrutura tecida é de uma única peça", que esta estrutura é monobloco e realizada a partir de um único material. Os fios de teia ou de trama utilizados podem, contudo, ser de uma forma diferente, isto é, um fio monofilamento, fio multifilamentos, fio plano, fio formado de fibras entrançadas, fio simples ou rotor, por exemplo, e apresentar espessuras ou diâmetros diferentes.

Estes fios podem, por exemplo, ser fios de algodão, fios de poliéster, fios de poliamida, de polipropileno, de polietileno, de materiais plásticos biodegradáveis à base de amido, de materiais plásticos oxidegradáveis, fios formados por fibras de carbono, de grafite, de vidro, de sílica e de aramida. 5

As paredes podem, além disso, ter dimensões diferentes e/ou formas diferentes em função da aplicação prevista para a estrutura tecida.

Assim, e a titulo puramente ilustrativo, tendo em vista o fabrico de uma asa de avião apresentando um perfil biconvexo simétrico, poder-se-á utilizar uma estrutura tecida comportando uma parede superior convexa, uma parede intermédia plana e uma parede inferior convexa e simétrica da parede superior relativamente à parede intermédia. Para obter uma asa apresentando um perfil plano-convexo, estas mesmas paredes apresentarão, respectivamente, partes convexas para formar um extradorso convexo, de curvatura simples e plano para formar um intradorso plano. Naturalmente, estas paredes são ligadas nas suas extremidades para formar o bordo de ataque e o bordo de fuga da asa. A densidade dos fios de ligação e a sua composição asseguram, uma vez a estrutura endurecida, o suporte das paredes superior e inferior e a rigidez mecânica necessária para a asa para suportar esforços.

De um modo vantajoso, esta estrutura comporta uma parede superior, uma parede intermédia e uma parede inferior, estando estas paredes sobrepostas, pelo menos um primeiro fio de ligação ligando as referidas paredes superior e intermédia e, pelo menos, um segundo fio de ligação ligando as referidas paredes inferior e intermédia, apresentando pelo menos, um destes primeiro e segundo fio de ligação uma variação de comprimento entre duas alças consecutivas, cada uma das referidas alças correspondendo a uma pega por um fio de trama de uma parede diferente, que é continua sobre, pelo menos, uma parte da estrutura no sentido da teia e/ou no sentido da trama. 6 A invenção refere-se ainda a uma estrutura tecida compreendendo, pelo menos, uma parede tecida superior e uma parede tecida inferior que são ligadas uma à outra por, pelo menos, um fio de ligação não acrescentado.

De acordo com a invenção, o referido, pelo menos um, fio de ligação apresentando várias partes flutuantes no sentido da trama, correspondendo cada uma destas partes ao referido, pelo menos um, fio de ligação ligado por um lado por, pelo menos, dois fios de teia da parede superior e, por outro lado, por, pelo menos, dois fios de teia da parede inferior, a variação do comprimento das referidas partes flutuantes é continua sobre, pelo menos, uma parte da referida estrutura tecida no sentido da trama e/ou da teia. A ligação entre as duas paredes tecidas é, por conseguinte, obtida partir de comprimentos de fio de tramas suplementares e não de fios de teia suplementares como descrito anteriormente.

Em diferentes modos de realização particulares desta estrutura tecida, cada um tendo as suas vantagens particulares e susceptiveis de numerosas combinações técnicas possíveis: os fios de ligação estando sob tensão, pelo menos, uma maioria dos comprimentos entre duas alças consecutivas destes fios de ligação são rectilíneos estando espaçados regularmente ou não, as paredes e/ou os fios de ligação são realizados em materiais diferentes, 7

Os fios de ligaçao podem, de um modo vantajoso, ser realizados em materiais diferentes, de modo que a estrutura tecida apresente zonas de resistência mecânica diferente. A titulo meramente ilustrativo, pode, assim, gerar-se uma zona de marcação na estrutura tecida com fios de ligação apresentando uma resistência mecânica mais fraca que os outros fios de ligação da estrutura e, por conseguinte, um limiar de ruptura inferior ao dos outros fios de ligação. A aplicação de uma pressão superior a um limiar de pressão máxima recomendado, durante a insuflação de um reservatório de elevação flexível fabricado a partir desta estrutura tecida, pode provocar a ruptura destes fios de ligação tendo uma resistência mais fraca, o que permite ao operador visualizar directamente que este limiar de pressão foi ultrapassado e que deve intervir para parar a insuflação do reservatório.

Esta zona de marcação oferece, assim, um meio de controlo e de segurança simples e eficaz para garantir que nenhuma deterioração secundária seja provocada a um elemento estrutural de um avião saído de pista durante a sua elevação. - estas paredes são contínuas ou não, A título meramente ilustrativo, pelo menos uma destas paredes pode comportar um orifício. A estrutura tecida pode, assim, comportar um orifício e formar um anel. o comprimento dos fios de teia e/ou dos fios de trama de, pelo menos, uma destas paredes, é diferente do comprimento do fio de teia e/ou dos fios de trama respectivamente das outras paredes,

Isto poderia ser obtido, por exemplo, quando as paredes apresentam teceduras diferentes. Estas paredes podem ter por base uma tecelagem em tecedura de tela ou tecedura de sarja.

Uma das paredes destinada a estar em contacto com o solo pode também apresentar um relevo de superfície comportando saliências e partes côncavas para lhe conferir uma aderência ao solo.

De modo alternativo, uma primeira parede pode apresentar um relevo de superfície composto de partes côncavas enquanto uma segunda parede da estrutura tecida comporta saliências destinadas a cooperar com as partes côncavas, da primeira parede, de modo a evitar um eventual deslizamento de uma estrutura relativamente a outra quando estas são empilhadas uma sobre a outra.

Estas saliências e partes côncavas podem ser respectivamente indentações machos e fêmeas. A título ilustrativo, estas indentações podem resultar de tecedura em ninho de abelha.

De modo mais geral, as paredes tendo uma tecedura idêntica, os comprimentos dos fios de teia e/ou de trama podem ser diferentes, sendo uma destas paredes mais comprida. 9 a estrutura tecida comportando, pelo menos, uma parede lateral ligando estas paredes, pelo menos alguns destes fios de teia e/ou de trama são colocados ao mesmo tempo em, pelo menos, uma destas paredes e na referida parede lateral, sendo os referidos fios contínuos,

Neste modo de realização particular, a estrutura tecida é, pelo menos, parcialmente fechada. A continuidade dos fios de teia e/ou de trama sobre a totalidade ou parte das paredes superior, inferior e lateral, assegura uma resistência mecânica da estrutura tecida superior. - a densidade de fios de ligação é superior à 1 fio/10 cm2, no entanto, esta densidade de fios de ligação depende das aplicações previstas para a estrutura tecida. Esta densidade de fios de ligação pode, por conseguinte, variar de um fio/10 cm2 até várias centena de fios/cm2. os fios de ligação são flexíveis, A título ilustrativo, estes fios de ligação são escolhidos no grupo compreendendo fios monofilamento, fios multifilamentos, fio simples ou rotor, fios compreendendo fibras aglomeradas, fios planos, fios metálicos flexíveis, fios embainhados, isto é, comportando cada um, um fio de núcleo e uma bainha realizada em material termoplástico, e combinações destes elementos.

Entende-se por "fio plano", um produto extrudido através de uma fieira, estirado ou outro cuja secção transversal maciça e sensivelmente constante em todo o seu comprimento tem forma 10 oval, quadrada, rectangular, de círculo achatado e quadrada ou rectangular modificada, isto é, tendo dois lados opostos com com forma de arco convexo, os dois outros sendo rectilíneos, iguais e paralelos. Estes fios planos poderiam ainda ser ocos e apresentar, a título ilustrativo, uma secção tubular achatada. A invenção refere-se, também, a um recipiente flexível. De acordo com a invenção, este reservatório compreende uma estrutura, tal como descrito anteriormente.

De um modo preferido, esta estrutura é estanque. Para tal, as paredes podem ter sido revestidas com um material de impermeabilidade, tal como um material à base de policloreto de vinilo (PVC) ou de poliuretano e, ainda melhor, um material à base PVC plastificado ignífugo.

Tratando-se de uma almofada insuflável utilizável, por exemplo, para a elevação de um avião saído da pista, o recipiente comportará uma orla, uma zona destinada a formar um arredondamento quando o recipiente está sob pressão e uma zona central plana. Poderá compreender, além disso, pegas para permitir a deslocação desta almofada. A invenção refere-se, igualmente, a um painel compreendendo, pelo menos, duas paredes espaçadas uma da outra.

De acordo com a invenção, estas duas paredes são formadas por uma estrutura tal como foi descrito anteriormente. 0 conjunto da estrutura pode ser embebido numa resina endurecida. De modo alternativo, os fios de ligação e os fios 11 constitutivos das paredes tendo sido pré-impregnados, a estrutura tecida é polimerizada.

Por exemplo, estes fios podem ser pré-impregnados com uma resina termo-endurecivel ou termoplástica e, nomeadamente, uma resina termoplástica termo-estável como aquelas das famílias das polieteramidas (PEI), das polieteretercetonas (PEEK) ou das poliamidas (PA).

As operações de polimerização são processos bem conhecidos do estado da técnica, que não serão novamente descritos aqui. Citar-se-á simplesmente, a título puramente ilustrativo, o método de moldagem por transferência de resina (RTM) ou, ainda, o método de moldagem por infusão de resina líquida (LRI).

Naturalmente, procurar-se-á manter as partes flutuantes dos fios de ligação rectilíneos durante a polimerização. Evitar-se-á, para tal, comprimir a estrutura tecida durante da etapa de impregnação desta com uma resina. 0 painel da presente invenção apresenta, de um modo vantajoso, boas propriedades mecânicas no plano de cada parede mas também numa direcção perpendicular a estas paredes devido aos fios de ligação ligando estas paredes. A invenção refere-se a um navio equipado com, pelo menos, um painel como descrito anteriormente. A invenção refere-se a uma aeronave equipada com, pelo menos, um painel como descrito anteriormente. 0 referido, pelo menos um, painel, pode fazer parte da fuselagem do avião ou ainda da calote esférica. 12 A invenção refere-se, ainda, a um objecto de acomodação interior ou exterior tal como um assento cheio de esferas de poliestireno, mobiliário, um edredão cheio de espuma ou de penugem.

De acordo com a invenção, este objecto de acomodação comporta uma estrutura, tal como descrito anteriormente. A invenção refere-se, de um modo mais geral, a qualquer artigo fabricado equipado com uma estrutura, tal como descrito anteriormente. A invenção será descrita com mais pormenor em referência aos desenhos em anexo, nos quais: a figura 1 é uma vista em corte de uma almofada de elevação da técnica anterior; a figura 2 mostra um empilhamento de almofadas de elevação da Figura 1 colocado sob uma asa de uma aeronave saída de pista com o propósito da sua elevação; a figura 3 mostra, em perspectiva, um painel segundo um modo de realização preferido da invenção; a figura 4 é uma vista em corte segundo o eixo A-A da estrutura tecida utilizada para o fabrico do painel da Figura 3; a figura 5 é uma representação esquemática da variação do comprimento entre duas alças consecutivas de um fio de 13 ligaçao da estrutura tecida da Figura 4 no sentido da teia; a figura 6 representa, esquematicamente, a tecedura da estrutura tecida da Figura 4; a figura 7 representa esquematicamente um esticador utilizado no fabrico da estrutura tecida da Figura 4; A Figura 3 mostra uma vista, em perspectiva, de um painel de acordo com um modo de realização preferido da invenção. Este painel é constituído por uma estrutura 10 tecida embebida num invólucro endurecido com uma resina termo-endurecível, tal como uma resina epóxida. A Figura 4 é uma vista, em corte, da estrutura 10 tecida tendo servido para o fabrico do painel da Figura 3. A estrutura 10 tecida é de uma só peça e é constituída partir de fios formados de fibras de carbono.

Esta estrutura 10 tecida comporta duas paredes 11, 12 tecidas que são ligadas uma à outra por fios 13 de ligação não acrescentados. A parede 11 superior é inclinada e forma um ângulo relativamente à parede 12 inferior que é horizontal.

Estas duas paredes 11, 12 são continuas e planas. Elas são ligadas a cada uma das suas extremidades por uma parte 14, 15 tecida, destinada a apresentar uma forma arredondada ou sensivelmente arredondada após polimerização, de modo a que o painel forme um objecto fechado. 14

Estas duas paredes 11, 12 apresentam uma tecedura de tela 1 por 1 com um número de fios de teia superior a 10 fios/cm e um número de fios de trama superior a 6 fios/cm, de modo a assegurar uma boa impermeabilização da estrutura tecida. A figura 5 mostra a variação do comprimento (eixo Y, 16) de um fio de ligação entre duas alças consecutivas no sentido da teia que é aqui no comprimento do painel (eixo X, 17).

Cada uma destas duas alças correspondendo a uma pega, ou fio de ligação ligado, por um fio de trama de uma parede diferente, estas paredes são ligadas entre si. Entre estas duas alças consecutivas, o fio 13 de ligação correspondente é flutuante, isto é, que apresenta uma parte de fio flutuante.

Esta variação de comprimento (ÁL) no sentido da teia é, por conseguinte, calculada efectuando a diferença entre os comprimentos de duas partes flutuantes de um mesmo fio de ligação seguindo-se imediatamente no sentido da teia. É evidente da Figura 5 que a variação de comprimento de um fio 13 de ligação entre duas alças consecutivas, no sentido da teia da estrutura tecida segue uma recta 18. Esta variação é por conseguinte, progressiva, isto é, continua e regular.

De modo mais geral, o que acaba de ser demonstrado no caso de um fio de teia suplementar é que um fio de ligação poderia ser aplicado a um fio de trama suplementar. Do mesmo modo, a estrutura tecida comportando vários fios de ligação no sentido da teia ou da trama, poder-se-ia demonstrar a variação continua dos comprimentos das partes flutuantes sucessivas numa direcção dada, cada uma destas partes pertencendo a um fio de ligação 15 diferente. Estas direcções poderiam ser as da trama, da teia ou ainda segundo uma diagonal. Neste último caso, as partes flutuantes poderiam ser deslocadas umas relativamente às outras, por exemplo, dispostas em quincôncio.

Esta estrutura tecida foi obtida segundo o método de fabrico descrito a seguir.

Começa-se a tecer simultaneamente as paredes tecendo uma faixa 11 superior e uma faixa 12 inferior segundo a tecedura fundamental de cada uma destas paredes, o fio 13 de ligação estando ligado unicamente à tecedura fundamental da faixa 11 superior. No momento de ligar estas duas paredes pelo referido, pelo menos um, fio 13 de ligação, isto é, antes de ligar o fio de ligação na faixa inferior, interrompe-se a tecelagem e introduz-se na zona de tecelagem uma haste 19 designada esticador, para vir esticar unicamente o referido, pelo menos um, fio 13 de ligação. 0 comprimento do fio de ligação assim esticado é colocado acima da faixa 11 superior. Naturalmente, seria possível proceder simetricamente e esticar o fio de ligação sob a faixa inferior após ter introduzido este nesta faixa e antes de o ligar à tecedura fundamental da faixa superior.

Na Figura 6, pode constatar-se que a fileira 21 da tecedura corresponde, esquematicamente, à substituição de um comprimento de fio de trama, quer dizer de uma fase de tecelagem, pela introdução na zona de tecelagem do esticador para esticar os fios de ligação numerados 5 e 6, comparativamente a uma coluna vertical. Os fios de teia numerados 1 e 3 correspondem ao fio de teia da faixa inferior e os fios de teia numerados 2 e 4 correspondem ao fio de teia da faixa superior. 16

Este comprimento assim esticado do fio de ligação, bem como a distância separando as faixas superior e inferior, corresponde à distância separando as paredes da estrutura tecida final ao nivel desta ligação das paredes pelo referido, pelo menos um, fio de ligação.

Uma vez o fio de ligação esticado no comprimento correcto, o esticador saiu da zona de tecelagem e retoma-se normalmente o fabrico das paredes tecidas até à próxima ligação das paredes por este fio de ligação.

Estes fios 13 de ligação são, por conseguinte, esticados sobre a parte superior (ou simetricamente, por baixo) das duas faixas formando as paredes 11 superior e 12 inferior da estrutura tecida e são, por conseguinte, colocados, em parte, no exterior da estrutura tecida.

Estes fios de ligação são, em seguida, reintroduzidos na estrutura tecida afastando as faixas uma da outra. A haste 19 apresenta, de um modo vantajoso, sobre um dos seus bordos, uma superfície rugosa ou uma rede de ranhuras 20 verticais destinadas a receber, cada uma, um fio de ligação de modo a que os fios de ligação não possam deslizar na superfície da haste 19 durante a etapa de esticar o referido, pelo menos um, fio de ligação. É, além disso, de um modo vantajoso, móvel em translação num plano 21, 22 horizontal.

As paredes 11, 12 sendo aqui planas, a haste 19 tem um diâmetro uniforme e não apresenta relevo de superfície (Fig. 7). Quando se desejar dar uma forma específica a uma das paredes da estrutura tecida, a haste comportará um relevo de superfície 17 sobre o bordo compreendendo a superfície rugosa ou a rede de ranhuras, este relevo constituindo um molde do relevo a conferir à parede ao nível dos fios de ligação assim esticados. Naturalmente, poderá ser necessário substituir o esticador entre as etapas de esticar os fios de ligação para construir, à medida da tecelagem da estrutura tecida, a forma definitiva desta parede.

De modo mais geral, a invenção refere-se a um método de tecelagem de, pelo menos, duas faixas ligadas entre si por, pelo menos, um fio de ligação. De acordo com a invenção, a) inicia-se a tecelagem destas faixas introduzindo na tecedura fundamental de uma primeira faixa, pelo menos, um fio de teia ou comprimento de fio de trama suplementar, este último constituindo o referido fio de ligação, b) antes da introdução do referido, pelo menos um, fio de ligação, na tecedura fundamental da segundo faixa, suspende-se a tecelagem destas faixas, c) estica-se o referido, pelo menos um, fio de ligação, do lado da segunda faixa colocando, pelo menos, uma parte do comprimento esticado no exterior do conjunto formado por estas faixas assim ligadas, d) em seguida, retoma-se a tecelagem das faixas introduzindo o referido, pelo menos um, fio de ligação na tecedura fundamental da segunda faixa, 18 antes de cada nova introdução do referido, pelo menos um, fio de ligação na tecedura fundamental de uma destas faixas, repete-se o ciclo seguinte: e) suspende-se a tecelagem das faixas, f) estica-se o referido, pelo menos um, fio de ligação, colocando, pelo menos, uma parte do comprimento esticado no exterior do conjunto formado por estas faixas assim ligadas, este comprimento assim esticado podendo ser colocado por cima ou por baixo, g) em seguida, retoma-se a tecelagem das faixas introduzindo o referido, pelo menos um, fio de ligação na tecedura fundamental da referida faixa. 0 esticamento do referido, pelo menos um, fio de ligação, é realizado com um elemento de preensão que pode ser um esticador como descrito anteriormente ou um conjunto de agulhas dotadas na sua extremidade de um gancho, cada uma destas agulhas permitindo esticar um só fio de ligação. Estas agulhas são accionadas por electroimanes ou pistão hidráulico ou pneumático. São, além disso, adequadas para um movimento em translacção. 0 método da invenção é aplicável à realização de peças compósitas de chaparia, bem como peças estruturais que entram na realização de aviões, por exemplo, fuselagens ou partes de fuselagem, tais como as asas de um avião ou a calote esférica. É também possível realizar reservatórios de propulsores ou saias de reservatórios. 19

Sao possíveis aplicações marítimas, a título ilustrativo, a realização de cascos de barcos, de contentores e de flutuadores.

Lisboa, 29 de Julho de 2013 20

Claims (18)

1. REIVINDICAÇÕES 1. Estrutura tecida compreendendo, pelo menos, duas paredes (11, 12) tecidas ligadas uma à outra por, pelo menos, um fio (13) de ligação não acrescentado, caracterizada por a variação do comprimento entre duas alças consecutivas do referido, pelo menos um, fio (13) de ligação, cada uma das referidas alças correspondendo a uma pega por um fio de trama de uma parede diferente, ser continua sobre, pelo menos, uma parte da referida estrutura no sentido da teia e/ou no sentido da trama.
2. 2. Estrutura de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por comportar uma parede (11) superior, uma parede intermédia e uma parede (12) inferior, estando as referidas paredes sobrepostas, pelo menos, um primeiro fio de ligação ligando as referidas paredes superior e intermédia e, pelo menos, um segundo fio de ligação ligando as referidas paredes inferior e intermédia, pelo menos um dos referidos, primeiro e segundo, fios de ligação apresentando uma variação de comprimento entre duas alças consecutivas, correspondendo cada uma das referidas alças a uma pega por um fio de trama de uma parede diferente, que é continua sobre, pelo menos, uma parte da referida estrutura no sentido da teia e/ou no sentido da trama.
3. 3. Estrutura tecida compreendendo, pelo menos, uma parede (11) tecida superior e uma parede (12) tecida inferior que estão ligadas uma à outra por, pelo menos, um fio (13) de ligação não acrescentado, caracterizada por o referido, pelo menos 1 um, fio (13) de ligação, apresentando várias partes flutuantes no sentido da trama, cada uma destas partes correspondendo ao referido, pelo menos um, fio (13) de ligação ligado, por um lado, por, pelo menos, dois fios de teia da parede superior e, por outro lado, por, pelo menos, dois fios de teia da parede inferior, a variação do comprimento das referidas partes flutuantes ser continua sobre, pelo menos, uma parte da referida estrutura tecida no sentido da trama e/ou da teia.
4. 4. Estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizada por os referidos fios (13) de ligação estarem sob tensão, pelo menos uma maioria dos comprimentos entre duas alças consecutivas dos referidos fios (13) de ligação serem rectilineos estando espaçados regularmente ou não.
5. 5. Estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizada por o comprimento dos fios de teia e/ou dos fios de trama de, pelo menos, uma das referidas paredes (11, 12) ser diferente do comprimento do fio de teia e/ou dos fios de trama das outras paredes (11, 12).
6. 6. Estrutura de acordo com a reivindicação 5, caracterizada por as referidas paredes (11, 12) apresentarem teceduras diferentes.
7. 7. Estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 6, caracterizada por as referidas paredes (11, 12) serem continuas ou não. 2
8. 8. Estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizada por a referida estrutura ser de uma única peça.
9. 9. Estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizada por as referidas paredes (11, 12) e/ou os referidos fios (13) de ligação serem realizados em materiais diferentes.
10. 10. Estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 9, caracterizada por os referidos fios (13) de ligação serem escolhidos no grupo compreendendo fios monofilamento, fios multifilamentos, fios compreendendo fibras aglomeradas, fios planos, fios metálicos flexíveis e combinações destes elementos.
11. 11. Estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 10, caracterizada por a referida estrutura tecida comportando, pelo menos, uma parede (14, 15) lateral ligando as referidas paredes (11, 12), pelo menos alguns dos referidos fios de teia e/ou de trama serem colocados ao mesmo tempo em, pelo menos, uma das referidas paredes (11, 12) e na referida parede (14, 15) lateral, sendo os referidos fios contínuos.
12. 12. Recipiente flexível, caracterizado por compreender uma estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 11,
13. 13. Recipiente de acordo com a reivindicação 12, caracterizado por a referida estrutura comportar um revestimento de estanqueidade. 3
14. 14. Recipiente de acordo com a reivindicação 13, caracterizado por comportar uma orla, uma zona destinada a formar um arredondamento quando o recipiente está sob pressão e uma zona central plana para formar uma almofada insuflável.
15. 15. Painel compreendendo, pelo menos, duas paredes espaçadas uma da outra, caracterizado por as referidas duas paredes (11, 12) serem formadas por uma estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 11.
16. 16. Navio equipado com, pelo menos, um painel de acordo com a reivindicação 15.
17. 17. Aeronave equipada com, pelo menos, um painel de acordo com a reivindicação 15.
18. 18. Objecto de acomodação interior ou exterior caracterizado por comportar uma estrutura de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 11. Lisboa, 29 de Julho de 2013 4