PT108528A - Máquina de corte de pranchas de material à base de cortiça - Google Patents

Abstract

A PRESENTE INVENÇÃO REFERE-SE A UMA MÁQUINA (1) DE CORTE DE PRANCHAS DE MATERIAL DE CORTIÇA, PARA CORTAR TRAÇOS DE MATERIAL DE CORTIÇA COM ESPESSURA SUFICIENTE PARA A PRODUÇÃO DE ROLHAS A PARTIR DOS MESMOS. A MÁQUINA (1) POSSUI UMA ESTRUTURA (2) COMPREENDENDO UMA SUPERFÍCIE (3) DE APOIO; UM CONJUNTO DE PELO MENOS DOIS EIXOS (5) PARALELOS ENTRE SI, ESTANDO OS EIXOS (5) DISPOSTOS NUM MESMO PLANO QUE É PARALELO A UM PLANO DE CORTE E ESTANDO OS EIXOS (5) DISPOSTOS PERPENDICULARMENTE A UM SENTIDO (S) DE CORTE; PELO MENOS UM ELEMENTO (6) DE CORTE MONTADO EM CADA UM DOS EIXOS (5), SENDO OS ELEMENTOS (6) DE CORTE PARALELOS ENTRE SI E DESALINHADOS UNS RELATIVAMENTE AOS OUTROS NO SENTIDO (S) DE CORTE; UM DISPOSITIVO (7) SUPERIOR PARA PREENSÃO DA PRANCHA, O QUAL COOPERA COM UM DISPOSITIVO (4) INFERIOR DE TRANSPORTE E PREENSÃO DE PRANCHA. A PRESENTE INVENÇÃO ENCONTRA APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA CORTICEIRA.

Description

DESCRIÇÃO "MÁQUINA DE CORTE DE PRANCHAS DE MATERIAL À BASE DE CORTIÇA"

CAMPO DA INVENÇÃO A presente invenção refere-se a uma máquina de corte de pranchas de material à base de cortiça que opera para cortar tiras (também denominadas "traços") de material à base de cortiça com a espessura suficiente para a produção de rolhas a partir das mesmas. A presente invenção tem aplicação no campo da indústria corticeira.

ANTECEDENTES DA INVENÇÃO É bem conhecida a utilização da cortiça numa diversidade de aplicações industriais e, mais particularmente, na produção de rolhas de cortiça. A principal técnica de produção de rolhas naturais tem-se mantido inalterada ao logo de séculos e permite a obtenção das rolhas diretamente a partir da cortiça natural.

De um modo simplificado, a cortiça é retirada do sobreiro em placas com uma forma aproximadamente retangular em bruto, as quais são cortadas em peças mais pequenas denominadas de pranchas. Estas pranchas são cozidas e, depois, cortadas em tiras de largura ligeiramente superior ao comprimento das rolhas que se pretende produzir. Em seguida, as tiras de cortiça são brocadas na sua secção longitudinal ou, dizendo de outra forma, brocadas na espessura da tira e ao longo do seu comprimento, de modo a obter cilindros de cortiça que após vários processos de tratamento são transformados em rolhas.

Os dispositivos e processos, geralmente utilizados na técnica, realizam manualmente ou de modo semiautomático o corte das pranchas de cortiça em tiras, envolvendo um operador treinado para fazer um correto aproveitamento da cortiça. Esta operação de transformação das pranchas de cortiça em tiras envolve bastantes riscos para a segurança do operador, uma vez que consiste num procedimento que, na maior parte dos casos, não é totalmente automatizado, envolvendo o manuseamento de elementos cortantes, o que requer um cuidado redobrado por parte do operador responsável por esta tarefa. A produtividade das estações de trabalho que realizam o corte das pranchas de cortiça está dependente da experiência e do grau de avaliação da cortiça por parte do operador que realiza este trabalho e da unidade industrial onde se insere. A automatização do processo de corte das pranchas de cortiça em tiras tem vindo a ser implantada nas instalações de produção de rolhas de cortiça e têm surgido várias técnicas e dispositivos semi-automatizados de corte, de modo a aumentar a produção de rolhas através de uma otimização do corte e de aproveitamento do material das pranchas de cortiça. 0 documento FR2576826A1 divulga um dispositivo de corte de pranchas de cortiça em tiras, em que uma ou várias pranchas de cortiça são colocadas sobre uma superfície de suporte, na qual as pranchas são apertadas por um rolo calcador e atrás deste dispõem-se elementos de corte, tais como serras circulares, paralelas entre si e rodando solidárias com um veio comum. 0 afastamento entre os meios de corte é igual a um diâmetro suficiente para produzir as rolhas. Deslocando as pranchas de cortiça sobre a superfície de suporte no sentido do veio da cortiça, recortam-se as pranchas de cortiças em tiras.

0 documento EP983830A2 descreve um dispositivo para cortar pranchas de cortiça em tiras, que compreende uma mesa, ao longo da qual, as pranchas de cortiça são dispostas para corte. A

referida mesa suporta numa das suas extremidades um veio que roda num eixo que forma um ângulo reto com a direção de corte. 0 veio compreende uma pluralidade de lâminas circulares paralelas entre si e distribuídas uniformemente ao longo do seu comprimento. Este dispositivo também inclui elementos de posicionamento compreendendo dois cilindros hidráulicos para empurrar as pranchas de cortiça contra meios de aperto ajustáveis de modo a exercer pressão sobre as pranchas de cortiça e posicioná-las perpendicularmente à direção de corte, à medida que se deslocam contra os elementos de corte. A velocidade e precisão de corte deste dispositivo são baixas devido às elevadas tensões de corte experimentadas pelo órgão de lâminas. Esta situação conduz a problemas relacionados com a dissipação de calor e consequente desgaste das lâminas e imprecisão nos cortes. 0 documento ES2223285A1 divulga uma máquina automática para o corte de pranchas de cortiça em tiras, compreendendo uma unidade de fornecimento de pranchas de cortiça para uma unidade de corte que compreende uma contra-lâmina para receber a placa de cortiça, e uma lâmina de corte que é paralela à referida contra-lâmina e um pouco deslocada do plano da mesma para permitir o corte de tiras de cortiça com uma espessura predeterminada, existindo meios de condução para deslocar a prancha de cortiça na direção da lâmina de corte e para o retorno da referida prancha de cortiça, depois de efetuada uma operação de corte, de modo a repetir o ciclo até que prancha de cortiça termine. Esta máquina permite o corte de duas tiras em cada passagem de corte, o que torna este processo moroso e não permite o corte de toda a prancha numa só passagem.

Também é bastante conhecido o "Equipamento de Rabanear Semiautomático ERA-200" comercializado pela empresa Azevedos Indústria, o qual dispõe de um sistema de corte da prancha de cortiça com movimento de deslocamento da lâmina. A prancha de cortiça está fixa e é uma única lâmina rotativa que avança sobre a prancha de cortiça, fazendo um corte de cada vez. Possui um sistema de aperto da tira e um tapete linear para a expulsão das tiras cortadas. Também neste caso, apenas é cortada uma tira por cada passagem da lâmina de corte.

Embora os documentos citados anteriormente divulguem dispositivos semiautomáticos de corte de pranchas de cortiça em tiras e, desse modo, incrementem a segurança da operação e do operador, evidenciam baixa produtividade.

Verifica-se que a convencional disposição das lâminas de corte paralelas entre si num único eixo ("lâminas em linha"), envolve grandes esforços de corte, dada a natureza do material de cortiça e consequente resistência oferecida ao corte, o que faz aumentar o desgaste do material e os tempos de corte.

Normalmente, neste tipo de dispositivos, são utilizadas serras circulares para vencer tais esforços de corte. No entanto, o corte das pranchas de cortiça com serras circulares provoca um enorme desperdício de cortiça, provocado pelas aparas libertadas por estes elementos de corte.

De acordo com o exposto, existe a necessidade na técnica de um dispositivo que permita, de um modo simples, aumentar a produtividade do processo, aumentando o número de tiras produzidas por unidade de tempo de operação de corte, e a segurança do operador, bem como reduzir os desperdícios do material de cortiça.

SUMARIO DA INVENÇÃO A presente invenção refere-se a uma máquina de corte de pranchas de material à base de cortiça, possuindo uma estrutura compreendendo: uma superfície de apoio definindo um plano de corte e um sentido de corte, cuja superfície de apoio está dotada de um dispositivo inferior de transporte e preensão de prancha; um conjunto de pelo menos dois eixos paralelos entre si, estando os eixos dispostos num mesmo plano, cujo plano é paralelo ao plano de corte e estando os eixos dispostos perpendicularmente ao referido sentido de corte, e pelo menos um elemento de corte montado em cada um dos, pelo menos dois, eixos, sendo os elementos de corte paralelos entre si; caracterizada por compreender ainda um dispositivo superior de transporte e preensão de prancha, que coopera com o dispositivo inferior de transporte e preensão de prancha, e os elementos de corte estarem todos desalinhados uns relativamente aos outros no sentido de corte.

Numa forma de realização, os referidos elementos de corte definem, ao longo do sentido de corte, uma configuração em V invertido.

Numa outra forma de realização, os elementos de corte definem, ao longo do sentido de corte, uma configuração em V.

Num aspeto da invenção, a referida superfície de apoio é verticalmente móvel para ajustamento a uma espessura de uma prancha a cortar.

Num outro aspeto, o referido dispositivo inferior de transporte e preensão de prancha compreende correntes rolantes, em que estas são acionadas por um motor para transporte de uma prancha e por calcadores para preensão da referida prancha.

Ainda num outro aspeto, o dispositivo superior de transporte e preensão de prancha compreende correntes rolantes, em que estas são acionadas por um motor para transporte de uma prancha e por calcadores para preensão da referida prancha.

Numa outra forma de realização, os referidos eixos paralelos entre si são semieixos.

Ainda noutra forma de realização, os elementos de corte são lâminas rotativas.

De um modo preferido, os elementos de corte estão dispostos entre as correntes rolantes dos dispositivos inferior e superior de transporte e preensão.

Numa forma de realização preferida da invenção, a máquina de corte da invenção compreende: lâminas rotativas montadas em semieixos, as referidas lâminas rotativas definindo uma configuração em V invertido ao longo do sentido de corte; uma superfície de apoio verticalmente móvel possuindo um conjunto de correntes rolantes; e um dispositivo superior de transporte e preensão de prancha compreendendo um conjunto de correntes rolantes acionadas verticalmente por calcadores para preensão de uma prancha; em que as referidas lâminas rotativas estão dispostas entre as referidas correntes rolantes da superfície de apoio e do dispositivo superior de transporte e preensão de prancha.

BREVE DESCRIÇÃO DOS DESENHOS A seguir procede-se à descrição da invenção fazendo referência aos desenhos anexos, em que: A Fig. 1 é uma vista esquemática em perspetiva de uma máquina de acordo com a invenção. A Fig. 2 é uma vista em planta da máquina da Fig. 1. A Fig. 3 é uma vista lateral da máquina da Fig. 1. A Fig. 4 mostra esquematicamente um dispositivo superior de transporte e preensão de prancha da máquina mostrada na Fig. 1. A Fig. 5 é uma vista de frente da máquina da Fig. 1. A Fig. 6 é uma outra forma de realização da máquina da presente invenção apresentando semieixos. A Fig. 7 é uma vista de frente da máquina da Fig. 6. A Fig. 8 ilustra uma configuração em V invertido das lâminas rotativas. A Fig. 9 ilustra uma configuração em V das lâminas rotativas. A seguir procede-se à descrição detalhada da invenção fazendo referência às Fig. 1 a 9.

DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO A presente invenção refere-se a uma máquina (1) de corte de pranchas de material à base de cortiça que opera para cortar tiras de material à base de cortiça para a subsequente produção de rolhas. Esta invenção permite aumentar a produtividade no sector de corte das pranchas de material de cortiça, proporcionando uma redução dos tempos de corte, aumentando o número de tiras cortadas, e reduzindo o desperdício de material de cortiça. Para além disso, a presente invenção constitui um considerável avanço no que respeita à segurança do operador.

Com a presente invenção um operador seleciona as pranchas de cortiça substancialmente planas (cerca de 75% do total disponibilizado ao operador) para serem cortadas de modo automático no dispositivo da presente invenção. As restantes pranchas de cortiça, que apresentam deformações ou formas enviesadas, são cortadas pelos dispositivos convencionais do estado da técnica. Desta forma, é possível conjugar o dispositivo da presente invenção com um qualquer dispositivo convencional, ambos operados por um único operador, solucionando assim os problemas de produtividade tradicionalmente associados a processos unicamente manuais ou semiautomáticos mencionados acima. 0 termo "pranchas" refere-se a placas de material à base de cortiça que apresentam uma forma aproximadamente retangular, embora possam possuir outras formas geométricas.

Os termos "tiras" ou "traços" referem-se a peças de cortiça com uma forma paralelepipédica, de um modo preferido paralelepipédica retangular, resultantes do corte da prancha. 0 termo "costas" refere-se à face exterior de uma prancha de cortiça, ou seja, a que se apresenta visível antes de uma respetiva prancha ser extraída da árvore. Esta face é a parte mais escura e rugosa da prancha de cortiça. 0 termo "barriga" refere-se à face oposta à face das "costas", ou seja, à face que apenas se revela após extração de uma prancha da árvore. A face da barriga é mais clara e macia do que a face das "costas". 0 termo "manual" ou suas variações refere-se a qualquer tarefa executada por um operador humano, sem recurso a quaisquer dispositivos automatizados, mecânicos, elétricos, eletrónicos ou semelhantes. 0 termo "semiautomático" refere-se a qualquer tarefa executada por dispositivos automatizados, mecânicos, elétricos, eletrónicos ou semelhantes, mas que requer a intervenção humana para a sua execução. 0 termo "automático" refere-se a qualquer tarefa executada unicamente por dispositivos automatizados, mecânicos, elétricos, eletrónicos ou semelhantes, sem qualquer intervenção humana. A expressão "sentido de corte" significa uma linha de referência orientada do ponto de entrada da placa de cortiça na máquina de corte para o ponto de saída da placa após corte da mesma em tiras ou traços. Por outras palavras, o sentido de corte refere-se à orientação do deslocamento da placa de cortiça em relação à superfície de apoio da mesma, sendo que tal deslocamento dirige a placa a cortar para os elementos de corte. A expressão "elementos de corte desalinhados" pretende significar que dois ou mais dos referidos elementos de corte não coexistem numa mesma linha de referência paralela ao sentido de corte. Assim, no contexto da invenção, apenas existe um elemento de corte por linha de referência. 0 termo "calcador" refere-se a um elemento mecânico adaptado para cooperar com uma corrente rolante, de modo a permitir o movimento desta e, em simultâneo, provocar uma força vertical na mesma com vista a empurrar a referida corrente contra uma prancha de cortiça. Esta funcionalidade proporciona a preensão da prancha pela corrente, evitando desse modo movimentos relativos da prancha em relação à corrente. Este elemento pode ser configurado, por exemplo, como um sistema constituído por uma base com um suporte fixo, ao qual se liga de modo articulado um braço móvel. Numa extremidade do braço móvel está disposta uma roda dentada que pode ser ajustada aos elos de uma corrente, com vista a permitir o movimento livre desta. A outra extremidade do braço está dotada de uma mola que se liga ao referido suporte, ficando a ligação articulada entre o braço móvel e o suporte disposta entre as referidas extremidades do braço móvel. A mola mencionada permite que, quando uma prancha de cortiça se desloca num sentido de corte, a roda dentada absorva as irregularidades da face da prancha de cortiça contra a qual está disposta a corrente, mantendo, no entanto, a força de preensão provocada pela roda dentada na corrente e, consequentemente, na prancha de cortiça contra a qual a corrente está disposta. Num outro exemplo, o calcador pode ser constituído por um sistema de pistões e/ou molas. Naturalmente que o especialista na técnica poderá conceber calcadores adequados à função pretendida diferentes dos exemplificados. A expressão "material de cortiça" ou simplesmente "cortiça" refere-se a cortiça natural, cortiça natural colmatada, cortiça aglomerada, cortiça micro-aglomerada ou semelhantes e às suas combinações. A expressão "material à base de cortiça", no contexto da presente invenção, refere-se a material de cortiça, tal como definido acima, ou a material de cortiça combinado com outro material, tal como, por exemplo, um compósito de material polimérico e material de cortiça. A expressão "material polimérico" refere-se a material que, de acordo com as suas características mecânicas, pode ser dividido em termoplásticos, termoendurecíveis e elastómeros. Os termoplásticos incluem os conhecidos plásticos, muito disponíveis no mercado, que podem ser fundidos várias vezes e, nalguns casos, podem até dissolver-se em vários solventes, sendo, por isso, materiais recicláveis. Os termoendurecíveis são rígidos e frágeis, sendo muito estáveis a variações de temperatura, embora o aquecimento do polímero termoendurecível acabado promova a decomposição do material antes da sua fusão, tornando a sua reciclagem complicada. No que se refere aos elastómeros, estes materiais apresentam alta elasticidade, não sendo rígidos como os termoendurecíveis e não sendo passíveis de serem fundidos, situação que reduz as possibilidades de reciclagem.

No contexto do presente pedido, a utilização da expressão "e/ou" pretende significar que ambas as condições se verificam ou se verifica apenas uma delas. Por exemplo, a expressão "dispositivo inferior e/ou superior", significa "dispositivo inferior e superior, ou dispositivo inferior, ou dispositivo superior".

No contexto da presente descrição, o termo "compreendendo" deve ser entendido como "incluindo, entre outros". Como tal, o referido termo não deve ser interpretado como "consistindo apenas de". A seguir descreve-se detalhadamente a máquina (1) de corte da presente invenção.

Assim, fazendo referência às Figuras em anexo, a máquina (1) de corte de pranchas de material à base de cortiça da presente invenção, possui uma estrutura (2) que compreende: uma superfície (3) de apoio definindo um plano (P) de corte e um sentido (S) de corte, cuja superfície (3) de apoio está dotada de um dispositivo (4) inferior de transporte e preensão de prancha; um conjunto de pelo menos dois eixos (5) paralelos entre si, estando os eixos (5) dispostos num mesmo plano, cujo plano é paralelo ao plano (P) de corte e estando os eixos (5) dispostos perpendicularmente ao referido sentido (S) de corte, e pelo menos um elemento (6) de corte montado em cada um dos, pelo menos dois, eixos (5), sendo os elementos (6) de corte paralelos entre si, e um dispositivo (7) superior de transporte e preensão de prancha, que coopera com o dispositivo (4) inferior de transporte e preensão de prancha, estando os elementos (6) de corte todos desalinhados uns relativamente aos outros no sentido (S) de corte.

Surpreendentemente verificou-se que a disposição desalinhada dos elementos (6) de corte proporciona maiores velocidades de corte, obtendo desse modo maiores rendimentos de corte e provocando menor desgaste dos elementos (6) de corte.

De facto, verificou-se que esta disposição desalinhada dos elementos (6) de corte reduziu significativamente o atrito envolvido no processo de corte, permitindo reduzir a necessária força de tração exercida na prancha pelos dispositivos inferior (4) e superior (7) de transporte e preensão de prancha, face aos sistemas de técnica anterior. A referida superfície (3) de apoio recebe as pranchas de material à base de cortiça a cortar que aí são depositadas por um operador ou por meio de um dispositivo automático adequado que pode ser acoplado à máquina (1) de corte.

De um modo preferido, as placas de material à base de cortiça são colocadas na superfície (3) de apoio da máquina (1) de corte, de modo que os veios da cortiça fiquem substancialmente perpendiculares ao sentido (S) de corte, com a barriga da placa em contacto com a superfície (3) de apoio, num plano imediatamente acima do plano da superfície de corte, e com as costas da placa voltadas para cima, tendo como referência a posição normal de funcionamento da máquina da invenção representada na Fig. 1.

Naturalmente que as placas de material à base de cortiça podem ser posicionadas com os veios da cortiça em qualquer orientação relativamente ao sentido (S) de corte e à superfície (3) de apoio da máquina (1) de corte da presente invenção. A superfície (3) de apoio está dotada de um dispositivo (4) inferior de transporte e preensão de prancha, o qual se destina a conduzir a prancha de material à base de cortiça no sentido (S) de corte ao longo da superfície (3) de apoio.

Numa forma de realização, a superfície (3) de apoio da máquina (1) de corte aqui descrita está dotada de um dispositivo de ajustamento que permite o seu deslocamento vertical, para ajustar a distância necessária para que a prancha a cortar possa ser introduzida entre os dispositivos inferior (4) e superior (7) de transporte e preensão, para transporte e preensão por parte destes últimos.

Um dispositivo (7) superior de transporte e preensão de prancha, disposto acima do dispositivo (4) inferior de transporte e preensão de prancha, coopera com este último, de modo a melhor prender e auxiliar o transporte da prancha, ao longo da superfície (3) de apoio. Deste modo consegue-se impedir movimentos relativos da prancha relativamente à superfície (3) de apoio que não o movimento pretendido no sentido (S) de corte. Esta característica contribui para uma melhoria da precisão do corte.

Os referidos eixos (5) destinam-se a suportar os elementos (6) de corte. No contexto da presente invenção, os eixos (5) compreendem: • elementos suportados em dois pontos da estrutura da máquina, sendo neste caso aqui denominados por eixos (5) completos; • elementos que podem estar suportados apenas num ponto da estrutura, sendo neste caso aqui denominados por semieixos (5'); e • combinações de eixos (5) completos e semieixos (5'). A vantaqem dos semieixos (5' ) é que estes permitem aceder mais facilmente aos elementos (6) de corte neles montados, para manutenção e/ou substituição dos últimos. A estrutura (2) da máquina pode compreender disposições combinadas de eixos (5) completos e semieixos (5' ) , bem como disposições apenas de eixos (5) completos ou apenas de semieixos (5'). Os referidos eixos (5) estão dispostos paralelamente entre si e num plano paralelo ao plano (P) de corte.

Numa forma de realização da invenção, os elementos (6) de corte estão montados dois a dois em cada eixo (5) completo ou em cada semieixo (5' ) , sendo a distância axial, entre os elementos (6) de corte do par, igual ou superior ao comprimento da rolha que se pretende obter. A distância axial entre um par de elementos (6) de corte e outro par de elementos (6) de corte imediatamente seguinte (no sentido (S) de corte) pode ser igual ou superior ao comprimento da rolha que se pretende obter.

Numa forma de realização preferida, os referidos elementos (6) de corte apresentam, ao longo do sentido (S) de corte, uma configuração em V invertido como mostrada na Fig. 8.

Noutra forma de realização, os elementos (6) de corte podem estar posicionados de modo a apresentarem, ao longo do sentido (S) de corte, uma configuração em V como mostrada na Fig. 9. A configuração desalinhada dos elementos (6) de corte ao longo do sentido (S) de corte, define diversos níveis de corte consoante o número de eixos (5) presentes, sendo que cada eixo (5) configura um nível de corte. Deste modo, o processo de corte da prancha não ocorre todo num mesmo nível de corte, como acontecia genericamente nos processos de técnica anterior. De facto, o corte dos traços vai acontecendo ao longo de diferentes níveis, à medida que a prancha avança no sentido de corte. As

Fig. 8 e 9 ilustram formas de realização que diferem na configuração definida pelos elementos (6) de corte mas que possuem igual número de níveis de corte, neste caso seis níveis de corte.

Embora esta solução beneficie das vantagens anteriormente enunciadas, o facto de o corte se processar em diferentes níveis provoca ligeiros desvios da prancha e mesmo dos traços que se vão definindo ao longo do sentido (S) de corte, o que requer um processo de preensão e transporte que contemple não só a preensão da prancha no seu todo mas também, individualmente, cada traço a cortar.

Efetivamente, por exemplo, com a configuração em "V" invertido dos elementos (6) de corte da Fig. 8, à medida que a prancha avança no sentido (S) de corte, coexistem traços que já estão totalmente cortados com outros que ainda estão a ser cortados. Para garantir a precisão e uniformidade dos cortes em toda a prancha, o dispositivo inferior (4) e/ou superior (7) de transporte e preensão de prancha compreendem, numa forma de realização preferida, correntes rolantes, acionadas por motor, para transporte da prancha e acionadas por calcadores (8) que servem para preensão da prancha e traços. Os calcadores (8) atuam sobre as correntes, permitindo desse modo ajustá-las às irregularidades superficiais inerentes às pranchas de cortiça.

Numa forma de realização muito preferida, os dispositivos inferior (4) e superior (7) de transporte e preensão de prancha compreendem correntes rolantes acionadas por motor, para transporte da prancha e calcadores (8) para preensão da prancha.

Numa disposição particular comum a ambas as formas de realização anteriores, os elementos (6) de corte montados nos eixos (5) estão localizados entre as referidas correntes rolantes superiores e inferiores, de modo a que, após o acionamento dos referidos elementos (6) de corte, estes não contactem com as correntes rolantes dos dispositivos superior (7) e inferior (4) de transporte e preensão, possibilitando o funcionamento simultâneo de todos estes componentes .

De um modo preferido, os elementos (6) de corte são lâminas rotativas. No entanto, poderão ser montados nos eixos (5) qualquer tipo de elementos (6) de corte como, por exemplo, serras, facas, lasers e quaisquer combinações destes, e semelhantes.

Prefere-se ainda que as lâminas (6) rotativas sejam desprovidas de dentes, apresentando simplesmente um gume afiado. É de notar que esta solução não era possível nas máquinas de técnica anterior, uma vez que apenas utilizando elementos de corte do tipo serra rotativa era possível vencer o atrito envolvido no corte nessas máquinas.

Consequentemente, esta solução conduz a uma economia de material da prancha de cortiça, uma vez que limita consideravelmente a quantidade de aparas geradas face às que se geram pela utilização de lâminas do tipo serra.

Numa forma de realização preferida da invenção, a máquina (1) de corte compreende: lâminas (6) rotativas montadas em semieixos (5'), as referidas lâminas (6) rotativas definindo uma configuração em V invertido ao longo do sentido (S) de corte; uma superfície (3) de apoio verticalmente móvel possuindo um conjunto de correntes rolantes; e um dispositivo (7) superior de transporte e preensão de prancha compreendendo um conjunto de correntes rolantes cujo movimento é acionado por motor e cujo acionamento vertical para preensão de uma prancha de cortiça é realizado por calcadores (8); um dispositivo (4) inferior de transporte e preensão de prancha cujo movimento é acionado por motor; em que as referidas lâminas (6) rotativas estão dispostas entre as correntes rolantes dos dispositivos inferior (4) e superior (7) de transporte e preensão de prancha. A descrição aqui apresentada deve ser compreendida como exemplificativa e não limitativa do âmbito da presente invenção, o qual é definido pelas reivindicações anexas.

Claims (12)

1. REIVINDICAÇÕES

   1. Máquina (1) de corte de pranchas de material à base de cortiça, possuindo uma estrutura (2) compreendendo: uma superfície (3) de apoio definindo um plano (P) de corte e um sentido (S) de corte, cuja superfície (3) de apoio está dotada de um dispositivo (4) inferior de transporte e preensão de prancha; um conjunto de pelo menos dois eixos (5) paralelos entre si, estando os eixos (5) dispostos num mesmo plano, cujo plano é paralelo ao plano (P) de corte e estando os eixos (5) dispostos perpendicularmente ao referido sentido (S) de corte, e pelo menos um elemento (6) de corte montado em cada um dos, pelo menos dois, eixos (5), sendo os elementos (6) de corte paralelos entre si; caracterizada por compreender ainda um dispositivo (7) superior de transporte e preensão de prancha, que coopera com o dispositivo (4) inferior de transporte e preensão de prancha, e os elementos (6) de corte estarem todos desalinhados uns relativamente aos outros no sentido (S) de corte.
2. 2. Máquina (1) de corte de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por os elementos (6) de corte definirem, ao longo do sentido (S) de corte, uma configuração em V invertido.
3. 3. Máquina (1) de corte de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por os elementos (6) de corte definirem, ao longo do sentido (S) de corte, uma configuração em V.
4. 4. Máquina (1) de corte de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizada por a superfície (3) de apoio ser verticalmente móvel para ajustamento a uma espessura de uma prancha a cortar.
5. 5. Máquina (1) de corte de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizada por o dispositivo (4) inferior de transporte e preensão de prancha compreender correntes rolantes.
6. 6. Máquina (1) de corte de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizada por o dispositivo (7) superior de transporte e preensão de prancha compreender correntes rolantes.
7. 7. Máquina (1) de corte de acordo com a reivindicação 5, caracterizada por as correntes rolantes do dispositivo (4) inferior de transporte e preensão serem acionadas por um motor para transporte de uma prancha e por calcadores (8) para preensão da referida prancha.
8. 8. Máquina (1) de corte de acordo com a reivindicação 6, caracterizada por as correntes rolantes do dispositivo (7) superior de transporte e preensão serem acionadas por um motor para transporte de uma prancha e por calcadores (8) para preensão da prancha.
9. 9. Máquina (1) de corte de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 8, caracterizada por os referidos eixos (5) paralelos entre si serem semieixos (5').
10. 10. Máquina de corte de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 9, caracterizada por os elementos (6) de corte serem lâminas rotativas.
11. 11. Máquina de corte de acordo com qualquer uma das reivindicações 5 a 10, caracterizada por os elementos (6) de corte estarem dispostos entre as correntes rolantes dos dispositivos inferior (4) e superior (7) de transporte e preensão.
12. 12. Máquina (1) de corte de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por compreender: lâminas rotativas montadas em semieixos (5"), as referidas lâminas (6) rotativas definindo uma configuração em V invertido ao longo do sentido (S) de corte; uma superfície (3) de apoio verticalmente móvel possuindo um conjunto de correntes rolantes; e um dispositivo (7) superior de transporte e preensão de prancha compreendendo um conjunto de correntes rolantes acionadas verticalmente por calcadores (8) para preensão de uma prancha; em que as referidas lâminas (6) rotativas estão dispostas entre as referidas correntes rolantes da superfície (3) de apoio e do dispositivo (7) superior de transporte e preensão de prancha.