PT106959B - Processos para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, a partir de materiais lenhocelulósicos e suas aplicações - Google Patents

Processos para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, a partir de materiais lenhocelulósicos e suas aplicações Download PDF

Info

Publication number
PT106959B
PT106959B PT106959A PT10695913A PT106959B PT 106959 B PT106959 B PT 106959B PT 106959 A PT106959 A PT 106959A PT 10695913 A PT10695913 A PT 10695913A PT 106959 B PT106959 B PT 106959B
Authority
PT
Portugal
Prior art keywords
production
microbial
glycolipids
type
enzymatic hydrolysis
Prior art date
Application number
PT106959A
Other languages
English (en)
Other versions
PT106959A (pt
Inventor
Simões Da Fonseca César
Ricardo Faria Nuno
Castelo Alves Ferreira Frederico
Original Assignee
Inst Superior Tecnico
Laboratorio Nac De Energia E Geologia
Priority date (The priority date is an assumption and is not a legal conclusion. Google has not performed a legal analysis and makes no representation as to the accuracy of the date listed.)
Filing date
Publication date
Application filed by Inst Superior Tecnico, Laboratorio Nac De Energia E Geologia filed Critical Inst Superior Tecnico
Priority to PT106959A priority Critical patent/PT106959B/pt
Priority to US14/891,859 priority patent/US20160083757A1/en
Priority to PCT/PT2014/000032 priority patent/WO2014185805A1/en
Publication of PT106959A publication Critical patent/PT106959A/pt
Publication of PT106959B publication Critical patent/PT106959B/pt

Links

Classifications

    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C12BIOCHEMISTRY; BEER; SPIRITS; WINE; VINEGAR; MICROBIOLOGY; ENZYMOLOGY; MUTATION OR GENETIC ENGINEERING
    • C12PFERMENTATION OR ENZYME-USING PROCESSES TO SYNTHESISE A DESIRED CHEMICAL COMPOUND OR COMPOSITION OR TO SEPARATE OPTICAL ISOMERS FROM A RACEMIC MIXTURE
    • C12P19/00Preparation of compounds containing saccharide radicals
    • C12P19/44Preparation of O-glycosides, e.g. glucosides
    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C12BIOCHEMISTRY; BEER; SPIRITS; WINE; VINEGAR; MICROBIOLOGY; ENZYMOLOGY; MUTATION OR GENETIC ENGINEERING
    • C12PFERMENTATION OR ENZYME-USING PROCESSES TO SYNTHESISE A DESIRED CHEMICAL COMPOUND OR COMPOSITION OR TO SEPARATE OPTICAL ISOMERS FROM A RACEMIC MIXTURE
    • C12P7/00Preparation of oxygen-containing organic compounds
    • C12P7/64Fats; Fatty oils; Ester-type waxes; Higher fatty acids, i.e. having at least seven carbon atoms in an unbroken chain bound to a carboxyl group; Oxidised oils or fats
    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C12BIOCHEMISTRY; BEER; SPIRITS; WINE; VINEGAR; MICROBIOLOGY; ENZYMOLOGY; MUTATION OR GENETIC ENGINEERING
    • C12PFERMENTATION OR ENZYME-USING PROCESSES TO SYNTHESISE A DESIRED CHEMICAL COMPOUND OR COMPOSITION OR TO SEPARATE OPTICAL ISOMERS FROM A RACEMIC MIXTURE
    • C12P2201/00Pretreatment of cellulosic or lignocellulosic material for subsequent enzymatic treatment or hydrolysis
    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C12BIOCHEMISTRY; BEER; SPIRITS; WINE; VINEGAR; MICROBIOLOGY; ENZYMOLOGY; MUTATION OR GENETIC ENGINEERING
    • C12PFERMENTATION OR ENZYME-USING PROCESSES TO SYNTHESISE A DESIRED CHEMICAL COMPOUND OR COMPOSITION OR TO SEPARATE OPTICAL ISOMERS FROM A RACEMIC MIXTURE
    • C12P2203/00Fermentation products obtained from optionally pretreated or hydrolyzed cellulosic or lignocellulosic material as the carbon source
    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C12BIOCHEMISTRY; BEER; SPIRITS; WINE; VINEGAR; MICROBIOLOGY; ENZYMOLOGY; MUTATION OR GENETIC ENGINEERING
    • C12PFERMENTATION OR ENZYME-USING PROCESSES TO SYNTHESISE A DESIRED CHEMICAL COMPOUND OR COMPOSITION OR TO SEPARATE OPTICAL ISOMERS FROM A RACEMIC MIXTURE
    • C12P7/00Preparation of oxygen-containing organic compounds
    • C12P7/62Carboxylic acid esters

Landscapes

  • Chemical & Material Sciences (AREA)
  • Organic Chemistry (AREA)
  • Zoology (AREA)
  • Life Sciences & Earth Sciences (AREA)
  • Engineering & Computer Science (AREA)
  • Wood Science & Technology (AREA)
  • Biotechnology (AREA)
  • Microbiology (AREA)
  • General Chemical & Material Sciences (AREA)
  • Chemical Kinetics & Catalysis (AREA)
  • Health & Medical Sciences (AREA)
  • Biochemistry (AREA)
  • Bioinformatics & Cheminformatics (AREA)
  • General Engineering & Computer Science (AREA)
  • General Health & Medical Sciences (AREA)
  • Genetics & Genomics (AREA)
  • Oil, Petroleum & Natural Gas (AREA)
  • Preparation Of Compounds By Using Micro-Organisms (AREA)

Abstract

A PRESENTE INVENÇÃO REFERE-SE A PROCESSOS PARA A PRODUÇÃO DE GLICOLÍPIDOS MICROBIANOS, DO TIPO MANOSILERITRITOLÍPIDOS (MEL), A PARTIR DE FONTES DE CARBONO DE ORIGEM LENHOCELULÓSICA. ESTES PROCESSOS SÃO CARACTERIZADOS POR UTILIZAR MATERIAIS LENHOCELULÓSICOS E POR ESTAREM ENVOLVIDOS NA FERMENTAÇÃO PREFERENCIALMENTE FUNGOS DO GÉNERO PSEUDOZYMA OU OUTROS MICRORGANISMOS COMO FUNGOS OU BACTÉRIAS GENETICAMENTE MODIFICADOS E POR SE PRODUZIREM GLICOLÍPIDOS MICROBIANOS DO TIPO MEL. OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE GLICOLÍPIDOS MICROBIANOS DO TIPO MEL INCLUEM TRÊS ETAPAS: PRÉ-TRATAMENTO DO MATERIAL LENHOCELULÓSICO; HIDRÓLISE ENZIMÁTICA; E FERMENTAÇÃO. A HIDRÓLISE ENZIMÁTICA E A FERMENTAÇÃO PODEM DECORRER DE FORMA SEQUENCIAL OU EM SIMULTÂNEO COM O AUXÍLIO DE ENZIMAS EXÓGENAS, OU EM SIMULTÂNEO COM ENZIMAS PRODUZIDAS PELO PRÓPRIO MICRORGANISMO. OS GLICOLÍPIDOS MICROBIANOS PRODUZIDOS TÊM APLICAÇÃO PARA PRODUTOS: BIOSURFACTANTES; ANTIMICROBIANOS; ANTICANCERÍGENOS; PARA REGENERAÇÃO EPITELIAL; PARA ESTABILIZAÇÃO E/OU PURIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS OU VACINAS; PARA ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS E GENES; ANTICONGELANTES.

Description

PROCESSOS PARA A PRODUÇÃO DE GLICOLIPIDOS MICROBIANOS DO TIPO MANOSILERITRITOLÍPIDOS, A PARTIR DE MATERIAIS LENHOCELULÓSICOS E SUAS APLICAÇÕES
Campo da invenção
Campo técnico em que a invenção se insere
A presente invenção refere-se a processos de produção de glicolipidos microbianos, do tipo manosileritritolipidos (MEL), a partir fontes de carbono de origem lenhocelulósica, que compreendem celulose e hemicelulose.
A sintese biológica de ácidos gordos tipicamente resulta em lipidos com cadeias de 16 e 18 carbonos, sendo o ácido palmitico e o ácido esteárico os ácidos gordos saturados mais abundantes na natureza, servindo de reserva energética e precursores de componentes celulares como por exemplo fosfolipidos e glicolipidos. Os glicolipidos microbianos têm propriedades únicas por serem constituídos por uma componente glicosidica hidrofilica e uma componente lipidica hidrofóbica. Estas caracteristicas conferem propriedades biosurfactantes aos glicolipidos que são dependentes, entre outros factores, do comprimento da(s) cadeia(s) lipidica(s). A componente lipidica dos glicolipidos microbianos tem tamanho variável e depende do glicolipido formado e do microrganismo que o sintetiza. Assim: os soforolipidos e os celobiolipidos contêm cadeias lipidicas de 16 e 18 carbonos; os ramnolipidos e os manosileriteritolipidos contêm cadeias lipidicas curtas de 6 a 16 carbonos; e os trealolipidos contêm cadeias lipidicas de tamanho variável, tipicamente superiores a 16 carbonos, podendo atingir cerca de 50 carbonos (1) . A produção microbiana de glicolipidos está descrita usando como fonte de carbono óleos, alcanos e, em alguns casos, glicerol ou glucose (1).
O uso de óleos como substrato apresenta problemas no que respeita ao processo tecnológico de produção de glicolipidos, nomeadamente no que se refere aos passos de separação do produto do caldo fermentativo, mais especificamente os glicolipidos dos óleos residuais (1).
Por outro lado, os substratos tipicamente usados para a produção de glicolipidos não contribuem para a sustentabilidade do processo e do produto, pois têm valor comercial elevado (e.g. glucose), competem diretamente com a cadeia de valor alimentar e/ou resultam de culturas vegetais dedicadas com elevado impacto ambiental no uso dos solos para cultivo (e.g. óleos de culturas de soja).
A presente invenção refere-se a processos para a produção de glicolipidos microbianos, do tipo MEL, a partir de fontes de carbono de origem lenhocelulósica. Estas fontes de carbono, obtidas a partir de resíduos agrícolas, florestais e/ou agro-industriais, têm baixo valor comercial e representam uma das opções mais sustentáveis para a produção de produtos de valor acrescentado, como é o caso dos glicolipidos microbianos.
Os referidos processos de produção de glicolipidos microbianos incluem três etapas: pré-tratamento do material lenhocelulósico; hidrólise enzimática; fermentação. A hidrólise enzimática e a fermentação podem decorrer de forma sequencial ou em simultâneo com o auxílio de enzimas exógenas, ou em simultâneo com enzimas produzidas pelo próprio microrganismo. Os microrganismos preferenciais na produção destes glicolipidos são leveduras do género Pseudozyma.
Os glicolipidos assim produzidos poderão ter aplicações em medicina e nas indústrias farmacêutica, química, cosmética, biotecnológica, alimentar, nutracêutica. Estes glicolipidos têm atividade antimicrobiana especificamente contra bactérias gram positivas, atividade indutora de apoptose e/ou diferenciação de células animais, recuperação de viabilidade celular em modelos celulares epiteliais, afinidade elevada para glicoproteínas com potencial aplicação em purificação imunoglobulinas humanas, capacidade de formação de vesículas termodinamicamente estáveis com potencial aplicação em entrega de fármacos e genes e propriedades anticongelantes (1).
Estado da técnica
Os manosileretritolípidos (MEL) são glicolipidos compostos por uma componente glicosídica de manosileritritol, que pode estar desacetilada, ou mono- ou di-acetilada, e com uma componente lipídica tipicamente contendo duas cadeias de 6 a 14 carbonos ligadas à componente glicosídica (2) . Estes glicolipidos são produzidos por fungos dos géneros Pseudozyma e Ustilago (3) . A sua aplicação como biosurfactante é extensa, podendo ser usado em medicina, indústrias farmacêuticas, química, cosmética, biotecnológica, alimentar, nutracêutica (2,4) .
substrato mais usado para produção de MEL por estirpes do género Pseudozyma é o óleo de soja. Outros substratos descritos como adequados para a produção de MEL são óleo de girassol, glicerol e alcanos (5,6,7).
pedido internacional W02004/0020647 refere um processo de produção de glicolipidos que utiliza óleo de soja como substrato (8). No entanto, o uso de óleo de soja, bem como outros óleos, apresenta problemas adicionais no que respeita ao processo tecnológico, mas também no que diz respeito à sustentabilidade do processo e produto. A presença de óleo nas fermentações, bem como os seus produtos de degradação, dificultam os processos de recuperação e purificação do glicolipido produzido, necessitando do recurso adicional a vários passos de extração com solventes orgânicos e que torna o processo mais complexo, com consequente perda de rendimento de recuperação do glicolipido. Não obstante, os óleos vegetais, como o óleo de soja, são também usados na indústria alimentar, significando assim que o seu uso compete diretamente com a cadeia de abastecimento alimentar. Ainda, o uso de culturas vegetais dedicadas para a produção de óleo torna estes substratos pouco sustentáveis de acordo com os atuais critérios de sustentabilidade, os quais incluem as emissões de gases com efeito de estufa relacionados com o uso dos solos para culturas dedicadas.
uso de substratos solúveis em água é uma alternativa para a produção de glicolipidos, com vantagens nos processos de recuperação. Nesse sentido, o uso de glucose como fonte de carbono para a produção de manosileritritolipido já foi reportado (9), com vantagens nos processos de recuperação do glicolipido a partir do caldo fermentativo.
material lenhocelulósico, especificamente a celulose e a hemicelulose, que durante o pré-tratamento e/ou hidrólise enzimática é convertido em mono-, di- ou oligossacáridos, como por exemplo celodextrinas, xilo-oligossacáridos, celobiose, xilobiose, D-glucose, D-manose, D-galactose, Dxilose e L-arabinose, é um substrato que, para além de pouco dispendioso, renovável, com baixos custos de energia, é composto por açúcares fermentáveis. Dependendo da natureza e respetiva composição dos materiais lenhocelulósicos podem ser usados diferentes processos de pré-tratamento físico e/ou químico, com ou sem adição de ácidos, bases, solventes orgânicos e/ou água combinando diferentes temperaturas e tempos de reação, normalmente entre 100 e 250°C e tempos entre 10 e 30 minutos. Dependendo do tipo de material e pré-tratamento, as frações ricas em açúcares, como a celulose e a hemicelulose são libertadas e hidrolisadas com maior ou menor extensão (10). Alguns materiais lenhocelulósicos podem até dispensar o passo de pré-tratamento. A celulose e hemicelulose e/ou respetivos hidrolisados, podem ser sujeitos a hidrólise enzimática resultando em açúcares livres fermentáveis, por exemplo mono- di- ou oligossacáridos, celodextrinas, xilooligossacáridos, celobiose, xilobiose, D-glucose, D-manose, D-galactose, D-xilose e L-arabinose entre outros (10).
Os resíduos lenhocelulósicos, nomeadamente de origem agrícola, florestal ou agro-industrial, são, de facto, uma opção sustentável e de crescente interesse económico e ambiental para a produção de biocombustíveis, biopolímeros e outros bioprodutos, um conceito de biorrefinaria onde se poderá incluir a produção de biosurfactantes, e mais especificamente de glicolípidos (11,12, 13) .
Sumário da invenção
A presente invenção refere-se a processos para a produção de glicolipidos microbianos, do tipo manosileritritolipidos (MEL), a partir de fontes de carbono de origem lenhocelulósica que compreendem, mas não se limitam a celulose, hemicelulose ou mono-, di- ou oligossacáridos resultantes das suas hidrólises, como por exemplo celodextrinas, xilo-oligossacáridos, celobiose, xilobiose, D-glucose, D-manose, D-galactose, D-xilose e L-arabinose.
processo de produção de glicolipidos tem três etapas: o pré-tratamento do material lenhocelulósico; a hidrólise enzimática; e a fermentação. A hidrólise enzimática e o processo fermentativo podem decorrer: (i) de forma sequencial, em vasos reacionais diferentes ou no mesmo vaso reacional com o auxilio de enzimas exógenas; (ii) simultaneamente no mesmo vaso reacional, sem adição de enzimas exógenas, ou seja, por ação das enzimas endógenas do microrganismo utilizado no processo fermentativo ou (iii) simultaneamente, no mesmo vaso reacional, com adição de enzimas exógenas.
objetivo da presente invenção carbono renováveis e de baixo material lenhocelulósico, na glicolipidos microbianos do tipo é o de utilizar fontes de valor comercial, como o produção sustentável de MEL.
Descrição detalhada da invenção
A presente invenção refere-se a processos de produção de glicolipidos microbianos, do tipo manosileritritolipidos (MEL) a partir fontes de carbono renováveis e de baixo valor comercial, como as de origem lenhocelulósica, que compreendem celulose e hemicelulose.
Os MEL são caracterizados por possuir uma componente glicosídica do tipo manosileritritol, ou variantes acetiladas, à qual estão ligadas, tipicamente, duas cadeias lipídicas compostas por 6 a 14.
Os processos de produção de MEL são caracterizados por utilizar materiais lenhocelulósicos que compreendem, mas não se limitam a palha de trigo, palha de cana, folhelho/palha de milho, corolo de milho, palha de arroz, casca de arroz, palha de sorgo, palha de sorgo doce, palha de cevada, palha de aveia, palha de centeio, palha de triticale, casca de algodão, palha de café, casca de café, bambu, madeira de pinheiro, casca de pinheiro, outras madeiras de coníferas (cipreste, cedro, araucária, abeto, píceas, espruces), madeira de eucalipto, casca de eucalipto, outras madeiras de angiospérmicas (freixo, faia, bétula, choupo, carvalho, salgueiro, bordo, oliveira), biomassa herbácea (feno, capim, sargaço), bagaço de cana, bagaço de azeitona, dreche cervejeira (bagaço de cevada), resíduos da indústria transformadora de madeira (aparas de madeira, cerradura), resíduos de papel (jornais, papel de escritório), lamas de papel reciclado, resíduos da indústria produtora de pasta e papel (lamas primárias, licores de sulfito) e resíduos sólidos municipais.
Os processos de produção de glicolípidos incluem três etapas. A primeira etapa diz respeito ao pré-tratamento do material lenhocelulósico, por forma a aumentar a acessibilidade da celulose e/ou hemicelulose às enzimas hidrolíticas utilizadas na segunda etapa; a utilização de alguns materiais lenhocelulósicos poderá dispensar o primeiro passo. A segunda etapa diz respeito à hidrólise enzimática das componentes de celulose e hemicelulose pro enzimas celuloliticas e/ou hemiceluloliticas. A terceira etapa diz respeito à fermentação, utilizando preferencialmente fungos do género Pseudozyma. Consideramse três tipos de configurações do processo na produção de glicolipidos do tipo MEL, no que diz respeito à segunda e terceira etapas, hidrólise enzimática e fermentação, respetivamente: (i) Hidrólise e fermentação em separado (SHF - separated hydrolysis and fermentation) , onde a segunda e terceira etapas ocorrem de forma sequencial em vasos reacionais diferentes ou no mesmo vaso, e onde as condições ótimas para cada etapa são usadas de forma a otimizar cada etapa individualmente e a interação entre estas; (ii) Sacarificação e fermentação simultâneas (SSF simultaneous saccharification and fermentation) , no qual a segunda e terceira etapas ocorrem em simultâneo no mesmo vaso reacional, com vantagens inerentes à intensificação de processo como por exemplo a de poder reduzir a inibição pelo produto da hidrólise enzimática devido ao consumo simultâneo do mesmo durante a fermentação, e a de poder reduzir o tempo do processo em relação ao SHF, no entanto podendo comprometer a operação nas condições ótimas para cada um das etapas individuais; (iii) Processo de bioconversão consolidada (CBP - consolidated bioprocessing), no qual a segunda e terceira etapas ocorrem em simultâneo no mesmo vaso reacional, mas sem adição de enzimas exógenas, tirando proveito de enzimas produzidas pelo próprio microrganismo.
Na presente invenção podem ser usados diferentes processos de pré-tratamento fisico e/ou quimico, com ou sem adição de ácidos, bases, solventes orgânicos e/ou água combinando diferentes temperaturas e tempos de reação, normalmente entre 100 e 250°C e tempos de residência que, dependendo do processo, variam entre 0 e 300 minutos.
O material lenhocelulósico, especificamente os polissacáridos celulose e hemicelulose, que após o prétratamento com ácidos, bases, solventes orgânicos e/ou água, e/ou hidrólise enzimática são convertidos em mono-, di- ou oligossacáridos, como por exemplo celodextrinas, xilo-oligosacáridos, celobiose, xilobiose, D-glucose, Dmanose, D-galactose, D-xilose e L-arabinose, que por sua vez são utilizados como fonte de carbono para a fermentação.
Quando enzimas exógenas ou suas misturas são utilizadas no processo pode ou não existir a necessidade de ocorrer uma etapa de purificação, por exemplo por um processo de membrana, tal como diálise, de forma a remover compostos inibitórios da atividade celular, multiplicação celular e/ou bioconversão, dos fungos usados.
O processo fermentativo da presente invenção pode utilizar microrganismos, neste caso, fungos de diferentes géneros, que compreendem, mas não se limitam a Pseudozyma, Ustilago, Sporisorium, Moesziomyces, Macalpinomyces, preferencialmente do género Pseudozyma, e mais preferencialmente das espécies Pseudozyma antarctica e Pseudozyma aphidis, ou suas variantes geneticamente modificadas, ou outros microrganismos como fungos ou bactérias geneticamente modificados que compreendem, mas não se limitam aos géneros Saccharomyces, Pichia, Pseudozyma, Ustilago, Escherichia e Bacillus.
Os glicolipidos microbianos do tipo MEL são produzidos por fungos, preferencialmente do género Pseudozyma, e mais preferencialmente das espécies Pseudozyma antarctica e Pseudozyma aphidis, a partir de material lenhocelulósico, em condições aeróbias, a temperaturas entre 4-40°C, preferencialmente a 27°C, usando uma fonte de azoto, preferencialmente nitrato, em modo descontínuo ou semidescontínuo. A hidrólise enzimática e o processo fermentativo podem ocorrer de forma sequencial, em vasos reacionais diferentes ou no mesmo vaso, ou simultaneamente no mesmo vaso reacional com ou sem adição de enzimas exógenas, que incluem mas não se limitam a celulases, celobio-hidrolases, glucosidases, xilanases, xilosidases e arabinofuranosidase. A adição de enzimas exógenas pode ser minimizada devido à capacidade dos microrganismos produzirem as próprias enzimas hidrolíticas.
Com vista à aplicação industrial, para produção de MEL, este processo apresenta as seguintes vantagens comparativamente a outros processos já existentes:
- Possibilidade de produção de glicolipidos, do tipo MEL, a partir de fontes de carbono de baixo custo e sustentáveis como são os materiais lenhocelulósicos: palha de trigo, bagaço de cana, palha de cana, palha de milho, palha de arroz, casca de arroz, dreche cervejeira, lamas da pasta de papel.
- Para além da glucose proveniente da celulose, este processo permite converter uma fração da biomassa lenhocelulósica, a xilose resultante da hemicelulose, em glicolipidos com rendimentos semelhantes aos descritos para a glucose.
- Os microrganismos com capacidade de produção de glicolipidos do tipo MEL podem ser utilizados como produtores das suas próprias enzimas hidroliticas que incluem mas não se limitam a xilanases e xilosidases, reduzindo o custo da adição de enzimas exógenas para o processo de hidrólise enzimática.
- Comparativamente com o processo de produção de glicolipidos a partir de óleos, nomeadamente o óleo de soja, a produção de glicolipidos do tipo MEL a partir de açúcares permite a separação da fração dos glicolipidos do meio de cultura de forma mais eficiente.
- Comparativamente com glicolipidos intracelulares ou constituintes da membrana celular, estes são excretados, oferecendo vantagens ao nivel do aumento do rendimento e isolamento destes do caldo fermentativo.
Exemplos
1. Produção de glicolipidos a partir de xilose
l.A. Pré-cultura para crescimento celular.
Meio:
Glucose, 40 g/L;
NaNO3, 3 g/L;
KH2PO4, 0,3 g/L;
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L;
Extrato de levedura, 1 g/L;
Todos os compostos foram preparados em soluções concentradas e autoclavados a 121°C por 20 minutos. Após arrefecer, os referidos compostos foram adicionados, juntamente com água destilada estéril, num balão de Erlenmeyer estéril de forma a perfazer as concentrações descritas anteriormente, em condições de assepsia. 0 meio foi inoculado com biomassa de Pseudozyma antarctica PYCC 5084T fornecido pela Coleção Portuguesa de Culturas de Leveduras (PYCC), CREM, FCT/UNL, e inoculado durante 2 dias em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de fermentação de 27°C.
l.B. Processo fermentativo para produção de glicolípidos
Meio:
Xilose, 40 g/L;
KH2PO4, 0,3 g/L;
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L;
Extrato de levedura, 1 g/L;
O meio de cultura para o processo fermentativo foi preparado em água estéril, com pH inicial igual a 6. O meio de cultura foi inoculado com 10% (v/v) da pré-cultura preparada em I.A., e incubado em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de 27°C, durante 14 dias. A biomassa foi quantificada através das medições do peso da biomassa seca. A cultura atingiu o seu valor máximo de biomassa (aprox. 10 g/L) às 48 horas, a partir da qual se manteve constante. A produção de MEL foi quantificável ao fim de 4 dias, atingindo o valor máximo, ao dia 14, igual a 4,5 g/L (valor médio de 3 experiências), e um rendimento de 0,11 (gMEL/gsubstrato) < representando aproximadamente 30% do valor máximo teórico esperado.
2. Produção de glicolipidos a partir de misturas de glucose e xilose
2.A. Pré-cultura
A pré-cultura foi preparada como descrito em l.A.
2.B. Processo fermentativo para produção de glicolipidos
Meio:
Xilose, 20 g/L;
Glucose, 20 g/L;
KH2PO4, 0,3 g/L;
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L;
Extrato de levedura, 1 g/L;
O meio de cultura para o processo fermentativo foi preparado em água estéril, com pH inicial igual a 6. No entanto, foi usada uma mistura de xilose e glucose como substrato, representando os monossacáridos mais abundantes na constituição da maioria do material lenhocelulósico. O meio de cultura foi inoculado com 10% (v/v) da pré-cultura preparada em 2.A., e incubado em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de 27°C, durante 14 dias. A produção de MEL foi quantificável ao fim de 4 dias, atingindo o valor máximo, ao dia 14, igual a 4,6 g/L, e um rendimento de 0,12 (gMEL/gsubstrato) , representando aproximadamente 30% do valor máximo teórico esperado.
3. Produção de glicolipidos a partir de glucose com adição de substrato ao dia 4 de fermentação
3.A. Pré-cultura
A pré-cultura foi preparada como descrito em l.A.
3.B. Processo fermentativo para produção de glicolipidos
Meio:
Glucose, 40 g/L;
KH2PO4, 0,3 g/L;
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L;
Extrato de levedura, 1 g/L;
NaNO3, 3 g/L;
O meio de cultura para o processo fermentativo foi preparado em água estéril, com pH inicial igual a 6. O meio de cultura foi inoculado com 10% (v/v) da pré-cultura preparada em 3.A., e incubado em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de 27°C, durante 14 dias. A biomassa foi quantificada através das medições do peso da biomassa seca. A cultura atingiu o seu valor máximo de biomassa (aprox. 10 g/L) às 48 horas, a partir da qual se manteve constante até ao dia 4. Ao dia 4, foi adicionada glucose (40 g/L) aos cerca de 7 g/L ainda presentes em cultura. A produção de MEL foi quantificável ao fim de 4 dias (ao tempo da adição), aumentando gradualmente até ao dia 14, atingindo 8,3 g/L de MEL, valor superior aos 5,0 g/L obtidos em 14 dias em culturas sem adição ao dia 4 (condições do exemplo 1, usando glucose, em vez de xilose, como fonte de carbono).
4.Produção de glicolipidos a partir de celulose em SHF
4.A. Pré-cultura
A pré-cultura foi preparada como descrito em l.A.
4.B. Preparação solução de enzimas
Para as fermentações em SHF foi preparada uma solução de enzimas exógenas contendo as misturas enzimáticas comerciais Celluclast 1.5L e Novozyme 188 (Novozymes), descritas como dispondo atividade enzimáticas que incluem mas não se limitam a celulase, celobio-hidrolase e betaglucosidase, respetivamente. A solução de enzimas foi preparada numa concentração 3 vezes superior à concentração a usar em fermentação, 0,25% (v/v) e 1,75% (v/v) respetivamente. A solução de enzimas foi dialisada durante 24 horas a 4°C de forma a eliminar possíveis inibidores ao crescimento presentes nas misturas enzimáticas comerciais.
4.C. Hidrólise enzimática da celulose
O processo de bioconversão em SHF iniciou-se com a hidrólise enzimática da celulose (40 g/L) na presença de uma solução de enzimas, preparada como descrita no ponto B. O processo de hidrólise enzimática decorreu com agitação constante e à temperatura de 50°C, durante 48 horas.
4.D. Processo fermentativo para produção de glicolipidos em SHF
Findo o processo descrito em 4.C., O processo de bioconversão em SHF prosseguiu com a adição dos restantes constituintes do meio de fermentação à solução proveniente do processo de hidrólise do ponto 4.C., com as seguintes concentrações finais:
Fonte de carbono (celulose adicionada no ponto 4.D.), 40 g/L;
KH2PO4, 0,3 g/L;
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L;
Extrato de levedura, 1 g/L
O meio para o processo fermentativo foi preparado em água estéril, com pH inicial igual a 6. O meio de cultura foi inoculado com 10% (v/v) da pré-cultura preparada em 4.A. e incubado em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de 27°C, durante 10 dias. O processo descrito em 4.C. permitiu que se obtivessem 25,2 g/L de glucose (por hidrólise da celulose), sendo este o valor de açúcar fermentável que a cultura possuía como valor inicial no passo de fermentação, não obstante a hidrólise da celulose possa continuar embora com menor eficiência. A produção de MEL foi quantificável ao fim de 4 dias, atingindo o valor máximo ao dia 10, 4,2 g/L de MEL.
5. Produção de glicolípidos a partir de celulose em SSF
5.A. Pré-cultura
A pré-cultura foi preparada como descrito em 4.A.
5.B. Preparação da solução de enzimas
Para as fermentações em SHF, foi preparada uma solução de enzimas exógenas contendo as misturas enzimáticas comerciais Celluclast 1,5 L e Novozyme 188 (Novozymes), como descrito em 4.B.
5. C. Processo fermentativo para produção de glicolípidos em SSF
Meio:
Celulose, 40 g/1
KH2PO4, 0,3 g/L
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L
Extrato de levedura, 1 g/L
O processo de bioconversão em SSF não contou com o passo de hidrólise enzimática a 50°C. Em vez, a hidrólise enzimática e a fermentação foram iniciadas com simultânea adição da solução de enzimas preparada em 7.C. e do inoculo composto por 10% (v/v) da pré-cultura preparada em 7.A., com incubação em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de 27°C, durante 10 dias. A produção de MEL foi quantificável ao fim de 4 dias, atingindo o valor máximo ao dia 10, 2,94 g/L de MEL.
6. Produção de glicolipidos a partir de xilano/hemicelulose sem adição de enzimas exógenas em CBP
6.A. Pré-cultura
A pré-cultura foi preparada como descrito em l.A.
6.B. Processo fermentativo para produção de glicolipidos em SHF
Meio :
Xilano, 40 g/L;
KH2PO4, 0,3 g/L;
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L;
Extrato de levedura, 1 g/L;
O meio para o processo fermentativo foi preparado em água estéril, com pH inicial igual a 6. O meio de cultura foi inoculado com 10% (v/v) da pré-cultura preparada em 5.A. e incubado em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de 27°C, durante 10 dias. O processo descrito no exemplo anterior abrangia a utilização de misturas de enzimas exógenas permitindo que as fermentações decorressem com concentrações iniciais de açúcar fermentável superiores a 20 g/L (SHF). O processo descrito no presente exemplo não conta com a adição de misturas de enzimas exógenas, explorando o potencial hidrolitico das células. Foi verificada uma acumulação de 2,9 g/L de xilose ao fim de 48 horas, denotando a capacidade das células em hidrolisar xilano em açúcares simples. A produção de MEL foi quantificável ao fim de 4 dias, atingindo o valor máximo ao dia 10, 1,0 g/L de MEL.
7. Produção de glicolipidos a partir de palha de trigo (resíduo agrícola) (SHF)
7.A. Pré-cultura
A pré-cultura foi preparada como descrito em l.A. No entanto, a espécie usada foi P. aphidis em vez de P. antarctica.
7.Β. Preparação do substrato
A palha de trigo foi submetida a um pré-tratamento de autohidrólise num reator Parr. A proporção entre substrato e água no reator de 1:7 e a média da taxa de aumento de temperatura no reator foi de 6°C por minuto e agitação de 150 rpm. Uma vez atingida a temperatura de 210°C o reator foi arrefecido usando água fria a circular em serpentina e o reator colocado em banho de gelo. O conteúdo do reator arrefeceu até aos 100°C em 1 minuto e 30 segundos. Depois do arrefecimento o material foi filtrado para a recuperação das frações sólidas e liquidas. A fração sólida, rica em celulose, foi usada para os processos seguintes de bioconversão. A quantidade total de glucanos e xilanos presentes na fração sólida foi de 0,59 e 0,11 (g/g), respetivamente.
7.C. Preparação solução de enzimas
Para as fermentações em SHF, foi preparada uma solução de enzimas exógenas contendo as misturas enzimáticas comerciais Celluclast 1.5L e Novozyme 188 (Novozymes), como descrito em 4.B.
7.D Hidrólise enzimática da fração sólida da palha de trigo.
O processo de bioconversão em SHF iniciou-se com a hidrólise enzimática da fração sólida de palha de trigo (7% (p/v) - peso de massa seca por volume final do processo fermentativo descrito em 6.E) preparada em 6.B., na presença de uma solução de enzimas preparada como descrita no ponto 6.C. O processo de hidrólise enzimática decorreu com agitação constante e à temperatura de 50 °C, durante 48 horas.
7.E. Processo fermentativo para produção de glicolipidos em SHF .
O processo de bioconversão em SHF prosseguiu com a adição dos restantes constituintes do meio de fermentação à solução proveniente do processo de hidrólise do ponto 6.D., com as seguintes concentrações finais:
Fonte de carbono (celulose adicionada no ponto 6.D.), 40 g/L;
KH2PO4, 0,3 g/L;
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L;
Extrato de levedura, 1 g/L;
O meio para o processo fermentativo foi preparado em água estéril, com pH inicial igual a 6. O meio de cultura foi inoculado com 10% (v/v) da pré-cultura preparada em 6.A. e incubado em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de 27°C, durante 10 dias. O processo descrito em 6.D. permitiu que se obtivessem 24,8 g/L de glucose, sendo este o valor de açúcar fermentável que a cultura possuia como valor inicial no passo de fermentação, não obstante a hidrólise da fração de palha de trigo possa continuar, embora com menor eficiência. A produção de MEL foi quant if icável ao fim de 4 dias, atingindo o valor máximo ao dia 10, 0,8 g/L de MEL.
8. Produção de glicolipidos a partir de palha de trigo (resíduo agrícola) em SSF
8.A. Pré-cultura
A pré-cultura foi preparada como descrito em 6.A.
8. B. Preparação do substrato
A preparação do substrato foi realizada como descrito em 8 .B.
8.C. Preparação solução de enzimas
Para as fermentações em SHF, foi preparada uma solução de enzimas exógenas contendo as misturas enzimáticas comerciais Celluclast 1,5 L e Novozyme 188 (Novozymes), como descrito em 4.B.
8.D. Processo fermentativo para produção de glicolipidos em SSF
Meio:
Fração sólida palha de trigo, 7% (p/v) (peso de massa seca por volume final)
KH2PO4, 0,3 g/L
MgSO4.7H2O, 0,3 g/L
Extrato de levedura, 1 g/L
O processo de bioconversão em SSF não contou com o passo de hidrólise enzimática a 50°C. Em vez, a hidrólise enzimática e a fermentação foram iniciadas com simultânea adição da solução de enzimas preparada em 7.C. e do inoculo composto por 10% (v/v) da pré-cultura preparada em 7.A., com incubação em condições aeróbias, com agitação constante e à temperatura de 27°C, durante 10 dias. Em processo de SSF foi possivel observar a acumulação de 6 g/L de glucose ao fim de 48 horas, sendo fermentado nos dias seguintes. A produção de MEL foi quantificável ao fim de 4 dias, atingindo o valor máximo ao dia 10, 1,2 g/L de MEL.
Referências Bibliográficas
1. Doble, M., & Arutchelvi, J. (2011). Biosurfactants - from genes to application. In G. S. Chávez & A. Steinbuchel (Eds.), (146-173). Springer Heidelberg
Dordrecht London New York.
2. Arutchelvi JI, Bhaduri S, Uppara PV, Doble M. Mannosylerythritol lipids: a review. Journal of Industrial Microbiology & Biotechnology 35:1559-1570.
3. Kitamoto DA, Isoda H, Nakahara T (2002). Functions and potential applications of glycolipid biosurfactants from energy-saving materiais to gene delivery carriers. Journal of Bioscience and Bioengineering 94:187-201.
4. Suzuki M, Kitagawa M, Yamamoto S, et al (2010). Activator including biosurfactants as active ingredient, mannosylerythritol lipid, and production method thereof,
United States Patent 2010/0228013 Al. Application: Pub. No.: US
5. Kitamoto D, Ikegami T, Suzuki GT, et al (2001) .
Microbial conversion of n-alkanes into glycolipid
biosurfactants, mannosylerythritol lipids, by Pseudozyma (Candida) antarctica. Biotechnology Letters 23:17091714 .
6. Rau U, Nguyen L, Roeper H, Koch H, Lang S (2005) . Fedbatch bioreactor production of mannosylerythritol lipids secreted by Pseudozyma aphidis. Applied Microbiology and Biotechnology 68:607-613.
7. Morita T, Konishi M, Fukuoka T, Imura T, Kitamoto D (2007) . Microbial conversion of glycerol into glycolipid biosurfactants, mannosylerythritol lipids, by a basidiomycete yeast, Pseudozyma antarctica JCM 10317T. Journal of Bioscience and Bioengineering 104:78-81.
8. Rau U, Lang S, Nguyen L, Roper H. Process for producing and recovering mannosylerythritol lipid from culture médium containing the same. International Patent Application: W02004/020647 AI .
9. Morita T, Konishi M, Fukuoka T, Imura T, Kitamoto D (2007) . Physiological differences in the formation of the glycolipid biosurfactants, mannosylerythritol lipids, between Pseudozyma antarctica and Pseudozyma aphidis. Applied Microbiology and Biotechnology 74:307315 .
lO.Olofsson K, Bertilsson M, Lidén G (2008) . A short review on SSF - an interesting process option for ethanol production from lignocellulosic feedstocks. Biotechnology for Biofuels 1:7
11. Moldes AB, Torrado AM, Barrai MT, Dominguez JM (2007) Evaluation of biosurfactant production from various agricultural residues by Lactobacillus pentosus. Journal of Agricultural and Food Chemistry 55:4481-4486.
12. Camilios-Neto D, Bugay C, de Santana-Filho AP, Joslin T, de Souza LM, Sassaki GL, Mitchell DA, Krieger N (2011) Production of rhamnolipids in solid-state cultivation using a mixture of sugarcane bagasse and corn bran supplemented with glycerol and soybean oil. Applied Microbiology and Biotechnology 89:1395-1403.
13.Cherubini F (2010) The biorefinery concept using biomass instead of oil for producing energy and chemicals. Energy Converson and Management 51:1412-1421.

Claims (13)

1. Processo para a produção de glicolípidos microbianos, do tipo manosileritritolipidos, caracterizado por:
a) utilizar fontes de carbono de origem lenhocelulósica que compreendem, mas não se limitam a celulose, hemicelulose ou mono-, di- ou oligossacáridos resultantes das suas hidrólises
como por exemplo, celodextrinas, xilooligosacáridos, celobiose, xilobiose, D- glucose, D-manose, D-galactose, D-xilose e L- arabinose; b) utilizar fungos de diferentes géneros, que compreendem, mas não se limitam a Pseudozyma, Ustilago, Sporisorium, Moesziomyces, Macalpinomyces, bem como fungos ou bactérias
geneticamente modificados que compreendem, mas não se limitam aos géneros Saccharomyces, Pichia, Pseudozyma, Ustilago, Escherichia e Bacillus;
c) utilizar três etapas, com pré-tratamento, hidrólise enzimática e fermentação, em que as duas últimas acontecem sequencialmente em separado ou simultaneamente, com ou sem adição de enzimas exógenas ou suas misturas.
2. Processo para a produção de glicolípidos microbianos, do tipo manosileritritolipidos, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por os materiais lenhocelulósicos utilizados compreenderem, mas não se limitarem a palha de trigo, bagaço de cana, palha de cana, palha de milho, palha de arroz, casca de arroz, dreche cervejeira, lamas da pasta de papel.
3. Processo para a produção de glicolípidos do tipo manosileritritolípidos, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por os microrganismos preferenciais na bioconversão serem do género Pseudozyma.
4. Processo para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado por os microrganismos preferenciais na bioconversão serem Pseudozyma antarctica, Pseudozyma aphidis ou as suas variantes geneticamente modificadas.
5. Processo para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, de acordo com as reivindicações 1 ou 2, caracterizado por o material lenhocelulósico ser submetido a um tratamento físico e/ou químico, que compreende mas não se limita ao uso de ácidos, bases, solventes orgânicos e/ou água combinando temperaturas entre 100 a 250°C e tempos que variam entre 0 e 300 minutos.
6. Processo para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, de acordo com as reivindicações 1, 2 e 5 caracterizado por o material lenhocelulósico ser tratado com enzimas exógenas ou as suas misturas com atividades que compreendem mas não se limitam a celulase, celobio-hidrolase, glucosidase, xilanase, xilosidase e arabinofuranosidase.
7. Processo de acordo com reivindicação 6, caracterizado por as enzimas exógenas ou as suas misturas sofrerem uma etapa de purificação.
8. Processo para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, de acordo com as reivindicações 1 a 7, caracterizado por a hidrólise enzimática e o processo fermentativo decorrerem de forma sequencial em vasos reacionais diferentes, ou no mesmo vaso reacional, com a hidrólise enzimática a decorrer a temperatura entre 20 e 80°C e pH entre 3 e 7, e a fermentação a decorrer a temperatura entre 4°C e 40°C, e pH entre 3 e 7.
9. Processo para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, de acordo com as reivindicações 1 a 8, caracterizado por a hidrólise enzimática e o processo fermentativo decorrerem de forma sequencial em vasos reacionais diferentes, ou no mesmo vaso reacional, com a hidrólise enzimática a decorrer preferencialmente a temperatura de 50°C e pH 5,5, e a fermentação a decorrer preferencialmente a temperatura de 27°C e pH 5,5.
10. Processo para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, de acordo com as reivindicações 1 a 7, caracterizado por a hidrólise enzimática e o processo fermentativo ocorrerem simultaneamente no mesmo vaso reacional, a temperatura entre 4°C e 40°C e pH entre 3 e 7.
11. Processo para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, de acordo com as reivindicações 1 a 7 e 10, caracterizado por a hidrólise enzimática e o processo fermentativo ocorrerem simultaneamente no mesmo vaso reacional, preferencialmente a temperatura de 27°C e pH de 5,5.
12. Processo para a produção de glicolipidos microbianos do tipo manosileritritolipidos, de acordo com as reivindicações 1 a 5 e 10, caracterizado por a hidrólise enzimática ocorrer por ação das enzimas endógenas do microrganismo utilizado no processo fermentativo.
13. Processo para a produção de glicolipidos microbianos do tipo manosileritritolipidos, de acordo com as reivindicações 1 a 7, 10 e 12, caracterizado por a hidrólise enzimática ocorrer por acção combinada das enzimas endógenas do microrganismo utilizado no processo fermentativo com as enzimas exógenas ou suas misturas.
PT106959A 2013-05-17 2013-05-17 Processos para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, a partir de materiais lenhocelulósicos e suas aplicações PT106959B (pt)

Priority Applications (3)

Application Number Priority Date Filing Date Title
PT106959A PT106959B (pt) 2013-05-17 2013-05-17 Processos para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, a partir de materiais lenhocelulósicos e suas aplicações
US14/891,859 US20160083757A1 (en) 2013-05-17 2014-05-15 Enzymatic process for the production of mannosylerythritol lipids from lignocellulosic materials
PCT/PT2014/000032 WO2014185805A1 (en) 2013-05-17 2014-05-15 Enzymatic process for the production of mannosylerythritol lipids from lignocellulosic materials

Applications Claiming Priority (1)

Application Number Priority Date Filing Date Title
PT106959A PT106959B (pt) 2013-05-17 2013-05-17 Processos para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, a partir de materiais lenhocelulósicos e suas aplicações

Publications (2)

Publication Number Publication Date
PT106959A PT106959A (pt) 2014-11-17
PT106959B true PT106959B (pt) 2020-04-20

Family

ID=51179125

Family Applications (1)

Application Number Title Priority Date Filing Date
PT106959A PT106959B (pt) 2013-05-17 2013-05-17 Processos para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, a partir de materiais lenhocelulósicos e suas aplicações

Country Status (3)

Country Link
US (1) US20160083757A1 (pt)
PT (1) PT106959B (pt)
WO (1) WO2014185805A1 (pt)

Families Citing this family (17)

* Cited by examiner, † Cited by third party
Publication number Priority date Publication date Assignee Title
GB201505287D0 (en) * 2015-03-27 2015-05-13 Bangor University And Croda Internat Plc Method of seperating Mannosylerythitol Lipids
US10576519B2 (en) 2015-09-10 2020-03-03 Locus Oil Ip Company, Llc Enhanced microbial production of biosurfactants and other products, and uses thereof
FR3049472B1 (fr) 2016-03-31 2021-05-21 Oleon N V Procede d'extraction de glycolipides et glycolipides obtenus
CR20190175A (es) 2016-09-08 2019-09-03 Locus Ip Co Llc Sistemas distribuidos para la producción y uso eficientes de composiciones a base de microbios
EP3531835A4 (en) 2016-11-16 2020-06-24 Locus Agriculture IP Company, LLC COMPOSITIONS AND METHODS FOR CONTROLLING NEMATODES
EA201991437A1 (ru) 2016-12-11 2019-11-29 Продукты на основе микроорганизмов и их использование в биоремедиации и для удаления парафина и других загрязняющих веществ при добыче нефти и газа и с перерабатывающего оборудования
US11446235B2 (en) * 2017-05-07 2022-09-20 Locus Ip Company, Llc Cosmetic compositions for skin health and methods of using same
EP3658124A4 (en) 2017-07-27 2021-04-21 Locus IP Company, LLC COMPOSITIONS FOR INCREASING THE BIOAVAILABILITY OF MEDICINAL PRODUCTS, SUPPLEMENTS AND INGESTED SUBSTANCES
EP3657980A4 (en) 2017-07-28 2021-04-28 Locus IP Company, LLC YEAST BASED MASKS FOR IMPROVED SKIN, HAIR AND SCALP
WO2019075456A2 (en) 2017-10-13 2019-04-18 Locus Ip Company, Llc METHODS AND SUBSTANCES FOR THE PREVENTION AND TREATMENT OF NEURODEGENERATIVE DISEASES
EP3731643A4 (en) 2017-12-26 2021-12-29 Locus IP Company, LLC Organic food preservative compositions
US11964040B2 (en) 2017-12-28 2024-04-23 Locus Solutions Ipco, Llc Oral health composition comprising purified biosurfactants and/or their derivatives
JP2021523272A (ja) 2018-05-11 2021-09-02 ビーエイエスエフ・ソシエタス・エウロパエアBasf Se ラムノリピッド及び/又はマンノシルエリスリトールリピッドを含む洗浄剤組成物
CA3107300A1 (en) * 2018-05-25 2019-11-28 Locus Ip Company, Llc Therapeutic compositions for enhanced healing of wounds and scars
WO2020172543A1 (en) * 2019-02-21 2020-08-27 Locus Ip Company, Llc Novel methods for production of mannosylerythritol lipids
WO2020210074A1 (en) 2019-04-12 2020-10-15 Locus Ip Company, Llc Pasture treatments for enhanced carbon sequestration and reduction in livestock-produced greenhouse gas emissions
PT118115A (pt) * 2022-07-19 2024-01-19 Inst Superior Tecnico Dispositivo, sistema e processo para a produção melhorada de lípidos de manosileritritol (mels) integrando a fermentação e separação do produto a partir do caldo de fermentação por métodos não invasivos

Family Cites Families (7)

* Cited by examiner, † Cited by third party
Publication number Priority date Publication date Assignee Title
EP1376933A1 (de) 2002-06-25 2004-01-02 Siemens Aktiengesellschaft Verfahren und Anordnung zum ferngesteuerten Testen eines Prüflings
GB0219825D0 (en) * 2002-08-24 2002-10-02 Cerestar Holding Bv Process for producing and recovering mannosylerythritol lipidsfrom culture medium containing the same
JP4982885B2 (ja) * 2006-01-13 2012-07-25 独立行政法人産業技術総合研究所 バイオサーファクタントの生産方法
EP2055314B1 (en) 2006-08-11 2013-06-19 Toyobo Co., Ltd. Activator comprising biosurfactant as the active ingredient mannosyl erythritol lipid
US20090217569A1 (en) * 2007-11-14 2009-09-03 Helsinki University Of Technology Method for Lipid production
CN107794230B (zh) * 2010-03-11 2021-10-12 帝斯曼知识产权资产管理有限公司 酵母菌株及其在脂类产生中的用途
CN103443281B (zh) * 2010-07-07 2016-08-10 诺维信北美公司 发酵方法

Also Published As

Publication number Publication date
PT106959A (pt) 2014-11-17
WO2014185805A1 (en) 2014-11-20
US20160083757A1 (en) 2016-03-24

Similar Documents

Publication Publication Date Title
PT106959B (pt) Processos para a produção de glicolípidos microbianos do tipo manosileritritolípidos, a partir de materiais lenhocelulósicos e suas aplicações
Pinales-Márquez et al. Circular bioeconomy and integrated biorefinery in the production of xylooligosaccharides from lignocellulosic biomass: a review
Paz et al. Enzymatic hydrolysis of brewer’s spent grain to obtain fermentable sugars
Miranda et al. Pre-treatment optimization of Scenedesmus obliquus microalga for bioethanol production
ES2823455T3 (es) Proceso para la preparación de un producto de fermentación de material que contiene lignocelulosa
ES2745754T3 (es) Procedimiento para la hidrólisis enzimática de material lignocelulósico mediante el uso de oxígeno
CN106978455A (zh) 木质纤维素材料的降解
KR20200020961A (ko) 바이오매스 재료의 가공처리
HUE026873T2 (en) Effective lignocellulose hydrolysis with integrated enzyme production
ES2703631T3 (es) Procedimientos y sistemas para la sacarificación de biomasa
US11104920B2 (en) Enzymatic digestion of microalgal biomass for lipid, sugar, and protein recovery
WO2014198988A1 (es) Producción de aceites microbianos
EP3307898A1 (en) Cellulosic biofuel and co-products
Molaverdi et al. Efficient ethanol production from rice straw through cellulose restructuring and high solids loading fermentation by Mucor indicus
Song et al. Utilization of bamboo as biorefinery feedstock: Co-production of xylo-oligosaccharide with succinic acid and lactic acid
Burhan et al. Evaluation of simultaneous saccharification and fermentation of oil palm empty fruit bunches for xylitol production
JP5604613B2 (ja) エタノールの製造方法
KR20140141172A (ko) 혼합균주를 이용한 해조류의 생물학적 전처리 방법
KR101402164B1 (ko) 조류 바이오매스로부터 고품질 젖산의 생산방법
Yu et al. Efficient conversion of cane molasses into Tremella fuciformis polysaccharides with enhanced bioactivity through repeated batch culture
Buyukoztekin et al. Enzymatic hydrolysis of organosolv-pretreated corncob and succinic acid production by Actinobacillus succinogenes
BR112020009540A2 (pt) métodos para propagar micro-organismos para fermentação e métodos e sistemas relacionados
EP2997153A1 (en) Enzymatic process for the production of mannosylerythritol lipids from lignocellulosic materials
KR102063658B1 (ko) 미세조류의 무효소 당화 방법
Kaur et al. Xylanase, xylooligosaccharide and xylitol production from lignocellulosic biomass: Exploring biovalorization of xylan from a sustainable biorefinery perspective

Legal Events

Date Code Title Description
BB1A Laying open of patent application

Effective date: 20130711

FG3A Patent granted, date of granting

Effective date: 20200415