PT2018262E

PT2018262E - Processo de aplicação de uma estrutura em camadas sobre uma lente

Info

Publication number: PT2018262E
Application number: PT06770315T
Authority: PT
Inventors: John Biteau; Joseph Boryslawski
Original assignee: Essilor Int
Priority date: 2006-05-15
Filing date: 2006-05-15
Publication date: 2010-09-29
Also published as: EP2018262B1; JP4842375B2; US20090165932A1; ATE474712T1; CA2652288C; JP2009537861A; PL2018262T3; MX2008014402A; DE602006015716D1; EP2018262A1; BRPI0621695A2; AU2006343601A1; WO2007133208A1; CN101443181A; CN101443181B; KR20090007743A; CA2652288A1; BRPI0621695B1; US8002925B2; AU2006343601B2

Description

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DESCRIÇÃO

"PROCESSO DE APLICAÇÃO DE UMA ESTRUTURA EM CAMADAS SOBRE UMA LENTE" A invenção refere-se a um processo de aplicação de uma estrutura em camadas sobre uma superfície convexa de uma lente. Pode ser implementada, em particular, com uma lente oftálmica. É, frequentemente, útil equipar uma lente com uma película sobre uma superfície dessa lente, ver, e. g., o documento US-A-3322598, para obter uma lente resultante que tenha uma propriedade desejada. Por exemplo, a película pode ser uma película de polarização, uma película com propriedades intensificadoras de contraste, uma película fotocrómica, etc. dado que a superfície da lente é curva, a película não pode ser aplicada directamente na lente quando tem uma forma plana. De facto, poderiam ocorrer, então, descolagens, fissuras e/ou enrugamentos devido à diferença de curvatura entre a película e a superfície de lente. Por conseguinte, é necessário pré-formar a película, de modo a dotá-la com uma curvatura inicial antes da aplicação na superfície de lente. Também se sabe proporcionar uma estrutura em camadas com uma forma curva, para que a estrutura em camadas tenha uma primeira superfície que é côncava e uma - 2 - ΡΕ2018262 segunda superfície que é convexa. Em seguida, a primeira superfície da estrutura em camadas é posta em contacto com a superfície de lente num ponto de contacto inicial, de preferência, numa parte intermédia da superfície de lente. A partir do ponto de contacto inicial, a primeira superfície da estrutura em camadas é impelida contra a superfície de lente por meio de uma pressão aplicada sobre a segunda superfície da estrutura em camadas. 0 contacto entre a primeira superfície da estrutura em camadas e a superfície de lente expande-se, continuamente e de modo radial, à medida que a pressão aumenta. Em implementações conhecidas de um processo deste tipo, uma orla periférica da estrutura em camadas fica presa durante a aplicação sobre a lente e a estrutura é impelida contra a lente com um bloco resiliente.

Mas, apesar de a estrutura em camadas estar, inicialmente, dotada com uma forma curva, a lente equipada com a estrutura em camadas apresenta enrugamentos na estrutura próximo de uma parte periférica da lente ou fissuras na estrutura em camadas na parte intermédia da lente. Estes defeitos ocorrem, especialmente, quando o raio de curvatura da superfície de lente é pequeno, tipicamente, inferior a 75 mm (milímetros).

Um objectivo da invenção é aperfeiçoar um processo do tipo acabado de descrever, para que a lente resultante equipada com a estrutura em camadas não apresente defeitos. - 3 - ΡΕ2018262

Para isso, a invenção propõe um processo de aplicação de uma estrutura em camadas sobre uma superfície convexa de uma lente, que compreende os passos seguintes: /a/ dotar a estrutura em camadas com uma forma plana; /b/ termoformar a estrutura em camadas para lhe dar uma forma curva, sendo uma primeira superfície côncava e sendo uma segunda superfície convexa; /c/ inverter a curvatura da estrutura em camadas para que a referida primeira superfície se torne convexa e a referida segunda superfície se torne côncava; /d/ pôr a primeira superfície da estrutura em camadas em contacto com a superfície de lente num ponto de contacto inicial; e /e/ a partir do ponto de contacto inicial, aplicar a primeira superfície da estrutura em camadas contra a superfície de lente por meio de uma pressão aplicada sobre a segunda superfície da estrutura em camadas, recuperando as primeira e segunda superfícies da estrutura em camadas a forma côncava e forma convexa, respectivamente, numa orla periférica de uma zona de contacto crescente. A qualidade do conjunto obtido é compatível com aplicações ópticas, em particular, com uma utilização oftálmica da lente equipada com a estrutura em camadas. De facto, não aparece qualquer enrugamento, fissura e descolagem da estrutura em camadas depois da aplicação sobre a superfície de lente. Assim, o conjunto obtido da - 4 - ΡΕ2018262 lente com a estrutura em camadas aplicada na mesma não apresenta defeitos visiveis.

Esta qualidade óptica do conjunto resulta das seguintes caracteristicas da invenção.

Em primeiro lugar, a estrutura em camadas é termoformada no passo /b/, de modo a adquirir uma forma curva. As tensões criadas, então, na estrutura em camadas durante o passo /e/ são reduzidas em comparação com as que se criam quando se aplica uma estrutura em camadas plana sobre a superfície de lente sem termoformação.

Em segundo lugar, a curvatura da estrutura em camadas é duplamente invertida, no passo /c/ e durante o passo /e/. Por conseguinte, a curvatura da estrutura em camadas no conjunto tem a mesma direcção que a resultante do passo /b/ de termoformação. Por outras palavras, cada uma de entre a primeira e segunda superfícies da estrutura em camadas é côncava ou convexa, respectivamente, no conjunto final, como imediatamente depois da termoformação. Isto também dá origem à diminuição de tensões existentes no interior da estrutura em camadas depois de ser aplicada na lente.

De acordo com um primeiro aperfeiçoamento da invenção, não se aplica praticamente nenhuma pressão na segunda superfície da estrutura em camadas fora da zona de contacto crescente durante o passo /e/. Portanto, a parte - 5 - ΡΕ2018262 periférica da estrutura em camadas pode acomodar estiramentos residuais que ocorrem durante o passo /e/ sem dar origem a defeitos. Além disso, tensões residuais são mais distribuídas pela estrutura em camadas depois do passo /e/, pelo que é menos provável que essas tensões provoquem defeitos locais.

De acordo com um segundo aperfeiçoamento da invenção, o passo /e/ pode ser realizado com a estrutura em camadas aquecida. A estrutura em camadas é, assim, amolecida e pode acomodar tensões mais importantes e/ou variações em termos de forma sem criar defeitos durante e depois do passo /e/.

Uma primeira vantagem de um processo de acordo com a invenção é que pode ser implementada rapidamente. Em particular, é compatível com uma implementação em tempo real segundo o pedido dos consumidores, por exemplo, num retalhista oftálmico. 0 retalhista tem que ter uma estrutura em camadas em armazém que corresponda a uma função óptica desejada e esta estrutura em camadas é aplicada numa lente que corresponde à ametropia de um cliente utilizando um processo de acordo com a invenção.

Uma segunda vantagem de um processo de acordo com a invenção é que não necessita de ferramentas complexas ou dispendiosas para ser implementada e o operador só precisa de uma curta formação técnica. - 6 - ΡΕ2018262

Para efeitos da invenção, a estrutura em camadas pode ser uma monocamada de material ou uma sobreposição de várias camadas que tem uma forma de camada genérica. Em particular, a estrutura em camadas pode ser uma pelicula de polarização combinada com uma ou duas peliculas protectoras, que são laminadas num dos lados ou em ambos os lados da pelicula de polarização. A estrutura em camadas de forma plana que é proporcionada no passo /a/ pode ser cortada numa folha de grandes dimensões proporcionada, convenientemente, em forma de rolo.

De acordo com uma implementação preferencial da invenção, os passos /d/ e /e/ são realizados com uma camada de adesivo proporcionada entre a superfície de lente e a primeira superfície da estrutura em camadas. Consequentemente, pode obter-se um conjunto permanente da lente com a estrutura em camadas. A camada de adesivo pode compreender, de um modo vantajoso, um material de tipo adesivo sensível a pressão, para que a estrutura seja directamente colada na superfície de lente durante o passo /e/. A camada de adesivo pode estar presente na superfície de lente ou na estrutura em camadas antes da laminagem.

Um processo de acordo com a invenção possibilita combinar uma estrutura em camadas com uma lente, mesmo quando a curvatura da estrutura, após termoformação, é diferente da da superfície de lente. A curvatura da - 7 - ΡΕ2018262 estrutura em camadas é automaticamente modificada durante o passo /e/, para que a curvatura final da estrutura em camadas coincida com a curvatura da superficie de lente.

De preferência, o passo /b/ pode ser realizado de modo a que, entre os passos /b/ e /c/, uma curvatura da estrutura em camadas em, pelo menos, um ponto na primeira superficie da estrutura em camadas seja superior ou igual a uma curvatura da superficie de lente num ponto na superficie de lente que corresponde ao, pelo menos um, ponto da primeira superficie de estrutura depois do passo /e/. No âmbito da invenção, a curvatura refere-se à média das duas curvaturas que são definidas em qualquer ponto numa superficie ao longo de duas direcções perpendiculares. Matematicamente, a curvatura é igual ao inverso do raio de curvatura: a curvatura aumenta quando o raio de curvatura diminui. Esta relação entre as respectivas curvaturas da estrutura em camadas e a superficie de lente assegura ainda que a estrutura permanece correctamente aplicada à lente na parte periférica desta última após o passo /e/. Quando a superficie de lente tem uma curvatura constante, a estrutura em camadas pode ter, imediatamente depois do passo /b/ , uma curvatura que é superior ou igual à curvatura da superficie de lente em qualquer ponto da primeira superficie da estrutura em camadas.

Em particular, a invenção é útil quando se aplica uma estrutura em camadas numa lente que tenha uma curvatura acentuada. 0 raio de curvatura da superficie de lente pode - 8 - ΡΕ2018262 ser inferior a 305 milimetros, de preferência, inferior a 100 milimetros e, em particular, inferior a 75 milimetros. A invenção também é útil quando se aplica uma estrutura em camadas numa lente progressiva. Neste caso, a superfície de lente apresenta uma curvatura que varia continuamente ao longo da superfície. No caso de uma lente oftálmica, a curvatura de base e as dioptrias são parâmetros normalmente utilizados para definir uma superfície progressiva. Definem os raios de curvatura da superfície de lente num ponto de visão distante e num ponto de visão próxima. No caso de uma lente progressiva, a curvatura da superfície de lente no ponto de visão próxima é superior à curvatura no ponto de visão distante. Então, os requerentes descobriram que o conjunto da lente com a estrutura em camadas não apresenta defeitos, em particular, quando a estrutura em camadas tem, imediatamente após o passo /b/, uma curvatura que é superior à curvatura da superfície de lente no ponto de visão distante.

Estes e outros aspectos da invenção serão evidentes a partir das implementações não limitativas descritas em seguida, recorrendo aos desenhos seguintes:

As Figuras la e lb são vistas em corte de uma estrutura em camadas e de uma lente, respectivamente, que podem ser utilizadas para implementar a invenção; - 9 - ΡΕ2018262

As Figuras 2a e 2b ilustram dois passos de um processo de acordo com a presente invenção, antes de a estrutura em camadas ser aplicada na lente;

As Figuras 3a e 3c são vistas em perspectiva de um dispositivo de aplicação que pode ser utilizado para implementar a invenção; e

As Figuras 4a-4d ilustram o passo de aplicação de um processo de acordo com a presente invenção.

Nestas figuras, números de referência idênticos referem-se a elementos idênticos. Além disso, por uma questão de visibilidade, as dimensões dos elementos representados não correspondem às dimensões dos elementos propriamente ditos. A Figura la ilustra uma estrutura 1 em camadas que pode ser utilizada para dotar uma lente com um efeito de polarização. Esta estrutura é utilizada com fins ilustrativos e deve compreender-se que a invenção pode ser implementada independentemente da propriedade óptica da estrutura em camadas.

A estrutura 1 compreende uma película de polarização que pode ser à base de álcool polivinílico (PVA) ou poli (tereftalato de etileno) (PET) . A estrutura da película 2 pode estar compreendida entre 5 pm (micrómetro) e 200 pm. Pode ser igual, por exemplo, a cerca de 40 pm. A -10- ΡΕ2018262 estrutura 1 também pode compreender, pelo menos, uma película protectora disposta num dos lados da película 2. Essa película protectora assegura a inexistência de riscos na película 2 durante o seu manuseamento. De um modo vantajoso, a estrutura 1 compreende duas películas 3 e 4 protectoras que estão dispostas em ambos os lados da película 2. As películas 3 e 4 protectoras podem ser à base de triacetato de celulose (TAC) ou acetato-butirato de celulose (CAB) e pode ter, por exemplo, uma espessura de 150 μιη. A estrutura 1 tem, inicialmente, uma forma plana e SI e S2 referem-se às superfícies paralelas opostas da estrutura 1. A Figura lb ilustra uma lente 10 oftálmica, de preferência, antes de ser cortada com a dimensão adequada para uma armação de óculos particular. Em seguida, essa lente 10 fica com um diâmetro de cerca de 6 cm e pode ser constituída por um qualquer material actualmente utilizado em lentes oftálmicas, i. e., material mineral, orgânico ou composto. Por exemplo, a lente 10 pode compreender uma parte de um material à base de, pelo menos, um composto de policarbonato, pelo menos, um composto de poliamida, polímeros ou copolímeros de bis(alilcarbonato) de dietilenoglicol, polímeros ou copolímeros de tiouretano ou polímeros ou copolímeros de epissulfureto. Mais especificamente, a invenção é facilmente implementada quando a lente 10 compreende um ou mais polímeros seleccionados de entre policarbonatos, poliamidas, poliimidas, polisulfonas, copolímeros de poli (tereftalato -li ΡΕ2018262 de etileno) e policarbonato, poliolefinas, especialmente polinorbornenos, polímeros de bis(alilcarbonato) de dietilenoglicol - conhecidos como CR39 - e copolímeros do mesmo, polímeros e copolímeros (meta)acrílicos, especialmente polímeros e copolímeros (meta)acrílicos derivados de bisfenol A, polímeros e copolímeros tio(meta)acrílicos, polímeros e copolímeros de uretano e tiouretano, polímeros e copolímeros epóxidos e polímeros e copolímeros de epissulfureto. A lente 10 pode ser uma de qualquer tipo óptico. Por exemplo, pode ser uma lente correctora de ametropia ou uma lente não correctora, como, por exemplo, uma lente de protecção solar. Em particular, pode ser unifocal, bifocal, trifocal ou uma lente progressiva. A lente 10 tem uma superfície S0 convexa que corresponde à face frontal da lente quando utilizada por um utilizador de óculos. A estrutura 1 é cortada com a dimensão correspondente à superfície S0 de lente, mas, de preferência, é cortada com uma dimensão ligeiramente superior à superfície S0. A estrutura 1 em camadas é, em primeiro lugar, termoformada de modo a adoptar uma forma curva, por exemplo, uma forma aproximadamente esférica. Esta termoformação pode ser realizada utilizando um processo bem conhecido, tal como o descrito no pedido de patente dos Estados Unidos publicado com o número US 2005/0121835. -12- ΡΕ2018262

Quando a estrutura 1 é, de novo, arrefecida, depois da termoformação, fica com uma forma curva permanente com uma superfície côncava e uma superfície convexa. Por exemplo, a superfície SI é côncava e a superfície S2 é convexa (Figura 2a). A curvatura da estrutura 1 em camadas é, depois, invertida. Essa inversão pode ser executada manualmente ou, por exemplo, utilizando uma membrana insuflada, pressionando a parte intermédia da superfície S2 convexa. A Figura 2b representa a forma da estrutura 1 depois de a sua curvatura ter sido invertida.

As Figuras 3a-3c ilustram um dispositivo que pode ser utilizado para aplicar a estrutura 1 em camadas sobre a lente 10. De acordo com a Figura 3a, o sistema compreende uma parte 200 inferior e uma parte 300 superior. A parte 200 inferior compreende um corpo 201 principal que está equipado com duas flanges 202a e 202b laterais. As flanges 202a e 202b estão dotadas com ranhuras 203a e 203b. A parte 300 compreende um corpo 301 principal que está equipado com barras 303a e 303b laterais de modo a permitir que as partes 200 e 300 possam ser facilmente unidas entre si pelo deslocamento das barras 303a e 303b ao longo das ranhuras 203a e 203b, que formam vias de deslizamento. As Figuras 3a e 3b mostram partes 200 e 300 numa configuração desmontada e numa configuração montada, respectivamente. Quando unidas, as partes 200 e 300 formam uma folga 400 com uma predeterminada altura. -13- ΡΕ2018262 A parte 200 também compreende um suporte 204 de lente que está posicionado numa parte intermédia do corpo 201 principal, entre as flanges 202a e 202b. O suporte 204 pode estar integrado no corpo 201 principal. A Figura 3c mostra a parte 300 superior vista por baixo e recorrendo à Figura 3a. O corpo 301 principal da parte 300 está dotado com uma abertura 304 que é maior do que o tamanho da lente 10. Uma membrana 306 resiliente é comprimida entre o corpo 301 principal e parte 305 em torno da abertura 304. A parte 305 de fecho é mantida bem presa contra o corpo 301 principal, ao mesmo tempo que aperta a membrana 306 de modo estanque por fixadores 311 aparafusados. A membrana 306 e a parte 305 de fecho formam, assim, uma cavidade 310 estanque (Figura 4a) . A parte 305 de fecho está dotada com um meio 307 de entrada de gás para introduzir um gás pressurizado na cavidade 310. Este meio 307 de entrada compreende uma parte de conduta externa para ligação a uma fonte de gás pressurizado (não mostrada) . O corpo 301 principal tem um furo 308 rectilineo em torno da abertura 304, preparado para manter a parte 305 de fecho numa posição centrada relativamente à abertura 304. Também inclui uma parte 309 de superfície cónica para guiar uma deformação da membrana 306 através da abertura 304. Uma superfície 304 de ligação curva liga o furo 308 à parte 309 de superfície cónica.

As Figuras 4a-4d são vistas em corte que mostram as partes 200 e 300 na posição montada. Então, o suporte -14- ΡΕ2018262 204 está numa posição centrada sob a abertura 304, com a folga 400 de altura fixa entre estes. A utilização do dispositivo é, agora, pormenorizada recorrendo a estas figuras.

Quando as partes 200 e 300 estão separadas, a lente 10 é colocada no suporte 204 com a superfície 50 convexa virada para cima. Uma camada 20 de material adesivo foi previamente depositada sobre a superfície S0 de lente. A espessura da camada 20 pode ter cerca de 25 pm e o material adesivo é, de preferência, do tipo sensivel a pressão (PSA para Adesivo Sensivel a Pressão) . Em alternativa, pode utilizar-se qualquer outro tipo de material adesivo que possibilite prender a estrutura 1 em camadas na superfície S0 de lente. Por exemplo, é possível utilizar adesivo térmico, adesivo com endurecimento por UV, adesivo termofusível ou adesivo de látex. Em alternativa, a camada 20 de material adesivo pode ser depositada na superfície SI da estrutura 1 em camadas. Em alguns casos, em função do material adesivo utilizado, podem depositar-se camadas respectivas de material adesivo nas duas superfícies S0 e Sl. A camada 20 pode ser depositada na lente 10 ou/e na estrutura 1 utilizando qualquer processo conhecido na técnica, tal como, por exemplo, revestimento por centrifugação. A utilização de um adesivo sensível a pressão (PSA) é particularmente vantajosa porque a estrutura 1 em camadas fica permanentemente retida na lente 10 de um modo -15- ΡΕ2018262 simples e pouco dispendioso, sem prejudicar as propriedades ópticas da lente e da estrutura. Em particular, não é necessária qualquer radiação, tal como radiação ultravioleta, nem aquecimento intensivo para se obter uma ligação permanente com um adesivo sensivel a pressão. Todos os adesivos sensíveis a pressão apresentam uma adesividade permanente e têm um baixo módulo de elasticidade à temperatura ambiente, tipicamente, entre 103 e 107 Pa (pascais). Deve salientar-se que o mecanismo de adesão implicado nos adesivos sensíveis a pressão não implica ligação química, mas baseia-se em propriedades viscoelásticas especiais de adesivos sensíveis a pressão. Estas propriedades intrínsecas a cada formulação de adesivo sensível a pressão possibilitam a criação de interacções de Van der Waals na interface de ligação. Isto ocorre quando um adesivo sensível a pressão é posto em contacto com um material sólido por meio de pressão. A pressão e o baixo módulo do adesivo sensível a pressão criam um contacto íntimo deste último, a uma escala molecular, com a topologia do material sólido. Além disso, as propriedades viscoelásticas em geral do adesivo sensível a pressão conduzem à dissipação, na espessura da camada de adesivo, da energia resultante da aplicação de tensões mecânicas na interface de ligação. Por conseguinte, a interface pode suportar mecanismos de resistência à tracção e de descolagem.

Além disso, os adesivos sensíveis a pressão podem ser depositados na forma de uma fina camada com uma -16- ΡΕ2018262 espessura uniforme. Essa espessura pode estar compreendida entre 0,5 e 300 pm. Portanto, a formação de imagens através da lente 1 não é afectada pela camada de adesivo sensível a pressão e a potência óptica da lente não é alterada. Em particular, o conjunto da lente com a estrutura em camadas é compatível com a precisão necessária quando a lente é do tipo progressivo.

Podem utilizar-se vários adesivos sensíveis a pressão num processo de acordo com a invenção. De um modo vantajoso, o adesivo sensível a pressão é seleccionado de um composto à base de poliacrilato, copolímero em bloco à base de estireno e de uma mistura incorporando uma borracha natural. Exemplos não limitativos de adesivos sensíveis a pressão têm composições genéricas à base de poliacrilatos, em particular, polimetacrilatos ou à base de copolímeros de etileno, tais como copolímeros de etileno e acetato de vinilo, etileno e acrilato de etilo e etileno e metacrilato de etilo ou à base de borracha sintética e elastómeros, incluindo silicones, poliuretanos, estireno-butadienos, polibutadienos, poliisoprenos, polipropilenos, poli-isobutilenos ou à base de polímeros contendo nitrilos ou acrilonitrilos ou à base de policloropreno ou à base de copolímeros em bloco que incluem poliestireno, polietileno, polipropileno, poliisopreno, polibutadieno, à base de copolímeros de polivinilpirrolidona ou vinilpirrolidona ou são misturas (com fases contínuas ou descontínuas) dos polímeros supracitados e também podem compreender copolímeros em bloco obtidos dos compostos acima listados. -17- ΡΕ2018262

Estes adesivos sensíveis a pressão também podem incluir um ou mais aditivos seleccionados de agentes adesivos, plastificantes, ligantes, antioxidantes, estabilizadores, pigmentos, corantes, agentes dispersores e agentes difusores. Para implementar a invenção, utiliza-se, de preferência, um adesivo sensível a pressão à base de poliacrilato. A estrutura 1 em camadas é colocada em cima da lente 10, com a superfície SI da estrutura em camadas virada para a superfície S0 da lente. Dado que as duas superfícies S0 e SI são, nesta altura, convexas, a superfície SI da estrutura 1 está em contacto com a superfície S0 da lente 10 numa zona muito pequena, que está praticamente reduzida a um único ponto, indicado como A na Figura 4a. A superfície S0 da estrutura 1 em camadas também pode ser gradualmente aproximada da superfície SI da lente. Esta forma de realização apresenta a vantagem de controlar o ponto de contacto entre S0 e Sl.

Depois, a parte 300 é unida à parte 200 por meio do deslizamento das barras 303a e 303b no interior das ranhuras 203a e 203b, sem deslocar a lente 10 e a estrutura 1. A membrana 306 é, depois, progressivamente insuflada de modo a estabelecer contacto com a superfície S2 côncava da estrutura 1 em camadas por cima do ponto A (Figura 4b) . À medida que se aumenta a pressão de gás no interior da cavidade 310, a membrana 306 impele a estrutura 1 contra a superfície S0 da lente 10 com uma zona de contacto -18- ΡΕ2018262 gradualmente crescente. Esta zona de contacto está indicada como Zcontact na Figura 4c. Dentro da zona Zcontact, a estrutura 1 adapta-se à forma da superfície SO de lente convexa para que a superfície SI da estrutura 1 fique côncava dentro da zona ZCOntact- No exterior da zona Zcontact, a membrana 306 ainda não está em contacto com a superfície S2 da estrutura 1, pelo que a superfície SI da estrutura 1 ainda é convexa no exterior da zona Zcontact· Desse modo, a superfície SI passa, localmente, da forma convexa para a forma côncava no limite da zona ZCOntact, ao mesmo tempo que este limite se desloca na direcção da orla periférica da lente 10. Por fim, quando a pressão de gás na cavidade 310 é suficiente, a estrutura 1 é aplicada à lente 10 ao longo de toda a superfície SO (Figura 4d) . A superfície SI da estrutura 1 fica novamente côncava em toda a sua área e a estrutura 1 apresenta, por conseguinte, uma forma curva com uma direcção de curvatura semelhante à resultante da termoformação e representada na Figura 2a. A pressão de gás é, depois, aliviada na cavidade 310, a parte 300 é desmontada da parte 200 e a lente 10 é retirada com a estrutura 1 presa à mesma.

De preferência, a estrutura 1 foi aquecida antes de ser colocada em cima da lente 10 (Figura 4a), para estar mais macia quando é progressivamente pressionada entre a membrana 306 e lente 10 (figuras 4b-4d) . A temperatura da estrutura 1 é, de preferência, superior a 75 °C. Esta temperatura pode ser seleccionada em função dos materiais -19- ΡΕ2018262 da estrutura 1 em camadas, por exemplo, relacionada com a sua temperatura Tg de vitrificação, para que a estrutura 1 em camadas possa acomodar tensões temporárias sem criar defeitos. 0 Quadro 1 abaixo indica parâmetros de processo que foram utilizados quando se implementa o processo acabado de descrever. As caracteristicas geométricas da superficie SO de lente estão indicadas na primeira coluna. No caso de lentes progressivas, FV e NV indicam os raios de curvatura da superficie SO no ponto de visão distante e no ponto de visão próxima, respectivamente. A segunda coluna indica a curvatura média da estrutura 1 após termoformação. Todas as amostras correspondentes às linhas deste quadro não apresentavam defeitos depois da montagem e apresentavam uma qualidade óptica adequada para utilização oftálmica.

Quadro 1 s,-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.SSSSSSSSSSSSSSSSS-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.SSS-.SS-.-.-.-.-.-.SS-.·.·. iSuperficie SO Raio de curvatura emjTemperatura da da lente 10: mm da estrutura 1 sestrutura 1 raio de após termoformação !durante a curvatura japlicação na lente 10 Constante = 88,3 mm \ ambiente 111,6 mm FV : 141,3 mm 88,3 mm j ambiente : NV : 73,3 mm | ΡΕ2018262 -20-

Superfície SO Raio de curvatura em iTemperatura da ida lente 10: mm da estrutura 1 estrutura 1 iraio de após termoformação durante a I curvatura japlicação na lente i jio FV : 302,9 mm 8 8,3mm ambiente NV : 111,6 mm i 66,2 mm 45,6 mm 100 °C NV: 60,6 mm i : FV: 66,2 mm 49, 9 mm co o 0 O iNV: 60,6 mm i FV : 66,2 mm 45,6 mm 100 °c NV: 4 6,1 mm FV : 6 6,2 mm 45,6 mm 80 °C NV : 4 6,1 mm FV: 66,2 mm 53,75 mm CO o o o NV : 44,2 mm A implementação da invenção que foi descrita de modo pormenorizado pode ser adaptada ou modificada de modo a satisfazer quaisquer condições especiais. Todos os valores numéricos e materiais que foram enunciados para cada elemento tiveram apenas fins ilustrativos. Por exemplo, dependendo do material da camada 2, a estrutura 1 pode não incluir camada protectora. Além disso, a estrutura -21- ΡΕ2018262 1 em camadas pode ainda incluir revestimentos funcionais na superfície S2, tais como, por exemplo, um revestimento anti-reflector, revestimento anti-manchas, revestimento anti-embaciamento, revestimento anti-abrasivo, revestimento anti-estático ou uma sua combinação. Portanto, a lente 10 é proporcionada, ao mesmo tempo, com a função óptica da película 2 e com o efeito do revestimento funcional. Esta combinação resulta em poupança de tempo no processo de fabrico da lente completa.

Lisboa, 22 de Setembro 2010

Claims

ΡΕ2018262 - 1 - REIVINDICAÇÕES 1. Processo de aplicação de uma estrutura (1) em camadas sobre uma superfície convexa de uma lente (10), compreendendo os passos seguintes: /a/ dotar a estrutura em camadas com uma forma plana; /b/ termoformar a estrutura em camadas para lhe dar uma forma curva, sendo uma primeira superfície (Sl) côncava e sendo uma segunda superfície (S2) convexa; /c/ inverter a curvatura da estrutura em camadas para que a referida primeira superfície (Sl) se torne convexa e a referida segunda superfície (S2) se torne côncava; /d/ pôr a primeira superfície (Sl) da estrutura (1) em camadas em contacto com a superfície (S0) de lente num ponto (A) de contacto inicial; e /e/ a partir do ponto de contacto inicial, aplicar a primeira superfície (Sl) da estrutura em camadas contra a superfície (S0) de lente por meio de uma pressão aplicada sobre a segunda superfície (S2) da estrutura em camadas, recuperando as primeira e segunda superfícies da estrutura em camadas a forma côncava e forma convexa, respectiva- - 2 - ΡΕ2018262 mente, numa orla periférica de uma zona de contacto crescente.
2. Processo de acordo com a Reivindicação 1, em que, durante a realização do passo /e/, não se aplica praticamente nenhuma pressão na segunda superficie (S2) da estrutura em camadas fora da zona de contacto crescente.
3. Processo de acordo com a Reivindicação 1 ou 2, em que o passo /e/ é realizado com a estrutura (1) em camadas aquecida.
4. Processo de acordo com a Reivindicação 3, em que uma temperatura da estrutura (1) em camadas é igual a ou vale, pelo menos, 75 °C durante o passo /e/.
5. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que a superficie (SO) de lente tem um raio de curvatura inferior a 305 milímetros, de preferência, inferior a 100 milímetros e, particularmente, inferior a 75 milímetros.
6. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que os passos /d/ e /e/ são realizados com uma camada (20) de adesivo proporcionada entre a superfície (SO) de lente e a primeira superfície (Sl) da estrutura em camadas. - 3 - ΡΕ2018262
7. Processo de acordo com a Reivindicação 6, em que a camada (20) de adesivo é aplicada na superfície (S0) de lente e/ou na primeira superfície (Sl) da estrutura em camadas.
8. Processo de acordo com a Reivindicação 6, em que a camada (20) de adesivo compreende um material de tipo adesivo sensível a pressão.
9. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que se aplica pressão sobre a segunda superfície (S2) da estrutura em camadas durante o passo /e/ por meio de uma membrana (306) resiliente que é insuflada e pressiona a segunda superfície da estrutura em camadas dentro de uma zona de contacto crescente.
10. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que o passo /b/ é realizado de modo a que, entre os passos /b/ e /c/, a curvatura da estrutura (1) em camadas em, pelo menos, um ponto na primeira superfície (Sl) da referida estrutura em camadas seja superior ou igual a uma curvatura da superfície (S0) de lente num ponto na referida superfície de lente que corresponde ao referido, pelo menos um, ponto na primeira superfície da estrutura em camadas depois do passo /e/.
11. Processo de acordo com a Reivindicação 10, em que a superfície (S0) de lente tem uma curvatura constante e em que o passo /b/ é realizado de modo a que, - 4 - ΡΕ2018262 entre os passos /b/ e /c/, a estrutura (1) em camadas tenha uma curvatura superior ou igual à curvatura da superfície (SO) de lente em qualquer ponto na primeira superfície da estrutura em camadas.
12. Processo de acordo com a Reivindicação 10, em que a lente (10) é do tipo progressiva e a superfície (SO) de lente tem uma curvatura num ponto de visão próxima superior à curvatura da referida superfície de lente num ponto de visão distante e em que o passo /b/ é realizado de modo a que, entre os passos /b/ e /c/, a estrutura (1) em camadas tenha uma curvatura superior à curvatura da superfície (SO) de lente no ponto de visão distante.
13. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que a estrutura (1) em camadas compreende uma película (2) de polarização.
14. Processo de acordo com a Reivindicação 13, em que a película (2) de polarização é à base de álcool polivinílico ou poli (tereftalato de etileno) .
15. Processo de acordo com a Reivindicação 13 ou 14, em que a estrutura (1) em camadas compreende ainda uma película (3) protectora disposta num dos lados da película (2) de polarização. - 5 - ΡΕ2018262
16. Processo de acordo com a Reivindicação 15, em que a película (3) protectora é à base de triacetato de celulose ou acetato-butirato de celulose.
17. Processo de acordo com a Reivindicação 15 ou 16, em que a estrutura (1) em camadas compreende duas películas (3, 4) protectoras dispostas nos dois lados da película (2) de polarização.
18. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que a estrutura (1) em camadas compreende ainda, pelo menos, um revestimento funcional na referida segunda superfície (S2) da estrutura em camadas.
19. Processo de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que a lente (10) é uma lente oftálmica. Lisboa, 22 de Setembro de 2010