PT1781961E - Cerra-cabos cirúrgico resistente a tensões elevadas - Google Patents

Description

DESCRIÇÃO "CERRA-CABOS CIRÚRGICO RESISTENTE A TENSÕES ELEVADAS"

Este pedido reivindica prioridade relativamente ao pedido provisório com o número de série 60/578611, apresentado no Instituto de patentes dos EUA em 9 de Junho de 2004.

ANTECEDENTES DA INVENÇÃO

Campo da Invenção

Esta invenção refere-se, de um modo geral, a dispositivos para bloquear cabos impedindo-os de efectuar um movimento longitudinal e, mais especificamente, a dispositivos para reter cabos cirúrgicos submetidos a tensões elevadas, adequados para serem implantados cirurgicamente em corpos de humanos.

Descrição da Técnica Relacionada

Conhecem-se cerra-cabos com base no principio da utilização de uma cunha. Considere-se, por exemplo, o bloqueio descrito na Patente U.S. 4156576. Estes cerra-cabos empregam uma cunha como uma máquina simples para prender cabos.

Quando submetidos a tensões elevadas, alguns cabos modernos à base de polímeros parecem desafiar todas as tentativas de engatar e bloquear o cabo, reduzindo drasticamente a sua gama de 1 utilização prática. Várias das propriedades materiais de fibras de polímero tendem a complicar os esforços para prender cabos de polímero. As superfícies tendem a ser escorregadias; os materiais têm memória, o que tende a desfazer nós; e, em algumas circunstâncias, os materiais tendem a deformar-se e a fluir (como implícito pelo termo comum "plástico"). Por estas razões, os nós convencionais são inadequados. Outros fechos e elementos de fixação tendem a perder apoio nos cabos e, quando submetidos a tensões elevadas, os cabos de polímero tendem a escorregar. As tentativas para neutralizar o escorregamento através da aplicação de um aumento da pressão deram origem, muitas vezes, em cortes ou desgastes do cabo.

Como divulgado na patente U.S. com o Número 6589246, alguns cabos de polímero mostraram ser promissores para utilização cirúrgica. No entanto, a sua aceitação generalizada depende, em parte, da disponibilidade de um modo eficiente, económico, conveniente e fiável de fixar ou reter o cabo sob uma tensão moderada a elevada. A patente US N2 6589246 divulga um método de aplicação de uma força de compressão activa contínua através de uma fractura por envolvimento de segmentos ósseos fracturados por um cabo cirúrgico com indução de energia tendo uma propriedade elástica predeterminada, que lhe permite esticar de cerca de 30 a 100% do seu comprimento original. O cabo é enrolado em torno dos segmentos ósseos, aplica-se uma força de compressão contínua com indução de energia aos segmentos ósseos, por alongamento, mantendo, ao mesmo tempo, os segmentos ósseos em compressão durante o restabelecimento dos segmentos ósseos. 2 A patente US N2 5244422 divulga um conector de cunha do tipo tendo um elemento em forma de C, definindo canais de recepção de fio e um elemento de cunha disposto de modo a ser forçado entre os fios, prendendo, assim, os fios entre si, tanto eléctrica como mecanicamente. Existem projecções salientes e pontiagudas na superfície interna de cada canal, mordendo estas projecções os fios para aumentar a força de tracção necessária. Existe uma abertura na cunha e, na posição de engate completo das peças de conector, a abertura fica exposta, adjacente a uma extremidade do elemento em C. Isso permite a inserção de uma chave de fendas que pode ser apoiada contra a extremidade do elemento em C para soltar a cunha. 0 documento FR 784791 divulga um dispositivo de fixação com uma forma genérica de um 'C', '0' ou 'U' para fixação de cabos, hastes ou semelhantes que possam ter uma conexão para cabos ou para a rede eléctrica.

SUMÁRIO DA INVENÇÃO

Considerando os problemas acima mencionados, a presente invenção inclui um dispositivo de retenção de cabo, adequado para a retenção de cabos flexíveis submetidos a tensões de carga elevadas de acordo com a reivindicação 1. A invenção também inclui um sistema do dispositivo de retenção de cabo, em conjunto com um cabo de polímero resistente a tensões elevadas, sendo o referido sistema apropriado para utilização cirúrgica. Além disso, a invenção inclui o método de fixação de cabo com o dispositivo de retenção do cabo da invenção, de acordo com a reivindicação 14. 3

Estas e outras características e vantagens da invenção serão evidentes para os especialistas na técnica a partir da seguinte descrição detalhada de formas de realização preferidas, feita em associação com os desenhos anexos, nos quais:

BREVE DESCRIÇÃO DOS DESENHOS A FIG. 1 é uma vista em perspectiva, parcialmente explodida, de uma peça de junção de cabo de acordo com a invenção; A FIG. 2 é uma vista em planta do corpo da peça de junção de cabo; A FIG. 3 é uma vista em corte do corpo (sem obturador) segundo a linha 3 de corte (mostrada na Fig. 2.); A FIG. 4 é outra vista em corte do corpo (sem obturador) segundo o corte 4 na FIG. 2; A FIG. 5. é uma vista em planta do obturador, removido do corpo da peça de junção de cabo; A FIG. 6 é uma vista em corte do obturador segundo a linha 6 de corte na FIG. 5; A FIG. 7 é outra vista em corte, segundo a linha 7 de corte na FIG. 5; A FIG. 8 é outra vista em corte segundo a linha 3 de corte na FIG. 2, que mostra a secção com o obturador inserido no corpo, numa posição correcta para reter um cabo; 4 A FIG. 9 é uma vista em corte segundo a linha 9 de corte na FIG. 2; e A FIG. 10 é uma vista em perspectiva de um cabo e peça de junção numa configuração de cabo duplo, apropriada para a fixação de cerclagem cirúrgica em tensões muito elevadas.

DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO A requerente verificou que determinados cabos inovadores são difíceis de se engatar e fixar de forma fiável por elementos de fixação convencionais. Quando submetidos a tensões elevadas, alguns cabos modernos à base de polímeros, aparentemente, desafiam as tentativas de engatar e bloquear o cabo, reduzindo drasticamente a sua gama de utilização prática. Várias das propriedades de materiais poliméricos tendem a complicar os esforços para prender cabos de polímero. As superfícies tendem a ser escorregadias; os materiais têm memória, o que tende a desfazer nós; os diâmetros das fibras mudam significativamente durante o alongamento; e, em algumas circunstâncias, os materiais tendem a deformar-se e a fluir (como implícito pelo termo comum "plástico"). Por estas razões, os nós convencionais são inadequados. Outros fechos e elementos de fixação tendem a perder apoio nos cabos e, quando submetidos a tensões elevadas, os cabos de polímero tendem a escorregar. As tentativas para neutralizar o escorregamento através da aplicação de um aumento da pressão local deram origem, muitas vezes, em cortes ou desgastes do cabo.

As dificuldades de fixação de cabos de polímero têm limitado a sua aplicação como cabos cirúrgicos, levando a maior parte dos 5 cirurgiões a confiar em cabos metálicos, apesar das desvantagens dos cabos metálicos num ambiente biológico. 0 cerra-cabos da presente invenção está adaptado para facilitar uma fixação fiável de cordame resistente a tensões elevadas e exigente, tais como cabos cirúrgicos à base de materiais poliméricos encamisados. Por exemplo, a invenção está particularmente bem adaptada para se engatar em e prender cabos, tais como os descritos na Patente U.S. com o Número 6589246 (Hack and Mattchen, 2003) . Esta patente refere-se à utilização cirúrgica de um cabo de polimero especial formado por uma alma de polimero tendo uma pluralidade de fibras exteriores que são entrançadas para formar uma bainha de reforço. Em algumas formas de realização, um revestimento exterior pode ser aplicado sobre as fibras entrançadas. A alma pode ser fabricada num material polimérico, tal como nylon, poliéster, polietileno ou fluorocarbono, que tenha sido processado por vários ciclos de alongamento e têmpera utilizando métodos normalmente aplicados actualmente. O material das fibras entrançadas apresenta uma elevada resistência e é não-elástico, e as fibras são entrançadas sobre a alma de polímero.

Numa forma de realização, a invenção inclui uma combinação de um cabo particular com o cerra-cabos aqui descrito.

Como Mostrado (de forma explodida) na FIG. 1, o cerra-cabos da presente invenção compreende um corpo 102 tendo uma passagem 104 interna cónica e um obturador 106 em forma genérica de cunha e relativamente móvel que pode ser recebido na passagem 104. Como, ainda, descrito abaixo, pelo menos, uma borda do obturador 10 6 tem uma calha ou ranhura 108. Quando o obturador 106 é inserido na referida passagem 104 do corpo 102, 6 a calha 108, no obturador 106, fica virada para uma ranhura ou abertura complementar numa superfície interna do referido corpo 102. As aberturas complementares (uma no obturador, uma no corpo) definem, em conjunto, pelo menos, um canal adequado para receber um cabo 114 cirúrgico. De um modo preferido, definem-se dois ou mais desses canais (por exemplo, em lados opostos do obturador 106, como mostrado na FIG. 1.). Estas características são descritas, em seguida, com mais pormenor, em associação com as diferentes vistas.

Na forma de realização preferida, duas calhas 108 são dispostas, como mostrado, em lados opostos do obturador 106. Os dois canais da forma de realização preferida são muito apropriados para a recepção de dois cabos (ou ambas as extremidades de um único cabo), que podem ser retidos, fixados e submetidos a uma tensão pelo conjunto do corpo e obturador (indicado, genericamente, por 120). Mais particularmente, o corpo, cabos e obturador podem ser montados livremente e ser, subsequentemente, bloqueados pela tensão aplicada às extremidades de cabo, o que tenderá a puxar o obturador encaixado para dentro da passagem. À medida que o obturador encaixado é puxado pelo cabo tenso para dentro da passagem, os canais duplos tenderão a contrair-se sobre o ou os cabos (devido à forma genericamente afunilada da passagem e obturador incluído). Assim, a tensão sobre o cabo tende a sustentar o engate bloqueado do cerra-cabos.

Numa forma de realização, o obturador tem uma característica adicional adaptada para reter um cabo com um laço: por exemplo, o corpo, como mostrado na FIG. 1, inclui dois canais 122 e 124 perfilados através dos quais o cabo 114 pode ser enlaçado, como mostrado. Num método de utilização do cerra-cabos, um cabo duplo 7 é enlaçado através do obturador com o obturador colocado perto do centro de um cabo duplo. Os dois fios de um cabo (duplo) estarão, então, disponíveis, por exemplo, para envolver um osso fracturado ou algum sistema a prender por cintagem ou "cerclagem". As duas extremidades 126 e 128 livres são, depois, inseridas no corpo 102. O cabo é, depois, esticado ao ser submetido a uma tensão de trabalho e o obturador é inserido no corpo com as extremidades livres do cabo incluídas nos canais definidos entre o obturador e o corpo. Depois de o obturador estar firmemente implantado no corpo, a tensão do cabo irá reter o obturador no corpo, mantendo o sistema do corpo, cabo e obturador num estado bloqueado. A FIG. 2 mostra o corpo do cerra-cabos com um obturador 106 inserido. Uma abertura 202 guia é proporcionada, opcionalmente, sob e, de um modo geral, centrada na passagem 104, para facilitar a centragem do obturador para a montagem. O corpo 102 tem uma extremidade 206 traseira geralmente mais larga e uma extremidade 204 dianteira geralmente mais estreita, onde deve ser entendido que "dianteira" refere-se à direcção da parte submetida a uma carga ou tensão do cabo a bloquear. A extremidade 206 traseira é, assim, definida, como estando orientada para a extremidade livre ou relaxada do cabo. Estas definições devem ser aplicadas em toda esta descrição, a menos que uma utilização contrária seja explicitamente indicada. O corpo 102 tem uma passagem 104 cónica adaptada para receber o obturador 106 cónico. A passagem 104 tem dois lados opostos internos (definidos pelas linhas 208 e 210 ocultas, que se afunilam para dentro a partir de uma abertura traseira mais larga para uma abertura dianteira mais estreita (mostrado nas FIG. 3 e 4, discutidas abaixo) . O obturador 106 e passagem 104 são, de um modo geral, cónicos de modo complementar, de modo a que o obturador deslize facilmente para dentro da passagem até que os lados exteriores do obturador se encontrem com os lados interiores da passagem. 0 progresso para a frente é, então, contrariado porque o obturador fica encaixado na passagem.

Deve salientar-se que, em toda esta descrição, se observa rigorosamente uma distinção entre as palavras "canal" e "passagem", que indicam caracteristicas distintas. A palavra "passagem" (104) é utilizada para indicar um vazio ou abertura no corpo 102, apta a receber o obturador 106; a palavra "canal" é utilizada para indicar um de entre, pelo menos, um canal (302 e 304) de calha definido entre o corpo 102 e obturador 106, podendo, cada um destes, receber um cabo.

Como mostrado na FIG. 3, pelo menos uma e, de um modo preferido, duas paredes laterais da passagem 104 são chanfradas ou biseladas, côncavas para dentro, tendo uma pluralidade de faces 306, 308 e 310 planas alongadas, definindo, em geral, uma calha ou ranhura com uma secção transversal poligonal. As calhas (definidas por 306-310) estendem-se, de um modo geral, ao longo do comprimento de, pelo menos, um lado 208 ou 210 da passagem 104. Numa forma de realização, os dois lados opostos da passagem 104 são recuados com três superfícies (306, 308 e 310) planas alongadas, encontrando-se as superfícies com um ângulo diédrico de, aproximadamente, 60 graus. A secção transversal de cada calha assemelha-se, assim, a um hexágono bipartido.

Também como mostrado na FIG. 3, na abertura dianteira, as duas calhas têm dimensões indicadas por dl e d2, como mostrado. Estas dimensões são definidas por comparação com as dimensões correspondentes na abertura traseira, descrita abaixo. 9 A abertura traseira é claramente vista na FIG. 4. A forma global é semelhante à da abertura dianteira, mas, na forma de realização preferida, é importante que as dimensões d3 e d4 das calhas laterais reentrantes na linha 4 de corte sejam menores do que as dimensões correspondentes (dl e d2) da abertura dianteira. As calhas, assim, alargam-se ligeiramente para fora, da abertura traseira para a dianteira. Quando combinado com o obturador complementar, o efeito é o de definir dois canais 302 e 304 de cabo, que se alargam na forma de uma corneta, ligeiramente para fora, de trás para a frente (na direcção oposta à do afunilamento da passagem 104 global e obturador 106) . O alargamento é, adequadamente, linear, devido às superfícies geralmente planas definindo o canal. Verificou-se que esta concepção invulgar de alargamento para a dianteira era, inesperadamente, vantajosa para prender cabos de polímero submetidos a tensões elevadas. O obturador 106 é mostrado separadamente nas FIG. 5, 6 e 7. O obturador é geralmente trapezoidal quando visto em planta (FIG. 5) , tendo lados 502 e 504 que se afunilam desde uma extremidade 506 traseira mais larga até uma extremidade 508 dianteira estreita. Uma vista em corte dianteira (FIG. 6) mostra que os lados (pelo menos um) têm faces reentrantes chanfradas que descrevem um sulco ou calha percorrendo todo o comprimento do obturador. A referida ranhura ou calha tem uma pluralidade de faces 312, 314 e 316 planas que se encontram segundo ângulos diédricos côncavos e complementares aos do corpo 102, como descrito acima. A secção posterior (FIG. 7) tem uma forma semelhante. Como acontece com as dimensões correspondentes do corpo, dl é maior do que d3; de modo semelhante, d2 é maior do que d4, definindo calhas que se alargam para diante. 10 0 alargamento para diante de cada canal não deve ser confundido com o ângulo definido entre os canais, que converge de trás para a frente do corpo. Numa forma de realização exemplificativa, os canais podem, em geral, convergir na direcção um do outro com um ângulo de, aproximadamente, 12 graus.

A FIG. 8 mostra o obturador 106 inserido no corpo 102. O obturador 106 tem paredes 312, 314 e 316 laterais reentrantes, que, de um modo geral, imitam as paredes laterais da passagem, formando duas ranhuras ou calhas chanfradas (uma em cada lado do obturador). As paredes 306-310 laterais reentrantes estão opostas às paredes (312-316) reentrantes complementares no obturador, definindo os dois pares de calhas em oposição dois canais 302 e 304 para receber o cabo. Quando o obturador é inserido no corpo, as calhas côncavas do corpo ficam opostas às ranhuras côncavas do obturador, de tal modo que formam, pelo menos, um (de um modo preferido, dois) canais 302 e 304 de passagem. Os canais de passagem assim definidos têm uma secção transversal poligonal (de um modo preferido, genericamente hexagonal). Assim, os canais são canais genericamente hexagonais no sentido em que a sua secção transversal é hexagonal, em qualquer plano transversal. Não é necessário que o canal seja precisamente hexagonal ou que os ângulos tenham exactamente 60 graus; nem é necessário que os lados sejam iguais. A simetria hexagonal é apenas aproximada, sendo, em geral, interrompida por um intervalo 510 entre o obturador e calhas do corpo.

Em termos geométricos, as calhas ou ranhuras reentrantes no obturador e corpo, em oposição, definem, pelo menos, um canal que é prismático. Especificamente, numa forma de realização, a 11 forma do canal aproxima-se da de um tronco de uma pirâmide poligonal, com a parte mais larga disposta para diante (como anteriormente definido). Mais especificamente, a forma do canal aproxima-se, de um modo preferido, da de um tronco de uma pirâmide hexagonal. Para definições destes termos geométricos, consultar o Penguin Dictionary of Mathematics, de John Daintith e R.D. Nelson, Editores (Penguin, 1989).

Como um exemplo, um carril 108 guia pode projectar-se desde o obturador para auxiliar o alinhamento com a ranhura 110 guia no corpo 102. Como pode ser visto nas FIG. 6 e 7, as faces côncavas definindo os canais não são exactamente paralelas ao eixo de canal. De facto, os canais são alargados de uma dimensão de canal dianteira maior para uma dimensão traseira mais estreita, como discutido acima. A FIG. 9 também apresenta o afunilamento dos canais de cabo na direcção de uma abertura dianteira mais larga, a partir de uma abertura traseira mais estreita (apesar de o obturador e a passagem, como um todo, se afunilarem na direcção de uma abertura dianteira mais estreita). A requerente verificou que a conicidade invulgar dos canais poligonais (de uma dianteira mais larga para uma traseira mais estreita) em associação com um conicidade de obturador em forma de cunha no sentido inverso, permite assegurar a preensão de cabos de polímero encamisados submetidos a tensões de carga que podem ir até 400 libras (1800 N) para um cabo de polímero com um diâmetro de 1,5 mm, sem escorregamento, o corte do cabo ou abrasão da bainha. Além disso, a tensão do cabo mantém o aperto firme do cerra-cabos dado que tende a puxar o obturador em forma de cunha para dentro do canal afunilado. O cerra-cabos funciona, 12 assim, como um auto-bloqueio e retém o obturador, a menos que este seja extraido à força. Numa forma de realização preferida (com dois fios de cabo), o obturador tende a centrar-se automaticamente no corpo. Verificou-se que o poder de preensão do canal com conicidade inversa é superior ao dos canais cónicos para diante, na direcção de encaixe, sem cortar o cabo quando submetido a cargas elevadas. A requerente acredita que os invulgares canais com uma conicidade inversa distribuem a carga de atrito de um modo mais correcto pela secção presa do cabo, na presença de uma deformação de cabo sob tensão.

Verificou-se que o grau de alargamento dos canais afectava significativamente a eficácia do cerra-cabos de acordo com a invenção. De um modo preferido, existindo um canal que descreve um tronco de uma pirâmide poliédrica, o alargamento deve ser (numa direcção para diante) inferior a 2 graus, mas superior a zero (0 graus). De um modo mais preferido, a convergência deveria ser de 1 grau ou inferior. De um modo mais preferido, a convergência deveria ser de 0,5 graus ou inferior (mas superior a zero) . Este alargamento é medido como o ângulo cx entre faces opostas da pirâmide poliédrica, que seria definido pela extensão das paredes de canal para trás, até um vértice imaginário. O alargamento também poderia ser medido pelo aumento percentual da área transversal, dividido pelo comprimento do canal. Nestas condições, o aumento preferido na área transversal é de até um aumento de vinte por cento da abertura traseira para a dianteira, ao longo de um comprimento linear (numa forma de realização particular) de, aproximadamente, 0,385 polegadas. Numa forma de realização, por exemplo, a área transversal de cada canal hexagonal aumenta de 0,0021 até 0,0025 polegadas quadradas ao longo de um percurso de, aproximadamente, 0,385 polegadas lineares. 13

Acredita-se que a geometria transversal preferida é, actualmente, hexagonal; mas também se poderiam utilizar outras formas, incluindo, sem limitação, outras secções transversais poliédricas ou secções transversais curvas. Assim, na forma de realização preferida, os canais têm a forma aproximada de um tronco de uma pirâmide hexagonal, em que o ângulo entre faces opostas converge com um ângulo inferior a 2 graus.

Numa forma de realização preferida, as dimensões em altura do obturador 106 são ligeiramente inferiores à dimensão da altura da passagem 104 na qual o obturador é inserido. ("A altura é mostrada verticalmente nas FIG. 3, 4, 6, 7 e 8) .

Isto proporciona uma ligeira folga entre o obturador 106 e as paredes da passagem 104. A folga é visível na FIG. 8 como um intervalo entre o obturador e as paredes internas da passagem 104 no corpo 102. De um modo mais preferido, o intervalo ou folga envolve completamente o obturador e todas as suas características de tal modo que o obturador pode "flutuar" na passagem sem contacto entre o obturador e as paredes interiores da passagem 104, O obturador é centrado e levado a flutuar desta forma pelo cabo 114 comprimido quando fica retido nos canais 302 e 304. As pressões radiais expansivas do cabo comprimido são opostas, tendendo a centrar o obturador. A pequena folga entre o obturador e a passagem é desejável, pois reduz ou elimina o desgaste, o que poderia, de outra forma, ocorrer devido ao atrito das superfícies do obturador contra as paredes da passagem. Esse desgaste pode produzir partículas muito pequenas de detritos, que são indesejáveis em locais de implantes cirúrgicos. 14

De modo a incentivar a flutuação do obturador sem desgaste, é vantajoso que o canal tenha uma forma simétrica e, geralmente, equilibrada. 0 centro de compressão em cada braço do cabo deve ser disposto simetricamente e, de um modo preferido, centrado no canal. A substancial simetria dos canais, tal como a do canal poliédrico regular nas figuras, encoraja o obturador a flutuar para uma posição centrada em suspensão e estável. Esta posição centrada, por sua vez, reduz ou elimina o desgaste de superfície no interior do dispositivo. A simetria bilateral do corpo e obturador também é desejável, pelas mesmas razões.

Numa forma de realização particular, as dimensões verticais da passagem interior excedem as dimensões verticais do obturador em 0,005 polegadas (na parte mais profunda da ranhura 202 e próximo da abertura traseira) e em, aproximadamente, 0,004 polegadas no resto (para o topo e fundo substancialmente planos do obturador). Esta folga vai ser partilhada entre o intervalo de topo e o intervalo de fundo, quando a pressão do cabo comprimido faz com que o obturador flutue até adoptar uma posição de equilíbrio. A medida quantitativa da folga é aproximada e dada a título de exemplo. Tolerâncias de maquinagem ou considerações particulares de concepção podem fazer com que estas medições exemplificativas da folga variem consideravelmente. O corpo e obturador são, adequadamente, fabricados num material rígido de resistência elevada, tal como titânio ou uma sua liga. Podem utilizar-se outras ligas ou materiais, incluindo polímeros, em algumas formas de realização. No entanto, actualmente, pensa-se que é melhor utilizar ligas de titânio ou de aço inoxidável como aplicações de implantes médicos. As peças podem ser fabricadas por EDM (electro-erosão), por moldagem por 15 injecção de metal ou por outros métodos, de um modo preferido, tendo o cuidado de dotar adequadamente os canais com uma textura, como discutido acima.

Numa forma de realização tipica, os canais 302 e 304 não devem ser maquinados de modo a ficarem uniformes, mas devem ter algum grau de textura ou grão. Por exemplo, os canais podem ser maquinados por electro-erosão (EDM), que vai deixar uma textura suficiente para prender firmemente as fibras de polimero. Em alternativa, o canal pode ser erodido pelo processo de revestimento com grânulos de vidro. Por outro lado, o canal não deve possuir dentes afiados ou farpas agressivas (tais como os que caracterizam alguns cerra-cabos anteriores, ver patente U.S. com o número 4156574). Embora se tenha considerado que a textura é significativa para a preensão de cabos de polimero lisos encamisados, em algumas aplicações, a textura pode não ser absolutamente necessária.

Outro aspecto da invenção é um sistema de cabo e cerra-cabos adequado para criar e manter uma ligação resistente a tensões elevadas e adaptável para utilização cirúrgica. O sistema compreende, basicamente, o cerra-cabos descrito acima em conjunto com um cabo resistente e elástico. Numa forma de realização, o cabo é um cabo de polimero especial compreendendo, pelo menos, um filamento central (de um modo adequado, nylon), envolvido coaxialmente por uma bainha tecida. A bainha entrançada compreende, de um modo preferido, fibras tecidas de um material polimérico com um peso molecular ultra-elevado, tal como o vendido pela Honeywell Corp. (Allantown, PA) sob o nome comercial de "spectra"™. 16

Numa forma de realização, o grampo de cabo, como descrito acima, é utilizado em conjunto com um cabo de polímero apto a ser alongado, o que aumenta o cabo de polímero numa percentagem de entre 60 e 140 por cento do seu comprimento original, quando submetido a uma tensão de trabalho de até, aproximadamente, 800 Newtons. A força de trabalho é, de um modo geral, duplicada se se duplicar o cabo, como mostrado nas FIG. 1 e 10. Um cabo adequado pode ser fabricado com uma alma de nylon e bainha Spectra™. De um modo preferido, a bainha deveria ser revestida com um revestimento para melhorar a preensão e isolar o cabo, protegendo-o de hidrólise biológica.

Verificou-se que, em conjunto com o cabo descrito acima, um grampo de cabo de acordo com a invenção é eficaz a tensões até 350 lbs (1600 N) por fio. Deve salientar-se que as tensões foram dadas em libras para cada extremidade de cabo. Numa forma de realização típica, como mostrado nas FIG. 1 e 10, ambas as extremidades do cabo estão engatadas (uma em cada lado do obturador encaixado) e, assim, o grampo pode suportar o dobro da tensão de um único cabo. Ainda mais especificamente, numa forma de realização, as extremidades 126 e 128 de cabo compreendem duas extremidades de um cabo enlaçado, duplicado no final. A extremidade duplicada pode ser retida pelo corpo se se enfiarem as extremidades através dos furos 122 e 124 e se se centrar mais ou menos o corpo próximo do meio do cabo, como mostrado na FIG. 1. O corpo retém, assim, um furo de passagem no meio de um cabo duplicado. As extremidades duplicadas podem ser passadas em torno de um sistema, submetidas a uma tensão, e fixas pelo obturador e corpo afunilados do grampo, como mostrado (e como descrito anteriormente). Esta configuração é um método conveniente de proporcionar cerclagem para intervenções 17 cirúrgicas, por exemplo, na compressão de um fémur fracturado (com ou sem uma placa para alinhar os ossos). A invenção também inclui um método para reter um cabo submetido a tensões elevadas adequado para utilização para prender cabos durante uma cirurgia de acordo com a reivindicação 14. De acordo com o método, um cabo é incluído num grampo de cabo como descrito acima: tenho, pelo menos, um canal afunilado entre um corpo e um obturador deslizável, emergindo uma extremidade livre de uma extremidade traseira do corpo e emergindo uma extremidade de trabalho de uma extremidade dianteira do referido corpo. 0 obturador deslizável e corpo são afunilados e adaptados para apertar o referido cabo quando o obturador deslizável deslizar na direcção de uma extremidade dianteira do corpo. Como discutido acima em associação com o aparelho, o cabo é recebido num canal afunilado que se alarga para fora e para diante. Uma tensão é, depois, aplicada ao cabo numa direcção para diante, ao mesmo tempo que se aplica uma força reactiva ao corpo na direcção oposta. 0 obturador responde a tensão do cabo, deslizando para a frente, encaixando-se firmemente no corpo cónico e engatando-se no cabo, num canal. 0 canal alarga-se para diante, abrindo-se na direcção da fonte de tensão. Assim, a cunha e o corpo contraem-se em resposta ao deslizamento do obturador para diante; no entanto, o canal de cabo alarga-se para fora e para diante.

Embora várias formas de realização ilustrativas da invenção tenham sido mostradas e descritas, os especialistas na técnica poderão conceber inúmeras variações e formas de realização alternativas. Por exemplo, embora a invenção seja mostrada e descrita com dois canais, de um modo mais geral, a invenção pode incluir qualquer configuração com, pelo menos, um canal desse 18

Claims (18)

1. tipo. Prefere-se a utilização de dois canais; uma razão é que dois desses canais em oposição tendem a promover estabilidade e acção de centragem automática. Assim, uma forma de realização preferida tem dois desses canais em oposição. Estão previstas variações e formas de realização alternativas que podem ser feitas sem se divergir do âmbito da invenção, como definida nas reivindicações anexas. Lisboa, 12 de Junho de 2013 19 REIVINDICAÇÕES 1. Dispositivo de retenção de cabo, adequado para a retenção de cabos flexiveis passiveis de serem submetidos a tensões de carga elevadas, compreendendo: um corpo (102) incluindo uma passagem (104) interna tendo uma largura que se afunila desde uma extremidade (206) traseira mais larga até uma extremidade (204) dianteira mais estreita, tendo a referida passagem (104) interna dois lados opostos (208, 210) internos; e um obturador (106) em forma de cunha apto a ser inserido por deslizamento, pelo menos parcialmente, no interior da referida passagem (104) interna, tendo o referido obturador dois lados (502, 504) mutuamente opostos que se afunilam desde uma extremidade (508) traseira mais larga até uma extremidade (508) dianteira estreita, definindo o referido afunilamento uma direcção para diante, tendo, pelo menos, um dos referidos lados mutuamente opostos uma ranhura que se estende ao longo do comprimento dos referidos, pelo menos um, lados mutuamente opostos desde a referida extremidade (506) traseira mais larga do obturador até à referida extremidade (508) dianteira estreita, definindo a referida, pelo menos uma, ranhura de obturador e um lado reentrante da referida passagem (104) interna, em oposição, pelo menos, um canal (302, 204) de cabo entre dois lados (502, 504) mutuamente opostos do referido obturador e dos dois 1 lados internos opostos da referida passagem (104) interna, estando o referido canal (302, 304) apto a receber um cabo (114); caracterizado por o referido canal (302, 304) se alargar de uma forma tipo corneta ao longo de todo o seu comprimento, desde a referida extremidade (506) traseira até à referida extremidade (508) dianteira do obturador (106) em forma de cunha.
2. 2. Dispositivo de retenção de cabo da reivindicação 1, em que o referido canal (302, 304) tem uma secção transversal substancialmente poligonal.
3. 3. Dispositivo de retenção de cabo de acordo com a Reivindicação 2, em que a referida secção transversal poligonal é substancialmente hexagonal.
4. 4. Dispositivo de retenção de cabo da reivindicação 3, em que o referido canal (302, 304) se afunila com um ângulo inferior a 1 grau.
5. 5. Dispositivo de retenção de cabo da reivindicação 4, em que o referido ângulo é superior a zero, mas inferior ou igual a 0,5 graus.
6. 6. Dispositivo de retenção de cabo da reivindicação 3, em que o referido canal (302, 304) tem uma secção transversal que se alarga de forma linear, cuja secção transversal aumenta desde a referida extremidade (206) traseira até à referida extremidade (204) dianteira. 2
7. 7. Dispositivo de retenção de cabo de acordo com a reivindicação 3, em que o referido obturador tem uma dimensão exterior menor do que uma dimensão interior complementar da referida passagem (104) interna, definindo uma folga entre o referido obturador e uma superfície interior da referida passagem (104) interna, quando o referido obturador é inserido no interior da referida passagem (104) interna.
8. 8. Sistema de cabo e cerra-cabos, adequado para estabelecer e sustentar uma ligação de resistência elevada e adaptável para utilização cirúrgica, compreendendo: um dispositivo de retenção de cabo como reivindicado na reivindicação 1; e um cabo (114) de polímero, passado através do referido canal (302, 304) de cabo, tendo o referido cabo uma extremidade livre e uma extremidade sob carga, compreendendo o referido cabo: uma alma de polímero, e uma bainha de polímero entrançada; em que o referido canal (302, 304) de cabo alargado se abre na direcção da extremidade sob carga do referido cabo (114) .
9. 9. Sistema de cabo da reivindicação 8, em que, pelo menos, um lado reentrante da referida passagem (104) interna inclui uma ranhura que, oposta a, pelo menos uma, ranhura de 3 obturador define o, pelo menos um, canal de cabo, em que cada uma das referidas ranhuras tem três faces descrevendo, de um modo geral, um hexágono bipartido, de modo a que a referida ranhura no interior do lado (208, 210) reentrante da referida passagem (104) interna e a referida ranhura de obturador oposta descrevam um canal (302, 304) com uma secção transversal geralmente hexagonal.
10. 10. Sistema de cabo da reivindicação 9, em que o referido canal (302, 304) se alarga segundo um ângulo compreendido na gama de valores inferiores a um grau.
11. 11. Sistema de cabo da reivindicação 10, em que o referido ângulo é superior a zero, mas inferior ou igual a 0,5 graus.
12. 12. Sistema de cabo de acordo com a Reivindicação 9, em que a referida bainha de cabo compreende um material de polímero com um peso molecular ultra-elevado.
13. 13. Sistema de cabo da reivindicação 8, em que o referido cabo tem uma resistência à tracção de, pelo menos, 100 libras (440 N) e pode ser alongado de 60 a 140 por cento acima do seu comprimento inicial.
14. 14. Método de retenção de um cabo (114) resistente a tensões elevadas, compreendendo os passos de: incluir o referido cabo (114) em, pelo menos, um canal (302, 304) cónico entre um corpo (102) e um obturador (106) deslizável, emergindo uma extremidade livre de uma extremidade traseira do referido 4 corpo (102) e emergindo uma extremidade de trabalho de uma extremidade dianteira do referido corpo (102); sendo o referido obturador (106) deslizável e corpo cónicos e adaptados para apertar o referido cabo (114), quando o referido obturador (106) deslizável desliza na direcção da extremidade dianteira do referido corpo (102); e aplicar tensão à extremidade de trabalho do referido cabo, para posicionar o referido obturador (106) e apertar o referido cabo (114); em que o referido canal (302, 304) é definido por ranhuras complementares formadas numa parede lateral do obturador e uma superfície interna do corpo, estendendo-se as ranhuras ao longo de todo o comprimento do obturador e do corpo, caracterizado por o referido canal (302, 304) se alargar de uma forma tipo corneta ao longo de todo o seu comprimento, desde a referida extremidade traseira até à referida extremidade dianteira do obturador (106) em forma de cunha.
15. 15. Método da reivindicação 14, em que o referido canal (302, 304) é alargado para fora segundo um ângulo superior a 0, mas inferior a 1,0 grau.
16. 16. Método da reivindicação 15, em que a secção transversal do referido canal é geralmente hexagonal.
17. 17. Método da reivindicação 14, em que o referido passo de aplicação de tensão compreende: 5 aplicar tensão no intervalo de 100 a 350 libras (440 a 1600 N).
18. 18. Método da reivindicação 14, em que o referido obturador (106) e o referido corpo (102) definem dois referidos canais (302, 304), com um em cada lado do referido obturador (106), configurados para receberem dois cabos ou duas extremidades (126, 128) do mesmo cabo (114) sob tensão. Lisboa, 12 de Junho de 2013 6