PT109547A - Ração para cultivo de peixes omnívoros - Google Patents

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Margarida De Freitas Ferreira Susana
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Abstract

A PRESENTE INVENÇÃO ENQUADRA-SE NA ÁREA DA ALIMENTAÇÃO DE PEIXES DE AQUACULTURA E AQUARIOFILIA. REFERE-SE A UMA RAÇÃO PARA PEIXES OMNÍVOROS, EM PARTICULAR PEIXES COM CARÊNCIAS ALIMENTARES (COMO OS PEIXES UTILIZADOS EM ICTIOTERAPIA), QUE PERMITE O SEU CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL, COM UMA DIETA CONSTITUÍDA POR INGREDIENTES NUTRITIVOS, INOVADORES E COM UM BAIXO CUSTO DE PRODUÇÃO. UMA RAÇÃO CONSTITUÍDA POR INGREDIENTES DE ORIGEM ANIMAL E VEGETAL É OBJETO DA PRESENTE INVENÇÃO, EM QUE A PROTEÍNA ANIMAL PROVÉM UNICAMENTE DE LARVAS DE MOSCA VAREJEIRA. OS INGREDIENTES DA RAÇÃO SÃO LARVAS DE MOSCA VAREJEIRA (ASTICOT) (76,8%), MICROALGAS (17,7%), CENOURA (4,4%) E UM SUPLEMENTO VITAMÍNICO (1,1%). ADICIONALMENTE, A INVENÇÃO REFERE-SE TAMBÉM A UM MÉTODO DE PREPARAÇÃO DA REFERIDA RAÇÃO, QUE INCLUI AS ETAPAS DE CONGELAÇÃO, LIOFILIZAÇÃO, MISTURA DOS COMPONENTES, MOLDAGEM, SECAGEM E CORTE.

Description

DESCRIÇÃO
Ração para cultivo de peixes omnívoros CAMPO DA INVENÇÃO A presente invenção enquadra-se na área da alimentação de peixes de aquacultura e aquariofilia. Refere-se a uma ração para peixes ornamentais omnívoros, contendo larvas de mosca. A presente invenção consagra uma ração inovadora e de baixo custo, que se assemelha à dieta natural de peixes ornamentais omnívoros, como é o caso dos peixes utilizados em ictioterapia. Esta ração permite colmatar carências nutricionais e proporcionar um crescimento e desenvolvimento saudáveis, através da combinação equilibrada de ingredientes nutritivos, inovadores e com um baixo custo de produção.
ANTECEDENTES DA INVENÇÃO
Atualmente, o mercado de peixes ornamentais tem vindo a crescer, gerando até 30 biliões de dólares por ano, a nível mundial. Este hobby é alvo de um elevado interesse por parte da população, em geral.
Contudo, um dos maiores problemas na prática da atividade de aquariofilia é a dificuldade em administrar um alimento que seja adequado ao bem-estar animal e que proporcione uma vida saudável. Em casos de cultivo, é mais importante ainda que essa alimentação permita aos animais crescerem rapidamente, sem detrimento da sua condição física. Encontrar uma ração com estas características é uma tarefa difícil.
Atualmente, a maioria das rações administradas são feitas à base de farinhas de peixe, apresentando um elevado custo. Este é um dos principais obstáculos na aquacultura e na aquariofilia. 0 desenvolvimento de uma ração com inqredientes de elevada qualidade e com equilíbrio nutricional, mas que simultaneamente apresente um baixo custo de produção, representa um dos qrandes desafios à prática destas atividades. Deste modo, a formulação de uma ração que concilie estes fatores, proporcionará um rendimento final muito superior, ao mesmo tempo que salvaguardará o bem-estar animal.
Por sua vez, as alternativas à utilização de farinha de peixe (usando, por exemplo, soja e leveduras), levantam um problema em termos de propriedades nutricionais, obtendo-se resultados marcadamente inferiores, no que se refere à ingestão e taxa de crescimento dos peixes. Assim, tem havido uma necessidade de desenvolver ingredientes alimentares, que terão um efeito igual, ou melhor, em comparação com as tradicionais farinhas de peixe.
Por outro lado, larvas e pupas de insetos têm já sido utilizadas como um alimento para peixes, sendo uma fonte alternativa de proteína. Portanto, a presente invenção encontra antecedentes próximos em rações para aquacultura, que utilizam larvas de mosca na sua composição, como fonte de proteína. 0 Documento de patente com o número de publicação JP 3564457 divulga a utilização de larvas de mosca doméstica (espécie: Musca domestica) , em combinação com produtos de degradação de resíduos vegetais, como alimento para peixes de viveiro. Não refere, contudo, a utilização de larvas de mosca varejeira (espécie: Calliphora vomit oria), nem uma composição que seja especificamente adequada para as necessidades nutricionais de espécies omnívoras. 0 Documento de patente com o número de publicação US5618574 refere um alimento para peixes de aquacultura, utilizando larvas e pupas de mosca soldado (espécie: Hermetia illucens) e mosca doméstica (espécie: Musca domestica) , como suplemento de pellets comerciais contendo farinha de peixe. 0 pedido de patente em questão não refere composições alimentares, cuja fonte única de proteína animal sejam larvas de mosca, e que sejam adequadas para as especificidades nutricionais de peixes omnívoros utilizados em ictioterapia. 0 Documento de patente com o número de publicação US2015173400, por sua vez, refere rações utilizando pupas ou larvas de mosca doméstica, em substituição parcial ou total de farinha de peixe. 0 exemplo 10, em particular, refere rações em que a farinha de peixe é totalmente substituída pela componente de larvas, numa proporção de 50% do peso seco total, tendo adicionalmente trigo, soja, vitaminas e CMC. O efeito destas rações é demonstrado em termos da taxa de crescimento, aumento de peso, ativação imunitária e taxa de ingestão por sparídeos. O método de preparação da referida ração recorre a aquecimento a alta temperatura, o que poderá deteriorar a qualidade vitamínica da ração em questão. A presente invenção (Omnifeed), para além de não recorrer a altas temperaturas no seu processo de produção, inclui um suplemento vitaminico como um dos seus constituintes, colmatando assim este tipo de deficiência nutricional. 0 pedido de patente em questão não refere composições alimentares adequadas para as especificidades nutricionais de peixes omnívoros utilizados em ictioterapia, nem refere a utilização de larvas de mosca varejeira, preparadas por congelação e liofilização.
PROBLEMAS TÉCNICOS RESOLVIDOS
Na presente invenção, pretendeu-se criar uma ração para aquacultura e/ou aquariofilia, em particular para peixes omnívoros com carências alimentares, como os peixes usados em ictioterapia. Pretende-se que esta ração permita ultrapassar os problemas associados às rações comerciais do estado da técnica, geralmente à base de farinhas de peixe, nomeadamente em termos de impacto económico e ambiental associados à exploração de stocks de peixe para produção de farinhas. A presente invenção propõe uma solução através da substituição da farinha de peixe por larvas de mosca varejeira. Esta é uma alternativa sustentável, económica e nutricionalmente rica. Da composição da presente invenção resulta um elevado equilíbrio nutricional, com 50% de proteína; 18% de lípidos; 18% de hidratos de carbono; 9% de minerais; 3% de fibras e 2% de vitaminas.
Mais ainda, a ração da presente invenção permite, em particular, complementar a alimentação e responder às necessidades nutricionais de peixes omnívoros, utilizados em ictioterapia. No seu habitat, este tipo de peixes caraterizam-se por se alimentar das células mortas da pele de vertebrados (motivo pelo qual são usados em ictioterapia), assim como de algas, fitoplâncton, zooplâncton e detritos. A utilização em tratamentos ictioterapêuticos conduz, portanto, a um défice nutricional relativamente ao habitat natural. A ração da presente invenção permite colmatar esse défice através da combinação de ingredientes naturais, nutritivos e de baixo custo, que se assemelham à dieta natural daqueles peixes. A ração da presente invenção apresenta, portanto, vantagens relativamente a outras rações, nomeadamente em termos da utilização de uma mistura de produtos de origem vegetal e animal.
Segundo Lozano et al. (2007), dietas com origem animal e vegetal têm um melhor desempenho do que rações apenas com proteína de origem animal. Na última década, e com maior regularidade, substitui-se cada vez mais os produtos constituintes das rações de origem animal (como óleo ou farinha de peixe) por produtos vegetais (como óleos vegetais, farinha de soja ou algas). As algas são produtos com um custo de produção mais baixo, fáceis de obter e têm uma constituição equilibrada de nutrientes (Lozano et al., 2007; Martinez-Llorens et al., 2009; Tomás et al., 2009). O uso de algas tornaria a aquacultura mais sustentável, uma vez que a dependência de produtos de origem animal seria diminuída (Martinez-Llorens et al., 2009) .Por outro lado, a prática de aquacultura seria também mais rentável. As rações são um dos fatores mais dispendiosos deste setor (representa 45% dos custos de uma aquacultura) , pelo que é muito importante reduzir estes custos (Tomás et al., 2009) . Assim, substituir constituintes de ração de origem animal por constituintes vegetais, será uma alternativa rendível, apesar da necessidade de se ter em atenção os nutrientes constituintes das dietas (Tomás et al., 2009).
As microalgas podem ser empregues na aquacultura como fonte primária de alimento para larvas, moluscos, camarões, peixes, entre outros. O seu elevado valor nutricional justifica a necessidade de inserir microalgas numa dieta, já que podem ser utilizadas como fonte suplementar de proteínas, hidratos de carbono, ácidos gordos (alto teor de ómega 3), pigmentos e vitaminas (Ohse et ai., 2009) . São muito ricas em vitaminas e oligoelementos, além de que são compostas por um elevado teor de proteínas.
As microalgas apresentam também um tamanho adequado para uma fácil ingestão e boa digestibilidade. Apresentam ainda taxas de crescimento e de divisão celular elevadas, sendo fáceis de cultivar e manter. Portanto, as microalgas são simultaneamente um componente barato, de fácil produção e muito nutritivo. As microalgas são cultivadas de forma contínua, num curto período de tempo, requerendo pequenas áreas para o seu cultivo, o que se torna muito vantajoso na sua produção. 0 facto de não ser necessário usar herbicidas, nem pesticidas, torna este cultivo mais sustentável e inócuo para o meio ambiente (Bertoldi et al., 2008) . As microalgas utilizam dióxido de carbono (CO2) para crescerem, se multiplicarem e produzirem compostos orgânicos (incluindo substâncias nutricionais), ajudando assim na diminuição dos níveis de CO2 na atmosfera, responsáveis pelos efeitos de aquecimento global (Richmond, 2003) .
Por outro lado, o método de obtenção da ração, que tem por base a secagem dos componentes por liofilização, permite manter as propriedades nutricionais e organolépticas dos seus constituintes. Por sua vez, a liofilização de todos os componentes antes do processamento permite obter um produto com grande estabilidade e qualidade, adequado ao mercado da aquariofilia. Já se comprovou que as dietas mistas, como a da presente invenção, têm um melhor desempenho ao promover taxas de crescimento animal superiores. Estas dietas apresentam também uma constituição nutricional mais equilibrada do que as dietas unicamente de origem animal. Por sua vez, uma grande vantagem da ração da invenção é o facto de ser constituída por uma elevada quantidade de proteína animal, fundamental ao bom desenvolvimento e crescimento de peixes de cultivo. E, ao contrário das outras rações, a fonte de proteína animal não entra em competição com produtos destinados à alimentação humana. Normalmente, as rações animais são produzidas a partir de farinhas de peixe e outros produtos animais, geralmente em condições impróprias para consumo, ou ainda vísceras, sangue e desperdícios de matadouros. A ração da invenção tem um inseto como principal fonte de proteína - o Asticot (larva de mosca varejeira - Calliphora vomitoria), de cultura fácil e recorrente, além de que contém proteínas, vitaminas e aminoácidos de alta qualidade nutricional. Esta combinação de fatores resulta numa redução dos custos de produção da ração, sem que esta perca a sua qualidade nutricional.
Relativamente às espécies de mosca já utilizadas no estado da técnica para suplementação alimentar, são de espécies diferentes, designadamente a mosca doméstica (Musca domestica), a mosca da fruta (Drosophila
melanogaster) e a mosca soldado (Hermetia illucens) . A mosca utilizada na ração Omnifeed é a mosca varejeira, de nome científico Calliphora vomitoria e sobre a qual não parecem existir ainda registos de ter sido utilizada em rações para peixes, tratando-se portanto de uma utilização inovadora. A utilização da mosca varejeira na ração da invenção apresenta várias vantagens em termos de produção relativamente às outras espécies de mosca mencionadas, tais como: i) a eclosão dos ovos é mais rápida na mosca varejeira (ocorrendo entre as Oh e as 18h, após a deposição dos ovos) do que nas outras moscas referenciadas (entre as 8h e as 72h [3 dias]); ii) as larvas de mosca varejeira desenvolvem-se mais rapidamente que as outras moscas, demorando entre 7 a 12 dias a atingir o estádio adulto, enquanto, por exemplo, no caso da mosca da fruta são necessários entre 7 a 30 dias. Em relação à reprodução, desde que a temperatura seja a ideal, é possivel reproduzir facilmente a mosca varejeira em laboratório, já que este animal tem um ciclo de vida curto.
Além das vantagens que apresenta para o setor económico e para o crescimento e bem-estar animal, a ração da invenção também poderá promover uma maior sustentabilidade ambiental. Os insetos são um recurso alimentar alternativo potencial, nomeadamente enquanto fonte de proteína, relativamente aos animais de produção pecuária convencional. Em primeiro lugar, porque os insetos têm uma alta taxa de conversão alimentar - o que significa que, para produzir a mesma quantidade de proteínas que outros animais, os insetos necessitam de uma menor quantidade de alimento. Em segundo lugar, emitem menos gases de efeito estufa e originam menos produtos azotados que a produção pecuária, evitando assim a contaminação e a diminuição da qualidade do ar e da água.
Nenhum dos documentos do estado da técnica revela este conjunto de vantagens e propriedades, no sentido de otimizar o cultivo de peixes omnívoros, em particular de peixes utilizados em ictioterapia. Uma ração que garanta uma composição alimentar nutricionalmente equilibrada, permitindo que os peixes cresçam saudáveis, num período de tempo mais curto, e com um alimento mais barato e sustentável.
SUMÁRIO DA INVENÇÃO É assim objeto da presente invenção uma ração adequada para peixes omnívoros, com carências alimentares, constituída por ingredientes de origem animal e vegetal, em que a proteína animal provém unicamente de larvas de mosca varejeira. A ração, de acordo com a invenção contém, em percentagem de peso seco, 76,8% de larvas de mosca varejeira (Asticot), 17,7% de microalgas, 4,4% de cenoura e 1,1% de suplemento vitamínico. Desta composição resulta um elevado equilíbrio nutricional, com 50% de proteína; 18% de lípidos; 18% de hidratos de carbono; 9% de minerais; 3% de fibras e 2% de vitaminas.
Adicionalmente, é também objeto da presente invenção o método de preparação da referida ração, que inclui as etapas de i) preparação inicial dos componentes por congelação seguida de secagem por liofilização; ii) pesagem e mistura dos componentes da ração; iii) trituração dos componentes até obtenção de um pó e homogeneização do pó; iv) junção de água destilada; v) moldagem da pasta em pellets·, vi) secagem dos pellets; vii) corte dos pellets·, viii) armazenagem.
DESCRIÇÃO DAS FIGURAS
Figura 1 - Média do comprimento total de peixes Garra rufa (Heckel, 1843) , ao longo de um ensaio, em que os peixes foram sujeitos a três dietas diferentes: ração para peixes ornamentais de água doce (a) , ração para peixes Discus (b) e ração da invenção (c) . Os resultados foram expressos em média ± erro padrão.
Figura 2 - Variação média do comprimento total de Garra rufa (Heckel, 1843) sujeito a três tratamentos diferentes: ração para peixes ornamentais de água doce (a), ração para peixes Discus (b) e ração da invenção (c) . Os resultados foram expressos em média ± erro padrão. Asterisco (*) indica diferenças estatisticamente significativas (ANOVA de uma via; p <0,05).
Figura 3 - Variação média dos indices DGI (i) e K (ii) de Garra rufa (Heckel, 1843) sujeitos a três tratamentos diferentes: ração para peixes ornamentais de água doce (a), ração para peixes Discus (b) e ração da invenção (c) . Os resultados foram expressos em média ± erro padrão. Asterisco (*) indica diferenças estatisticamente significativas (ANOVA de uma via; p <0,05) .
DESCRICÃO DETALHADA DA INVENÇÃO
Como referido, é objeto da presente invenção uma ração para peixes omnívoros com carências alimentares, que contém ingredientes de origem animal e vegetal, em que a proteína animal provém unicamente de larvas de mosca varejeira.
Numa configuração preferida da presente invenção a ração da invenção contém, em percentagem de peso seco: - 76,8% de larvas de mosca varejeira - 7,7% de microalgas - 4,4% de cenoura - 1,1% de suplemento vitaminico.
Desta composição acima indicada resulta um elevado equilíbrio nutricional, com 50% de proteína; 18% de lípidos; 18% de hidratos de carbono; 9% de minerais; 3% de fibras e 2% de vitaminas. A ração da presente invenção permite, em particular, complementar a alimentação de peixes omnívoros com carências alimentares, nomeadamente peixes utilizados em ictioterapia, como é o caso da espécie Garra rufa (Heckel, 1843) . A ração da presente invenção substitui a fonte de proteína animal por uma fonte mais económica e ambientalmente mais sustentável, com elevada taxa de conversão alimentar e menores custos de produção, do que as farinhas de peixe, ou equivalentes de origem animal. Mais ainda, tratando-se de uma dieta mista, com componentes de origem animal e vegetal, apresenta também uma constituição nutricional mais equilibrada, do que as dietas só de origem animal.
Num modo preferencial de realização da invenção, a ração é caracterizada por possuir 50% de proteína; 18% de lípidos; 18% de hidratos de carbono; 9% de minerais; 3% de fibras e 2% de vitaminas.
Num modo ainda mais preferencial de realização da invenção, a ração é adequada para peixes utilizados em ictioterapia, mais preferencialmente para peixes da espécie Garra rufa (Heckel, 1843).
Um método de preparação da ração para peixes omnívoros é igualmente objeto da invenção, o qual compreende os seguintes passos: i) preparação inicial dos componentes por congelação, seguida de secagem por liofilização; ii) pesagem e mistura dos componentes da ração: larva de mosca varejeira, microalgas, cenoura, e suplemento vitamínico; iii) trituração dos componentes até obtenção de um pó e homogeneização desse pó; iv) junção de uma quantidade de água destilada que permita obter uma pasta consistente e uniforme; v) moldagem da pasta em pellets; vi) secagem dos pellets; vii) corte dos pellets; viii) armazenagem.
Num modo preferencial de realização da invenção, o método de obtenção da ração implica a congelação a uma temperatura de -202C, e a liofilização a uma temperatura de -502C, durante 2 dias. Num outro modo preferencial de realização da invenção, o método de obtenção da ração implica a junção, para cada 100 g de ração, de 76, 75 g de larva de mosca varejeira, 17,72 g de microalgas, 4,43 g de cenoura, 1,10 g de suplemento vitamínico e 120 mL de água destilada.
EXEMPLOS
Exemplo 1 - Preparação da racão
Em primeiro lugar, faz-se a preparação de todos os ingredientes da ração. Nesta etapa, os ingredientes são lavados com água e faz-se uma triagem dos mesmos, para garantir que só serão utilizados os ingredientes com elevada qualidade. Os ingredientes são colocados numa arca congeladora, a uma temperatura de -202C. Depois, são liofilizados durante 2 dias, a -502C. 0 processo de liofilização seca os ingredientes, fazendo com que a água presente na matéria congelada passe diretamente à fase de vapor, sem passar pelo estado liquido.
Em segundo lugar, pesa-se a quantidade de cada ingrediente necessária para fazer a ração, respeitando as proporções relativas de cada um, de modo a manter correta a composição nutricional. Assim, para 100 g de ração são necessários 76,75 g de larva de mosca varejeira, 17,72 g de microalga, 4,43 g de cenoura e 1,10 g de suplemento vitaminico. Posteriormente à pesagem da quantidade exata de cada ingrediente, numa balança analítica, todos são triturados e homogeneizados em pó, numa picadora. Depois, acrescenta-se 120 mL de água destilada, misturando-se tudo muito bem, para se obter uma pasta mais consistente e uniforme. De seguida, através de seringas com uma saída de 1 mm de diâmetro, a pasta de ração obtida é moldada a 1 mm de diâmetro e colocada num tabuleiro, para posterior secagem numa estufa, a 602C, durante 24 horas. Após a secagem da ração, esta é processada num sistema de corte calibrado, com um varão roscado milimétrico de 1 mm, para garantir que os grânulos obtidos têm 1 mm de tamanho. Depois desta fase, a ração encontra-se finalizada e é devidamente armazenada em frascos hermeticamente fechados, num local escuro, seco e com temperatura controlada (202C).
Como será evidente a um perito na especialidade, a presente invenção não deverá estar limitada aos modos de realização descritos no presente documento, sendo possíveis diversas alterações que se mantêm no âmbito da presente invenção.
Como tal, o processo poderá ter modos de realização alternativos que visem, por exemplo, a adaptação a uma escala industrial e a várias espécies de peixes ornamentais omnívoros, nomeadamente no que diz respeito a: 1) utilizar um método alternativo de congelação; 2) incluir a utilização de uma extrusora, que fará simultaneamente o sistema de moldagem e o corte da ração; 3) aumentar a quantidade de amostra produzida de cada vez; 4) produzir diferentes tamanhos do grânulo de ração, adaptando-o à espécie e ao tamanho dos indivíduos a que se destina. A alteração destes quatro parâmetros permite a otimização do processo e constitui uma mais-valia no desenvolvimento deste produto, ao tornar o processo de produção mais eficaz.
Evidentemente, os modos preferenciais acima apresentados são combináveis, nas diferentes formas possíveis, evitando-se aqui a repetição de todas essas combinações.
Exemplo 2 - Efeito da ração no crescimento de Garra rufa (Heckel, 1843). A ração da invenção foi testada num ensaio de crescimento de peixes Garra rufa (Heckel, 1843), que decorreu durante 61 dias. Neste ensaio comparou-se os efeitos de duas dietas comerciais- uma ração para peixes ornamentais de água doce (a) e uma ração para peixes Discus (b)-, com os da ração da presente invenção (c) . Embora tenha ocorrido crescimento com todas as dietas, os peixes alimentados com a ração da invenção apresentaram um aumento do comprimento total significativamente maior e comprovado estatisticamente (Figura 1; ANOVA de uma via, p = 0,000) .
Relativamente à variação do comprimento total, mais uma vez, foi notável o maior crescimento obtido nos peixes alimentados com a dieta da invenção (c), comparativamente à ração para peixes ornamentais de água doce (a) e à ração para peixes Discus (b) (0,74 cm na ração da invenção versus 0,58 cm na ração para peixes ornamentais de água doce e 0,31 cm na ração para peixes Discus; figura 2) -
Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre todos os tratamentos (teste post-hoc Tukey HSD: p = 0, 000) .
Exemplo 3 - Efeito da ração em parâmetros zootécnicos 0 parâmetro DGI - índice de Crescimento Diário - indica que a dieta onde se verificou o maior crescimento diário nos peixes foi na ração da invenção (c) . 0 pior crescimento ocorreu com a ração para peixes Discus (b) (figura 3-i) . Observaram-se diferenças estatisticamente significativas apenas entre as dietas ração para peixes Discus e ração da invenção (ANOVA de uma via, p = 0,024; teste post-hoc Tukey HSD: p = 0,019). O índice de condição (K) avalia se os indivíduos estão a crescer, tanto em peso, como em comprimento, ou se apenas estão a adquirir peso. Este índice foi menor na ração da invenção (c) e similar nas dietas com ração para peixes ornamentais de água doce (a) e ração para peixes Discus (b). A ração da invenção foi a única com diferenças estatisticamente significativas relativamente às restantes dietas (figura 3-ii, ANOVA de uma via, p = 0,000;teste post-hoc Tukey HSD: p = 0, 000) . No entanto, verificou-se que foi nos peixes alimentados com a ração da invenção que se obtiveram os índices de condição mais próximos de 1, ou seja, onde ocorreu um crescimento equilibrado entre o peso e o comprimento. Contrariamente, os peixes alimentados com as outras duas rações terão aumentado o seu peso, mas mantido aproximadamente o mesmo comprimento, ou seja, terão apenas engordado.
Referências Bibliográficas
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Martinez-Llorens, S., Vidal, A. T., Garcia, I. J., Torres, Μ. P., Cerdá, M. J. 2009. Optimum dietary soybean meal level for maximizing growth and nutrient utilization of on-growing gilthead sea bream (Sparus aurata) . Aquaculture Nutrition 15, 320-328.
Ohse, S., Dener, R. B., Ozório, R. A., Braga, Μ. V. da C., Cunha, A, P., Lamarca, C. P., Santos, Μ. E. 2009. Produção de biomassa e teores de carbono, hidrogénio, nitrogénio e proteína em microalgas. Ciência Rural 39, 1760-1767.
Tomás, A., Martínez-Llorens, S., Jover, M. 2009. The effect of dietary soybean meal on growth, nutrient utilization efficiency, and digestibility of juvenile common dentex, Dentex dentex (actinopterygii: perciformes: sparidae). Acta ichthyologica et piscatória 39, 19 - 25.
Lisboa, 21 de julho de 2017

Claims (8)

  1. REIVINDICAÇÕES
    1. Ração para peixes omnívoros com carências alimentares caracterizada por conter ingredientes de origem animal e vegetal, em que a proteína animal provém unicamente de larvas de mosca varejeira {Calliphora vomitoria).
  2. 2. Ração de acordo com a reivindicação anterior caracterizada por conter, em percentagem de peso seco: 76,8% de larvas de mosca varejeira (Calliphora vomitoria) - 7,7% de microalgas - 4,4% de cenoura - 1,1% de suplemento vitamínico.
  3. 3. Ração de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizada por possuir 50% de proteína; 18% de lípidos; 18% de hidratos de carbono; 9% de minerais; 3% de fibras e 2% de vitaminas.
  4. 4. Ração de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizada por ser adequada para peixes utilizados em ictioterapia.
  5. 5. Ração de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizada por ser adequada para peixes da espécie Garra rufa (Heckel, 1843).
  6. 6. Método de preparação da ração para peixes omnívoros com carências alimentares, de acordo com qualquer uma das reivindicações n2l a 5, caraterizado por compreender os seguintes passos: i) preparação inicial dos componentes por congelação seguida de secagem por liofilização; ii) pesagem e mistura dos componentes da ração: larva de mosca varejeira, microalga, cenoura, e suplemento vitaminico; iii) trituração dos componentes até obtenção de um pó e homogeneização desse pó; iv) junção de uma quantidade de água destilada que permita obter uma pasta consistente e uniforme; v) moldagem da pasta em pellets; vi) secagem dos pellets; vii) corte dos pellets; viii) armazenagem.
  7. 7. Método de preparação da ração de acordo com a reivindicação n26, caraterizado por no passo i) a congelação ser a uma temperatura de -202C, e a liofilização a uma temperatura de -502C, durante 2 dias.
  8. 8. Método de preparação da ração de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caraterizado por serem adicionados, por cada 100 g de ração: 76,75 g de larva de mosca varejeira, 17,72 g de microalgas, 4,43 g de cenoura, 1,10 g de suplemento vitaminico e 120 mL de água destilada. Lisboa, 21 de julho de 2017
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