PT104375A - Rolha com câmara de retenção anti-corrimento - Google Patents

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PT10437509A
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Inventor
Paulo Jose Cortico Da Silva
Luis Manuel Costa Cabral E Gil
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Inst Nac De Engenharia Tecnolo
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Abstract

O PRESENTE INVENTO REFERE-SE A UMA NOVA ROLHA QUE É PROPORCIONADA COM UMA (3) OU MAIS CÂMARAS (4) DE RETENÇÃO (QUE PODEM ASSUMIR VÁRIAS FORMAS) NA SUA PERIFERIA E A UMA CERTA DISTÂNCIA DOS TOPOS DE MODO A EVITAR OU A ATRASAR O CORRIMENTO OU REPASSE DO LIQUIDO DO RECIPIENTE EM QUE FUNCIONA COMO OBTURADOR, EVITANDO ASSIM PROBLEMAS DE ESTANQUEIDADE E DE DETERIORAÇÃO DO CONTEÚDO LIQUIDO DO RECIPIENTE ROLHADO.

Description

1
DESCRIÇÃO
Rolha com câmara de retenção anti-corrimento
Domínio do invento O presente invento refere-se a uma nova rolha que possui na sua periferia uma ou mais câmaras de retenção (que podem assumir várias formas) e a uma certa distância dos seus topos em que, no caso de haver algum defeito de obturação devido à rolha ou ao gargalo, permite evitar ou a atrasar o corrimento ou repasse do líquido do recipiente em que fUnciona como obturador, evitando assim problemas de estanqueidade e, consequentemente, de deterioração do conteúdo líquido do recipiente rolhado.
Antecedentes do invento
Existem vários tipos de obturadores para recipientes contendo líquidos, nomeadamente para garrafas e, mais especificamente, para garrafas de bebidas alcoólicas, incluindo, por exemplo, rolhas de cortiça, rolhas de plástico, cápsulas de roscar, cápsulas de pressão etc.
No caso dos obturadores que são introduzidos no gargalo dos recipientes, um dos problemas que podem ocorrer, evitando uma boa vedação e podendo promover a degradação dos produtos rolhados é o escorrimento ou corrimento ou repasse ou passagem de líquido, frequentemente designado no meio vinícola como “couleuse”. Este fenómeno pode ocorrer devido a defeitos estruturais (poros, canais de insectos etc.) do obturador ou a pregas formadas pelas máquinas de rolhamento quer ainda devido a defeitos na superfície interior do gargalo. As rolhas são apertadas nas maxilas (normalmente 2 a 4) das máquinas de rolhar imediatamente antes da introdução no interior do gargalo em cerca de 30% do seu diâmetro inicial, podendo formar pregas ou sulcos que por vezes se mantêm mesmo após a inserção. Estas situações formam, entre a superfície exterior do obturador e a superfície interna do gargalo, sulcos/canais preferenciais que se podem estender a todo o comprimento da rolha, permitindo a passagem do líquido vedado.
No caso das rolhas de cortiça, é sabido que para se obterem as melhores condições de vedação as garrafas devem estar deitadas, promovendo o contacto entre o líquido, usualmente o vinho, e a cortiça de modo a manter a rolha em boas condições de humidade optimizando a vedação e até mesmo para melhorar organolepticamente e aditivar o vinho (ver pedido de patente portuguesa PT103535 e WO 2008/13465A1). Deste modo, a acção da gravidade nos vinhos tranquilos e essa mesma acção associada à pressão interna em vinhos espumosos ou gaseificados, pode potenciar o fenómeno de “couleuse”.
Para evitar este problema algumas aproximações têm sido desenvolvidas, como sejam a escolha adequada do diâmetro da rolha em função do diâmetro interno do gargalo e ainda do tipo de vinho a rolhar, a afinação e o aperfeiçoamento das maxilas das máquina de rolhar etc. mas se houver defeitos estruturais do material da rolha o problema pode sempre ocorrer. Assim foram já desenvolvidas soluções para tentar evitar este problema, sendo de referenciar as Publicações das Patentes Francesas N°s 2731677 (1995) e 2838714 (2002). A primeira refere-se a uma rolha de cortiça anti-corrimento 2 caracterizada por ter na sua periferia, pelo menos, uma banda de parafina anelar e de espessura adequada para evitar os eventuais sulcos formados na altura do rolhamento. A segunda refere-se a um sistema para evitar a “couleuse” e também a queda de pó na bebida a rolhar que consiste em enfiar uma rolha num capuz de borracha (qualidade para entrar em contacto com alimentos) e impermeável a gás, com um bordo saliente mais espesso que a membrana central, até uma determinada altura a partir do topo que contacta o líquido. Podem ser também referidas as Patentes Francesas 1100335 (1955) e 1534142 (1968) que se referem à colagem e ao revestimento dos topos das rolhas com materiais termoplásticos.
Em todos estes casos são utilizados novos materiais/produtos que não o material da rolha, envolvendo operações e equipamento extra para a sua aplicação. Assim existe a necessidade de encontrar uma solução fácil e barata para o problema da “couleuse” sem grandes alterações ao processo corrente de fabrico das rolhas.
Descrição pormenorizada do invento A descrição detalhada seguinte é proporcionada para auxiliar os peritos na matéria na prática do presente invento. Assim, esta descrição detalhada não deve ser construída para limitar indevidamente o presente invento, visto que modificações e variações nas formas de concretização aqui discutidas podem ser feitas pelos peritos na matéria sem se sair do espírito ou domínio do presente invento.
Este invento refere-se a uma nova rolha que possui na sua periferia uma (1) ou mais câmaras (2) de retenção, podendo assumir várias formas que, no caso de haver algum defeito de obturação devido à rolha ou ao gargalo, permite evitar ou atrasar o escorrimento do líquido do interior do recipiente, entre a superfície exterior da rolha e a superfície interior do gargalo, evitando assim problemas de estanqueidade e, consequentemente, de deterioração do conteúdo líquido do recipiente rolhado.
Relativamente aos processos existente referidos na secção anterior para evitar este problema, o presente invento tem a vantagem de não necessitar de utilizar outros materiais que não o da própria rolha, sendo um processo de muito fácil execução e não oneroso e facilmente adaptável aos processo de fabrico correntes. O escorrimento é, por norma, muito lento e ao promover-se uma descontinuidade entre os canais/sulcos que promovem esse escorrimento e ao haver uma câmara de retenção (1) (2) o líquido que vai-se infiltrando e lentamente preenchendo essa câmara e só quando a câmara estiver cheia e for criada a pressão necessária, esse líquido irá “procurar” uma via de saída. Muito previsivelmente tudo isto se passa num prazo de tempo tão extenso que se evita a perda de líquido e a sua degradação por oxidação com o ar do exterior.
Foi então verificado, surpreendentemente, que é necessário que esta câmara periférica possua uma largura superior a 2 mm (3) (4) (ver experiência 1 e experiência 2 do Exemplo) de modo a que o efeito de descontinuidade permita que a passagem da bebida não continue e esta comece a preencher a câmara de retenção, e que esse efeito era tanto mais fácil quanto mais arredondadas fossem os rebordos/arestas da câmara.
Segue-se uma breve descrição dos desenhos em anexo. 3
Figura 1 - Perfil de rolha com uma câmara de retenção com um perfil rectangular e próximo de um dos topos.
Figura 2 - Perfil de rolha com múltiplas câmaras de retenção com um perfil rectangular e próximo de um dos topos.
Figura 3 - Exemplos de perfis da câmara de retenção.
Figura 4 - Exemplos de câmaras de retenção em espiral.
Figura 5 - Exemplo de rolhas com câmaras de retenção utilizadas na experiência 1 e 2. A câmara de retenção (1) (2) deve dar, pelo menos, uma volta completa à periferia da rolha e deve estar afastada, pelo menos, alguns milímetros do bordo, preferencialmente, desde cerca de 7 mm até cerca de metade da altura da rolha (ver Figura 1 e 5) dependendo a distância mínima do facto de a rolha ser chanfrada ou boleada nos bordos. Pode existir mais do que uma câmara (2) e, neste caso, estas podem estar mais próximas de um topo (ver Figura 2) ou estarem repartidas por zonas próximas dos dois topos. Quando há sistemas de orientação das rolhas no engarrafamento, pode optar-se por haver apenas câmaras de retenção junto a um dos topos, optando-se por colocar o topo com a câmara de retenção mais próxima virado para o lado da bebida. No caso em que as rolhas são encaminhadas aleatoriamente para o engarrafamento é desejável que existam câmaras de retenção simétricas. O perfil das câmaras de retenção pode ser diverso e alguns exemplos (5)(6)(7χ8)(9) são dados na Figura 3. As câmaras de retenção podem ser anelares (1)(2), circundado toda a rolha a uma mesma distância dos topos (ver Figuras 1 e 2), ou podem ser em espiral (10), dando eventualmente mais do que uma volta ao perímetro da rolha, mas iniciando-se e acabando a uma certa distância dos topos (ver Figura ), mas preferencialmente sem quinas vias (preferencialmente (5)(8χ9) da Figura 4). A execução desta câmara (rasgo/sulco) pode ser realizada através de um qualquer sistema existente na arte e conhecido pelos especialistas na matéria, como seja a utilização de fresas, sistemas abrasivos etc. No caso das rolhas de cortiça este processo deve ser executado antes das operações finais de acabamento. No caso de rolhas moldadas, estes rasgos/sulcos podem fazer parte do molde. É bastante evidente para os peritos na matéria que embora este invento tenha sido mostrado e descrito em detalhe no contexto de uma forma de concretização preferida, e com várias modificações desta, pode ser feita uma grande variedade de outras modificações sem se sair do domínio dos ensinamentos do invento. O invento vai agora ser descrito em referência aos exemplos seguintes, dados a título ilustrativo e não limitativo. O domínio e as especiais características do invento são tal como definidos nas reivindicações em anexo.
EXEMPLO
Experiência 1:
Foi realizado um ensaio de vedação/estanqueidade utilizando um equipamento da marca JAV, com tubos de acrílico com um diâmetro interno de 18 mm que simulam gargalos de garrafas de vinho, e em que é possível aplicar pressão. Para a realização dos ensaios 4 utilizaram-se rolhas com as dimensões de 38 mm X 24 mm de cortiça natural (Fabricante: VINOCOR, tipo VINFLUX U4, tratamento superficial TSURF 200) e de cortiça aglomerada (Fabricante: António Almeida Cortiças).
De cada lote de cerca de 100 rolhas obtido dos respectivos fabricantes, foram retiradas ao acaso amostras de 10 rolhas cortiça aglomerada e 10 rolhas de cortiça natural, as quais foram divididas em dois conjuntos de 5 rolhas cada. Ao primeiro conjunto foi efectuado um rasgo com uma profundidade de cerca de 2 mm e uma largura de 1,5 mm a cerca de 7 mm do topo, e ao segundo conjunto de 5 rolhas foram efectuados 2 rasgos com a mesma profundidade e espessura iguais ao anterior sendo o primeiro rasgo com início a cerca de 7 mm do topo e o segundo com início a cerca de 12 mm do topo. Os rasgos foram efectuados manualmente numa serra de fita, de acordo com o esquema da Figura 5.
As rolhas assim preparadas foram introduzidas em tubos de acrílico com 18 mm de diâmetro interno com um dispositivo de engarrafamento manual de rolhas de cortiça. Nos tubos de acrílico depois de rolhados e invertidos, foi introduzido 5 ml de uma solução corada e estes foram adaptados aos suportes plásticos de uma aparelho para ensaios de vedação da marca JAV, a se aplicou uma pressão inicial de 0,5 bar, aumentando depois lentamente até 1,5 bar, pressão a qual se começou a ver que as rolhas começavam a deixar passar directamente a solução entre as rolhas e a superfície interna dos “gargalos” sem se depositar primeiro nos rasgos efectuados.
Experiência 2:
Foi utilizado um procedimento semelhante ao da Experiência 1 excepto que, às amostras de 10 rolhas de cortiça aglomerada e 10 rolhas de cortiça natural, foi efectuado um rasgo com a mesma profundidade (cerca de 2mm) mas a sua largura passou a ser de 5 mm e à distancia de 5 mm do topo (3) (ver Figura 5).
As rolhas assim preparadas das foram aplicadas do mesmo modo no equipamento da marca JAV, mas desta vez foi utilizado 5 ml de um vinho tinto corrente em cada rolha e depois da pressão inicial de 0,5 bar aumentou-se lentamente apenas até 1 bar, pressão a partir da qual se verificou que algumas rolhas começavam a deixar passar o vinho, mas que desta vez ficava retido na câmara de retenção sem que a rolha deixasse passar o líquido para o exterior.
Lisboa, 5 de Junho de 2009

Claims (10)

  1. REIVINDICAÇÕES 1. Rolha que possui na sua periferia uma câmara (1) de retenção e a uma certa distância dos seus topos para evitar ou a atrasar o corrimento do líquido do recipiente em que funciona como obturador, evitando problemas de estanqueidade e de deterioração do conteúdo líquido do recipiente rolhado, caracterizado por essa câmara de retenção possuir uma largura superior a 2 mm e um formato (5)(6X7)(8)(9) geométrico com arestas com ângulos superiores a 90°, que optimiza a retenção do líquido que possa vir a escapar.
  2. 2. Rolha de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por poder ser utilizada mais do que uma câmara (2) de retenção.
  3. 3. Rolha de acordo com as reivindicações 1 e 2 caracterizada por a(s) câmara(s) de retenção (3X4) estar(em) localizada(s) desde cerca de 5 mm do topo da rolha até cerca de metade da altura da rolha.
  4. 4. Rolha de acordo com as reivindicações 1 a 3 caracterizada por as câmaras de retenção serem anelares (1)(2), circundando toda a rolha a uma mesma distância dos topos.
  5. 5. Rolha de acordo com as reivindicações 1 a 3 caracterizada por a câmara de retenção ser em espiral (10), dando eventualmente mais do que uma volta ao perímetro da rolha, mas iniciando-se e acabando a uma certa distância dos topos.
  6. 6. Rolha de acordo com as reivindicações precedentes caracterizada por esta câmara periférica possuir uma largura superior a 3 mm.
  7. 7. Rolha de acordo com as reivindicações precedentes caracterizada por perfil das câmaras de retenção poder ser o representado por (5)(6χ7)(8χ9).
  8. 8. Rolha de acordo com as reivindicações precedentes caracterizada por o efeito de retenção do líquido ser mais fácil quando as câmaras possuem as formas (5X8X9).
  9. 9. Processo para a produção da rolha de acordo com as reivindicações precedentes caracterizado por a execução desta câmara (rasgo/sulco) ser realizada através de sistemas diversos, como sejam fresas e mós abrasivas.
  10. 10. Processo para a produção da rolha de acordo com as reivindicações caracterizado por no caso de a rolha ser produzida por moldação os rasgos/sulcos fazerem parte do molde. Lisboa, 5 de Junho de 2009
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