BR112016027277B1

BR112016027277B1 - Caixa de engrenagens de turbomáquina de aeronave

Info

Publication number: BR112016027277B1
Application number: BR112016027277-3A
Authority: BR
Inventors: Jean-Baptiste Etienne Bernard Lepretre
Original assignee: Safran Aircraft Engines
Priority date: 2014-05-23
Filing date: 2015-05-22
Publication date: 2022-01-25
Also published as: FR3021358B1; US20170138214A1; EP3146183B1; CN106460668A; WO2015177487A1; CA2949818A1; RU2651004C1; CA2949818C; BR112016027277A2; CN106460668B; US9790804B2; EP3146183A1; BR112016027277B8; FR3021358A1

Abstract

CAIXA DE ENGRENAGENS DE TURBOMÁQUINA DE AERONAVE. Caixa de engrenagens (10) de turbomáquina de aeronave, que compreende um cárter (14) que define um recinto de alojamento de elementos giratórios lubrificados com óleo, e pelo menos uma luva tubular (30) acoplada aos elementos giratórios e configurada para acionar em rotação uma árvore (18), essa luva compreendendo caneluras (26) configuradas para operar junto com caneluras complementares (24) da dita árvore, caracterizada pelo fato de que ela compreende por outro lado meios (42, 44) de recuperação de óleo de lubrificação dos elementos giratórios e de encaminhamento por escoamento do óleo recuperado até as caneluras tendo em vista a lubrificação das mesmas.

Description

DOMÍNIO TÉCNICO

[0001] A presente invenção se refere a uma caixa de engrenagens de turbomáquina.

ESTADO DA TÉCNICA

[0002] O estado da técnica compreende notadamente os documentos EP-A1-2 711 505, US-A-3,621,937 e GB-A-2 488 142.

[0003] Uma caixa de engrenagens de turbomáquina de aeronave, em especial para um turborreator ou um turbopropulsor de avião ou de helicóptero, pode consistir em uma caixa de acessórios (também chamada de AGB, acrônimo do inglês Accessory Gear Box) que serve para acionar equipamentos da turbomáquina, tais como bombas, geradores de eletricidade, etc. A caixa de acessórios transmite uma potência mecânica originária da turbomáquina aos equipamentos por intermédio de uma cadeia cinemática composta por elementos giratórios tais como pinhões ou rolamentos. Uma caixa de engrenagens de turbomáquina de aeronave pode também consistir em uma caixa de transferência (também chamada de TGB, acrônimo do inglês Transfer Gear Box), por exemplo para ligar cinematicamente uma caixa de acessórios a uma árvore de turbina da turbomáquina utilizando para isso duas árvores de transferência que formam eventualmente um ângulo e que são ligadas entre si pela caixa de transferência.

[0004] Uma tal caixa de engrenagens, em especial uma caixa de acessórios assim como uma caixa de transferência, compreende um cárter que define um recinto de alojamento dos elementos giratórios que são lubrificados com óleo, esse óleo podendo por outro lado servir para resfriar o cárter. A caixa de engrenagens compreende pelo menos uma luva tubular engrenada com pelo menos um elemento giratório e configurada para ser acoplada e para acionar em rotação uma árvore, por exemplo, uma árvore de transferência ou ainda a árvore de um equipamento da turbomáquina. Essa luva compreende uma parte de encaixe fêmea que compreende caneluras configuradas para cooperar com caneluras de uma parte de encaixe macho da árvore.

[0005] As caneluras da parte de encaixe fêmea da luva e aquelas da parte de encaixe macho da árvore devem ser lubrificadas. Essa lubrificação, entretanto, só necessita de muito pouco óleo. Basta de fato assegura um nível de óleo dentro das caneluras para lubrificar o acoplamento. Na técnica atual, um pulverizador que funciona em permanência é em geral utilizado para lubrificar essas caneluras. O diâmetro do pulverizador não pode ser restrito demais, o que faz com que as caneluras se encontrem com muita frequência sobrelubrificadas. Isso se traduz por um consumo inútil de óleo.

[0006] O documento US-A-5,119,905 ilustra uma técnica anterior especial relativa a uma caixa de acessórios na qual um pulverizador é utilizado por intermitência. O jato de óleo projetado pelo pulverizador passa através de um furo da luva, quando o motor está parado. Essa tecnologia apresenta um inconveniente ligado ao fato de que o enchimento de um reservatório anular que alimenta com óleo caneluras só é efetuado com o motor parado. A renovação do óleo destinado à lubrificação das caneluras só é, portanto, efetuada de modo especialmente descontínuo no tempo.

[0007] A presente invenção tem notadamente como objetivo trazer uma solução simples, eficaz e econômica para pelo menos uma parte dos problemas precitados.

EXPOSIÇÃO DA INVENÇÃO

[0008] A invenção propõe uma caixa de engrenagens de turbomáquina de aeronave, que compreende um cárter que define um recinto de alojamento de elementos giratórios lubrificados com óleo, e pelo menos uma luva tubular acoplada aos elementos giratórios e configurada para acionar em rotação uma árvore, essa luva compreendendo caneluras fêmeas configuradas para cooperar com caneluras machos da dita árvore, a caixa compreendendo adicionalmente meios de recuperação de óleo de lubrificação dos elementos giratórios e de encaminhamento por escoamento do óleo recuperado até as caneluras tendo em vista a lubrificação das mesmas, os ditos meios de recuperação e de encaminhamento compreendendo pelo menos uma parede interna coletora de óleo do dito cárter, a caixa de engrenagens sendo configurada para fazer escorrer óleo sobre a dita pelo menos uma parede interna coletora por ocasião do funcionamento da turbomáquina, caracterizada pelo fato de que os ditos meios de recuperação e de encaminhamento compreendem um órgão canalizador que se estende pelo menos em parte no interior da dita luva, e pelo menos uma calha configurada para encaminhar o óleo que escorre sobre a dita pelo menos uma parede interna coletora até o órgão canalizador, na qual o dito órgão canalizador e a dita pelo menos uma calha são levados por ou formados com um flange do cárter, esse flange definindo a dita pelo menos uma parede interna coletora e servindo de suporte para um mancal de rolamento da luva.

[0009] As caneluras são assim lubrificadas com óleo recuperado de lubrificação de elementos giratórios e não com óleo dedicado exclusivamente à lubrificação das caneluras. Pelo menos uma parte do óleo de lubrificação dos elementos giratórios é assim recuperada e encaminhada até as caneluras sem aporte direto de óleo de um pulverizador. Isso permite limitar o consumo em óleo de lubrificação da caixa e engrenagens. Por outro lado, a recuperação e o encaminhamento do óleo podem ser realizados de modo contínuo durante o funcionamento do motor, o que é vantajoso em relação à técnica anterior.

[0010] A invenção permite otimizar o volume da caixa de engrenagens. Os meios de recuperação e de encaminhamento não prejudicam a guia em rotação da luva, visto que o mancal na proximidade dos meios de recuperação e de encaminhamento se integra perfeitamente nessa configuração graças notadamente à abertura radial prevista na parede cilíndrica de sustentação do mancal.

[0011] De acordo com um modo de realização da invenção, o flange apresenta uma parte plana e uma parte cilíndrica vazada que se estende substancialmente perpendicularmente à parte plana e que sustenta o mancal de rolamento, o dito órgão canalizador se estendendo no interior da parte cilíndrica a partir da parte plana, e pelo menos uma abertura radial sendo disposta na parte cilíndrica na junção com a parte plana de modo que óleo de escoamento passe através da dita pelo menos uma abertura radial para ser coletado dentro da dita pelo menos uma calha.

[0012] De preferência, as caneluras se estendem dentro de uma cavidade anular longitudinal da luva que é delimitada em uma extremidade longitudinal por uma junta anular configurada para cooperar com a dita árvore, e em uma extremidade longitudinal oposta por uma barragem anular formada de preferência por uma junta de nível da qual a periferia externa define um nível de óleo máximo dentro da dita cavidade anular.

[0013] Vantajosamente, a barragem anular se estende em um plano transversal que é atravessado pelos meios de recuperação e de encaminhamento.

[0014] Vantajosamente, o dito flange compreende duas calhas que formam juntas um V com um ângulo da ordem de 120-160°. A ou cada calha pode ter em seção uma forma substancialmente em U. A ou cada calha pode se estender substancialmente radialmente em relação ao eixo da dita parte cilíndrica do flange. A ou cada calha pode estar situada dentro de um espaço axial que se estende entre a dita parte plana do flange e uma extremidade da luva guiada pelo dito mancal. O órgão canalizador pode ter em seção uma forma substancialmente em U.

[0015] A presente invenção também se refere a uma turbomáquina, tal como um turborreator ou um turbopropulsor de aeronave, caracterizada pelo fato de que ela compreende uma caixa de engrenagens tal comol descrita acima.

DESCRIÇÃO DAS FIGURAS

[0016] A invenção será melhor compreendida e outros detalhes, características e vantagens da invenção aparecerão com a leitura da descrição seguinte feita a título de exemplo não limitativo em referência aos desenhos anexos nos quais: - A figura 1 é uma vista esquemática em perspectiva de um exemplo de uma caixa de acessórios de turbomáquina; - A figura 2 é uma vista bastante esquemática em corte de uma caixa de acessórios de acordo com a invenção; - A figura 3 é uma vista esquemática em corte de uma caixa de acessórios de acordo com um exemplo de realização da invenção, e - A figura 4 é uma vista parcial em perspectiva de um flange de cárter da caixa de acessórios da figura 3.

DESCRIÇÃO DETALHADA

[0017] É feito referência primeiramente à figura 1 que representa um exemplo de uma caixa de acessórios 10 para o acionamento de equipamentos 12 de uma turbomáquina tal como um turborreator ou um turbopropulsor de aeronave. Uma tal caixa de acessórios é descrita notadamente no documento FR-A1-2 941 744.

[0018] Essa caixa de acessórios 10 é destinada a extrair uma potência mecânica originária da turbomáquina e a transmitir a mesma aos equipamentos que são bombas, geradores de eletricidade, etc. A transmissão é efetuada por uma cadeia cinemática composta por elementos giratórios engrenados uns com os outros para formar linhas de engrenagens ou de acessórios.

[0019] A caixa de acessórios 10 compreende um cárter 14 que define um recinto de alojamento dos elementos giratórios que compreendem, por exemplo, pinhões e rolamentos. A cadeia cinemática é ligada a uma árvore de acionamento 16 que é uma árvore radial da turbomáquina ou uma árvore intermediária, a cadeia sendo também ligada a árvores 18 de tomada de movimentos dos equipamentos. A caixa de acessórios 10 é fixada à turbomáquina e os equipamentos são em geral eles próprios fixados à caixa de acessórios 10.

[0020] A figura 2 representa um modo de realização da invenção. Os números de referência 10, 14, e 18 são também utilizados para designar respectivamente a caixa de acessórios, seu cárter e a árvore de um equipamento. O exemplo de caixa de engrenagens de acordo com a invenção descrito em referência às figuras 2 a 4 se refere a uma caixa de acessórios, mas está entendido que a realização descrita na presente é também aplicável a uma caixa de transferência.

[0021] O acoplamento da árvore 18 à cadeia cinemática da caixa de acessórios 10 é realizado por meio de caneluras 24, 26. A árvore 18 compreende uma parte de extremidade 28 macho destinada a ser encaixada em uma luva 30 que constitui uma parte tubular de um elemento giratório ou pinhão da caixa de acessórios, essa parte de extremidade 28 compreendendo caneluras externa ou machos 24 que são de preferência caneluras retilíneas que se estendem substancialmente paralelamente ao eixo A de rotação da árvore 18.

[0022] A caixa de acessórios 10 compreende uma ou várias luvas 30 de pinhões, cada luva servindo para acionar em rotação uma árvore 18 de equipamento e para transmitir a potência da cadeia cinemática a essa árvore.

[0023] A luva 30 compreende uma parte de extremidade 32 fêmea destinada a receber a parte de extremidade 28 da árvore 18, essa parte de extremidade 32 compreendendo caneluras internas ou fêmeas 26 substancialmente complementares às caneluras 24. Elas são, portanto, de preferência retilíneas se estendendo assim substancialmente paralelamente ao eixo A de rotação da árvore 18.

[0024] As caneluras 24, 26 se estendem aqui dentro de uma cavidade longitudinal interna 34 da luva 30 que é delimitada em uma extremidade, situada no lado da árvore 18, por uma junta anular 36 e na extremidade oposta por uma barragem anular 38. A junta anular 36 é levada pela luva 30 e é destinada a cooperar com a árvore 18 para assegurar uma estanqueidade ao óleo entre a luva 30 e a árvore 18. Em variante, a junta 36 poderia ser levada pela árvore 18 e cooperar com a luva 30. A barragem anular 38 é de preferência formada por uma junta anular de nível. A cavidade 34 permite estocar um volume de óleo determinado no qual mergulham as caneluras 24, 26. A junta de nível (barragem 38) é configurada para definir um nível máximo 40 de óleo dentro da cavidade 34, o excesso de óleo sendo nesse caso evacuado da cavidade 34 escorrendo para isso através da junta de nível.

[0025] A luva 30 é rotativa e acionada em rotação por pelo menos um elemento giratório da caixa de acessórios, por exemplo, um outro pinhão. Para isso, a luva pode compreender em sua periferia externa uma roda dentada adaptada para ser engrenada com a roda dentada de um outro pinhão. A luva 30 e sua roda dentada constituem um pinhão.

[0026] Os elementos giratórios da caixa de acessórios 10 são lubrificados com óleo que pode ser trazido para dentro do recinto interno do cárter 14 por pulverizadores por exemplo.

[0027] De acordo com a invenção, a caixa de acessórios 10 compreende meios de recuperação de óleo de lubrificação dos elementos giratórios e de encaminhamento por escoamento do óleo recuperado até as caneluras 24, 26. Esses meios compreendem aqui uma parede ou um flange 42 do cárter 12 sobre o qual escorre pelo menos uma parte do óleo que serviu para lubrificar os elementos giratórios. Esse flange 42, que desempenha o papel de tampa de estanqueidade para o cárter, compreende ou leva pelo menos uma parede interna 48 coletora de óleo de lubrificação dos elementos giratórios e um órgão canalizador 44 que tem uma forma alongada e se estende em parte no interior da luva 30 de modo que sua extremidade longitudinal livre esteja situada o mais próximo possível da cavidade 34 da luva 30 e que o óleo possa ser encaminhado e se derramar simplesmente por escoamento e gravidade até essa cavidade 34 (flechas 46). A junta de nível (barragem anular 38) se estende assim em um plano transversal P que é atravessado pelo órgão canalizador 44. Vantajosamente, o escoamento pelo órgão 44 é previsto suficiente para compensar um eventual vazamento de óleo pequeno ao nível da junta 36.

[0028] As figuras 3 e 4 representam um exemplo mais concreto de realização da caixa de acessórios 10 de acordo com a invenção e em especial de seu flange 42 que leva os meios de recuperação e de encaminhamento de óleo.

[0029] O flange 42 é aqui formado de uma só peça e compreende notadamente uma parte plana sobre a face interna da qual é formado pelo menos um aprofundamento que define uma parede interna coletora 48 tal como descrita no que precede.

[0030] O flange 42 compreende também uma parte cilíndrica 54 vazada que se estende substancialmente perpendicularmente à parte plana e que sustenta um mancal de rolamento 52 da luva. A parede interna coletora 48 é substancialmente perpendicular ao eixo dessa parte cilíndrica 54. O mancal de rolamento 52 compreende um anel externo montado em uma parte de extremidade livre da parte cilíndrica 54 e um anel interno montado em torno de uma parte de extremidade da luva 30, oposta às caneluras 26. A luva 50 é assim em parte introduzida, por uma parte de extremidade, na parte cilíndrica 54 do flange 42. Essa parte de extremidade está, no entanto, à distância axial da parte plana do flange 42 para permitir um escoamento de óleo entre elas (flecha 46), como será descrito no que se segue.

[0031] A parte cilíndrica 54 é aqui formada por um relevo do flange que compreende extensões radiais externas nas quais são previstos orifícios 49 rosqueados de aparafusamento de parafusos de fixação do anel externo do mancal 52 ao flange 42.

[0032] A parte cilíndrica 54 compreende uma abertura radial 56 na junção com a parede 48 da parte plana do flange 42. Óleo pode assim escoar sobre a parede 48 até o interior da parte cilíndrica 54, passando para isso pela abertura 56.

[0033] O flange 42 compreende adicionalmente, radialmente no interior da parte cilíndrica 54, o órgão canalizador 44 precitado assim como duas calhas 50 que servem para coletar o óleo que passa através da abertura radial 56 e para encaminhar o mesmo até a extremidade longitudinal do órgão 44 ligada à parte plana do flange 42.

[0034] Cada calha 50 tem em seção uma forma substancialmente em U e se estende substancialmente radialmente em relação ao eixo da parte cilíndrica 54, substancialmente a partir desse eixo até a parte cilíndrica 54. As calhas 50 formam juntas um V com um ângulo da ordem de cerca de 120-160°. As calhas 50 estão situadas substancialmente dentro do espaço axial que se estende entre a parte plana do flange 42 e a extremidade da luva 30 guiada pelo mancal 52.

[0035] O órgão canalizador 44 tem em seção uma forma substancialmente em U e se estende em parte no interior da luva 30 para poder verter o óleo recuperado dentro da cavidade interna 34 da luva. A cavidade 34 é delimitada pela junta de nível (barragem 38) e pela junta de estanqueidade precitada (junta 36 na figura 2) que é aqui levada pela árvore e que não está, portanto, representada. Essa junta de estanqueidade é destinada a cooperar com uma superfície cilíndrica interna da luva 30.

[0036] A parte de extremidade da luva 30 que compreende as caneluras 26 é guiada por um outro mancal 60 e é por outro lado circundada por uma junta de estanqueidade 62 dinâmica, o mancal 60 e a junta 62 sendo montadas em uma parede cilíndrica 64 do cárter 14.

[0037] A luva 30 é por outro lado solidária de uma roda 66 de dentado externo de modo a formar um pinhão.

[0038] O flange 42 das figuras 3 e 4 pode ser realizado por fundição, por exemplo, ou ainda por usinagem.

[0039] Como está esquematicamente representado pela flecha 46 na figura 3, o óleo que é projetado ou é derramado em funcionamento sobre a parede coletora 48 escoa até a abertura 56 e penetra na parede cilíndrica 54 para ser recolhido dentro das calhas 50 que encaminha esse óleo até o órgão canalizador 44. Esse óleo escoa em seguida dentro da cavidade interna 34 da luva 30 tendo em vista a lubrificação das caneluras 26 assim como daquelas da árvore de equipamento correspondente. Devido ao fato de que o órgão canalizador 44 atravessa o plano transversal no qual se estende a junta de nível (barragem anular 38), o óleo que escoa por gravidade na extremidade livre desse órgão canalizador cai necessariamente dentro da cavidade interna 34 da luva 30.

[0040] Está assim assegurada uma renovação contínua do óleo contido dentro da cavidade interna 34. De fato, por ocasião do funcionamento da turbomáquina, qualquer espaço anular da cavidade interna 34 se enche de óleo sob o efeito da força centrífuga devida à rotação da luva 30. O óleo que escoa dentro da luva 30 a partir do órgão canalizador 44 se mistura com o óleo da cavidade interna 34. O excedente de óleo dentro da cavidade interna 34 transborda por cima da junta de nível 38 para retornar para dentro do cárter, e mesmo também para participar na lubrificação do mancal 52.

[0041] O órgão canalizador 44 é disposto vantajosamente para se estender substancialmente na horizontal uma vez que a caixa de acessórios está instalada na turbomáquina, ou para formar uma ligeira inclinação em relação à horizontal na maior parte das atitudes de voo de modo a favorecer o escoamento do óleo por gravidade. O escoamento do óleo dentro da cavidade interna 34 não é assim interrompido, com exceção por ocasião das atitudes de voo excepcionais e de curtas durações. Poderá ser previsto, por exemplo, que a abertura da luva 30 no lado da junta de nível 38 seja orientada na direção da parte da frente da aeronave, de tal modo para que durante o voo o escoamento do óleo dentro da cavidade interna 34 a partir do órgão canalizador 44 possa ser interrompido unicamente por ocasião de uma eventual fase de voo em grande inclinação para baixo (notadamente em caso de aceleração a pique).

[0042] Por outro lado, a junta de nível 38 possui vantajosamente uma altura radial suficiente para que na paralisação da turbomáquina, quer dizer quando os elementos giratórios da caixa de acessórios não estão mais em rotação, uma parte das caneluras da luva e da árvore mergulhe dentro do óleo retido na parte de baixo da cavidade interna 34. Na recolocação em funcionamento da turbomáquina, a totalidade das caneluras se encontra rapidamente lubrificada por esse óleo retido.

Claims

1. Caixa de engrenagens (10) de turbomáquina de aeronave, que compreende um cárter (14) que define um recinto de alojamento de elementos giratórios lubrificados com óleo, e pelo menos uma luva tubular (30) acoplada aos elementos giratórios e configurada para acionar em rotação uma árvore (18), essa luva compreendendo caneluras (26) configuradas para cooperar com caneluras complementares (24) da dita árvore, a caixa compreendendo adicionalmente meios (42, 44, 48, 50) de recuperação de óleo de lubrificação dos elementos giratórios e de encaminhamento por escoamento do óleo recuperado até as caneluras tendo em vista a lubrificação das mesmas, os ditos meios de recuperação e de encaminhamento (42, 44, 48, 50) compreendendo pelo menos uma parede interna (48) coletora de óleo do dito cárter (14), a caixa de engrenagens sendo configurada para fazer escorrer óleo sobre a dita pelo menos uma parede interna coletora por ocasião do funcionamento da turbomáquina, caracterizada pelo fato de que os ditos meios de recuperação e de encaminhamento (42, 44, 48, 50) compreendem um órgão canalizador (44) que se estende pelo menos em parte no interior da dita luva (30), e pelo menos uma calha (50) configurada para encaminhar o óleo que escorre sobre a dita pelo menos uma parede interna coletora (48) até o órgão canalizador (44), na qual o dito órgão canalizador (44) e a dita pelo menos uma calha (50) são levados por ou formados com um flange (42) do cárter, esse flange definindo a dita pelo menos uma parede interna coletora (48) e servindo de suporte para um mancal (52) de rolamento da luva (30), o flange (42) compreendendo pelo menos uma abertura radial (56) que permite que o óleo que escorre sobre a dita parede interna coletora (48) atinja o dito órgão canalizador (44).

2. Caixa de engrenagens (10) de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pelo fato de que o flange (42) apresenta uma parte plana e uma parte cilíndrica (54) vazada que se estende substancialmente perpendicularmente à parte plana e que sustenta o mancal de rolamento (52), o dito órgão canalizador (44) se estendendo no interior da parte cilíndrica a partir da parte plana, e a dita pelo menos uma abertura radial (56) sendo disposta na parte cilíndrica na junção com a parte plana de modo que óleo de escoamento passe através da dita pelo menos uma abertura radial para ser coletado dentro da dita pelo menos uma calha (50).

3. Caixa de engrenagens (10) de acordo com a reivindicação 1 ou 2, caracterizada pelo fato de que as ditas caneluras (26) se estendem em uma cavidade anular longitudinal (34) da luva (30) que é delimitada em uma extremidade longitudinal por uma junta anular (36) configurada para cooperar com a dita árvore (18), e em uma extremidade longitudinal oposta por uma barragem anular (38) formada de preferência por uma junta de nível da qual a periferia externa define um nível de óleo máximo na dita cavidade anular (34).

4. Caixa de engrenagens (10) de acordo com a reivindicação 3, caracterizada pelo fato de que a dita barragem anular (38) se estende em um plano transversal (P) que é atravessado pelos meios de recuperação e de encaminhamento (42, 44, 48, 50).

5. Caixa de engrenagens (10) de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizada pelo fato de que o dito flange compreende duas calhas que formam juntas um V com um ângulo da ordem de 120-160°.

6. Caixa de engrenagens (10) de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 5, caracterizada pelo fato de que a ou cada calha tem em seção uma forma substancialmente em U.

7. Caixa de engrenagens (10) de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 6, caracterizada pelo fato de que a ou cada calha se estende substancialmente radialmente em relação ao eixo da dita parte cilíndrica do flange.

8. Caixa de engrenagens (10) de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizada pelo fato de que a ou cada calha está situada em um espaço axial que se estende entre a dita parte plana do flange e uma extremidade da luva guiada pelo dito mancal.

9. Caixa de engrenagens (10) de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 8, caracterizada pelo fato de que o órgão canalizador tem em seção uma forma substancialmente em U.

10. Turbomáquina de aeronave, tal como um turborreator ou um turbopropulsor de avião ou de helicóptero, caracterizada pelo fato de que compreende pelo menos uma caixa de engrenagens (10) conforme definida em qualquer uma das reivindicações 1 a 9.