BR102022023603A2 - Uso e composição farmacêutica de um produto semi-sólido a base do ácido alfa-lipóico para cicatrização de feridas cutâneas - Google Patents

Uso e composição farmacêutica de um produto semi-sólido a base do ácido alfa-lipóico para cicatrização de feridas cutâneas Download PDF

Info

Publication number
BR102022023603A2
BR102022023603A2 BR102022023603-8A BR102022023603A BR102022023603A2 BR 102022023603 A2 BR102022023603 A2 BR 102022023603A2 BR 102022023603 A BR102022023603 A BR 102022023603A BR 102022023603 A2 BR102022023603 A2 BR 102022023603A2
Authority
BR
Brazil
Prior art keywords
treatment
alpha
animals
lipoic acid
ala
Prior art date
Application number
BR102022023603-8A
Other languages
English (en)
Inventor
Silvânia Maria Mendes Vasconcelos Patrocínio
Caren Nádia Soares De Sousa
Gabriel Angelo De Aquino
Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal
Leticia Regia Lima Cavalcante
Manuel Alves Dos Santos Júnior
Talita Magalhães Rocha
Talysson Silva De Almeida
Original Assignee
Universidade Federal Do Ceará
Filing date
Publication date
Application filed by Universidade Federal Do Ceará filed Critical Universidade Federal Do Ceará
Publication of BR102022023603A2 publication Critical patent/BR102022023603A2/pt

Links

Classifications

    • AHUMAN NECESSITIES
    • A61MEDICAL OR VETERINARY SCIENCE; HYGIENE
    • A61KPREPARATIONS FOR MEDICAL, DENTAL OR TOILETRY PURPOSES
    • A61K47/00Medicinal preparations characterised by the non-active ingredients used, e.g. carriers or inert additives; Targeting or modifying agents chemically bound to the active ingredient
    • A61K47/30Macromolecular organic or inorganic compounds, e.g. inorganic polyphosphates
    • A61K47/32Macromolecular compounds obtained by reactions only involving carbon-to-carbon unsaturated bonds, e.g. carbomers, poly(meth)acrylates, or polyvinyl pyrrolidone
    • AHUMAN NECESSITIES
    • A61MEDICAL OR VETERINARY SCIENCE; HYGIENE
    • A61PSPECIFIC THERAPEUTIC ACTIVITY OF CHEMICAL COMPOUNDS OR MEDICINAL PREPARATIONS
    • A61P17/00Drugs for dermatological disorders
    • A61P17/02Drugs for dermatological disorders for treating wounds, ulcers, burns, scars, keloids, or the like

Abstract

A presente invenção refere-se à aplicação de uma formulação semi-sólida a base de ácido alfa-lipóico para uso em estágios iniciais do processo cicatricial de lesões por pressão (escaras) através da regulação do processo inflamatório. A aplicação tópica do creme de ALA melhorou a cicatrização da lesão por pressão. O creme a base de ALA torna-se promissor por conter excipientes de baixo custo, tornando seu acesso facilitado, além de seu efeito ser semelhante ou até mesmo superior quando comparado a produtos já utilizados na clínica no tratamento de feridas, como o hidrogel com alginato.

Description

Campo da invenção
[01] A patente de invenção refere-se a composição farmacêutica a base de ácido alfa-lipóico (ALA), com aplicação na cicatrização de feridas cutâneas, apresentando atividade antioxidante e anti-inflamatória. Sua utilização visa acelerar o processo de cicatrização dos mais variados tipos de estágios que esse tipo de lesão pode apresentar. A presente invenção situa-se no campo da biotecnologia, mais especificamente para uso humano e animal.
Fundamentos da invenção
[02] A cicatrização é um processo dinâmico e complexo, de limites não muito distintos, mas sobrepostos no tempo, envolvendo interações entre matriz extracelular, mecanismos celulares e moleculares. Os eventos da cicatrização iniciam-se imediatamente após o dano e são divididos em 3 fases: inflamatória; formação do tecido de granulação, com deposição de matriz extracelular (colágeno, elastina e fibras reticulares); e a remodelação, fase mais tardia. É um evento relacionado a uma intensa comunicação de diversos fatores que interagem entre si para que ocorra uma evolução de forma eficiente. A aplicação de agentes antioxidantes ou mesmo anti-inflamatórios como cicatrizante tem se tomado como base para a recuperação de lesões.
[03] Abordagens inerentes ao tratamento de lesões por pressão, utilizam os curativos para controle de umidade, absorção de exsudato ou desbridamento autolítico. Além disso, como a maioria das feridas tem o potencial de se tornar infectada, muitos curativos para feridas contém agentes antimicrobianos, como prata ou iodo, para criar uma barreira aos microrganismos ou reduzir a carga microbiana. Esses tratamentos são usados mais para gerenciar o ambiente da ferida e o equilíbrio de umidade do que promover ativamente a cicatrização da ferida.
[04] Os eventos inflamatórios e a liberação oportuna de espécies reativas de oxigênio (EROs) são cruciais para o reparo normal e homeostase da ferida e, juntamente com enzimas proteolíticas e outras enzimas citotóxicas, servem para a morte de microrganismos que possam a vir estar presentes e prevenir a infecção da ferida. No entanto, devido a outros meios regulatórios, como nutrição do paciente, comorbidades (tabagismo, diabetes) ou má circulação sanguínea devido ao Petição 870220107402, de 21/11/2022, pág. 8/27 posicionamento do paciente, a fase inflamatória pode se estender além do necessário, resultando na criação de excesso de EROs que realmente danificam o tecido circundante, incluindo tecidos saudáveis, como o de granulação que é crucial a cicatrização. O excesso de EROs, também conhecido como "radicais livres", pode ser prejudicial ao tecido porque também danifica células e componentes da matriz extracelular, como o colágeno. Adicionalmente, as EROs podem atuar como moléculas sinalizadoras para recrutar metaloproteases de matriz (MMPs) e outras proteases para o local da ferida, exacerbando a degradação dos componentes da Matriz Extracelular (MEC). Essas proteases apresentam grande importância em processos básicos das células, principalmente em mecanismos fisiológicos. Níveis endógenos normais de MMPs são essenciais para a remodelação do tecido durante o processo de cicatrização de feridas. No entanto, em excesso, eles continuamente quebram o novo tecido que é formado. Isso leva a uma ferida que não cicatriza eficientemente em tempo hábil ou fica estagnada. Níveis excessivos de EROs e MMPs criam um estado sustentado de inflamação, impedindo assim a progressão da cicatrização normal de feridas.
[05] O ALA tem se mostrado promissor em seu uso tópico, pela sua capacidade de cicatrização de feridas devido a atividade antioxidante e anti-inflamatória. O Ácido alfa-lipóico, também conhecido como ácido 1,2-ditiolano-3-pentanóico ou ácido tióctico é um potente antioxidante natural porque promove a remoção de radicais livres e ainda aumenta os níveis de outros antioxidantes, aliado em seu efeito anti-inflamatório observado na regulação de citocinas inflamatórias. A aplicação tópica de antioxidantes em uma ferida pode reduzir a produção de EROs, posteriormente melhorando a cicatrização.
[06] O ALA, é um ácido graxo de 8 carbonos contendo um anel tiolato com uma ponte dissulfeto entre os carbonos 6 e 8. Em sua forma lipoamida, ele funciona como um cofator para o complexo multienzimático que catalisa a descarboxilação oxidativa de a-cetoácidos como o piruvato, α-cetoglutarato e α-cetoácidos de cadeia ramificada na mitocôndria. É sintetizado por animais e humanos, contudo, a rota enzimática completa responsável pela síntese ainda não foi elucidada.
[07] Descrito como um potente antioxidante, o ALA possui promissoras aplicações terapêuticas. Já é amplamente utilizado na prática clínica em diferentes formulações farmacêuticas e tem o seu uso como suplementação oral bem estabelecido na prevenção de várias condições e doenças crônicas associadas com o estresse oxidativo, como o envelhecimento, o diabetes e a doenças cardiovasculares, mas também tem sido muito utilizado na linha de dermocosméticos de cuidado com a pele em forma de creme. Mais recentemente, foi descrito como um possível cicatrizante de lesões de pele agudas ou crônicas.
[08] O ALA apresenta um alto nível de tolerância, sendo isento de efeitos adversos, de acordo com a literatura. A suplementação é bem documentada em muitos estudos in vitro, com modelos animais e humanos, estima-se que os seres humanos toleram altas concentrações de ALA administrados oralmente sem efeitos adversos, sendo um produto com um bom grau de segurança. Estudos anteriores avaliaram a toxicidade e carcinogenicidade do ALA em ratos suplementados durante dois anos com doses de 20 a 180 mg/Kg/dia. Mesmo no grupo que ingeriu 180 mg/Kg, a substância não apresentou potencial carcinogênico ou toxicidade em nenhum dos órgãos avaliados, entre eles: coração, fígado, baço, rins, tireoide e cérebro.
[09] Para seres humanos, ensaios clínicos foram realizados para avaliar os efeitos adversos do ALA à saúde dos participantes. No estudo Alpha-Lipoic Acid in Diabetic Neuropathy (ALADIN I, II e III) foi utilizado a suplementação de até 2400 mg/dia do ALA e não foram relatados efeitos adversos em comparação ao placebo. O ALA também foi administrado por via intravenosa em doses de 600 mg/dia, durante três semanas, sem evidências de efeitos secundários graves. As doses orais de 1800 mg do ALA, por 6 meses, também não provocam efeitos adversos significativos em comparação com placebo.
[10] Para a escolha de uma cobertura adequada a ser utilizada em uma lesão de pele, deve-se levar em consideração a fase de cicatrização em que a lesão se encontra, assim como o estado global da lesão, levando em conta o tipo de tecido, a quantidade de exsudato, localização e a pele adjacente. Existe uma diversidade de coberturas no mercado e com variadas indicações dentro do processo cicatricial, elas podem ser categorizadas por função e devido a capacidade de muitos de exercerem mais de uma função, são agrupadas com base no seu principal objetivo, como o de absorção de exsudato, o de desbridamento, o de hidratação, os antimicrobianos e outros que não se encaixam em nenhuma das classificações anteriores.
Busca de anterioridade
[11] Pedidos de patentes de invenção que utilizaram esse composto com objetivos diferentes ou processos diferentes dos quais são apresentados aqui podem ser encontrados em pesquisas online.
[12] Como o pedido de patente US 5965618A, que possui um processo para obtenção de composições tópicas para o tratamento de tecido cicatricial, particularmente cicatrizes hipertróficas ou atróficas, quelóides e estrias.Conforme o documento da patente, o termo "ácido lipoico" abrange Petição 870220107402, de 21/11/20,22, pág. 10/27 , o ácido tióctico (ácido 1,2-ditiolano-3-pentanóico; 1,2-ditiolano-3-ácido valérico). As composições e métodos do registro compreendem a aplicação tópica nas cicatrizes uma quantidade eficaz de ácido lipóico, seus derivados ou suas misturas. Essa aplicação ocorre através de um transportador dermatologicamente aceitável e os outros métodos utilizam uma folha de gel de silicone com o ácido lipóico ou o seu derivado adicionado que é aplicado no tecido cicatricial. Este documento difere da presente invenção em sua formulação farmacêutica, por ser um produto semi-sólido com concentração diferente do ingrediente ativo e na indicação e objetivo de uso, pois a formulação semi-sólida foi utilizada na fase inicial do processo de cicatrização, quando a ferida ainda está aberta,com o objetivo de favorecer a granulação e a epitelização das lesões por pressão (escaras) isto modifica a indicação de uso e a composição final do produto, diferente da patente US 5965618A, que tem o objetivo de uso na fase final do processo cicatricial, ou seja, na remodelação das cicatrizes cutâneas já formadas.
[13] Outro pedido de patente US 10786595B2 que se refere a um processo de obtenção de sistemas de tratamento médico e, mais particularmente, curativos e métodos médicos (SCAFFOLD) compreendendo o ácido alfa-lipóico e seus sais e derivados farmaceuticamente aceitáveis, opcionalmente, gel, para a preparação e composição aplicada a um substrato para tratamento ou profilaxia de feridas crônicas. Este documento difere da presente invenção em sua formulação farmacêutica e apresentação do produto, por ser um produto semi-sólido com concentração diferente do ingrediente ativo, utilizamos a formulação sem a adição ou preparações de géis, modificando assim a composição final do produto.
[14] A principal diferença do objeto da presente invenção para os demais é que a sua formulação semi-sólida apresenta custos baixos, além do fato de que seu composto primário trata-se de um produto já utilizado na clínica e esse é desprovido de efeitos adversos mensuráveis com uma capacidade de agregar atividades anti-inflamatória e antioxidante em sua ação. A presente invenção tem por objetivo oferecer uma opção terapêutica eficaz e segura, que possa garantir o tratamento de lesões por pressão. Breve descrição dos desenhos A Figura 1 apresenta a estrutura química do ácido lipóico (ALA). A Figura 2 apresenta os resultados das alterações na atividade de mieloperoxidase nas áreas de feridas de camundongos do modelo de lesão por pressão. Os animais foram submetidos a indução Petição 870220107402 teãOPWres sãO7do 1° a0 4° dia. D° 5° ao 9° dia do protocolo os animais foram submetidos aos esquemas de tratamento (CONTROLE: animais sem a indução da lesão; SHAM: animais com lesão sem tratamento; HIDROGEL COM ALGINATO: animais com lesão e foram tratados com uma cobertura já utilizado na clínica, sendo um uma base de hidrogel com alginato; CREME BASE: animais com lesão que foram tratados com o creme base; ALA: animais com lesão que foram tratados com o creme com ALA 5%) e avaliados com 1 e 5 dias de tratamento, foram eutanasiados e tiveram a área da ferida coletada. Cada coluna representa a significância ± SEM (n = 9 - 10 animais/grupo). **P < 0,01 e ****P < 0,0001, de acordo com two-way ANOVA seguido do teste de Tukey para múltiplas comparações. Abreviações: ALA - ácido alfa-lipóico; DT - Dia (s) de tratamento. A Figura 3 ilustra as alterações nas concentrações de TNF-α nas áreas de feridas de camundongos do modelo de lesão por pressão. Os animais foram submetidos a indução da lesão por pressão do 1° ao 4° dia. Do 5° ao 9° dia do protocolo os animais foram submetidos aos esquemas de tratamento (CONTROLE: animais sem a indução da lesão; SHAM: animais com lesão sem tratamento; HIDROGEL COM ALGINATO: animais com lesão e foram tratados com uma cobertura já utilizado na clínica, sendo um uma base de hidrogel com alginato; CREME BASE: animais com lesão que foram tratados com o creme base; ALA: animais com lesão que foram tratados com o creme com ALA 5%), foram eutanasiados e tiveram a área da ferida coletada. Cada coluna representa a significância ± SEM (n = 7-8 animais/grupo). *P < 0,05, **** P < 0,0001 e # P < 0,05 quando comparado ao SHAM, de acordo com one-way ANOVA seguido do teste de Tukey para múltiplas comparações. Abreviações: ALA - ácido alfa-lipóico. A Figura 4 apresenta os efeitos dos tratamentos tópicos da lesão por pressão sobre a área da ferida em cm2. Os animais foram submetidos a indução da lesão por pressão do 1° ao 4° dia. Do 5° ao 9° dia do protocolo os animais foram submetidos aos esquemas de tratamento (CONTROLE: animais sem a indução da lesão; SHAM: animais com lesão sem tratamento; HIDROGEL COM ALGINATO: animais com lesão e foram tratados com uma cobertura já utilizado na clínica, sendo um uma base de hidrogel com alginato; CREME BASE: animais com lesão que foram tratados com o creme base; ALA: animais com lesão que foram tratados com o creme com ALA 5%) e depois tiveram a área da ferida fotografada para mensuração no software ImageJ. Cada coluna representa a significância ± SEM (n = 18 - 20 feridas/grupo). **** P < 0,0001, de acordo com two-way ANOVA seguido do teste de Tukey para múltiplas comparações. Abreviações: ALA - ácido alfa- lipóico; DT - Dia (s) de tratamento. A Figura 5 apresenta os efeitos dos tratamentos tópicos da lesão por pressão sobre a percentagem de contração da ferida.Os animais foram submetidos a indução da lesão por pressão do 1° ao 4° dia. Petição 870220107402, de 21/11/2022, pág. 12/27 Do 5° ao 9° dia do protocolo os animais foram submetidos aos esquemas de tratamento (SHAM: animais com lesão sem tratamento; HIDROGEL COM ALGINATO: animais com lesão e foram tratados com uma cobertura já utilizado na clínica, sendo um uma base de hidrogel com alginato; CREME BASE: animais com lesão que foram tratados com o creme base; ALA: animais com lesão que foram tratados com o creme com ALA 5%) e depois tiveram a área da ferida fotografada. Cada coluna representa a significância ± SEM (n = 18 - 20 feridas/grupo). **** P < 0,0001 quando comparado ao ALA e # P < 0,0001 quando comparado ao SHAM, de acordo com two-way ANOVA seguido do teste de Tukey para múltiplas comparações. Abreviações: ALA - ácido alfa-lipóico; DT - Dia (s) de tratamento. A Figura 6 ilustra com fotografias do efeito dos tratamentos sobre a cicatrização em diferentes dias no modelo experimental de lesão por pressão.Os animais foram submetidos a indução da lesão por pressão do 1° ao 4° dia. Do 5° ao 9° dia do protocolo os animais foram submetidos aos esquemas de tratamento (CONTROLE: animais sem a indução da lesão; SHAM: animais com lesão sem tratamento; HIDROGEL COM ALGINATO: animais com lesão e foram tratados com uma cobertura já utilizado na clínica, sendo um uma base de hidrogel com alginato; CREME BASE: animais com lesão que foram tratados com o creme base; ALA: animais com lesão que foram tratados com o creme com ALA 5%) e depois tiveram a área da ferida fotografada. DT - Dia de Tratamento. A Figura 7 apresenta os efeitos dos tratamentos tópicos sobre os escores histopatológicos de infiltrado inflamatório de feridas no modelo experimental de lesão por pressão.Os animais foram submetidos a indução da lesão por pressão do 1° ao 4° dia. Do 5° ao 9° dia do protocolo os animais foram submetidos aos esquemas de tratamento (CONTROLE: animais sem a indução da lesão; SHAM: animais com lesão sem tratamento; HIDROGEL COM ALGINATO: animais com lesão e foram tratados com uma cobertura já utilizado na clínica, sendo um uma base de hidrogel com alginato; CREME BASE: animais com lesão que foram tratados com o creme base; ALA: animais com lesão que foram tratados com o creme com ALA 5%), foram eutanasiados e tiveram a área da ferida coletada para análise do escore inflamatório. Cada coluna representa a significância ± SEM (n = 8 - 10 feridas/grupo). * P < 0,05, ** P < 0,01, *** P < 0,001 e **** P < 0,0001, de acordo com one-way ANOVA seguido do teste de Tukey para múltiplas comparações. Abreviações: ALA - ácido alfa-lipóico; DT - Dia (s) de tratamento. A Figura 8 apresenta os efeitos dos tratamentos tópicos sobre os scores histopatológicos de proliferação vascular de feridas no modelo experimental de lesão por pressão. Os animais foram submetidos a indução da lesão por pressão do 1° ao 4° dia. Do 5° ao 9° dia do protocolo os animais Petição 870220107402, de 21/11/2022, pág. 13/27 foram submetidos aos esquemas de tratamento (CONTROLE: animais sem a indução da lesão; SHAM: animais com lesão sem tratamento; HIDROGEL COM ALGINATO: animais com lesão e foram tratados com uma cobertura já utilizado na clínica, sendo um uma base de hidrogel com alginato; CREME BASE: animais com lesão que foram tratados com o creme base; ALA: animais com lesão que foram tratados com o creme com ALA 5%), foram eutanasiados e tiveram a área da ferida coletada para análise da proliferação vascular. Cada coluna representa a significância ± SEM (n = 8 - 10 feridas/grupo). * P < 0,05, ** P < 0,01, *** P < 0,001 e **** P < 0,0001, de acordo com one-way ANOVA seguido do teste de Tukey para múltiplas comparações. Abreviações: ALA - ácido alfa-lipóico; DT - Dia (s) de tratamento. A Figura 9 ilustra com fotomicrografias de cortes histológicos da ferida de camundongos submetidos ao modelo de lesão por pressão e seus tratamentos.Os animais foram submetidos à indução da lesão por pressão do 1° ao 4° dia. Do 5° ao 9° dia do protocolo os animais foram submetidos aos esquemas de tratamento. Pele íntegra dos animais que não tiveram a indução da lesão (A), animal com lesão sem tratamento (B), lesão tratada com hidrogel com alginato (C), lesão tratada com o creme base (D) e lesão tratada com o creme ALA 5% (E). Hematoxilina & Eosina - 80x e 800x. Todas as lâminas são de animais com 5 dias de tratamento.
Descrição da invenção
[15] A presente invenção descreve a composição farmacêutica e o uso da formulação semi- sólida a base de ácido alfa-lipóico (ALA), com aplicação nas fases iniciais da cicatrização de feridas do tipo lesão por pressão (escaras).
[16] A eficácia in vivo da composição em modelo experimental de lesão por pressão é demonstrada na presente invenção.
Descrição detalhada da invenção
[17] A formulação foi preparada a partir de três fases, a fase A contendo a base autoemulsionante não iônica, palmitato de isopropila, BHT e solução de parabenos foi aquecida até uma temperatura de aproximadamente 75 °C, assim como a fase B contendo solução de parabenos, glicerina, EDTA dissódico e água destilada. Após o aquecimento das fases, uma fase foi vertida sobre a outra e misturou-se em alta velocidade nos primeiros cinco minutos, depois a formulação foi mantida sob agitação moderada até resfriar (25 - 27 °C). Depois de resfriada, foi adicionada aos poucos à emulsão a fase C (ativo - ácido alfa-lipoico), e então homogeneizado (Tabela 1). Para adição do ativo, o ALA foi levigado em qs. de propilenoglicol (aproximadamente Petição 870220107402, de 21/11/2022, pág. 14/27 1 mL) com auxílio de gral e pistilo, e incorporado aos poucos no creme base. Tabela 1. Composição farmacêutica da formulação a base de ácido alfa-lipoico
Avaliação do potencial cicatrizante da formulação
[18] O potencial cicatrizante foi avaliado através de um protocolo de aplicação tópica de ácido alfa-lipóico em modelo animal de lesão por pressão. A lesão por pressão foi induzida utilizando dois ímãs que foram colocados na pele da região do dorso do animal, gerando uma pressão de 50 mmHg, onde um único ciclo de isquemia/reperfusão (I/R) é constituído por um período de 12 horas de posicionamento dos ímãs, seguido por liberação ou período de repouso de 12 horas. Para que as lesões obtivessem as características do tipo de lesão pensada para o estudo foram necessários 4 ciclos.
[19] A partir do 5° dia de protocolo, os grupos foram submetidos aos esquemas de tratamento (Grupo controle: animais sem a indução da lesão, tiveram apenas a aplicação do anestésico do primeiro ao quinto dia do protocolo e se mantiveram separados em diferentes caixas durante todo o protocolo; Grupo SHAM: animais que foram submetidos a indução da lesão, mas não receberam nenhum tratamento; Grupo Creme Base: animais que foram submetidos a indução da lesão e foram tratados por 5 dias com uma aplicação diária do creme base e filme de poliuretano como cobertura secundária da lesão; Grupo Creme ALA 5%: animais que foram submetidos a indução da lesão e foram tratados por 5 dias com uma aplicação diária de ALA e filme de poliuretano como cobertura secundária da lesão; Grupo Hidrogel com alginato: animais que foram submetidos a indução da lesão e foram tratados por 5 dias, os animais receberam tratamento com hidrogel e filme de poliuretano como cobertura secundária da lesão. Sendo o tratamento mais indicado para esse tipo de ferida.
[20] A eutanásia para a retirada da pele do dorso foi feita nos dias 1 e 5 de tratamento após seis horas da realização do curativo; foi realizado também o registro fotográfico e logo em seguida houve a retirada da área da lesão ou de cicatriz com uma margem de pele íntegra para a realização da avaliação histopatológica, cicatricial e inflamatória. Em cada animal esperou-se duas feridas. Foram utilizados camundongos Swiss machos com peso entre 25 - 30g, provenientes do Biotério do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (UFC). Os mesmos foram mantidos em ambiente com temperatura controlada (23 ± 1°C), com ciclo claro/escuro de doze horas recebendo água e comida à vontade. Nesta pesquisa foram respeitados todos os princípios éticos do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), que estão em conformidade com as normas internacionais de pesquisas científicas envolvendo animais. O projeto foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética em Uso de Animais (CEUA) do NPDM, sob o CEUA n° 3343020519. Os procedimentos foram conduzidos visando ao máximo a minimização de dor e menor desconforto possível.
[21] A análise estatística dos dados foi realizada através do software GraphPad Prism 8, San Diego Califórnia, EUA. Os resultados foram comparados através de Two-way ANOVA (atividade de MPO, área e contração da lesão) ou One-way ANOVA (citocinas e análise histopatológica) seguido pelo teste de Tukey (post hoc test) para comparações múltiplas para explorar as interações Petição 870220107402, de 21/11/2022, pág. 16/27 significativas e revelar as diferenças específicas entre os grupos. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas em p<0,05.
[22] Nos resultados de parâmetros inflamatórios foi visto que na avaliação da atividade da mieloperoxidase nas feridas, foi evidenciado um aumento da atividade dessa enzima quando comparado o grupo SHAM ao controle (P < 0,0001) no dia 5 de tratamento, e somente o tratamento com creme ALA 5% no dia 5 foi capaz de reduzir os efeitos associados ao SHAM (P <0,0001), vale ressaltar que também foi visto que o creme ALA 5% reduziu de forma expressiva a atividade de MPO quando comparado ao Creme base (P = 0,0059) do mesmo período de tratamento. Além disso é possível observar que houve um aumento da atividade dessa enzima quando comparado ao grupo SHAM e ao controle já no dia 1 de tratamento (P < 0,0001), mas os tratamentos desse período não foram capazes de mitigar os efeitos causados pelo SHAM.
[23] Outro parâmetro inflamatório investigado foi sobre a concentração de TNF-α na lesão, quanto a quantificação de TNF-α, foi evidenciado que os animais do grupo SHAM apresentam um aumento de TNF-α quando comparado a todos os grupos: controle, hidrogel com alginato, Creme Base e Creme ALA 5% (P < 0,0001). Vale destacar que o grupo ALA demonstrou uma menor concentração de TNF-α quando comparado ao Creme base (P= 0,0108).
[24] Na avaliação do efeito dos tratamentos tópicos (creme ALA 5%, creme base e hidrogel com alginato) sobre a lesão por pressão e o processo cicatricial, foram quantificados parâmetros macroscópicos (área e porcentagem de contração da ferida) e parâmetros histopatológicos (infiltrado inflamatório e proliferação vascular). Quanto ao tamanho da área da ferida com 1 dia de tratamento foi visto que os parâmetros foram bem homogêneos, sem diferenças significativas entre os tratamentos. Já no dia 5 de tratamento o Creme ALA 5% mostrou o melhor desempenho na redução da área de ferida em relação ao SHAM (P < 0,0001), assim como quando comparado ao Hidrogel com alginato (P < 0,0001) e ao Creme base (P <0,0001), e não houve diferença significativa entre os outros tratamentos e o SHAM. E sobre a porcentagem de contração da ferida foi observado resultado semelhante, onde o Creme ALA mostrou melhor desempenho na contração da ferida quando comparado ao grupo SHAM (P <0,0001), mas também foi visto que os outros dois tratamentos, hidrogel com alginato e Creme base, também apresentaram um bom percentual de redução quando comparado ao grupo SHAM (P <0,0001). valiação histopatológica da lesão no aspecto de quantificação de infiltrado inflamatório, os animais do grupo SHAM do dia 5 de tratamento apresenta um aumento do escore quando comparado ao SHAM de 1 dia de tratamento (P<0,0001) e ao controle (P<0,0001) no dia 5 de tratamento. Vale apontar que o creme ALA foi o único tratamento capaz de reduzir esse efeito após 5 dias de tratamento (P= 0,0121), ainda sobre as diferenças significativas entre os tratamentos, foi observado que o creme ALA demonstrou redução significativa quando comparado ao creme base (P= 0,0025), não houve outras diferenças significativas no tratamento de 5 dias. Já na avaliação do escore de proliferação vascular, foi visto que após 5 dias de tratamento apenas o creme ALA foi capaz de estimular a proliferação vascular quando comparado ao grupo SHAM (P= 0,0121), e quanto às diferenças entre os tratamentos, o creme ALA comparado ao creme base (P= 0,0002) e ao Hidrogel com Alginato (P=. <0,0001) apresentou um maior escore de proliferação vascular.

Claims (5)

1. USO E COMPOSIÇÃO FARMACÊUTICA A BASE ÁCIDO ALFA-LIPÓICO NO TRATAMENTO DE FERIDAS, caracterizado por ser uma formulação semi-sólida, tendo como excipientes inerte farmacêuticos e farmacologicamente aceitáveis, 8% de base autoemulsionante não iônica, 5% de palmitato de isopropila, 0,06% de BHT, 0,24% de solução de parabenos, 5% de glicerina, 0,12% de EDTA dissódico e água destilada em quantidade suficiente para formar uma emulsão e então adicionado o insumo farmacêutico ativo, 5% de ácido alfa-lipóico.
2. USO E COMPOSIÇÃO FARMACÊUTICA A BASE ÁCIDO ALFA-LIPÓICO NO TRATAMENTO DE DE FERIDAS de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por um creme preparado com ação anti-inflamatória e cicatrizante.
3. USO E COMPOSIÇÃO FARMACÊUTICA A BASE ÁCIDO ALFA-LIPÓICO NO TRATAMENTO DE DE FERIDAS de acordo com as reivindicações 1 e 2, caracterizado por reduzir a migração neutrofílica e os níveis de citocina pró-inflamatória nas áreas de feridas.
4. USO E COMPOSIÇÃO FARMACÊUTICA A BASE ÁCIDO ALFA-LIPÓICO NO TRATAMENTO DE DE FERIDAS de acordo com as reivindicações 1 e 2, caracterizado por reduzir o tamanho em cm2e aumentar a porcentagem de contração da ferida.
5. USO E COMPOSIÇÃO FARMACÊUTICA A BASE ÁCIDO ALFA-LIPÓICO NO TRATAMENTO DE DE FERIDAS de acordo com as reivindicações 1 e 2, caracterizado por aumentar a proliferação vascular e diminuir o infiltrado inflamatório através de escores histopatológicos nas áreas de feridas.
BR102022023603-8A 2022-11-21 Uso e composição farmacêutica de um produto semi-sólido a base do ácido alfa-lipóico para cicatrização de feridas cutâneas BR102022023603A2 (pt)

Publications (1)

Publication Number Publication Date
BR102022023603A2 true BR102022023603A2 (pt) 2024-06-04

Family

ID=

Similar Documents

Publication Publication Date Title
AU2020286177A1 (en) Methods of treating or ameliorating diseases and enhancing performance comprising the use of a magnetic dipole stabilized solution
JP4352114B2 (ja) 有益な効果を奏するアルギニンの投薬
EP1425381B1 (en) Emu-based formulations for wound treatment related application information
US5378461A (en) Composition for the topical treatment of skin damage
CA1226224A (en) Dermatological preparation containing asa
CN105142728B (zh) 用于治疗表面创伤的组合物和方法
BRPI0309061B1 (pt) Topical pharmaceutical composition understanding pro-antocyanidines, glycyrethinic acid and telmestein for treatment of inflammatory skin and mucosus conditions and use of the same
BRPI0318498B1 (pt) composições terapêuticas à base de porifera para o tratamento e a prevenção de doenças da pele
PT789584E (pt) Aplicacao de superoxido-dismutase (sod) em liposomas
AU2002324481A1 (en) Emu-based formulations for wound treatment related application information
ES2244625T3 (es) Uso de derivados de biguanida para la fabricacion de un medicamento con efecto cicatrizante.
JP2001526663A (ja) ピルビン酸塩の医療的使用
ES2340363T3 (es) Metodo y composicion para el tratamiento de la neuropatia diabetica.
ES2193003B1 (es) Uso dermatologico y preparacion dermatologica.
KR100673044B1 (ko) 경피 투여용 국소 조성물
US6391323B1 (en) Composition for the treatment of burns, sunburns, abrasions, ulcers and cutaneous irritation
JP2009513506A (ja) 神経皮膚炎の外用治療用医薬を製造するための極限環境細菌から得られたオスモライトの使用
TW201236677A (en) Composition for topical use for treating skin disorders
BR102022023603A2 (pt) Uso e composição farmacêutica de um produto semi-sólido a base do ácido alfa-lipóico para cicatrização de feridas cutâneas
KR20140104823A (ko) 당뇨병성 창상의 예방 또는 치료용 약학 조성물
US20190365735A1 (en) Compositions and methods for treating varicose veins
US20040131702A1 (en) Use of selenite or preparation containing selenite for treating wounds
Erkinjonovna ACEXAMIC ACID DERIVATIVES AND THEIR BIOCHEMICAL EFFECTS
RU2325900C2 (ru) Состав для кожи наружного применения
ES2463425T3 (es) Composiciones terapéuticas basadas en Spongilla para tratar y prevenir el acné