BR102017010076B1 - Látex de borracha natural hipoalergênico, protegido com polifenóis e isento de amônia, seu processo de obtenção e uso - Google Patents

Látex de borracha natural hipoalergênico, protegido com polifenóis e isento de amônia, seu processo de obtenção e uso Download PDF

Info

Publication number
BR102017010076B1
BR102017010076B1 BR102017010076-6A BR102017010076A BR102017010076B1 BR 102017010076 B1 BR102017010076 B1 BR 102017010076B1 BR 102017010076 A BR102017010076 A BR 102017010076A BR 102017010076 B1 BR102017010076 B1 BR 102017010076B1
Authority
BR
Brazil
Prior art keywords
latex
natural rubber
rubber latex
tannin
ammonia
Prior art date
Application number
BR102017010076-6A
Other languages
English (en)
Other versions
BR102017010076A2 (pt
Inventor
Floriano Pastore Junior
Leonardo Giordano Paterno
João Bosco Rodrigues Peres Júnior
Júlia Ornelas Kramer
Luiz Carlos Pimentel
Natalia Stefânia Gomes
Original Assignee
Fundação Universidade De Brasilia/Centro De Apoio Ao Desenvolvimento Tecnológico
Filing date
Publication date
Application filed by Fundação Universidade De Brasilia/Centro De Apoio Ao Desenvolvimento Tecnológico filed Critical Fundação Universidade De Brasilia/Centro De Apoio Ao Desenvolvimento Tecnológico
Priority to BR102017010076-6A priority Critical patent/BR102017010076B1/pt
Priority to PCT/BR2018/050153 priority patent/WO2018205003A1/pt
Priority to CN201880045911.2A priority patent/CN110892015A/zh
Publication of BR102017010076A2 publication Critical patent/BR102017010076A2/pt
Publication of BR102017010076B1 publication Critical patent/BR102017010076B1/pt

Links

Images

Classifications

    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C08ORGANIC MACROMOLECULAR COMPOUNDS; THEIR PREPARATION OR CHEMICAL WORKING-UP; COMPOSITIONS BASED THEREON
    • C08CTREATMENT OR CHEMICAL MODIFICATION OF RUBBERS
    • C08C1/00Treatment of rubber latex
    • C08C1/02Chemical or physical treatment of rubber latex before or during concentration
    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C08ORGANIC MACROMOLECULAR COMPOUNDS; THEIR PREPARATION OR CHEMICAL WORKING-UP; COMPOSITIONS BASED THEREON
    • C08CTREATMENT OR CHEMICAL MODIFICATION OF RUBBERS
    • C08C1/00Treatment of rubber latex
    • C08C1/02Chemical or physical treatment of rubber latex before or during concentration
    • C08C1/04Purifying; Deproteinising
    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C08ORGANIC MACROMOLECULAR COMPOUNDS; THEIR PREPARATION OR CHEMICAL WORKING-UP; COMPOSITIONS BASED THEREON
    • C08CTREATMENT OR CHEMICAL MODIFICATION OF RUBBERS
    • C08C19/00Chemical modification of rubber
    • C08C19/30Addition of a reagent which reacts with a hetero atom or a group containing hetero atoms of the macromolecule
    • CCHEMISTRY; METALLURGY
    • C08ORGANIC MACROMOLECULAR COMPOUNDS; THEIR PREPARATION OR CHEMICAL WORKING-UP; COMPOSITIONS BASED THEREON
    • C08CTREATMENT OR CHEMICAL MODIFICATION OF RUBBERS
    • C08C19/00Chemical modification of rubber
    • C08C19/30Addition of a reagent which reacts with a hetero atom or a group containing hetero atoms of the macromolecule
    • C08C19/34Addition of a reagent which reacts with a hetero atom or a group containing hetero atoms of the macromolecule reacting with oxygen or oxygen-containing groups

Abstract

A presente invenção consiste na utilização de polifenóis, como o tanino vegetal (TV), para preservar látex de borracha natural (LBN) provindo da seringueira Hevea brasiliensis L. contra degradação biológica, sem o uso convencional de amônia, proporcionando-lhe estabilidade para estoque e manuseio, como também ao uso de TV para bloquear as proteínas alergênicas existentes no látex, diminuindo ou eliminando a incidência de alergias aos produtos derivados do LBN. Existem algumas propostas tecnológicas para reduzir ou eliminar estas proteínas alergênicas, incluindo dupla centrifugação, tratamentos com ureia, com enzimas proteolíticas e com surfactantes. Estes tratamentos dificultam e/ou oneram o processamento do látex e não solucionam o problema da alergenicidade por completo. Já polifenóis como o tanino vegetal são amplamente utilizados na produção de couro, tendo função de bloquear as proteínas do colágeno da pele animal para evitar a sua degradação. Com o uso de polifenóis no tratamento de látex, a presente invenção proporciona a obtenção de um insumo de LBN que permite produção de produtos de finalidade médica hipoalergênicos, como luvas cirúrgicas, sondas e preservativos contraceptivos.

Description

CAMPO DA INVENÇÃO
[001] A presente invenção situa-se nos campos da saúde humana e da cadeia tecnológica do látex de borracha natural (LBN) da seringueira Hevea brasiliensis L. e refere-se ao uso de polifenóis para preservar o LBN contra a degradação biológica e a coagulação, proporcionando-lhe estabilidade para estoque e manuseio, sem a necessidade do uso de amônia, bem como para reduzir ou eliminar a ação das proteínas alergênicas presentes no LBN, permitindo o seu emprego industrial na produção de muitos artigos hipoalergênicos ou não alergênicos para uso em geral, e, em especial, na área de saúde.
ESTADO DA TÉCNICA
[002] Os primeiros registros sobre o látex e as características elásticas do material resultante da secagem do líquido exsudado da casca de árvores por nativos, foram feitos por Colombo em sua segunda viagem ao Novo Mundo em 1495 (MORAWETZ, H., RUBBER CHEM TECHNOL, 73(3): 405-426, 2000). Nos séculos seguintes foram feitos outros registros, ainda como curiosidade, por viajantes na Amazônia, berço genético da seringueira, depois descrita botanicamente e batizada por Hevea brasiliensis. Esta espécie, dentre as milhares que produzem látex, é a única que produz um elastômero de propriedades especiais e em quantidade de borracha, de cerca de 30% do líquido colhido, que permite a sua exploração econômica (VAN BEILEN, J. B., POIRIER Y., TRENDS BIOTECHNOL, 25(11): 522-529, 2007). A partir da metade do século 18, inicia-se a exploração da borracha, inicialmente para impermeabilização de tecido para fazer capas de chuva, depois para proteção de sapatos e, então, para outros inúmeros usos da borracha.
[003] Na metade do século 19, a descoberta da vulcanização por Charles Goodyear, processo que tornava o elastômero um material estável, no frio ou no calor, iniciou- se uma grande corrida pelo novo produto de propriedades elásticas especiais, que encontrou utilização em uma infinidade de empregos. O domínio de seu uso como pneu, por volta de 1870 viria a provocar uma nova e mais intensa corrida ao material (MORAWETZ, H., RUBBER CHEM TECHNOL, 73(3): 405-426, 2000; HURLEY, P. E., J MACROMOL SCI A, 15(7): 1279-1287, 1981). Entretanto, a produção já tinha dificuldade de atender a procura, pois a borracha era produzida a partir do estoque nativo da floresta, cada vez mais longe na floresta amazônica. A domesticação ocorreu no Sudeste Asiático, a partir de 70.000 sementes levadas do Pará por Henry Wickham, por interesse do Governo Britânico. O domínio da técnica de plantio permitiu a produção de borracha em seringais de cultivo que não pararam mais de se expandir para dar conta da crescente demanda.
[004] Até as últimas décadas do século 19, produtos tais como luvas e preservativos contraceptivos não existiam, o que proporcionava diversas dificuldades na época, como por exemplo, a proteção insatisfatória dos profissionais de saúde em cirurgias, em que se usava luvas de pano esterilizadas até os anos 1890. Naturalmente, tais artefatos têm elevada taxa de risco de infecção pela porosidade do material, entre outros fatores de risco (RESENDE, J. M., À sombra do plátano: crônicas de história da medicina. São Paulo: Editora Unifesp. 408p. 2009). Nas primeiras décadas do século 20, o látex centrifugado tornou-se disponível em larga escala para a produção de artefatos, permitindo o rápido desenvolvimento de muitos materiais de uso geral e de uso em saúde, em particular. Seguiu-se um longo período de várias décadas de intenso desenvolvimento de materiais feitos a partir do látex de borracha natural concentrado, de uso especialmente na área da saúde.
[005] Na Segunda Guerra Mundial, a borracha sintética SBR (Borracha de Estireno-Butadieno) foi desenvolvida e logo começou a ser utilizada substituindo a borracha natural (HURLEY, P. E., J MACROMOL SCI A, 15(7): 1279-1287, 1981). Mesmo assim, o material de origem vegetal não foi substituído por completo, sendo sua utilização fundamental em pneus radiais, por exemplo, pelas propriedades especiais que o elastômero natural possui (MOOIBROEK, H., CORNISH, K., APPL MICROBIOL BIOT, 53(4): 355-365, 2000).
[006] Além do elastômero, o LBN contém vários componentes orgânicos como proteínas, lipídios, fosfolipídios, carboidratos e carotenoides, normalmente passíveis de degradação microbiana (JACOB, J. L., et al. CLIN REV ALLERG IMMU, 11: 325, 1993). Isso faz com que o látex seja muito vulnerável à deterioração, o que gera ainda mais instabilidade no sistema coloidal que constitui o material natural, que acaba por colapsar espontaneamente.
[007] Forma-se, então, um coágulo sólido não utilizável na produção industrial de itens feitos a partir do látex, cuja tecnologia de produção exige que o material esteja em sua forma líquida, como é o caso da produção de milhares de artefatos, como preservativos contraceptivos de borracha (camisinhas), luvas cirúrgicas e de procedimento, sondas, tubos de látex, balões de festas, etc.
[008] Em decorrência dessa composição orgânica, faz-se necessário proteger biologicamente o LBN desde a sua produção no campo, passando pela usina de beneficiamento, até chegar à indústria.
[009] O látex de borracha natural, processado na forma líquida, em contraposição à borracha sólida, utilizada em pneus e tantos outros produtos, começou a ser utilizado quando se descobriu a forma de preservar o coloide natural, normalmente muito vulnerável à degradação biológica.
[010] A melhor solução de proteção desenvolvida consiste no uso do hidróxido de amônia, referido aqui simplesmente como amônia, que constitui o preservante universal para LBN, desde as primeiras décadas de produção do látex centrifugado e suas tecnologias industriais decorrentes, na primeira metade do século 20.
[011] Segundo BLACKLEY, D. C. (1997), a ammonia desempenha duas reconhecidas funções no látex: a primeira, por agregar cargas eletrônicas negativas às proteínas adjacentes às partículas de borracha, que, por força das cargas negativas, passam a se repelir mutuamente, fazendo com que o coloide fique mais estável e não sofra coagulação. Como segunda função, mas não menos importante, a amônia, nas concentrações em que é adicionada ao látex (entre 0,5 a 0,8% m/m) atua como bactericida muito eficaz, especialmente nas concentrações mais elevadas (BLACKLEY, D. C., Polymer Latices - Science and technology Volume 1: Fundamental principles. Netherlands: Springer, 1997).
[012] Dest a forma, a amônia é o produto por excelência utilizado, há mais de oitenta anos, na manutenção do líquido estável para ser transportado, concentrado por centrifugação e estabilizado para uso nas indústrias. A borracha nesta forma líquida, como látex industrial concentrado a 60%, de borracha, mostrou ser matéria-prima muito versátil e a inventividade humana desenvolveu milhares de usos diferentes em artefatos de espessuras delgadas ou de média espessura, empregando várias técnicas de coagulação do látex concentrado a 60% de borracha. A partir daí, uma grande quantidade destes artefatos foi desenvolvida para uso na área de saúde, sendo os mais notórios, as luvas cirúrgicas e de exame, os drenos, os cateteres, os contraceptivos masculinos e femininos e os campos cirúrgicos, dentre muitos outros. Se na utilização de borracha sólida, o uso da borracha sintética foi largamente viabilizado, no campo tecnológico do látex, esta substituição foi mais lenta e, mesmo hoje, produtos como as camisinhas, dentre outros, só podem ser fabricados com látex natural.
[013] Entretanto, esta história de inegável sucesso, de quase um século, encontra-se em ponto crucial e o uso de artefatos de látex na saúde está em cheque pela questão dos alergênicos presentes em sua composição. De fato, os primeiros registros de alergia ao látex surgiram nas décadas de 1980 e 90 (KELLET, P. B., J EMERG NURS, 23(1):27-36, 1997), e os relatos científicos e técnicos das alergias têm crescido alarmantemente e as estatísticas para os EUA registram que a alergia ao látex atinge 6% da população em geral e 15% dos profissionais de saúde, normalmente mais expostos ao contato com materiais de látex (AMR & BOLLINGER, 2004). Com preocupação acentuada sobre as alergias ao látex, o hospital John Hopkins, em Baltimore (EUA), onde se iniciou o uso de luvas finas de borracha em 1890, que logo evoluíram para as luvas de látex centrifugado, suspendeu o uso das luvas de LBN, por dermatite de contato causada por resposta alérgica ao látex apresentadas por seus profissionais de saúde (JOHN HOPKINS MEDICINE, 2017).
[014] Assim, não obstante sua eficácia e o seu baixo custo, a substituição da amônia como preservante do LBN tem sido tema de pesquisa recorrente, pelo menos nas últimas seis décadas (MCGAVACK, J., RUBBER CHEM TECHNOL, 32(5): 16601674, 1959; TARACHIWIN, L., et al., RUBBER CHEM TECHNOL, 76(5): 1177-1184, 2003; SANTIPANUSOPON, S., RIYAJAN, S., PHYSICS PROCEDIA, 2(1): 127-134, 2009), pela sua alta volatilidade e por ser um gás muito irritante, gerando problemas de saúde e desconforto laboral. Por estas razões, vem se pesquisando soluções que substituam a amônia, ou que permitam diminuir sua concentração, nos sistemas conhecidos como “baixo-amônia”, em concentrações de 0,2 a 0,4% m/m. No entanto, a função bactericida da amônia só é assegurada na sua alta dosagem, o que implica adicionar outro reagente que possa cumprir esta sua função bactericida (BLACKLEY, D. C., Polymer Latices - Science and technology Volume 1: Fundamental principles. Netherlands: Springer, 1997; JEWTRAGOON, P., Bottom Fraction Membrane: Involvements in Natural Rubber Latex Allergy. Tese de Doutorado. Prince of Songkla University, 2004). Outra desvantagem do uso da amônia é sua alta volatilidade, o que faz com que o látex, no manuseio normal de trabalho, vá perdendo a sua proteção, obrigando a uma permanente vigília do látex e a reposição do preservante conforme necessário, em condições subjetivas, o que pode levar a perda de produção.
[015] Os trabalhos de investigação científica e tecnológica para encontrar um bactericida ideal para coadjuvar a amônia na função de proteger o LBN têm sido desafiantes. O reagente químico que melhor desempenhou esta tarefa foi o pentaclorofenato de sódio, Cl5C6ONa (MURPHY, E. A., IND ENG CHEM RES, 5344(4): 756-762, 1952) que é altamente reativo e eficaz na preservação do látex, mas, no entanto, é cancerígeno, conhecido popularmente como “pó da china” (MENON, J. A., BR MED J, 1: 1156-1158, 1958), e proibido em muitos países, incluindo o Brasil (Ministério da Saúde, Portaria n. 11, de 08 de janeiro de 1998). Outros bactericidas já foram investigados e encontraram uso comercial, entre eles o bórax, conhecido também como tetraborato de sódio ou borato de sódio, (Na2B4O?-10H2O) (COOK, A. S., J RUBBER RES, 16(2): 65-86, 1960).
[016] As manifestações alérgicas decorrentes do uso de artigos de látex de borracha natural são resultantes da presença de proteínas alergênicas presentes naturalmente no látex e são bastante pesquisadas com muitas publicações e revisões na literatura especializada (TURJANMAA, K., REUNALA, T., CONTACT DERMATITIS, 20: 360-364, 1989; BUBAK, M. E., REED, C. E. MAYO CLIN PROC, 67(11): 1075-1079, 1992; SPINA, A. M., LEVINE, H. J., OR SURG OR MED OR PA, 87(1): 511, 1999; RANTA, P. M., OWNBY, D. R., CLIN INFECT DIS, 38 (2): 252-256, 2004), consolidando-se como objeto de saúde pública. Portanto, a eliminação ou atenuação dessas proteínas constitui tema de pesquisa bastante difundido (KAWAHARA, S., et al. POLYM ADVAN TECHNOL, 15: 181-184, 2004; KLINKLAI, W., J APPL POLYM SCI, 93: 555-559, 2004; GEORGE, K. M., J APPL POLYM SCI, 114: 3319-3324, 2009), desde que surgiram as primeiras manifestações do problema.
[017] Durante a biossíntese do látex, no contexto da complexa composição biológica do citoplasma das células lactíferas da seringueira, as proteínas desempenham funções fundamentais na biossíntese do elastômero e na proteção da árvore, dentre outras. Após a colheita do LBN, estas proteínas cessam sua função biológica original, mas continuam ativas e continuam reagindo como proteínas, incluindo as reações que desencadeiam os processos alérgicos.
[018] O látex in natura (LIN), após ser produzido no campo, pode ficar estocado no produtor, na usina de beneficiamento e na indústria de transformação. Na usina, ele é centrifugado para dobrar a concentração de borracha no látex. Ainda que essa operação elimine muitos componentes naturais do látex e impurezas da produção, várias proteínas permanecem no látex e continuam ativas, no sentido alergênico, mesmo após passar pelo processo produtivo industrial de artefatos como luvas cirúrgicas, preservativos, sondas hospitalares, dentre outros, desencadeando os processos alérgicos nos pacientes ou nos profissionais que os manuseiam.
[019] Vári as formas de processamento do látex vêm sendo testadas, isoladamente ou combinadas, visando reduzir ou eliminar os efeitos alergênicos das proteínas do látex. As principais são: 1) Tratamentos com enzimas proteolíticas que hidrolisam ou segmentam as proteínas em pedaços menores e, ao mudar a forma química e/ou a conformação estrutural das proteínas, as enzimas as inativam para suas reações específicas como os processos alérgicos; 2) Tratamentos químicos com surfactantes ou detergentes que lavam as proteínas do sistema e com reagentes alcalinos para saponificar as proteínas e extinguir ou atenuar o seu efeito adverso; 3) Processos físicos como a centrifugação, realizada por duas vezes, para retirar as proteínas por arraste no soro aquoso.
[020] Entretanto, os vários métodos de tratamento podem apresentar uma ou mais das seguintes desvantagens: maior custo; maior trabalho de processamento; remoção não integral das proteínas; rebaixamento na qualidade de propriedades finais da borracha ocasionado pela retirada das proteínas adjacentes às partículas de borracha; introdução de novas proteínas, na forma de enzimas, ou de peptídeos gerados no processo enzimático, que podem desencadear novos processos alérgicos.
[021] É reconhecido também que a adição de amônia como preservante microbiano do LBN resulta na formação de géis no coloide (SANTIPANUSOPON, S., RIYAJAN, S., PHYSICS PROCEDIA, 2(1): 127-134, 2009), os quais são entendidos como agregação de partículas do elastômero sem a sua efetiva fusão entre si, ou coagulação. Aparentemente, a formação dos géis está associada a reações cruzadas entre proteínas e fosfolipídios, adsorvidos à superfície de diferentes partículas que, então, formariam aglomerados de partículas sem coagulação (TARACHIWIN, L., et al., RUBBER CHEM TECHNOL, 76(5): 1177-1184, 2003). Ainda mais, estas reações tendem a ser influenciadas pelo alto pH do meio, proporcionado pela elevada concentração de amônia, em torno de 0,8 % m/m. Os géis, pelo incremento no tamanho das partículas, acarretam progressivo aumento da viscosidade do látex durante a estocagem, o que tende a interferir na utilização industrial, em pelo menos duas situações: o espessamento do látex pelo aumento da viscosidade obriga a mudanças na formulação no sentido de diminuir a viscosidade, o que pode, por sua vez, interferir na deposição do filme nos processos de imersão (dipping), a mais utilizada técnica de produção industrial de artefatos a partir do látex, notoriamente, luvas, camisinhas e balões. A segunda possibilidade de interferência dos géis no processo produtivo decorre da própria formação do gel como junção de duas ou mais partículas, sem a fusão das moléculas do elastômero, o que implica na formação de microfilmes aquosos no interior do gel. Estas microrregiões de água em meio ao elastômero poderão dificultar a formação de filmes coerentes no crítico processo produtivo de imersão, onde o depósito de borracha deve ter a espessura mais uniforme possível para evitar possíveis pontos fracos no filme, o que poderá levar à ruptura do artefato.
[022] Considerando que as proteínas estão no centro de problemas de processamento e uso do LBN, sendo sua causa principal, e que os polifenóis como o tanino, complexam com proteínas do colágeno da pele animal anulando suas reações, como ocorre na manufatura do couro (SIEBERT, K. J., et al. J AGR FOOD CHEM, 44(1):80-85, 1996; MADHANB, B., et al. INT J BIOL MACROMOL, 37(1-2): 47-53, 2005), os polifenóis também podem ser utilizados para cumprir o mesmo papel no látex, complexando as suas proteínas, consequentemente evitando sua degradação biológica e diminuindo ou anulando sua ação alergênica. Ademais, possibilita trabalhar com pHs mais baixos, o que resulta em menor formação de géis.
[023] Uma grande quantidade de polifenóis naturais encontrados em plantas e produtos extraídos ou derivados delas (NACZK, M., SHAHIDI, F., J PHARMACEUT BIOMED, 41(5): 1523-1542, 2006) estão incluídos na categoria dos taninos vegetais, que são de dois tipos: hidrolisáveis e condensados. Os taninos do segundo tipo, constituídos por moléculas representadas na Fórmula i. (COVINGTON, A. D., CHEM SOC REV, 26: 111-126, 1997), são estáveis em meio aquoso e encontram um grande número de aplicações industriais, tais como curtimento da pele para produzir couro, (Compilation of air pollutant emission factors volume I: Stationary point and area sources, EPA, 2016), lubrificação de brocas na perfuração de poços de petróleo IBRAHIM, M. N. M., et al. JURNAL TEKNOLOGI, 38: 25-32, 2003), floculantes (BELTRÁN- HEREDIA, J., DESALINATION, 249: 353-358, 2009), sedimentadores de partículas no tratamento de água (BAILEY, S. E. et al. WATER RES, 33(11): 2469-2479, 1999) e adesivos para a indústria madeireira.
Figure img0001
[024] As moléculas de tanino contêm elevado número de hidroxilas fenólicas, que lhes atribui alta facilidade de interação molecular com outras moléculas através de ligações de hidrogênio (SIEBERT, K. J., et al. J AGR FOOD CHEM, 44(1):80-85, 1996) . Economicamente, a mais importante dessas reações constitui a base do tratamento das peles animais na produção de couro no curtimento do tipo vegetal (Compilation of air pollutant emission factors volume I: Stationary point and area sources, EPA, 2016). Nesse tratamento, o tanino tem que alcançar as fibrilas do colágeno da pele e bloqueá-las para que não mais estejam disponíveis para os ataques bacterianos, conforme modelo proposto por COVINGTON (COVINGTON, A. D., CHEM SOC REV, 26: 111-126, 1997) apresentado na Fórmula ii. Como neste processo ocorre a reação entre um substrato sólido, a pele animal, reagindo com um líquido, o tanino vegetal em solução, há necessidade de um longo tempo de reação, de cerca de três dias, em um reator de madeira ou aço inoxidável, num processo que depende do pH, temperatura, concentração da solução e tempo no reator (REICH, G., From collagen to leather - the theoretical background. Germany: BASF, 2007).
Figure img0002
[025] Ao passar pelo curtimento com o tanino vegetal, as proteínas do colágeno da pele, não somente deixam de estar aptas para o ataque microbiológico, como perdem a capacidade de reagir como proteínas, pois estão ligadas ao tanino por fortes ligações de hidrogênio (SRIVASTAVA, N., MEERA, B., IJERT, 3(7): 479-481, 2014). Adquirem uma “capa” tanino- proteica que as impede de atuar como proteínas típicas, de uma forma irreversível e muito estável, o que se atesta pela estabilidade de couros, já curtidos, em comparação com as peles não curtidas.
[026] Dessa forma, as proteínas originais se encontram complexadas com o tanino e já não são passíveis de deterioração bacteriana. Se já não estão mais aptas a reagir em reações inespecíficas como substrato de ataque das bactérias, estas proteínas complexadas com tanino também já não poderão participar de sensibilizações alérgicas, onde as proteínas desempenham reações muito específicas (POLEY, G., SLATER, J., J ALLERGY CLIN IMMUNOL, 105(6-1): 1054-1062, 2000). Por suas características químicas, o tanino reage com todas as proteínas do látex, sem distinção, gerando produtos estáveis e inativos, tanto para o ataque bacteriano, quanto para atuarem como antígenos e nesta condição permaneçam, mesmo que ainda estejam presentes no látex, após a centrifugação ou, ainda, que permaneçam após a fabricação em um produto feito de látex, como luvas, por exemplo.
[027] Ainda, as proteínas complexadas pelas moléculas de tanino estão também, à similaridade do couro, não disponíveis para a própria degradação bacteriana em si. Como as proteínas compõem grande parte do material digerível por bactérias, em concentração maior do que os outros componentes orgânicos não borracha (JACOB, J. L., et al. CLIN REV ALLERG IMMU, 11: 325, 1993), a preservação do látex estará em grande parte assegurada pelo próprio tratamento com tanino, prescindindo, assim, da adição de hidróxido de amônio.
[028] O látex in natura, ao ser extraído da árvore de seringueira, permanece normalmente algumas horas em estado líquido e é nesta condição que se devem acrescentar os produtos preservantes para sua conservação, nos vasilhames de colheita no campo, logo ao ser recolhido das tigelas.
[029] O látex de borracha natural produzido hoje tem como agente universal de proteção a amônia, sob a forma de hidróxido de amônio, em concentrações que variam de 0,5 a 0,8 % (m/m) (BLACKLEY, D. C., Polymer Latices - Science and technology Volume 1: Fundamental principles. Netherlands: Springer, 1997), que tem como desvantagem o forte cheiro desta substância, em qualquer estágio em que é adicionada ao látex, seja na colheita do látex ainda no campo, seja na usina de centrifugação, seja na indústria de transformação. O vapor de amônia liberado em sua manipulação provoca desconforto laboral e apresenta potencial de risco, pois sua inalação intensa súbita pode levar a desmaios, e a exposição prolongada a seu vapor pode provocar problemas de saúde das vias respiratórias. Nas concentrações referidas, o hidróxido de amônio tem dupla função: alcalinizar o meio para proteção do coloide e servir de bactericida, evitando a degradação biológica do látex. As propostas alternativas a este tratamento incluem o uso de amônia, em baixa ou média concentração, associada a um bactericida do tipo bórax, ou, então, totalmente sem amônia, com uso de biocidas de alta toxicidade, como o pentacloro fenato de sódio, também conhecido como “pó-da-china”, de uso proibido no Brasil e em muitos países. O uso de tanino e coadjuvantes para o tratamento do látex não apresenta qualquer desvantagem dessa natureza.
[030] O problema de alergias ao LBN é relatado como de saúde pública, especialmente entre os profissionais de saúde. Essas alergias são reações da pele a proteínas existentes no LBN. Há algumas formas de reduzir a concentração dessas proteínas, tais como tratamento com ureia, com ou sem surfactante como coadjuvante, dupla centrifugação e uso de enzimas proteolíticas. Entretanto, estes tratamentos ou encarecem o processamento do látex, ou não eliminam totalmente as proteínas.
[031] Outra característica destes processos que eliminam ou reduzem as proteínas é que podem diminuir as propriedades de resistência mecânica da borracha resultante. Por outro lado, o tratamento do látex com tanino e agentes coadjuvantes, que constitui a característica principal da presente tecnologia, não encarece o processamento do LBN, pois o seu custo não é elevado e pode muito bem ser absorvido pelo preço do LBN melhorado. Além disso, não há etapa adicional no processamento do látex, que poderia encarecer ou dificultar o processo. Finalmente, a borracha derivada deste LBN tratado com o tanino mantém as proteínas, que, neste caso, estarão bloqueadas com o tanino, o que não irá interferir negativamente na resistência dos artefatos derivados.
[032] A pesquisa de anterioridade revelou o pouco uso de tanino adicionado ao látex de borracha natural com o fim de melhorar suas qualidades ou ampliar o seu escopo de uso. Assim, em comparação com algumas tecnologias existentes que possam se aproximar ao escopo da presente invenção, o pedido de patente chinês CN106279467, publicado em 04 de janeiro de 2017, é o único que também faz uso similar de tanino em LBN, neste caso, para imobilização de proteínas. Utiliza extrato de tanino vegetal, em solução de 10 a 30%, adicionado ao látex já centrifugado e também tratado de modo convencional com alta concentração de amônia para proteção do látex. Segundo a descrição, os resultados são satisfatórios quanto à redução de proteínas livres determinadas em luvas produzidas com o látex tratado com tanino, o que, indiretamente, conduziria à redução de alergênicos dos artefatos de borracha, ainda que não tenham sido feitos testes específicos de alergenicidade ou de quantificação de proteínas alergênicas. A referida tecnologia tem por base tecnológica a mesma reação química de complexação entre tanino e proteína do látex que é também o embasamento científico do presente invento. No entanto, esta é a única proximidade entre ambas. O tanino no pedido de patente chinês é aplicado ao látex centrifugado, enquanto no presente caso o tanino é adicionado ao látex in natura, logo após ser colhido da seringueira. Ainda mais, e esta é a principal diferença entre ambos, é que no presente desenvolvimento, faz-se uso pleno das reações entre tanino e as proteínas do látex, ainda no campo e com pH na faixa de 7 a 9. Como o tanino de fato complexa as proteínas do látex, este fica protegido contra bactérias, sem o uso de amônia. Portanto, o tanino reage com as proteínas e inativa as mesmas, seja para serem o substrato de ataques bacterianos, seja para atuarem como alergênicos. Ainda, a eficácia em diminuir as proteínas livres, conforme apontado pelos inventores da tecnologia chinesa, não pode ser atribuída somente ao tanino. É sabido que a presença de amônia em altas concentrações pode também quebrar as proteínas em pedaços menores que são arrastados juntamente com o soro aquoso durante a centrifugação (TARACHIWIN, L., et al., RUBBER CHEM TECHNOL, 76(5): 1177-1184, 2003).
[033] Além disso, também é referido na literatura científica que o tanino demonstra menor eficácia de aproximação com as proteínas quando o meio está altamente alcalino (MARTIN, M. M., et al., J CHEM ECOL, 11(4):485-494, 1985), como é o caso do látex alto amônia utilizado no pedido de patente chinês. Portanto, o efeito desses dois fatores, a menor aproximação do tanino das proteínas com amônia e a quebra das proteínas pela amônia, fazem crer que parte do efeito conseguido na tecnologia não se deve à reação com tanino. Na medida em que o tratamento com tanino não tem amônia e o pH do meio é menor, a eficácia da ação do tanino sobre a proteína é maior (MARTIN, M. M., et al., J CHEM ECOL, 11(4):485-494, 1985), portanto com maior inativação das proteínas.
[034] Adi cionalmente, por não ter amônia, o tratamento de tanino do presente invento não proporciona a ocorrência de géis no látex, normalmente associados à presença da amônia em alta concentração, os quais alteram negativamente as propriedades do látex durante a estocagem, como o aumento da viscosidade (TARACHIWIN, L., et al., RUBBER CHEM TECHNOL, 76(5): 1177-1184, 2003), entre outros.
[035] Ainda referindo-se à incorporação de tanino ao LBN, o pedido de patente japonês JP2012207088 refere-se à preparação de mistura master batch, utilizada na fabricação de pneumáticos, que é uma incorporação de negro de fumo, compostos de vulcanização e outros componentes ao LBN, ainda líquido, para proporcionar uma mistura bem próxima desses ingredientes com a borracha. A introdução de tanino, conforme pleiteado na tecnologia japonesa, facilitaria a mistura da carga (negro de fumo) na preparação do máster batch pelas características dispersantes do tanino, permitindo, ainda, menor consumo de ácido sulfúrico na coagulação do master batch. Portanto, ainda que se refira ao uso de tanino em LBN, esta patente em nada é similar ao invento aqui apresentado.
[036] Outros documentos de patente podem ser aqui registrados para realce do problema dos alergênicos e da necessidade de tratamentos seja do látex, seja das luvas. No primeiro caso, encontra-se a patente estadunidense US8324312, que baseia a necessidade de tratar o LBN e reivindica o uso de hidróxido de alumínio no látex que, conforme bastante conhecido, tem a capacidade de aglomerar muitas moléculas, incluindo as proteínas, que, nesta condição, aglomeradas, têm maior facilidade de remoção do látex durante a centrifugação. Entretanto, a redução de proteínas do LBN pode levar à alteração das propriedades físico-mecânicas dos artefatos produzidos com este látex. Ademais, a possibilidade de resíduos do composto de alumínio pode comprometer, em parte, tal utilização.
[037] Outro pedido de patente estadunidense US5741885, reivindica a redução de alergenicidade de luvas de LBN, pelo tratamento de uma face da luva com compostos de detecção (screening) de alergias que resultaria que, pelo menos se teria reduzida a alergenicidade das luvas em uma face, ou mesmo, em parte de uma face da luva, conforme o tratamento. Esta invenção pode resultar em processo financeiramente dispendioso, pelos reagentes (de screening) que utiliza e não tão seguro, por resolver o problema parcialmente, pois a face não tratada da luva, pode conter alergênicos e acabar ficando em contato com mucosas de pacientes.
[038] Por outro lado, o pedido brasileiro PI0113709-3 trata de remover proteínas presentes em artefatos de LBN por três processos de lavagem sucessivos, um com água quente, outro com hidróxido alcalino e um final com um ou mais surfactantes. Esta tecnologia pode ser uma solução adequada na medida em que pode não alterar as propriedades mecânicas da borracha, pois o tratamento é posterior à fabricação dos artefatos e as proteínas já estarão imobilizadas na matriz de borracha. No entanto, estas mesmas proteínas, ao não serem removidas, poderão resultar reações alérgicas.
[039] Desta forma, em comparação com algumas tecnologias existentes que possam se aproximar ao escopo da presente invenção, conclui-se que o presente invento contribui decisivamente para o avanço das técnicas produtivas na cadeia produtiva do látex de borracha natural ao viabilizar a produção de látex protegido sem o uso de amônia, e, por decorrência, isento de géis, para a fabricação de artefatos hipoalergênicos ou não alergênicos.
DESCRIÇÃO SUCINTA DAS FIGURAS
[040] A invenção poderá ser mais bem compreendida com base nas Figuras 1 e 2, cuja descrição segue abaixo:
[041] A Figura 1 apresenta os resultados da medida de pH de: LA (baixo amônia), LAB (baixo amônia e bórax), HA (alto amônia), TBL (tanino, bórax e LESS) e TBR (tanino, bórax e renex).
[042] A Figura 2 apresenta o potencial zeta (mV) das amostras em função do tempo.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO
[043] A presente invenção tem aplicação tecnológica na cadeia produtiva do látex de borracha natural (LBN), obtido da seringueira, Hevea brasiliensis, ou outra fonte qualquer. É produzido um LBN como matéria-prima estável e protegido contra degradação biológica, fluido, isento de amônia, para uso nas indústrias de transformação para produção de inúmeros produtos de uso geral, dentre eles, luvas cirúrgicas e de procedimento, camisinhas, sondas, cateteres, campos cirúrgicos dentre outros; em outra consequência, este LBN e os produtos dele derivados são de baixa ou nula alergenicidade.
[044] A solução tecnológica deste pedido de patente consiste na aplicação de tanino vegetal em látex de borracha natural em substituição à amônia. Sem o emprego de amônia, hoje o preservante universalmente utilizado, obtém-se um LBN protegido contra degradação biológica e contra coagulação espontânea, de baixa ou nula alergenicidade. Além disso, o tanino inibe a formação de gel, evitando a produção de um látex mais viscoso que pode dar problemas em filmes como luvas e camisinhas, fenômeno que ocorre no látex atualmente. A alteração confere, também, maior estabilidade de armazenamento, evitando perdas e dificuldades de processamento industrial.
[045] As sim, o presente desenvolvimento alcança dois objetivos principais: 1) produzir látex de borracha natural protegido contra degradação biológica e da coagulação espontânea ou física; e 2) preparar LBN isento de alergias ou com alergenicidade reduzida e que estas características sejam repassadas aos produtos e artefatos produzidos a partir deste látex. Os produtos químicos a incorporar ao LBN de que trata o presente pedido são: - Polifenol, manufaturado industrialmente ou produzido de qualquer outra forma, sendo preferencialmente tanino em pó ou como extrato vegetal líquido na forma in natura, ou processado, ou purificado, como o tanino degomado, ou o ácido tânico, ou ainda os tanantes sintéticos; - Polifenol, como principal agente, em uma das suas formas, sendo preferencialmente o tanino, podendo ser utilizado de forma isolada, com aplicação limitada, ou em associação com produtos químicos, na condição de agentes secundários ou adjuvantes; - Um bactericida, que pode ser o bórax (Na2B4O7^10H2O), também conhecido como borato de sódio ou tetraborato de sódio decahidratado em uma de suas formas de apresentação, ou seus derivados, ou outro bactericida qualquer; - Um surfactante, que pode ser aniônico, como o lauril sulfato de sódio (ou dodecil sulfato de sódio), ou outro qualquer, ou um surfactante não aniônico, como nonil fenol etoxilado em uma de suas formas, ou outro qualquer, ou ainda outro surfactante qualquer, como catiônico ou anfotérico; - Um alcalinizante ou basificante, tais como o hidróxido de potássio, hidróxido de sódio, hidróxido de amônia, ou amônia, ou outro qualquer.
[046] O látex de borracha natural hipoalergênico desenvolvido na presente invenção compreende a seguinte formulação básica: 1°. Látex de campo in natura (LIN); 2°. Bórax; 3°. Hidróxido de potássio; 4°. Polifenol, e 5°. Surfactante.
[047] A ordem de adição dos compostos, na forma de soluções aquosas de concentrações variadas, é preferencialmente a que está supracitada, mas também pode variar conforme conveniência. Entretanto, não se deve misturar os quatro compostos de uma só vez e depois adicionar esta mistura ao látex, pois resulta na produção de um látex menos preservado biologicamente.
[048] A adição de compostos diretamente ao látex deve ser feita um por vez para que a mistura fique mais homogênea e as propriedades do látex se mantenham conservadas. Trata- se de uma formulação robusta, ou seja, que pode sofrer variações de uso em campo, onde normalmente falta formação técnica e os volumes adicionados podem variar em faixas de mais ou menos (+/-) 10% em torno dos valores da melhor execução da invenção, sem que haja consequências graves ao látex. Pode ocorrer também em qualquer etapa da cadeia produtiva do LBN, seja no campo, na usina de centrifugação ou outra forma de processamento, ou seja, ainda, nas indústrias de transformação do LBN em artefatos e produtos derivados.
[049] As particularidades do presente desenvolvimento foram avaliadas nos seguintes parâmetros no decorrer do tempo de ensaio: teste de cheiro, pH, ácidos graxos voláteis (AGV), potencial zeta, tamanho da partícula e viscosidade Brookfield.
[050] A liberação de ácidos graxos voláteis, muito característicos do processo de putrefação, pode ser monitorada como uma função do tempo para avaliar, mesmo que subjetivamente, se tal material está mais ou menos protegido contra o ataque bacteriano e assim determinar a sua degradação biológica. Na tabela 1, são apresentados os tratamentos com tanino em comparação com os controles, protegidos com amônia, onde Coag indica amostra coagulada que não permite a execução do teste; Am indica amostra com forte cheiro de amônia que impede a realização do teste do cheiro (As notas variavam de 1, muito putrefato, a 10, muito agradável); LA: Tratamento baixo amônia; LAB: Tratamento baixo amônia com bórax; HA: Tratamento alto amônia; TBL: Tratamento tanino com bórax e tensoativo iônico; TBR: Tratamento tanino com bórax e tensoativo não-iônico.Tabela 1
Figure img0003
[051] A Tabela 1 mostra que todas as amostras com amônia coagularam entre o 2° (48h) e 17° dia (408 h) . As duas amostras com tanino estavam com cheiro muito agradável até o 17° dia de teste e assim permaneceram por mais de 6 dias.
[052] A medida da concentração dos ácidos graxos voláteis (AGV) como função do tempo constitui uma medida objetiva da degradação bacteriana do material. A Tabela 2 mostra os resultados de análises de ácidos graxos voláteis do LBN com os diferentes tratamentos, e os resultados são fornecidos em números de AGV, segundo a American Society for Testing Materials (ASTM) D7610. Coa indica amostra coagulada e não há análise de AGV.Tabela 2
Figure img0004
[053] Como o número de AGV é uma medida direta do grau de degradação microbiológica de um material, sua leitura pode ser interpretada como uma corroboração dos resultados do teste de cheiro e uma confirmação da proteção microbiológica proporcionada pelo tanino. A amostra com alto amônia (HA) ainda se mantinha líquida (não coagulado) após 54 horas por ter sido mantida em geladeira. Mesmo assim, é notória a diferença de 0,38 (tratamento com tanino) para 0,93 (tratamento com amônia) após passadas 1268 horas, ou 53 dias.
[054] Na Figura 1 é apresentado um gráfico que mostra a variação do pH em função do tempo das cinco amostras estudadas para embasamento experimental da presente invenção. É possível observar indicações sobre a preservação anti-microbiana proporcionada pelo tanino ao LBN: - O látex preservado com baixa amônia (LA) tem vida muito curta e antes de 24 horas já estava coagulado, não obstante o alto pH de partida, próximo de 9,5, evidenciando a elevada instabilidade do látex de partida, por questões de sazonalidade e temperatura no dia da coleta e instalação do ensaio; - Os látex preservados no sistema baixo amônia com bórax (LAB) e com alto amônia (HA), apresentam comportamentos similares, iniciando com pH de 8,7 e 9,7, respectivamente, e decrescendo o pH constantemente até coagularem com cerca de 320 horas e pHs na faixa de 6,7 e 7,7. Observa-se que este látex, muito instável, deve estar coagulado em pHs próximos desta faixa.
[055] No entanto, os dois látex preservados com tanino, TBL e TBR, têm comportamento similar, iniciando com pH mais elevado, entre 8 e 8,5, decrescem inicialmente, até o ponto de 6,5, mas não coagulam, e iniciam um crescimento contínuo terminando em 6,8 e 7,4, respectivamente, quando se encerram as análises. Entretanto, as duas amostras não coagulam e apresentam bom estado visual e cheiro, corroborando que há efetiva proteção usando-se o tanino e os seus coadjuvantes. Estas amostras e outras preservadas com tanino neste mesmo plano experimental, mas não relatadas aqui, continuam por mais de seis meses, sem coagular e em bom estado.
[056] O tanino, polifenol de origem vegetal, protege as proteínas da degradação bacteriana, o que explica o aumento contínuo e inequívoco de pH após chegar a um mínimo próximo de 6,5. No entanto, todos os outros componentes passíveis de digestão microbiana, incluindo lipídios, fosfolipídios, carboidratos e carotenoides, estão sem proteção, a não ser pela presença do bórax, reconhecidamente um bactericida brando. A digestão de todos esses elementos que também geram ácidos graxos voláteis, estaria resultando no decréscimo continuado do pH até, provavelmente, a sua consumação integral. A partir daí, há acréscimo de pH por acomodação de cargas iônicas no coloide.
[057] Assim, a proteção oferecida pelos polifenóis, como o tanino, ao coloide, não é de natureza iônica, ou seja, o que impede a coagulação das partículas não é a mútua repulsão de cargas iônicas, mas sim, o impedimento estéreo proporcionado pelos complexos de proteínas e taninos que se situam adsorvidos nas partículas de borracha.
[058] Em um sistema coloidal, duas fases imiscíveis entre si por diferença de polaridade coexistem, uma minoritária, no interior de micelas em geral esféricas, que ficam flutuando na outra fase. No caso do LBN, as partículas contêm a fase elastomérica, apolar, e a outra fase é constituída por um soro aquoso polar, que contém os elementos normalmente encontrados em um citoplasma celular vegetal. No caso do látex da seringueira, há outras partículas como os lutóides, que desempenham o papel de vacúolos celulares (JACOB, J. L., et al. CLIN REV ALLERG IMMU, 11: 325, 1993),que são envoltos em densa camada de enzimas onde se desenvolvem processos de síntese de compostos fundamentais para a biossíntese do elastômero (D'AUZAC, J., et al. PHYSIOL VÉG, 20(2): 311-331, 1982) e, ainda, as partículas de Frey-Wisling, de função ainda não totalmente conhecida (CHOW, K. S., et al. J EXP BOT, 63(5): 1863-1871, 2012).
[059] As partículas de borracha têm em sua superfície moléculas de fosfolipídios e proteínas, as quais se situam acima de seu ponto isoelétrico e, portanto, estão carregadas com cargas negativas. A proteção técnica tradicional do LBN é acentuar as cargas negativas das proteínas por adição de amônia em altos porcentuais que podem atingir 0,8% (m/v). Nestes níveis, as partículas estão com elevada carga negativa, que impedem a fusão das partículas entre si, o que resultaria na coagulação do látex.
[060] O potencial zeta é uma medida da estabilidade de um coloide cujas partículas estão protegidas por cargas iônicas. Se estas forem negativas, o potencial zeta se situa abaixo de zero, como acontece com o LBN, conforme pode ser visto na Figura 2, mostra a evolução do potencial zeta no decorrer da análise das cinco amostras LA, LAB, HA, TBL e TBR.
[061] Obs erva-se que quando as amostras com proteção de amônia (baixo amônia (LA), baixo amônia com bórax (LAB) ou alto amônia (HA) diminuem a sua proteção iônica e ficam com potencial zeta entre -29 mV e -25 mV, o sistema já está próximo a coagular, o que pode ser atestado pelo colapso visual das amostras. As amostras com proteção à base de tanino, apresentaram potencial zeta de menor proteção iônica (com menor valor absoluto) do que as amostras protegidas com amônia e já deveriam estar coaguladas se a proteção do coloide fosse principalmente iônica. Entretanto, esta coagulação não ocorreu nem mesmo passados vários meses, o que evidencia que outra forma de proteção coloidal está atuando proporcionado pela presença do tanino e os coadjuvantes da formulação.
[062] A utilização de tanino vegetal e outros polifenóis para proteção microbiológica do látex, como descrito na presente tecnologia, tem como um de seus diferenciais de inovação a ausência de amônia e, consequentemente, a possibilidade de se trabalhar com pHs mais baixos, o que resulta em menor formação de géis. Já foi possível observar o espessamento e a maior viscosidade do látex com amônia, enquanto as amostras com tratamento de tanino estavam bastante fluidas, mesmo após vários meses de estocagem.
[063] Outro diferencial fundamental da atual tecnologia é a diminuição ou anulação dos efeitos alergênicos do LBN, que são ocasionados pela presença de treze proteínas, conforme já amplamente comprovado na literatura especializada (SUBROTO, T., et al., PHYTOCHEMISTRY, 43(1): 29-37, 1996; ARIF, S. A. M. et al. J BIOL CHEM, 279(23): 23933-23941, 2004; SHI, M., et al. J BIOCHEM, 159(2): 209216, 2016). Portanto, os efeitos alergênicos do látex podem ser monitorados indiretamente pela presença das proteínas, em geral, e em particular de proteínas já associadas aos processos alérgicos. Duas das treze proteínas, são as Hev b5 e Hev b13, que já possuem protocolos de ensaio imunológico e cujas concentrações possuem um limite máximo aceito em determinados produtos.
[064] As quantificações de proteínas Hev b5 e Hev b13 do atual desenvolvimento foram realizadas pelo Centro de Pesquisas Tun Abdul Razak, com sigla em inglês TARRC, sediado em Hertfordshire, próximo a Londres, na Inglaterra. Esta instituição é especializada em pesquisas e avaliação de qualidade de artefatos de borracha em geral, bem como de determinação de parâmetros normatizados e aceitos em transações comerciais internacionais. É vinculada ao Malasian Rubber Board, do Governo da Malásia, e sua existência no Reino Unido é estratégica para a realização de pesquisas e para assegurar maior confiabilidade às exportações de borracha e de seus artefatos para a Europa, no âmbito de comércio vital para aquele país, que se manteve por várias décadas como o principal fornecedor mundial desta commodity.Tabela 3
Figure img0005
[065] A Tabela 3 mostra a quantificação das proteínas Hev b5 and Hev b13, por TARRC, onde HA: tratamento alto amônia; TBL: tratamento com tanino, bórax e LESS e TBR: tratamento com tanino, bórax e renex. É possível observar que os dois principais tratamentos analisados foram os sistemas com alto amônia (HA) e o melhor de uma série de tratamentos, com tanino, bórax e renex (TBR), conforme conclusões tiradas a partir das variáveis comentadas anteriormente como pH, ácidos graxos voláteis, teste de cheiro e potencial zeta. Seguem as principais conclusões que se podem tirar desta tabela.
[066] Para a proteína Hev b5 há a supressão por parte nos dois tratamentos com tanino, uma vez que as concentrações ficam abaixo do limite de detecção, em três determinações de um total de cinco. Para a proteína Hev b13, o tratamento com tanino requer que seja submetido à centrifugação, pois esta proteína se encontra no interior das partículas lutóides (ARIF, S. A. M., et al. J RUBBER RES, 9(1):40-49, 2006) que, à similaridade dos vacúolos em células biológicas em geral, são especializadas na transformação enzimática de moléculas para a biossíntese celular. Assim, o tanino não tem acesso imediato às proteínas Hev b13 que se encontram nos lutóides, porém quando estas partículas são desfeitas durante a centrifugação, parte delas é eliminada com o soro aquoso do látex e parte permanece no látex, misturada ao creme com as partículas de borracha. A estas moléculas de Hev b13, o tanino tem acesso e as complexa mudando o quadro de comparação entre os dois tratamentos: com alto amônia, a concentração (em μg/g) desta proteína alergênica passa somente por força das duas etapas de centrifugação, de 800 para 100 para 50 μg/g, enquanto o tratamento com tanino passa de 1600 (quando as proteínas não estão acessíveis) para 120 e para 17 μg/g, atingindo uma concentração inferior da proteína alergênica.
[067] Desta forma, o tanino reage e complexa com as proteínas do látex, preservando biologicamente o material, sem o uso de amônia, e incluindo em suas reações de complexação, as proteínas alergênicas, sendo que para Hev b5, a concentração a fica abaixo do limite de detecção (0,02) do método de análise.
MELHOR EXECUÇÃO DA INVENÇÃO
[068] A melhor e mais equilibrada execução da tecnologia aqui descrita, denominada aqui de formulação básica, consiste na adição dos componentes na ordem apresentada a seguir, proporcionando agitação da mistura o suficiente para o melhor contato possível entre os reagentes: 1°. Látex in natura (LIN), com aproximadamente 30% m/m de conteúdo de borracha, o mais cedo possível após coleta, 100 mL. 2°. Bórax, em solução aquosa a 5% m/m, adicionar 20 mL, perfazendo 1% (m/v) em relação ao LIN. 3°. Hidróxido de potássio, solução 2 mols/L, colocar de 1,2 a 1,5 mL, para atingir pH entre 8 e 9. 4°. Tanino comercial como extrato em pó da casca da acácia negra, em solução a 25%, preparada com um dia de antecedência, adicionar 2 mL, finalizando a 0,5% (m/v) em relação ao LIN. 5°. Lauril éter sulfato de sódio (LESS) como solução comercial a 23% = 4 mL, perfazendo cerca de 1% (m/v) em relação ao LIN.
EXEMPLOS
[069] No desenvolvimento da presente inovação tecnológica na cadeia produtiva do látex de borracha natural (LBN), foram realizados vários conjuntos de experimentos, cada um contendo variáveis que envolviam os componentes da formulação, a concentração dos reagentes, o pH do meio e a forma de adição dos ingredientes. Seguem seis exemplos mais ilustrativos e representativos da invenção com os respectivos e necessários comentários de esclarecimento. É importante destacar que a presente invenção não se limita aos exemplos citados, podendo ser utilizada em todas as aplicações descritas ou em quaisquer outras variações equivalentes.
EXEMPLO 1: FORMULAÇÃO BÁSICA SUBSTITUINDO O EXTRATO EM PÓ DE TANINO PELO SEU EXTRATO DEGOMADO.
[070] Est a solução foi proposta com a perspectiva de melhoria em ralação ao uso do tanino tradicional, porque este tem gomas e açucares na ordem de 25%, que poderiam influir negativamente na aplicação do tanino no LBN. No entanto, este uso do tanino degomado não apresentou melhora substancial em relação à formulação básica, fazendo com que seja descartada esta solução que poderia acarretar custo adicional desnecessário à invenção pleiteada. A explicação pode ser que as gomas e açucares inseridos no látex com o tanino normal, provavelmente não interferem na reação de tanino com as proteínas do látex e, acabam por sair no processo de centrifugação juntamente com outras impurezas.
EXEMPLO 2: FORMULAÇÃO BÁSICA SUBSTITUINDO O SURFACTANTE IÔNICO (LESS) POR UM NÃO IÔNICO (Renex).
[071] Este exemplo de tratamento proporcionou resultados muito positivos e no que concerne à proteção do látex e a retirada dos alergênicos, talvez até melhores e mais estáveis do que a formulação básica. No entanto, uma experimentação posterior, em que a amostra foi misturada intensamente por oito horas de agitação mecânica, apontou que o látex, apesar de ter um bom resultado com teste de cheiro e pH, apresentou uma visível cremagem do látex, fenômeno caracterizado pela progressiva separação de fases quando o sistema é deixado em repouso, formando-se um creme superior, contendo o elastômero, e um inferior, o soro aquoso. Este é um processo muito pouco utilizado para concentrar o látex in natura de cerca de 30 % de borracha para 60 %, em comparação com o processo de centrifugação, que abrange a grande maioria do LBN concentrado internacionalmente. Esta cremagem será melhor estudada em para verificar a possibilidade de uso no processo de tratamento do látex com tanino. Entretanto, a melhor forma de execução da presente invenção é a aplicação da fórmula básica, ainda que não se exclua o uso imediato da fórmula apresentada neste exemplo, sem, no entanto, proceder o tratamento a longo processo de agitação.
EXEMPLO 3: FORMULAÇÃO BÁSICA SUBSTITUINDO O EXTRATO EM PÓ DE TANINO DA CASCA DA ACÁCIA NEGRA PELO EXTRATOS EM PÓ DOS FRUTO DE MIRABOLANO E DE TARA.
[072] O tanino de acácia negra é do tipo de polifenol condensado, enquanto os extratos tânicos obtidos dos frutos de mirabolano e tara são do tipo hidrolisável. Os testes preliminares de ambos também apontaram resultados positivos quanto aos testes de cheiro, pH e viscosidade Brookfield, comparando-se ao tanino da casca da acácia negra. No entanto, a cor da amostra de ambos se mostrou mais clara que a cor levemente amarronzada do tanino da casca da acácia negra, o que abre mais perspectivas de aplicação para a presente invenção.
EXEMPLO 4: FORMULAÇÃO BÁSICA, INVERTENDO A ORDEM DE ENTRADA DOS INGREDIENTES: a) entra o surfactante antes do tanino; b) entram todos juntos.
[073] A alteração da ordem de adição dos reagentes,mostrou-se importante para elucidar se há diferença de resultados com tais mudanças. O que se concluiu é que a alteração, colocando-se o surfactante antes do que o tanino, resultou em tratamentos praticamente iguais entre si, o que permite mais liberdade de tratamento em campo. No entanto, a sugestão é de que se mantenha a ordem de adição: borax, KOH, tanino e surfactante. Por outro lado, a mistura de todos os ingredientes previamente à sua adição ao látex de campo resultou, de forma inequívoca, em um tratamento de pior proteção do látex. Portanto, recomenda-se que este procedimento não seja utilizado.

Claims (19)

1. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, caracterizado por ser hipoalergênico, fluido, protegido contra degradação biológica, coagulação espontânea e isento de amônia,em que o látex de borracha natural interage com polifenóis em pH entre 7 e 9.
2. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pela inativação das proteínas alergênicas Hev b5 e Hev b13.
3. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL de acordo com uma a reivindicação 1 ou 2, caracterizado pela interação de suas proteínas alergênicas Hev b5 e Hev b13 com polifenóis.
4. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizado por ser associado a um surfactante tensoativo iônico.
5. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizado por o surfactante tensoativo ser aniônico, como o lauril sulfato de sódio (ou dodecil sulfato de sódio), ou outro, ou um surfactante não aniônico, como nonil fenol etoxilado em uma de suas formas, ou outro, ou ainda outro surfactante catiônico ou anfotérico.
6. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 5, caracterizado por ser associado a um bactericida como borato de sódio ou tetraborato de sódio decahidratado (bórax) em uma de suas formas de apresentação, ou seus derivados e similares.
7. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações de 1 a 6, caracterizado por ser associado a um alcalinizante ou basificante, tais como o hidróxido de potássio, hidróxido de sódio, hidróxido de amônia, ou amônia, ou outro qualquer de efeito similar.
8. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizado por ser de origem vegetal da seringueira de espécie Hevea brasiliensis.
9. LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizado por os polifenóis serem selecionados do grupo que consiste em taninos vegetais, tanino degomado, ácido tânico ou tanantes sintéticos.
10. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, conforme definido em qualquer uma das reivindicações 1 a 9, caracterizado por consistir na adição direta ao látex in natura dos compostos: a. Bórax; b. Hidróxido de potássio; c. Polifenol; d. Surfactante.
11. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL de acordo com a reivindicação 10, caracterizado por o bórax ser 20 mL em solução aquosa a 5%, perfazendo 1% (m/v) em relação a 100 mL de látex in natura.
12. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL de acordo com a reivindicação 10 ou 11, caracterizado por o hidróxido de potássio ser 1,2 a 1,5 mL de solução 2 mol/L.
13. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL de acordo com qualquer uma das reivindicações 10 a 12, caracterizado por o polifenol ser 2 mL de tanino em solução a 25%, perfazendo 0,5% (m/v) em relação a 100 mL de látex in natura.
14. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL de acordo com qualquer uma das reivindicações 10 a 13, caracterizado por o surfactante ser um tensoativo iônico, compreendendo 4 mL de lauril éter sulfato de sódio (LESS) como solução comercial a 23%, perfazendo 1% (m/v) em relação a 100 mL de látex in natura.
15. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 10 a 14, caracterizado por o polifenol ser utilizado como preservante.
16. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 10 a 15, caracterizado por ocorrer em pH entre 7 e 9.
17. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 10 a 16, caracterizado por compreender a complexação do látex in natura com polifenóis.
18. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, de acordo com qualquer uma das reivindicações 10 a 17, caracterizado por os polifenóis serem selecionados do grupo que consiste em taninos vegetais, tanino degomado, ácido tânico ou tanantes sintéticos.
19. USO DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL, conforme definido em qualquer uma das reivindicações 1 a 9, caracterizado por ser na fabricação de produtos de média ou delgada espessura, como luvas cirúrgicas ou de procedimento, campos cirúrgicos, drenos, cateteres, sondas, preservativos masculinos e femininos, tubos de látex, balões, e produtos similares.
BR102017010076-6A 2017-05-12 2017-05-12 Látex de borracha natural hipoalergênico, protegido com polifenóis e isento de amônia, seu processo de obtenção e uso BR102017010076B1 (pt)

Priority Applications (3)

Application Number Priority Date Filing Date Title
BR102017010076-6A BR102017010076B1 (pt) 2017-05-12 Látex de borracha natural hipoalergênico, protegido com polifenóis e isento de amônia, seu processo de obtenção e uso
PCT/BR2018/050153 WO2018205003A1 (pt) 2017-05-12 2018-05-10 Látex de borracha natural hipoalergênico, protegido com polifenóis e isento de amônia, seu processo de obtenção e uso
CN201880045911.2A CN110892015A (zh) 2017-05-12 2018-05-10 用多酚保护且不含氨的低变应原性天然橡胶胶乳、其制备方法及用途

Applications Claiming Priority (1)

Application Number Priority Date Filing Date Title
BR102017010076-6A BR102017010076B1 (pt) 2017-05-12 Látex de borracha natural hipoalergênico, protegido com polifenóis e isento de amônia, seu processo de obtenção e uso

Publications (2)

Publication Number Publication Date
BR102017010076A2 BR102017010076A2 (pt) 2018-12-04
BR102017010076B1 true BR102017010076B1 (pt) 2023-05-23

Family

ID=

Similar Documents

Publication Publication Date Title
Van der Eb et al. Structural properties of adenovirus DNA's
Fleming et al. Observations on a bacteriolytic substance (“lysozyme”) found in secretions and tissues
Pirie The isolation from normal tobacco leaves of nucleoprotein with some similarity to plant viruses
BR112014028425B1 (pt) método para preparação de um amido granular não prégelatinizado inibido
FI109152B (fi) Stabiili nestemäinen tromboplastiinireagenssi, menetelmä sen valmistamiseksi sekä reagenssin sisältävä diagnostinen välineistö
Miles et al. The properties of antigenic preparations from Brucella melitensis: I. Chemical and physical properties of bacterial fractions
CN109734936A (zh) 一种壳聚糖-酪蛋白磷酸肽复合纳米颗粒稳定Pickering高内相乳液及其制备
WO2018205003A1 (pt) Látex de borracha natural hipoalergênico, protegido com polifenóis e isento de amônia, seu processo de obtenção e uso
CN109363973A (zh) 一种含有玫瑰精油微胶囊的洗发香波及其制备方法
Bawden et al. The inactivation of some plant viruses by urea
KR101924401B1 (ko) 구강상피세포 보존액과 이의 제조방법
BR102017010076B1 (pt) Látex de borracha natural hipoalergênico, protegido com polifenóis e isento de amônia, seu processo de obtenção e uso
CN114712254A (zh) 一种包裹型胶态硫磺及其制备方法和应用
He et al. Preparation of water-in-oil (W/O) cinnamaldehyde microemulsion loaded with epsilon-polylysine and its antibacterial properties
CN106726869A (zh) 一种天然无刺激的洗发水及其制备方法
CN109749662A (zh) 一种耐储存性能的天然乳胶胶粘剂及其制备方法
WO2011027739A1 (ja) 蛋白質フリー天然ゴム及びそのラテックスとそれらの製造方法
Pirie Some components of tobacco mosaic virus preparations made in different ways
CN105017446B (zh) 一种脱蛋白天然橡胶及其制备方法
BRPI0817037B1 (pt) Extrato botânico do fluxo aquoso do processo de moagem do óleo de palmeira para a prevenção e inibição do estresse oxidativo e hemólise em células vermelhas do sangue humano
CN104546524A (zh) 一种保湿抗菌头皮护理组合物
Boonme et al. Novel process in preparation of deproteinized natural rubber latex
Hromiš et al. Effect of caraway essential oil on the antioxidant and antimicrobial activity of chitosan film
JP6404072B2 (ja) アカントアメーバの消毒評価方法
Aylward Chemical nature of the Reynals spreading factor from mammalian testicle