PT1532316E - Bainha de ancoragem e órgão compressível destinado a ser colocado no fundo de uma bainha de ancoragem - Google Patents
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Description
DESCRIÇÃO
Bainha de ancoragem e órgão compressivel destinado a ser colocado no fundo de uma bainha de ancoragem [0001] A presente invenção refere-se a uma bainha de ancoragem que permite a união de um órgão funcional a um substrato no qual é mergulhada a bainha, de acordo com o preâmbulo da reivindicação 1, e também a um órgão compressivel, de acordo com o preâmbulo da reivindicação 9.
[0002] O referido órgão funcional pode, nomeadamente, ser um parafuso ou um tira-fundo e o referido substrato pode ser um bloco de betão moldado em torno da bainha.
[0003] Uma bainha de acordo com a invenção destina-se, nomeadamente, a ser utilizada para a fixação de um carril ferroviário numa travessa de betão.
[0004] Nesta aplicação especifica, é comum utilizar bainhas de material sintético fechadas numa das suas extremidades. As bainhas são mergulhadas em betão moldado na forma de uma travessa de caminho-de-ferro, de modo a que as respectivas extremidades abertas conduzam à face superior da travessa, e recebem os tira-fundos que asseguram a fixação dos carris.
[0005] A bainha é fornecida com uma tampa de fecho da sua extremidade aberta para evitar a penetração de corpos estranhos na sua cavidade, nomeadamente água ou gravilha, quando a travessa que a comporta é guardada no exterior ou colocada no estaleiro. Os corpos estranhos podem, efectivamente, impedir o aparafusamento de um tira-fundo numa bainha e, sob a pressão do tira-fundo, estar na origem de fissurações do betão. Aquando da fixação do carril, as tampas são furadas com uma barra para permitir a colocação dos tira-fundos. 1 [0006] As tampas permitem uma boa estanqueidade das bainhas, sem que seja contudo possível assegurar essa estanqueidade em todos os casos. De facto, as tolerâncias de fabrico das tampas e das bainhas podem permitir a existência de um interstício entre as mesmas, através do qual a água de escoamento pode penetrar na cavidade de uma bainha; as tampas podem não estar perfeitamente colocadas e mantidas nas bainhas e podem ser arrancadas durante as manipulações.
[0007] Foi possível limitar o risco de fissuração do betão, em caso existência de corpos estranhos, equipando a bainha com uma armação metálica exterior, formada por duas meias-armações juntas. Contudo, a armação aumenta o custo de fabrico de uma bainha.
[0008] Para evitar esse inconveniente, considerou-se a colocação de um tampão de material alveolar no fundo da bainha.
[0009] O tampão tem uma eficácia incerta a prazo, associada à limitada perenidade deste tipo de material ou ao risco de degradação das propriedades de compressibilidade deste tipo de material durante ciclos sucessivos de gelo e degelo. Este problema de eficácia resulta também do risco de deterioração do tampão quando o órgão funcional vem assentar num corpo estranho rígido presente no fundo da bainha: o órgão funcional, quando é aparafusável, pode efectivamente provocar a rotação do corpo estranho e realizar um verdadeiro corte do tampão, privando-o de qualquer eficácia posterior.
[0010] Também se considerou a colocação de um tampão de elastómero que delimitasse, com o fundo da bainha, um compartimento estanque compressível. A utilização do tampão coloca várias dificuldades práticas: 2 - Em caso de mau posicionamento do tampão elástico aquando da sua colocação, o compartimento não fica estanque e a função pretendida não é alcançada. - Para ficar preso no fundo da bainha, o tampão necessita de uma introdução em força muito dificil de realizar numa parede especificamente instalada para o efeito. - A introdução em força provoca uma imobilização em rotação do elemento elástico, a qual pode dar azo ao corte por parte do elemento funcional e a uma deterioração do tampão. - A utilização do tampão necessita da instalação, no fundo da bainha, de uma parede tubular dificil de fabricar.
[0011] O documento EP 1.116.826 Al descreve simultaneamente a utilização de um tampão e a utilização de um tampão elástico, mostrando os inconvenientes acima referidos.
[0012] A presente invenção tem por objectivo solucionar esses inconvenientes práticos consideráveis.
[0013] O seu objectivo consiste, assim, em fornecer uma bainha que permita eliminar eficazmente qualquer risco de deterioração do substrato que envolve a bainha, aquando da colocação de um órgão funcional nessa bainha, livrando-se dos problemas acima referidos de perda de eficácia, a prazo, de um tampão de material alveolar ou de deterioração desse tampão ou de outro tampão ou de dificuldades de utilização deste último tampão.
[0014] Outro objectivo da invenção consiste em fornecer uma bainha de fácil fabrico, a um preço de custo aceitável.
[0015] A bainha em questão inclui, de forma conhecida em si, um órgão compressível, colocado ao nível do respectivo fundo, próprio para ser comprimido, de modo a permitir a extinção de um corpo estranho eventualmente presente na bainha aquando da colocação do referido órgão funcional. 3 [0016] De acordo com a invenção, o referido órgão compressivel é constituído por uma cápsula de material deformável, oca interiormente, cujo volume interior é fechado de forma estanque em relação ao exterior da cápsula.
[0017] As capacidades de compressibilidade de tal cápsula não se degradam com o tempo e não são afectadas por ciclos sucessivos de gelo e degelo. A compressão do ar contido na cápsula durante a compressão da cápsula é propícia ao retorno da cápsula à sua forma de origem. Além do mais, a cápsula tem uma estrutura relativamente sólida e homogénea, deslizando também nas paredes da bainha quando é movida em rotação relativamente a esta. O assentamento na cápsula de um corpo estranho no fim do aparafusamento do referido órgão funcional não tem, assim, um efeito irreversível na estrutura desta cápsula, ao contrário de um tampão de material alveolar. De facto, tal tampão assenta nas paredes da bainha através de grandes superfícies, as quais induzem fricções que não permitem a rotação do tampão em relação à bainha quando um corpo estranho rígido vai ao encontro do tampão. O corpo estranho, se for movido em rotação pelo órgão funcional, provoca uma deterioração irreversível do tampão, tanto mais que a estrutura deste é frágil.
[0018] A cápsula pode apresentar uma forma geral globalmente cilíndrica, com uma parede periférica direita que fica próximo da parede lateral da bainha quando a cápsula é colocada na mesma.
[0019] A cápsula também pode apresentar pelo menos uma saliência periférica, como um rebordo, que assente na parede lateral da bainha quando a cápsula é colocada na bainha e assegure, assim, a manutenção da cápsula na bainha por ligeiro aperto. 4 [0020] A cápsula também pode apresentar uma saliência periférica, como um rebordo, com uma parede lateral ligada ao bordo exterior da saliência periférica. A parede lateral permite aumentar a superfície de assentamento da cápsula na parede lateral da bainha e, assim, assegurar o seu assentamento na parede lateral da bainha, o que é especialmente vantajoso quando a bainha inclui uma rede para o aparafusamento de um órgão funcional aparafusável, para garantir o assentamento da cápsula em, pelo menos, uma das espiras da rede da bainha. A parede lateral da cápsula é, ainda, propícia à colocação da cápsula na bainha, impedindo a oscilação da cápsula.
[0021] Pelo menos uma parte da referida parede lateral da cápsula pode ser inclinada para o exterior da cápsula, de modo a que essa parte fique ligeiramente deformada quando a cápsula é introduzida na bainha. A deformação permite reforçar o assentamento da cápsula na parede lateral da bainha.
[0022] A cápsula pode ser formada por duas peças, apresentando cada uma um rebordo periférico; os rebordos periféricos destas peças são unidos um ao outro e formam, assim, uma das referidas saliências periféricas. O fabrico da cápsula através de tais peças permite a obtenção desta cápsula a um preço reduzido. Outras técnicas de fabrico podem, contudo, ser utilizadas, em especial a extrusão/sopragem.
[0023] Uma das paredes axiais da cápsula, pelo menos, pode apresentar uma forma convexa vista do exterior da cápsula, de modo a aumentar o volume da cápsula.
[0024] Pelo menos, uma das paredes axiais também pode apresentar uma pluralidade de patamares, nomeadamente circulares e/ou concêntricos. Os patamares facilitam a 5 deformação da cápsula, bem como o seu retorno à forma neutra.
[0025] A invenção reivindicada compreende também o órgão definido pelas características da reivindicação 9.
[0026] Com vista à sua boa compreensão, a invenção é novamente descrita abaixo, em referência ao desenho esquemático anexado, que representa, a titulo de exemplo não limitativo, duas formas de realização da bainha de ancoragem a que diz respeito. A figura 1 é uma vista de lado, com um tira-fundo introduzido nela; a figura 2 é uma vista da bainha e do tira-fundo transversal que passa pelo eixo da bainha e do tira-fundo, de acordo com uma primeira forma de realização; a figura 3 é uma vista em grande escala de uma extremidade da bainha também transversal que passa pelo eixo da bainha; e a figura 4 é uma vista semelhante à figura 3, de acordo com uma segunda forma de realização.
[0027] As figuras 1 e 2 representam uma bainha de ancoragem 1 utilizada para a montagem de um carril ferroviário numa travessa de betão. Esta bainha 1 destina-se, de acordo com uma técnica bastante conhecida, a ser mergulhada em betão moldado à forma de uma travessa de caminho-de-ferro, de modo a que uma das suas extremidades conduza à face superior da travessa, e a receber um tira-fundo 2 que assegura a fixação de um carril.
[0028] A bainha 1 compreende saliências anelares exteriores 3 para o seu assentamento no betão e uma rede interior 4 para permitir o aparafusamento do tira-fundo 2.
[0029] A bainha 1 é aberta na sua extremidade "superior", ou seja, naquela em que o tira-fundo 2 se destina a ser introduzido e é fechada na sua extremidade "inferior", ou seja, na destinada a ser mergulhada no betão, por uma parede 5. 6 [0030] No exemplo representado, e de acordo com uma técnica conhecida, a bainha 1 compreende duas saliências longitudinais 6 diametralmente opostas e recebe duas meias-armações metálicas 7 que se adaptam às saliências 3 e 6. Estas meias-armações 7 interrompem-se à distância da parte da extremidade inferior da bainha 1 e são unidas uma à outra ao nivel dos bordos livres das saliências 7.
[0031] Como mostra a figura 2, a bainha 1 compreende uma cápsula 10 inserida nela, colocada contra o fundo que forma a face interna da parede 5.
[0032] Em referência à figura 3, parece que esta cápsula 10 é formada pela união de duas peças simétricas em relação ao plano diametral mediano da cápsula 10.
[0033] Cada peça compreende uma parte central 11, um rebordo periférico 12 que se estende radialmente e uma parede lateral periférica 13 que se estende axialmente, ligada ao bordo exterior do rebordo 12, e é realizada num material sintético deformável, como uma poliolefina ou um elastómero termoplástico.
[0034] A parte central 11 de cada peça tem uma forma globalmente cilíndrica, com uma parede lateral direita e uma parede axial ligeiramente convexa vista do lado exterior da cápsula 10, e é aberta no plano do rebordo 12. Esta delimita, assim, interiormente, um espaço vazio.
[0035] Estas peças são unidas uma à outra ao nível dos rebordos 12, de modo a fechar com estanqueidade o volume interior da cápsula 10 constituído pelos referidos espaços vazios.
[0036] As referidas peças podem ser de um material termossoldável e ser unidas por termossoldagem ao nível das faces frente aos rebordos 12. 7 [0037] Como mostram as figuras 2 e 3, o diâmetro externo da cápsula 10 corresponde ao diâmetro interno da bainha 1, de modo que a cápsula 10 pode ser introduzida na bainha com as paredes 13 que ficam muito próximas da parede lateral da bainha 1.
[0038] A cápsula 10, quando colocada ao nivel do fundo da bainha 1, forma um órgão compressivel próprio para ser comprimido de modo a permitir a extinção de um corpo estranho eventualmente presente na bainha 1 aquando da colocação do tira-fundo 2.
[0039] As capacidades de compressibilidade da cápsula 10 não se degradam com o tempo e não são afectadas pelos ciclos sucessivos de gelo e degelo que a bainha 1 pode sofrer. Além do mais, a cápsula 10 também desliza, graças à sua parede 13, na parede lateral da bainha 1 quando é movida em rotação relativamente a esta, de modo que o assentamento nela de um corpo estranho presente na bainha 1 no fim do aparafusamento do tira-fundo 2 não tem um efeito irreversível na estrutura da cápsula 10.
[0040] A parede 13 permite ainda impedir a oscilação da cápsula 10 aquando da sua introdução na bainha 1.
[0041] No caso da figura 4, as paredes axiais da cápsula 10 compreendem uma pluralidade de patamares circulares concêntricos 15. Esses patamares 15 facilitam a deformação da cápsula 10, bem como o seu retorno à forma neutra.
[0042] Parece, do acima referido, que a invenção confere uma melhoria determinante à técnica anterior, ao fornecer uma bainha de ancoragem que permite eliminar eficazmente qualquer risco de deterioração do betão que envolve a bainha durante a colocação do tira-fundo nesta bainha, ou seja, sem riscos de perda de eficácia, nomeadamente com o tempo, do órgão compressivel que permite a extinção de um corpo estranho eventualmente presente na bainha. Esta 8 bainha é mais fácil de fabricar e o seu preço de custo aceitável.
[0043] É óbvio que a invenção não está limitada à forma de realização acima descrita a titulo de exemplo, mas que compreende, pelo contrário, todas as variantes de realização que entram no campo de protecção definido pelas reivindicações em anexo. 9
Claims (10)
- REIVINDICAÇÕES 1. Bainha de ancoragem (1) que permite a união de um órgão funcional (2) a um substrato no qual é mergulhada a bainha (1), que compreende um órgão compressivel (10) colocado ao nivel do seu fundo, próprio para ser comprimido de modo a permitir a extinção de um corpo estranho eventualmente presente na bainha (1) durante a colocação do referido órgão funcional (2); bainha (1) caracterizada por o referido órgão compressivel ser constituído por uma cápsula (10) de material deformável, oca interiormente, cujo volume interior é fechado de forma estanque em relação ao exterior da cápsula (10).
- 2. Bainha (1) de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por a cápsula apresentar uma forma geral globalmente cilíndrica, com uma parede periférica direita que fica próximo da parede lateral da bainha quando a cápsula é colocada na mesma.
- 3. Bainha (1) de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por a cápsula apresentar pelo menos uma saliência periférica, como um rebordo, que assente na parede lateral da bainha quando a cápsula é colocada na bainha e assegure, assim, a manutenção da cápsula na bainha por ligeiro aperto.
- 4. Bainha (1) de acordo com a reivindicação 1, caracterizada por a cápsula (10) apresentar pelo menos uma saliência periférica (12) com uma parede lateral (13) ligada ao bordo exterior da saliência periférica (12).
- 5. Bainha (1) de acordo com a reivindicação 4, caracterizada por pelo menos uma parte da referida parede lateral da cápsula ser inclinada para o exterior da cápsula, de modo a que essa parte fique ligeiramente deformada quando a cápsula é introduzida na bainha. 1
- 6. Bainha (1) de acordo com uma das reivindicações de 3 a 5, caracterizada por a cápsula (10) ser formada por duas peças, apresentando cada uma um rebordo periférico (12); os rebordos periféricos (12) destas peças são unidos um ao outro e formam, assim, uma das referidas saliências periféricas.
- 7. Bainha (1) de acordo com uma das reivindicações de 1 a 6, caracterizada por pelo menos uma das paredes axiais da cápsula (10) apresentar uma forma convexa vista do exterior da cápsula (10).
- 8. Bainha (1) de acordo com uma das reivindicações de 1 a 7, caracterizada por pelo menos uma das paredes axiais da cápsula (10) apresentar uma pluralidade de patamares (15), nomeadamente circulares e/ou concêntricos.
- 9. Órgão compressivel (10) destinado a ser colocado ao nivel do fundo de uma bainha de ancoragem (1) , que permite a união de um órgão funcional (2) a um substrato no qual é mergulhada a bainha (1), e próprio para ser comprimido, de modo a permitir a extinção de um corpo estranho eventualmente presente na bainha (1) aquando da colocação do referido órgão funcional (2), caracterizado por consistir numa cápsula (10) de material deformável, oca interiormente, cujo volume interior é fechado de forma estanque em relação ao exterior da cápsula (10), apresentando a referida cápsula (10) pelo menos uma saliência periférica (12) com uma parede lateral (13) ligada ao bordo exterior da saliência periférica (12).
- 10. Utilização da bainha de ancoragem (1) de acordo com uma das reivindicações de 1 a 8 para a montagem de um carril ferroviário numa travessa de betão. 2
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