BRPI1000615A2 - processo para produção de extrato oleoso de própolis com alto rendimento e produtos resultantes - Google Patents

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Rosa Marcos Roberto Da
Yohandra Reyes Torres
Santos Julio Murilo Trevas Dos
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Fundacao Araucaria
Campolin & Schmidt Ltda
Rosa Marcos Roberto Da
Yohandra Reyes Torres
Santos Julio Murilo Trevas Dos
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PROCESSO PARA PRODUçãO DE EXTRATO OLEOSO DE PRóPOLIS COM ALTO RENDIMENTO E PRODUTOS RESULTANTES. Descreve-se no presente documento um processo para a produção de um extrato oleoso de própolis, com alta concentração de compostos bioativos da própolis e concentração de etanol inferior a 1%. O principal solvente é composto por glicerídeos de um óleo vegetal ou animal, ou mistura desses óleos em quaisquer proporções. O processo é conduzido à temperatura ambiente, inferior a 40 graus Centígrados, em período inferior a 96 horas. São geradas duas frações: uma líquida, o extrato oleoso de própolis; uma sólida residual. O extrato oleoso substitui com vantagens os extratos etanólicos e hidroetanólicos, em suas diversas aplicações. A fração líquida pode ser utilizada na elaboração de produtos alimentícios, cosméticos e farmacêuticos.

Description

" PROCESSO PARA PRODUÇÃO DE EXTRATO OLEOSO DE PRÓPOLIS COM ALTO RENDIMENTO E
PRODUTOS RESULTANTES
A presente invenção apresenta um processo para a produção de um extrato oleoso de própolis de alto rendimento, no qual o principal solvente utilizado é um óleo vegetal ou animal ou mistura de alguns desses óleos. O produto obtido, com baixíssima concentração de etanol, substitui os extratos etanólicos e hidroetanólicos de própolis na maioria das suas aplicações farmacêuticas, cosméticas e alimentícias. O processo apresenta como destacada característica os menores: tempo de extração, concentração de etanol e temperatura de extração.
Como é de conhecimento dos meios científicos e técnicos, a própolis é um material multifuncional que apresenta importantes propriedades farmacológicas. Devido à sua diversidade e complexidade química, a própolis é constituída de uma série de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas, de consistência viscosa. Tais substâncias resinosas, recolhidas pelas abelhas de brotos e cascas de árvores ou de outras partes de tecidos vegetais, são transportadas para as colméias. Nas colméias as abelhas adicionam ceras e secreções salivares que modificam sua consistência e composição gerando então a própolis. Esse material apresenta coloração, sabor, aroma e consistência que variam de acordo com a origem botânica. Sua composição genérica aproximada é de 55% de resinas e bálsamos, 30% de ceras, 10% de substâncias voláteis e 5% de pólen.
Estudos apontam que a própolis apresenta toxicidade contra células cancerígenas e atividades antioxidantes, antiinflamatória, hepatoprotetora, imunoestimulante, antibiótica e antifungica. Da composição química da própolis foram identificadas cerca de 200 substâncias, incluindo-se ácidos fenólicos, flavonóides, ésteres, diterpenos, sesquiterpenos, lignanas, aldeídos, alcoóis, aminoácidos, ácidos graxos, enzimas, vitaminas e minerais. Pode-se associar determinadas propriedades farmacológicas a certos compostos constituintes da própolis.
Por exemplo associam-se aos flavonóides ação antioxidante e proteção contra radiações ultravioleta (UV). Contudo é a atuação sinérgica dos compostos que confere a amplitude farmacológica descrita. Todas essas características e propriedades têm sido relatadas por diversos trabalhos científicos e pedidos de patentes (exemplos de descrição em JP2003-219814,A, JP2001-010963,A, JP09-206003,A e JP07- 328304,A). As propriedades farmacológicas da própolis estimularam e continuam estimulando a preparação de produtos farmacêuticos, cosmetológicos e alimentícios. Exemplos de produtos podem ser encontrados nos pedidos BR-PI0303305-8, JP2005-082592, JP2004-321145, BR- PI0300816-9, BR-PI0215673-3, BR-PI0203329-1, BR-PIOl01415-3. Nestes pedidos os produtos são preparados incorporando frações obtidas de tratamento físico e/ou químico da própolis.
Sendo a própolis um material com características resinosas, no qual estão presentes ceras e resinas, sua manipulação é dificultada pela maleabilidade e plasticidade em temperaturas superiores a 20 graus C (Centígrados). Qualquer tentativa de fragmentação mecânica da própolis bruta, em temperaturas não muito baixas, fracassa porque o atrito mecânico eleva a temperatura da amostra o suficiente para criar zonas de baixa viscosidade (amolecimento da própolis). As zonas de baixa viscosidade atuam contra a fragmentação, aumentando a adesão da amostra como um todo e desta com as demais superfícies envolvidas no processo. Uma alternativa, proposta em JP10-17905 7, é congelar a própolis bruta a -20 graus C (vinte graus negativos) e mantendo-se essa temperatura efetua-se sua trituração. O inconveniente dessa proposta é o custo para a manutenção da temperatura e adequação dos equipamentos para a trituração.
Em outra proposta, JP2001-029030, a própolis é misturada com cogumelos secos ou folhas secas de ginkgo biloba e a mistura levada a trituração mecânica. Os cogumelos ou folhas têm a função de adsorver a própolis que amolece por causa do calor gerado pelo atrito. O inconveniente dessa proposta é que o material pulverizado tem aplicação limitada, não podendo ser incorporada na elaboração de qualquer produto. Por essa razão considera-se muito difícil a utilização direta da própolis bruta na produção industrial de alimentos, cosméticos, fármacos e medicamentos. Somando-se a esse fato o interesse na pureza de princípios ativos presentes na própolis, segundo JP07-328304, é que se compreende o fracionamento para posterior incorporação em produtos.
As frações supra citadas são apresentadas, em sua maioria, na forma líquida. Tratam-se de soluções, suspensões e emulsões líquidas. São obtidas do tratamento da própolis com solventes selecionados. Devido a composição química complexa da própolis, não existe solvente que solubilize uma amostra bruta em sua totalidade. Os solventes, segundo suas características (polaridade, acidez/basicidade, entre outras), são capazes de extrair apenas um determinado grupo de compostos presentes na própolis. Por esse motivo, as frações líquidas obtidas do tratamento com solventes são denominadas extratos (líquidos) de própolis ou também tinturas de própolis. Os solventes preferidos na preparação de extratos são o etanol, ou álcool etílico, e água. A- mistura dos dois solventes, formando uma solução extratora hidroalcoólica, é a forma mais utilizada mesmo em processos mais recentes (exemplos BR-PI0002320-5 e JP2003-219814). Na extração etanólica ou hidroetanólica a própolis bruta pré-selecionada é imersa no solvente ou mistura solvente (processo de maceração). A extração é conduzida por vários dias, podendo atingir até 60 dias segundo BR- PI0002320-5. Dependendo do processo proposto efetua-se agitação mecânica ocasional da mistura e aquecimento a temperaturas superiores a 40 graus C.
Um inconveniente da extração
etanólica/hidoetanólica de própolis bruta é que pequena parte das resinas e ceras é incorporada ao extrato. Quando o extrato é diluído em água imediatamente se forma um filme composto pelas ceras e resinas insolúveis em água. Esse filme adere às superfícies próximas como paredes internas de recipientes e paredes do sistema digestivo. No sistema digestivo esse filme pode dificultar a absorção dos componentes bioativos (também chamados componentes úteis) presentes no extrato. Os extratos etanólicos e hidroetanólicos são preferidos, em relação a outros solventes orgânicos, pela possibilidade de ingestão. Contudo essa ingestão é rejeitada por muitos indivíduos, principalmente idosos e crianças, por causa da presença do etanol. O etanol provoca uma desagradável irritação da mucosa do sistema digestivo bem como uma desagradável percepção pelos receptores olfativos. Em quantidades elevadas o etanol pode também interferir na digestão e metabolismo de humanos e animais, bem como pode perturbar inclusive o sistema nervoso. Pode-se destacar também que a própria capacidade solvente pode limitar e prejudicar a preparação de produtos a partir de extrato etanólico/hidroetanólico. Nesse caso compostos indesejáveis podem ser incorporados ao produto final afetando seu uso, sua estabilidade e ação.
Outros solventes líquidos utilizados são solventes orgânicos como metanol, propanol, butanol, éter, dimetil sulfóxido entre outros. O éter por exemplo, e segundo proposta JP61-197523, pode ser misturado a um extrato etanólico na tentativa de remoção de ceras e resinas presentes. Um inconveniente do uso de extratos com solventes orgânicos está relacionado a características de inflamabilidade, toxicidade e restrições para a preparação de alimentos, cosméticos e medicamentos.
Em outra proposta, BR-PI8405979, a própolis bruta sofre extração por solvente, preferencialmente etanol absoluto, podendo ser utilizados outros álcoois como metanol, propanol, butanol, álcool benzílico, etileno glicol, propileno glicol, polietileno glicol, ou solventes como éter etílico, dimetil sulfóxido e ácido acético. O extrato é submetido a temperatura de -20 graus C (vinte graus negativos), podendo se necessário atingir -70 graus C (setenta graus negativos), para precipitação de material ceroso solubilizado pelo solvente. Após filtração o extrato límpido é submetido a liofilização ou evaporação para obtenção de extrato em pó. Na proposta a requisição de valores tão baixos de temperatura implica em custos adicionais ao processo. Concomitantemente, as sucessivas operações de separação, extração e precipitação com filtração, empobrecem o material final em relação aos compostos e propriedades farmacológicas.
Existe um problema que é omitido nas descrições dos processos de extração com solventes líquidos: a geração de resíduo de própolis. Conforme citação anterior neste texto a própolis é formada por aproximadamente 55% de resinas e 30% de ceras, material (pouco polar ou apoiar) de baixa solubilidade nos principais solventes (polares) utilizados em extração. Portanto após os procedimentos de extração resta um resíduo que apresenta de 80% a 90% da massa inicial de própolis bruta. No caso de extrações etanólicas e hidroetanólicas, as mais comuns, percebe-se um forte odor do etanol sobre o resíduo. Em unidades industriais de processamento de própolis o resíduo é gerado em grandes quantidades. Em muitos casos ele é estocado em recipientes fechados e posteriormente incinerado devido ao desconhecimento de processos de aproveitamento desse material. O resíduo, enquanto permanece estocado, torna-se motivo de preocupação pela presença de vapores de solvente (exceto água) que podem entrar em combustão, e essa última até de forma explosiva.
Os processos de fracionamento de própolis discutidos, apontam importantes fatores. O primeiro fator é o fracionamento da própolis com solventes orgânicos tradicionais. Os solventes puros, por suas características químicas, apresentam eficiência na extração de determinados grupos de compostos da própolis. Do ponto de vista de propriedades farmacológicas específicas, esse tipo de extração passa a ser interessante. Contudo outras propriedades farmacológicas presentes na própolis bruta deixam de se manifestar no extrato. Isso ocorre porque essas propriedades são resultantes da atuação sinérgica de compostos presentes na própolis, os quais são separados durante a extração. Adicionalmente ao fato discutido existe a dificuldade de preparação de produtos alimentícios, cosméticos e farmacêuticos com os extratos de própolis obtidos com esses solventes puros (até mesmo a água, por questões de solubilidade, dificulta a preparação de certos produtos). A dificuldade é oriunda: a) da sensação desagradável provocada por esses solventes sobre alguns dos sentidos (paladar, olfato, tato); b) da toxicidade; c) da inflamabilidade; d) da capacidade solvente que pode provocar a incorporação de compostos indesejáveis na formulação de produtos; e) da mesma capacidade solvente que pode prejudicar a correta agregação de componentes na formulação de produtos. O segundo fator é a presença de ceras e resinas na própolis. As ceras e resinas, por suas características químicas, dificultam a penetração de solventes com características polares em amostras de própolis bruta. Isso explica o prolongado tempo de exposição, necessário, da própolis bruta em solventes alcoólicos e hidroalcoólicos para a preparação de extratos líquidos. O terceiro fator é o tratamento térmico, que também pode afetar algumas das propriedades farmacológicas da própolis. Temperaturas superiores a 40 graus C desnaturam enzimas e degradam alguns flavonóides e polifenóis, todos componentes bioativos da própolis. O quarto fator é a geração de resíduos da extração com solventes líquidos. A maioria das propostas de extração com solventes assume, equivocadamente, que todos os compostos bioativos são extraídos da massa bruta deixando a massa residual não solubilizada inútil do ponto de vista terapêutico. Por causa do equívoco inexistem propostas eficientes e economicamente interessantes (agregação de valor) de aproveitamento da massa residual.
" PROCESSO PARA PRODUÇÃO DE EXTRATO OLEOSO DE PRÓPOLIS COM ALTO RENDIMENTO E PRODUTOS RESULTANTES ", objeto da presente patente de invenção foram desenvolvidos para superar os inconvenientes, limitações e desvantagens dos processos e extratos atuais, pois o produto obtido, apresenta baixíssima concentração de etanol, substitui os extratos etanólicos e hidroetanólicos de própolis na maioria das suas aplicações farmacêuticas, cosméticas e alimentícias e o processo apresenta como destacada característica os menores: tempo de extração, concentração de etanol e temperatura de extração.
Uma análise cuidadosa dos fatores apontados" permite a identificação de um problema tecnológico a ser resolvido. E necessário um processo de preparação de extrato líquido de própolis que não apresente os inconvenientes dos extratos com água e solventes orgânicos tradicionais. O processo de preparação de extrato deve ser tal que: (1) a extração ocorra num período muito mais curto de processamento; (2) não ocorra tratamento térmico com a elevação da temperatura de trabalho acima de 40 graus C; (3) o extrato apresente altas concentrações dos compostos de atividade farmacológica e sinergistas; (4) o uso e a concentração de solventes orgânicos tradicionais sejam mínimos; (5) o extrato não provoque sensação desagradável sobre alguns dos sentidos ou perturbe metabolismo e sistema nervoso; (6) a absorção do extrato seja facilitada por causa da compatibilidade entre o veículo/solvente principal e as biomembranas; (7) o extrato seja atóxico; (8) o extrato apresente baixa inflamabilidade; (9) as ceras e resinas não prejudiquem o uso ou consumo do extrato; (10) o extrato possa ser facilmente incorporado na preparação de outros produtos; (11) se for gerada uma fração com sólidos, a mesma seja aproveitada ou possa ser incorporada na elaboração de produtos industrializados; (12) seja considerado ambientalmente responsável uma vez que todas as frações geradas têm aplicação e nenhum resíduo é gerado; (13) apresente custos operacionais baixos comparados a outros processos de fracionamento.
A presente invenção foi desenvolvida para resolver o problema tecnológico identificado acima. A proposta apresenta um processo de extração de própolis, não relatado até o momento, no qual um glicerídeo (óleo vegetal ou animal) é utilizado como solvente principal em uma mistura extratora. Os glicerídeos são tri-ésteres de ácidos graxos com glicerol (1,2,3-propanotriol ou glicerina). Do processo proposto são obtidas duas frações. Uma fração, denominada extrato oleoso líquido, é composta pela mistura extratora e extrativos da própolis. A outra fração, denominada massa sólida, é composta por material não solubilizado, ceras, resinas e pequena quantidade da mistura extratora. Se as frações geradas tiverem fins alimentícios, deve-se utilizar óleo vegetal (ou animal) comestível no processo. A fração dita sólida é prontamente utilizável na preparação de produtos alimentícios, de determinados produtos cosméticos e de higiene pessoal, de produtos farmacêuticos e de outros onde sua incorporação seja útil. A fração oleosa é prontamente consumivel, utilizável na preparação de cápsulas gelatinosas e outros produtos alimentícios. A fração oleosa também pode ser incorporada na preparação de quaisquer produtos em que as propriedades da própolis sejam necessárias.
As propostas de extrato oleoso, registradas até data de apresentação deste documento, apresentam deficiências e inconvenientes. Um exemplo típico de preparação de extrato oleoso é o processo de extração da própolis com solvente orgânico e posterior remoção do solvente. Após a remoção do solvente o material resultante é incorporado a um óleo. O pedido JP2001-238616 descreve um processo similar ao exemplo citado. No pedido, própolis e lecitina são dissolvidos em etanol e/ou acetona para extração. Em seguida o extrato é submetido a pressão reduzida e aquecimento para remoção do solvente orgânico. A temperatura de aquecimento é superior a 40 graus C. O material resultante é incorporado a uma mistura de ácidos graxos. O objetivo de JP2001-238616 é fornecer um alimento contendo alguns dos constituintes da própolis, os quais sejam facilmente absorvíveis por ser vivo. O material continua apresentando as mesmas características de um extrato com solvente orgânico: limitação de constituintes bioativos. O aquecimento a temperatura superior à 40 graus C compromete a integridade de alguns componentes da própolis. Outras etapas de processamento descritas no pedido JP2001-238616, também empobrecem o material final em relação as propriedades farmacológicas.
Os pedidos cujos processos são comparáveis à proposta deste documento são o BR-PI0202728-3, no qual a própolis é incorporada a um óleo vegetal, e W02005094853 (também publicada como JP2007-530433). No processo BR-PI0202728-3 própolis bruta é imersa em óleo vegetal, preferencialmente óleo de linho, na proporção de lg: 3mL (ou lkg:3L). A mistura é deixada em repouso a temperatura ambiente por período de 30 dias, após o qual a separação é feita por filtragem com bomba filtro. O longo período de extração é um dos inconvenientes desse processo. Um segundo inconveniente é a elevada massa de própolis, comparada ao volume de óleo, necessária para a extração. Esse fator eleva o custo do processo e conseqüentemente do produto final.
No processo W02005094853, glicerídeos ou ácidos graxos que não contem álcool são utilizados como solventes extratores. Uma quantidade de própolis é esmagada em partes pequenas (tamanho de partícula 5mm ou menor), recebendo a adição de glicerídeos ou ácidos graxos em uma quantidade de 2 a 10 vezes o da própolis em termos de massa. A mistura é mantida sob agitação e temperatura entre 40 graus C e 60 graus C para a extração, por um período superior a 24 horas. O aquecimento da mistura de extração por longo período degrada compostos bioativos importantes da própolis. Já a grande quantidade de óleo (10 vezes em massa) comparada à massa de própolis produzirá um extrato com baixa concentração de extrativos, ou seja, um extrato diluído.
Embora os óleos vegetais possam apresentar boa compatibilidade com as ceras e resinas da própolis, a estrutura química desses materiais e a viscosidade dos óleos dificultam a penetração do óleo vegetal na própolis bruta. Um segundo inconveniente é a utilização de óleo vegetal puro. Pelas características químicas da própolis e dos óleos vegetais identifica-se que muitos dos compostos bioativos não são extraídos para o meio oleoso. Os inventores do processo relatado neste documento constataram, em trabalho de investigação científica, que a extração com óleo vegetal puro apresenta rendimento inferior e menores teores de substâncias fenólicas se comparada com a extração hidro-alcoólica (BURIOL et al, 2009). Mesmo utilizando-se períodos de extração superiores na extração com óleo, não é possível obter eficiência comparável à extração hidroalcoólica.
A patente de invenção aqui requerida diz respeito a um processo de extração de própolis, à temperatura ambiente e inferior a 40 graus C, em período inferior à 96 horas (o processo deve se completar em 84 horas), a fim de obter um extrato oleoso de própolis, fração líquida, de alta qualidade e rico em compostos bioativos e sinergistas da própolis (alto rendimento). Tal extrato é prontamente consumível ou incorporável em diferentes produtos alimentícios, cosméticos ou farmacêuticos. A invenção diz respeito também a fração dita sólida, obtida no processo de extração, a qual pode ser utilizada na preparação de produtos alimentícios, de determinados produtos cosméticos e de higiene pessoal, de produtos farmacêuticos e de outros onde sua incorporação seja útil.
No processo para produção de extrato oleoso de própolis, de modo detalhado, própolis em pó, obtida segundo processo dos mesmos inventores deste pedido, é misturada à etanol em concentração 95%, preferencialmente na proporção 2:1, isto é, para cada 2g de própolis em pó é utilizado ImL de etanol 95%. Pode-se atingir a proporção de 4:3, caso seja necessário em acordo com a quantidade de própolis a ser processada. Essa mistura é então mantida sob agitação mecânica constante em vaso fechado pelo período de 48 horas e sob temperatura ambiente (preferencialmente entre 25 graus C e 30 graus C). Completado o primeiro ciclo de 24 horas sob agitação deve-se acionar um sistema da exaustão ou ventilação, durante as 24 horas seguintes, para evaporação de 80% a 90% do etanol presente na mistura. O sistema de exaustão pode permitir a recuperação do etanol evaporado. Opcionalmente pode-se aquecer o vaso a temperatura inferior a 40 graus C para facilitar a remoção do etanol da mistura. O etanol inicialmente utilizado tem a função: de aumentar a polaridade do meio extracional; de diminuir a viscosidade do meio; e de abertura da massa de própolis. Essa abertura reorganiza a estrutura de modo a facilitar a penetração e extração pelos glicerídeos.
Findo o período de 48 horas, adiciona-se à pasta resultante, emulsificante de uso alimentício polisorbato na proporção 1:50, ou seja, Ig de polisorbato para cada 50g de própolis em pó. O emulsifícante tem a função de manter agregada a mistura de solvente polar, etanol, com solvente apoiar (glicerídeos). Concomitante à adição do emulsifícante, adiciona-se glicerídeos, que pode ser um óleo vegetal, um óleo animal, uma mistura de óleos vegetais, uma mistura de óleos animais, ou mistura de óleos animais e vegetais. Respeita-se a proporção de 20:15, isto é, 20mL de glicerídeos para cada 15g de própolis. Os glicerídeos devem ser adicionados gradativamente, sob agitação mecânica, a uma taxa de 5% de sua quantidade total por minuto (perfazendo um período de 20 minutos). Finda a adição, mantém-se a nova mistura sob agitação mecânica constante por um período de 12 horas. Após o período de 12 horas adiciona-se nova quantidade de glicerídeos suficiente (quantidade suficiente para, "qsp") para se atingir a proporção 100:15 entre mistura de extração e própolis, isto é, 100mL de mistura de extração para cada 15g de própolis. Essa mistura final, deve ser mantida por novo período de 12 horas sob agitação mecânica constante.
Após a fase de extração o extrato oleoso, fase líquida composta por glicerídeos, etanol, emulsificante e extrativos da própolis, é removido por decantação, sem a necessidade de filtração. Para isto devem ser utilizados recipientes apropriados para a decantação de sólidos residuais. Caso exista a disponibilidade de um filtro-prensa, seu uso apresenta excelentes resultados para a separação do extrato oleoso. O material residual, também chamado de "torta", é recuperado e reservado. O extrato oleoso obtido apresenta: concentração de etanol inferior a 1% e concentração de emulsificante inferior a 0,3%; odor e sabor característicos da própolis; coloração verde escuro translúcido.
A formulação para a produção do extrato oleoso de própolis da presente patente contém os seguintes componentes, nas seguintes proporções:
a) Própolis - de 5 a 20 gramas ou ( 10,7 a 21,21 % em peso );
b) Álcool etílico - 3 a 15 mL ou ( 2,55 a 12,7% em peso);
c) Emulsificante Polisorbato - 0,10 a 0,30 gramas ou ( 0,11 a 0,32 % em peso ); e
d) Glicerídeos (óleo ou mistura de óleos vegetais e/ou animais) - quantidade suficiente para (qsp) 100 mL ou ( 70,00 a 90,00 % em peso ).
A formulação preferida para produção do extrato oleoso apresenta as seguintes proporções: a) Própolis - 15 gramas ou 15,62 % em peso;
b) Álcool etílico - 7,50 mL ou 12,34 % em peso;
c) Emulsificante Polisorbato - 0,30 gramas ou 0,16 % em peso; e
d) Glicerídeos (óleo ou mistura de óleos vegetais e/ou animais) - quantidade suficiente para (qsp) 100 mL ou 71,88 % em peso.
Verificou-se que o rendimento de extração pelo presente processo varia entre 20 e 40% (período de extração inferior a 96 horas). O rendimento de extração utilizando somente óleo vegetal, por exemplo, é inferior a 10% para um período de 30 dias de extração e inferior a 15% para um período de 90 dias de extração.
As vantagens do processo para produção de extrato oleoso são: (1) formação de um extrato oleoso de própolis de alto rendimento, ou seja, com alta concentração de compostos bioativos da própolis; (2) o extrato oleoso é obtido em um período inferior a 96 horas (em média em 84 horas); (3) o processo é conduzido sob temperatura inferior a 40 graus C; (4) o único solvente, dito orgânico, utilizado é o etanol, que permanece no extrato com concentração inferior a 1%; (5) a baixíssima concentração de etanol torna o extrato agradável para alguns dos sentidos e inativo sobre o sistema nervoso; (6) a absorção do extrato é facilitada por causa da compatibilidade entre os glicerídeos e as biomembranas; (7) o extrato obtido além de atóxico é um alimento seguro e funcional; (8) o extrato apresenta baixa inflamabilidade; (9) o extrato oleoso é prontamente consumível, de uso tópico, ou utilizável na elaboração de diversos produtos alimentícios, cosméticos e farmacêuticos (exemplo: cápsulas gelatinosas, produtos de panificação, sabonetes); (10) a fração residual, sólida, após recuperada e reservada pode ser incorporada na elaboração de diversos produtos alimentícios, cosméticos e farmacêuticos (exemplo: biscoitos, rações animais, sabões, cápsulas duras); (11) é ambientalmente responsável uma vez que todas as frações geradas têm aplicação e nenhum resíduo é gerado; (12) utilização de equipamentos comuns e conhecidos em indústrias e laboratórios químicos; (13) o baixo custo operacional; (14) o extrato oleoso apresenta siginificativa atividade antibacteriana e citotóxica frente algumas linhagens tumorais humanas.

Claims (7)

1. " PROCESSO PARA PRODUÇÃO DE EXTRATO OLEOSO DE PRÓPOLIS COM ALTO RENDIMENTO caracterizado por seguinte seqüência: a) agitar mecanicamente, à temperatura ambiente, uma mistura de própolis em pó com etanol por 48 horas, com redução gradual do volume de etanol, a fim de preparar a extração por glicerídeos; b) adicionar emulsificante polisorbato e um óleo ou mistura de óleos vegetais e/ou animais à mistura etanólica de própolis, com subsequente agitação mecânica, à temperatura ambiente, por 12 horas; c) adicionar quantidade complementar de óleo, ou mistura de, com agitação mecânica, à temperatura ambiente, por período de 12 horas; e d) separar por decantação ou filtragem o extrato líquido de própolis de fração sólida residual; e) recuperar e reservar a fração sólida residual;
2. " PROCESSO PARA PRODUÇÃO DE EXTRATO OLEOSO DE PRÓPOLIS COM ALTO RENDIMENTO E PRODUTOS RESULTANTES em acordo com a reivindicação 1 caracterizado pelo fato de gerar um extrato líquido de própolis com baixíssima concentração de etanol e cujo solvente principal é um óleo ou mistura de óleos de origem vegetal e/ou animal.
3. " PROCESSO PARA PRODUÇÃO DE EXTRATO OLEOSO DE PRÓPOLIS COM ALTO RENDIMENTO E PRODUTOS RESULTANTES ""em acordo com a reivindicação 1 caracterizado pelo fato de promover uma extração oleosa de própolis em condições ambientes de temperatura (inferior a 40 graus Centígrados) e pressão e em um tempo inferior a 96 horas.
4. " PRODUTOS obtidos pelo processo citado na reivindicação 1, caracterizado por, formulação com as seguintes proporções: a) Própolis - de 5 a 20 gramas ou ( 10,7 a 21,21 % em peso ); b) Álcool etílico - 3 a 6 ml ou ( 2,55 a 12,7 % em peso ); c) Emulsificante Polisorbato - 0,10 a 0,30 gramas ou ( 0,11 a 0,32 % em peso ); e d) Glicerídeos (óleo ou mistura de óleos vegetais e/ou animais) - quantidade suficiente para (qsp) 100 ml ou ( 70,00 a 90,00 % em peso ).
5. " PRODUTOS obtidos pelo processo citado na reivindicação 1, caracterizado por, formulação preferida com a seguinte proporção: a) Própolis - 15 gramas ou 15,62 % em peso; b) Álcool etílico - 7,50 ml ou 12,34 % em peso; c) Emulsificante Polisorbato - 0,30 gramas ou 0,16 % em peso; e d) Glicerídeos (óleo ou mistura de óleos vegetais e/ou animais) - quantidade suficiente para (qsp) 100 ml ou 71,88 % em peso.
6. " PRODUTOS " em acordo com as reivindicações 1 e 4 caracterizado por extrato oleoso de própolis com alto rendimento de compostos bioativos da própolis.
7. " PRODUTOS " em acordo com a reivindicação 4 caracterizado pelo fato de gerar fração sólida residual que tem propriedades alimentícias, cosméticas e farmacêuticas, portanto utilizável na elaboração desses produtos.
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