(54) Título: USO DE ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS, COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, E, USO DE UMA COMPOSIÇÃO (51) Int.CI.: A23L 1/30; A23L 1/308; A61P 31/18; A61K 31/201; A61K 31/202 (30) Prioridade Unionista: 21/04/2005 EP 05103260.5, 21/04/2005 EP 05103257.1, 22/06/2004 NL
PCT/NL2004/000444 (73) Titular(es): N. V. NUTRICIA (72) Inventor(es): ERIC ALEXANDER FRANCISCUS VAN TOL; LINETTE EUSTACHIA MARIA WILLEMSEN; MARLEEN ANTOINETTE KOETSIER; CHRISTOPHER BEERMANN; BERND STAHL “USO DE ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS, COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, E, USO DE UMA COMPOSIÇÃO”
CAMPO DA INVENÇÃO
A presente invenção refere-se a um método para melhorar a integridade da barreira intestinal dos pacientes HIV e uma composição adequada para uso em tal método.
FUNDAMENTOS DA INVENÇÃO
O epitélio gastrintestinal normalmente funciona como uma barreira seletiva, permitindo a absorção de nutrientes, eletrólitos e água e evitando a exposição a antigenos dietéticos e microbianos, incluindo alérgenos de alimento. O epitélio gastrintestinal limita a passagem de antigenos para a circulação sistêmica, que podem estar causando reações inflamatórias, p. ex., reações alérgicas. Como a incidência de alergia, particularmente alergia a alimentos, está aumentando, muitos grupos de pesquisa buscam curas (preventivas) para estas enfermidades.
A EP1272058 descreve uma composição contendo oligossacarídeos indigeríveis para melhorar a junção estreita, para reduzir a permeabilidade intestinal e reduzir a reação alérgica. A composição pode compreender LC-PUFA’s (ácidos graxos poliinsaturados, de cadeia longa).
A EP 745001 descreve uma combinação de oligossacarídeos indigeríveis e ácidos graxos n-3 e n-6 para tratamento da colite ulcerativa.
Usami et al. (Clinicai Nutrition 2001, 20(4): 351-359) descreve o efeito do ácido eicosapentenóico (EPA) sobre a permeabilidade da junção estreita das células de monocamada intestinal. Em suas mãos, EPA foi constatado aumentar a permeabilidade, indicando que EPA é inadequado para melhorar a integridade da barreira intestinal.
As formulações da técnica anterior, não são otimamente adequadas para melhorar a integridade da barreira.
SUMÁRIO DA INVENÇÃO
A presente invenção provê combinação de selecionados ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (LC-PUFA’s) e selecionados oligossacarídeos. A presente combinação de LC-PUFA’s e oligossacarídeos melhora eficazmente a integridade da barreira, sinergicamente melhorando a permeabilidade intestinal, produção de muco e redução de produção de mucosa dos mediadores inflamatórios, que poderíam comprometer a integridade da barreira intestinal. Uma combinação destes compostos em uma fonnulação nutricional ou farmacêutica é particularmente adequada para melhorar a integridade intestinal dos pacientes com HIV e AIDS.
Constatou-se surpreendentemente que os LC-PUFA’s rediz eficazmente a permeabilidade paracelular epitelial. Ao contrário do que Usami et al. (Clinicai Nutrition 2001, (20(4): 351-359 informaram, Verificouse que os ácidos graxos poliinsaturados Cl8 e C20, particularmente o ácido eicosapentanóico (EPA), ácido docosaexanóico (DHA) e ácido araquidônico (ARA), são capazes de eficazmente reduzir a permeabilidade da junção estreita.
Além dos LC-PUFAs, a presente composição contém oligossacarídeos. Os oligossacarídeos selecionados melhoram a integridade da barreira estimulando a produção do muco, o que resulta em uma aumentada espessura da camada de muco. Acredita-se que este efeito é causado pelos efeitos dos distintos oligossacarídeos sobre a produção do ácido graxo de cadeia curta (SCFA). Em conseqüência, quando administrado entericamente a um mamífero, a presente combinação de EC-PUFA e oligossacarídeos indigeríveis melhora a integridade da barreira e/ou sinergicamente reduz a permeabilidade intestinal pela simultânea redução da permeabilidade da junção estreita e estímulo da produção de muco.
Em um outro aspecto, a presente composição melhorar a qualidade da camada do muco intestinal. A camada de muco compreende mucinas. As mucinas são glicoproteínas de elevada massa molecular,que são sintetizadas e secretadas pelas células caliciformes. Elas formam uma camada semelhante a gel na superfície mucosa, desse modo melhorando a integridade da barreira. A camada mucosa compreende diferentes tipos de mucinas, p. ex., mucinas ácidas, neutras e sulfonadas. Uma heterogeneidade aumentada da camada de muco acredita-se melhorar a funcionalidade da barreira.
A presente composição preferivelmente compreende pelo menos dois diferentes oligossacarídeos, que influenciam a arquitetura mucosa e vantajosamente influenciam a heterogeneidade da mucina da camada de muco, diretamente ou mudando a flora intestinal. Cada diferente oligossacarídeo selecionado acredita-se ter um diferente efeito sobre a quantidade e qualidade do muco. Além disso, os dois distintos oligossacarídeos são também capazes de estimular a qualidade do muco, como refletido pelo grau de sulfatação, através de seu estímulo sinérgico de produção de SCFA. Verificou-se surpreendentemente que uma mistura de dois diferentes oligossacarídeos de acordo com a presente invenção sinergicamente estimula a produção de acetato. Verificou-se que a produção de muco é dependente da produção de acetato.
Verificou-se ainda que o precursor do ARA, ácido linolênico gama (GLA), pode ser vantajosamente combinado na presente composição para o tratamento de pacientes HIV. Os pacientes HIV com freqüência sofrem de distúrbios inflamatórios intestinais, que tomam uma elevada ingestão de ARA indesejável, porque o ARA aumenta a resposta inflamatória. Verificouse que parte do ARA pode ser substituído por GLA, sem ter-se um efeito negativo sobre a eficácia da mistura graxa. Daí, em um outro aspecto, a presente invenção fornece uma composição compreendendo os oligossacarídeos EPA, DHA, ARA e GLA e seu uso no tratamento e/ou prevenção do HIV ou AIDS.
A presente composição é preferivelmente ainda melhorada
pelo fornecimento de oligossacarídeos de cadeia tanto longa como curta. O suprimento de diferentes comprimentos de cadeia resulta em estímulo de produção de muco em diferentes partes do íleo e cólon. Os oligossacarídeos de cadeia curta (tipicamente com um grau de polimerização (DP) de 2, 3, 4 ou
5), estimulam a produção de mucina no cólon proximal e/ou íleo distai, enquanto os oligossacarídeos com maiores comprimentos de cadeia (preferivelmente com um grau de polimerização (DP) de mais do que 5 até 60) acredita-se estimularem a produção de mucina nas partes mais distais do cólon.
Mesmo mais melhorias podem ser conseguidas provendo-se os pelo menos dois diferentes oligossacarídeos tanto como oligossacarídeos de cadeia curta como de cadeia longa. Estas formas de realização preferidas contribuem todas para integridade da barreira mais melhorada por todo o íleo e/ou cólon.
Além disso, verificou-se surpreendentemente que EPA, DHA e
ARA foram capazes de reduzir os efeitos nocivos da interleucina 4 (IL-4) sobre a permeabilidade intestinal. O IL-4 é uma citosina que é secretada em quantidades aumentadas pelas células-T mucosas em certos pacientes e induz a permeabilidade intestinal. Daí, a presente invenção também fornece um método para o tratamento e/ou prevenção de doenças em que a concentração de IL-4 intestinal é aumentada, tais como alergia, particularmente dermatite tópica.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO
A presente invenção refere-se a uma composição nutricional compreendendo:
a) EPA, DHA e ARA, em que o teor de ácido graxo poliinsaturado de cadeia longa, com 20 e 22 átomos de carbono, não excede 85% em peso do teor de gordura total; e
b) pelo menos dois distintos oligossacarídeos, em que os dois distintos oligossacarídeos têm uma homologia de unidades de monose abaixo de 90%.
Esta composição pode ser vantajosamente usada em um método para estimular a integridade da barreira intestinal, dito método compreendendo administrar a um mamífero dita composição.
Em um outro aspecto, a presente invenção provê o uso de ácidos graxos poliinsaturados, para a manufatura de uma composição para uso em um método para o tratamento de um paciente infectado com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), dito método compreendendo administrar a dito paciente infectado com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) uma composição compreendendo:
a. ácido eicosapentenóico (EPA), ácido docosexanóico (DHA) e ácido araquidônico (ARA), em que o teor do ácido graxo poliinsaturado de cadeia longa, com 20 e 22 átomos de carbono, não excede 85% em peso do teor de gordura total; e
b. pelo menos dois oligossacarídeos distintos (OL1 e OL2), em que os dois distintos oligossacarídeos têm uma homologia de unidades de monose abaixo de 90%.
Uma forma de realização particular do tratamento de um paciente infectado com HIV é o tratamento nutricional. Outras formas de realização da presente invenção são o uso da composição definida acima em um método para prover nutrição ao paciente infectado com HIV, dito método compreendendo administrar, a dito paciente infectado com HIV, dita composição e também o uso da composição definida acima, em um método para estimular a integridade da barreira intestinal em um paciente infectado com HIV, dito método compreendendo administrar a dito paciente infectado com HIV dita composição.
Ácidos graxos poliinsaturados
Os presentes inventores surpreendentemente constataram que o ácido eicosapentenóico (EPA, n-3), ácido docosaexanóico (DELA, n-3) e ácido araquidônico (ARA, n-6) reduzem eficazmente a permeabilidade da junção estreita intestinal. GLA (n-6) também reduz eficazmente a permeabilidade da barreira. Daí, a presente invenção, que é particularmente adequada para melhorar a integridade da barreira intestinal, compreende EPA, DELA e ARA opcionalmente combinados com GLA.
Os presentes inventores constataram que os LC-PUFA’s selecionados eram eficaz na redução da permeabilidade da junção estreita (vide Exemplos vs. Usami et al.). O teor do LC-PUFA com 20 e 22 átomos de carbono da presente composição preferivelmente não excede 85% em peso de teor de gordura total, preferivelmente não excede 35% em peso, mesmo mais preferivelmente não excede 15% em peso do teor de gordura total. Preferivelmente, a presente composição compreende pelo menos 0,1% em peso, preferivelmente pelo menos 0,25% em peso, mais preferivelmente pelo menos 0,5% em peso, mais preferivelmente pelo menos 0,75% em peso, mesmo mais preferivelmente pelo menos 5% em peso, mesmo mais preferivelmente pelo menos 15% em peso e, muitíssimo preferivelmente, pelo menos 25% em peso de LC-PUFA com 20 e 22 átomos de carbono do teor de gordura total. Pela mesma razão, o teor de EPA preferivelmente não excede
55% em peso da gordura total, preferivelmente não excede 35% em peso, mais preferivelmente não excede 25% em peso, porém é preferivelmente de pelo menos 0,05% em peso, mais preferivelmente pelo menos 0,1% em peso e, muitíssimo preferivelmente, pelo menos 1% da gordura total. O teor de DHA preferivelmente não excede 15% em peso, mais preferivelmente não excede 10% em peso, porém é de pelo menos 0,1% em peso da gordura total. Como se constatou que ARA é particularmente eficaz na redução da permeabilidade da junção estreita, a presente composição compreende quantidades relativamente elevadas, preferivelmente pelo menos 0,1% em peso, mesmo mais preferivelmente pelo menos 0,25% em peso, muitíssimo /7 preferivelmente pelo menos 0,5% em peso da gordura total. O teor de ARA preferivelmente não excede 15% em peso, preferivelmente não excede 5% em peso, mais preferivelmente não excede 1% em peso da gordura total. Na presente composição entérica contendo ARA, o EPA e DHA são vantajosamente adicionados para equilibrar a ação de ARA, p. ex., reduzir a ação pró-inflamatória potencial dos metabólitos de ARA. Metabólitos em excesso de ARA podem causar inflamação. A presente composição nutricional preferivelmente também contém ácido gama-linolênico (GLA, Cl8). O GLA atua como um precursor de ARA, para substituir pelo menos em parte o teor de ARA da composição, a fim de diminuir mais o efeito próinflamatório de ARA.
Em conseqüência, a presente composição preferivelmente compreende ARA, GLA, EPA e DHA, em que a relação em peso (ARA+GLA)/DHA preferivelmente é acima de 0,10, preferivelmente acima de 0,25 e, mais preferivelmente, acima de 0,5. A relação é preferivelmente abaixo de 25 e, muitíssimo preferivelmente, abaixo de 3.
A presente composição preferivelmente compreende entre 5 e 75% em peso de ácidos graxos poliinsaturados, baseados na gordura total, preferivelmente entre 10 e 50% em peso.
O LC-PUFA com 20 e 22 átomos de carbono pode ser fornecido como ácidos graxos livres, em forma de triglicerídeo, em forma de fosfolipídeo, ou como uma mistura de um ou mais dos acima. A presente composição preferivelmente compreende pelo menos um de ARA e DHA em forma de fosfolipídeo.
A presente composição nutricional preferivelmente também provê ácido graxo ômega-9 (n-9) (preferivelmente ácido oléico, 18:1), para provê suficiente nutrição. Preferivelmente, a presente composição provê pelo menos 1% em peso de ácido graxo n-9, baseado no peso dos ácidos graxos totais, mais preferivelmente pelo menos 5% em peso. O teor de ácidos graxos
n-9 é preferivelmente abaixo de 80% em peso.
Quantidade diária adequada pode ser de pelo menos 0,1 g de
EPA e 0,05 g de ARA ou ARA + GLA ou entre 0,1 e 5 g de EPA e entre 0,05 e 2,5 g de ARA ou ARA + GLA ou entre 0,5 e 2,5 g de EPA e entre 0,25 e
1,25 g de ARA ou ARA + GLA ou uma quantidade entre 0,75 e 1,5 g de AP A e entre 0,37 e 0,75 g de ARA ou ARA + GLA. Quantidades diárias adequadas para DHA seguem, da relação (ARA + GLA)/DHA dada acima.
Oligossacarídeos
Oligossacarídeos adequados de acordo com a presente invenção são sacarídeos que têm um grau de polimerização (DP) de pelo menos 2 unidades de monose, que não são ou são somente parcialmente digeridos no intestino pela ação dos ácidos ou enzimas digestivas presentes no trato digestivo superior humano (intestino delgado e estômago), porém que são fermentáveis pela flora intestinal humana. A expressão unidades de monose refere-se a unidades tendo uma estrutura de anel fechado, preferivelmente hexose, p. ex., a piranose ou formas de furanose. O grau de polimerização do oligossacarídeo é tipicamente abaixo de 60 unidades de monose, preferivelmente abaixo de 40, mesmo mais preferivelmente abaixo de 20.
A presente composição compreende pelo menos dois diferentes oligossacarídeos, em que os oligossacarídeos têm uma homologia de unidades de monose abaixo de 90%, preferivelmente abaixo de 50%, mesmo mais preferivelmente abaixo de 25%, mesmo mais preferivelmente abaixo de 5%. O termo “homologia”, como usado na presente invenção, é o cumulativo da percentagem das mesmas unidades de monose dos diferentes oligossacarídeos. Por exemplo, oligossacarídeo 1 (OL1) tem a estrutura frucfrut-glu-gal e, assim, compreende 50% de fruc, 25% de gal e 25% de glu. O oligossacarídeo 2 (OL2) tem a estrutura ffuc-fruc-glu e, assim, compreende 66% de fruc, 33% de glu. Os diferentes oligossacarídeos assim têm uma
homologia de 75% (50% de fru + 25% de glu).
Em uma forma de realização preferida, a presente composição compreende galactoligossacarídeos e pelo menos um selecionado do grupo consistindo de frutoligossacarídeos e inulina.
Cada um dos presentes oligossacarídeos preferivelmente compreende pelo menos 66%, mais preferivelmente pelo menos 90% de unidades de monose selecionadas do grupo consistindo de manose, arabinose, frutose, fucose, ramnose, galactose, β-D-galactopiranose, ribose, glicose, xilose, ácido urônico e suas derivações, calculadas sobre o número total de unidades de monose contidas neles.
De acordo com uma outra fonna de realização, pelo menos um dos oligossacarídeos da presente composição é selecionado do grupo consistindo de frutanos, frutooligossacarídeos, dextrinas indigeríveis, galactooligossacarídeos (incluindo transgalactooligossacarídeos), xilooligossacarídeos, arabinooligossacarídeos, glicooligossacarídeos, manooligossacarídeos, fuctooligossacarídeos, oligossacarídeos ácidos (vide abaixo, p.ex., oligossacarídeos de ácido urônico, tais como hidrolisado de pectina) e suas misturas. Preferivelmente, a presente composição compreende pelo menos um, preferivelmente pelo menos dois dos oligossacarídeos selecionados do grupo consistindo de frutooligossacarídeos ou inulina, galactooligossacarídeos e hidrolisado de pectina.
Para boa quantidade e qualidade de muco, a presente composição preferivelmente compreende pelo menos um oligossacarídeo, que compreende pelo menos 66% de galactose ou frutose como uma unidade de monose. Em uma forma de realização preferida, a composição compreende pelo menos oligossacarídeo que compreende pelo menos 66% de galactose como uma unidade de monose e pelo menos um oligossacarídeo que compreende pelo menos 66% de frutose como uma unidade de monose. Em uma forma de realização particularmente preferida, a presente composição compreende £0 galactooligossacarídeo e um oligossacarídeo selecionado do grupo consistindo de fuctooligossacarídeos e inulina. Os frutooligossacarídeos estimulam a produção de sulfomucina no cólon distai de ratos associados com flora humana (Kleessen et al. (2003) Brit J Nutr 89:597-606) e os galactooligossacarídeos estimulam a produção de mucina ácida (Meslin et al., Brit. J. Nutr (1993), 69: 903-912)).
Para mais melhoria da espessura da camada de muco em toda a área do cólon, pelo menos 10% em peso dos oligossacarídeos da presente composição têm um DP de 2 a 5 (isto é, 2, 3, 4 e/ou 5) e pelo menos 5% em peso têm um DP de 10 a 60. Preferivelmente, pelo menos 50% em peso, mais preferivelmente pelo menos 75% em peso dos oligossacarídeos têm um DP de 2 a 9 (isto é, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e/ou 9), porque acredita-se que estes funcionem por todo o íleo e partes proximais e intermediárias do cólon, porque a percentagem em peso dos oligossacarídeos que necessitam ser incorporados na composição, para obter o efeito desejado, é reduzida.
Preferivelmente, as relações em peso:
a. (oligossacarídeos com DP 2 a 5); (oligossacarídeos com DP 6, 7, 8 e/ou 9) > 1; e
b. (oligossacarídeos com DP de 10 a 60): (oligossacarídeos com DP 6, 7, 8 e/ou 9) > 1 são ambos acima de 1.
Preferivelmente, ambas relações em peso são ácima de 2, mesmo mais preferivelmente acima de 5.
Para melhor mais melhoria da espessura e qualidade da camada de muco através da inteira área do cólon, preferivelmente cada um dos pelo menos dois diferentes oligossacarídeos são fornecidos em diferentes comprimentos de cadeia, preferivelmente pelo menos 10% em peso de cada oligossacarídeo baseado no peso total do respectivo oligossacarídeo têm um DP de 2 a 5 (isto é, 2, 3,4 e/ou 5) e pelo menos 5% em peso têm um DP entre 10 e 60. Preferivelmente, pelo menos 50% em peso, mais preferivelmente pelo menos 75% em peso do oligossacarídeo baseado no peso total daqueles
'0 oligossacarídeos têm um DP entre 2 e 10, porque acredita-se que estes funcionem por todo o íleo e partes proximais e intermediárias do cólon. Oligossacarídeos ácidos
Para melhorar mais a integridade da barreira, a presente composição preferivelmente inclui oligossacarídeos ácidos com um DP entre 2 e 60. A expressão oligossacarídeo ácido refere-se a oligossacarídeos compreendendo pelo menos um grupo ácido selecionado do grupo consistindo de ácido N-acetilneuramínico, ácido N-glicoloilneuramínico, ácido carboxílico livre ou esterificado, grupo ácido sulfurico e grupo ácido fosfórico. O oligossacarídeo ácido preferivelmente compreende unidades de ácido urônico (isto é, polímero de ácido urônico), mais preferivelmente unidades de ácido galactourônico. O oligossacarídeo ácido pode ser um carboidrato homogêneo ou heterogêneo. Exemplos adequados são hidrolisados de pectina e/ou alginato. No trato intestinal, os polímeros de ácido urônico são hidrolisados em monômeros de ácido urônico, que estimulam a produção do acetato intestinal, que, por sua vez, estimula a secreção do muco intestinal (Barcelo et al., Gut 2000; 46:218-224). Preferivelmente, o oligossacarídeo ácido tem a estrutura I abaixo, em que a hexose terminal (esquerda) preferivelmente compreende uma dupla ligação. As unidades de hexose que não as unidade(s) de hexose terminais, são preferivelmente unidades de ácido urônico, mesmo mais preferivelmente unidades de ácido galactourônico. Os grupos ácido carboxílico destas unidades podem ser livres ou (parcialmente) esterificados e, preferivelmente, pelo menos 10% são metilados (vide abaixo).
Estrutura I: Oligossacarídeo de ácido polimérico
R*
n em que:
R é preferivelmente selecionado do grupo consistindo de hidrogênio, hidróxi ou grupo ácido, preferivelmente hidróxi; e pelo menos um selecionado do grupo consistindo de R2, R3, R4 e R5, representa ácido acetilneuramínico, ácido N-glicoilneuramínico, ácido carboxílico livre ou esterificado, grupo ácido sulfúrico e grupo ácido fosfórico e o resto de R2, R3, R4 e R5 representando hidróxi e/ou hidrogênio. Preferivelmente, um selecionado do grupo consistindo de R2, R3, R4 e R5 representa ácido N-acetilneuramínico, ácido N-glicoloilneuramínico, ácido carboxílico livre ou esterificado, grupo ácido sulfúrico ou grupo ácido fosfórico e o restante representa hidróxi e/ou hidrogênio. Mesmo mais preferivelmente, um selecionado do grupo consistindo de R2, R3, R4 e R5 representa o ácido carboxílico livre ou esterificado e o restante de R2, R3, R4 e R5 representando hidróxi e/ou hidrogênio; e n é um inteiro e refere-se a um número de unidades de hexose (vide também Degree of Polymerisation, abaixo), que podem ser qualquer unidade de hexose. Adequadamente, n é um inteiro entre 1 - 5000. Preferivelmente, a(s) unidades(s) de hexose é/são uma unidade de ácido urônico. Muitíssimo preferivelmente, Rb R2 e R3 representam hidróxi, R4 representa hidrogênio, R5 representa ácido carboxílico, n é qualquer número '0 entre 1 e 250, preferivelmente entre 1 e 10 e a unidade de hexose é ácido galactourônico.
A detecção, medição e análise dos oligossacarídeos de ácido preferidos, como usados no presente método, são fornecidas no pedido de patente anterior dos requerentes, relativo a oligossacarídeos ácidos, isto é,
WO 0/160378.
Para melhoria do estímulo da espessura de camada de muco através da inteira área do cólon, a presente composição preferivelmente compreende pelo menos 10% em peso de oligossacarídeos ácidos, com um DP de 2 a 5 (isto é, 2, 3, 4 e/ou 5) e pelo menos 5% em peso de oligossacarídeos ácidos com um DP entre 10 e 60, dita% em peso sendo baseada no peso total dos oligossacarídeos.
Os oligossacarídeos ácidos usados na invenção são preferivelmente preparados de pectina, pectato, alginato, condroitina, ácidos hialurônicos, heparina, heparano, carboidratos bacterianos, sialoglicanos, fucoidano, fucooligossacarídeos ou carragenano, mais preferivelmente de pectina e/ou alginato.
Teor de oligossacarídeo
Quando em forma líquida pronta para alimentação, a presente composição preferivelmente compreende 0,1 a 100 g de oligossacarídeo indigerível por litro, mais preferivelmente entre 0,5 e 50 g por litro, mesmo mais preferivelmente entre 1 e 25 g por litro. Um teor demasiado elevado de oligossacarídeos pode causar desconforto devido a excessiva fermentação, enquanto um teor muito baixo pode resultar em uma insuficiente camada de muco.
A relação em peso dos pelo menos dois diferentes oligossacarídeos é preferivelmente entre 1 e 10, mais preferivelmente entre 1 e 5. Estas relações em peso estimulam a produção de mucina de diferentes tipos em diferentes sítios do intestino otimamente.
O oligossacarídeo é preferivelmente incluído na presente composição de acordo com a invenção em uma quantidade excedendo 0,1% em peso, preferivelmente excedendo 0,2% em peso, mais preferivelmente excedendo 0,5% em peso e, mesmo mais preferivelmente, excedendo 1% em peso, com base no peso seco total da composição. A presente composição preferivelmente tem um teor de oligossacarídeo abaixo de 20% em peso, mais preferivelmente abaixo de 10% em peso, mesmo mais preferivelmente abaixo de 5% em peso.
A adição de nucleotídeos e/ou nucleosídeos à presente composição melhora mais a função da barreira mucosa do intestino,
particularmente quando ela inibe e/ou reduz a incidência de translocação bacteriana e diminui a lesão intestinal. Em conseqüência, a presente composição preferivelmente também compreende 1 e 500 mg de nucleosídeos e/ou nucleotídeos por 100 g da fórmula seca, mesmo mais preferivelmente entre 5 e 100 mg.
Aplicação
A presente composição pode ser vantajosamente usada em um método para melhorar a integridade da barreira em mamíferos, particularmente humanos. A presente composição pode também ser vantajosamente usada em um método para o tratamento ou prevenção de doenças associadas com reduzida integridade da barreira, dito método compreendendo administrar a um mamífero a presente composição. A presente composição é preferivelmente administrada oralmente.
Para o doente e crianças, a presente composição é preferivelmente combinada com nutrição completa, incluindo proteína, carboidrato e gordura. A presente composição é vantajosamente administrada a crianças com a idade entre 0 e 2 anos. A composição pode ser administrada a pacientes que sofrem de uma integridade da barreira deteriorada e pacientes saudáveis. A presente composição é vantajosamente usada em um método ,0 provendo as necessidades nutricionais de uma criança prematura (uma criança nascida antes de 37 semanas de gestação).
A presente composição pode também ser vantajosamente usada em um método para tratamento e/ou prevenção de avaria intestinal, pela administração da presente composição ao paciente antes de ou após um tratamento médico, que pode causar avaria intestinal. Tal tratamento médico pode, por exemplo, ser cirurgia ou tratamento de medicina entérica (p. ex., antibióticos, analgésicos, NSAID, agentes quimioterapêuticos etc.).
A presente composição pode também ser vantajosamente usada para tratar ou evitar doenças em que o rompimento da barreira intestinal
é subjacente ao desenvolvimento do curso da doença, p.ex., em um método para o tratamento ou prevenção de doenças inflamatórias crônicas, particularmente Doença Inflamatória do Intestino (IBD), Síndrome do Intestino Irritável (IBS), doença celíaca, pancreatite, hepatite, artrite ou diabetes. Além disso, a invenção pode ser usada em um método para prover nutrição a pacientes que sofreram ou estão sofrendo cirurgia abdominal e pacientes que experimentam disfunção pós-operativa do intestino e/ou pacientes mal-nutridos.
Em uma outra forma de realização da invenção, a presente composição é vantajosamente administrada a pacientes sofrendo de síndrome da deficiência imune adquirida (AIDS) e/ou pacientes que estão infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), p.ex., em um método para o tratamento de infecção por AIDS e/ou HIV. Dito método compreende a administração oral da presente composição, preferivelmente combinada com nutrientes selecionados do grupo consistindo de carboidrato, proteína e gordura. As composições de acordo com a presente invenção são particularmente úteis para pacientes com uma contagem de célula CD4+ T que é abaixo do nível crítico em tomo de 700 células/μΐ sangue, quando geralmente Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (HAART) não é
-0 necessária, porém quando os pacientes realmente já correm o risco de desenvolver ou mesmo experimentar um ou mais problemas que podem ser relacionados com a integridade da barreira intestinal, em particular disfunção da integridade da barreira intestinal. Em conseqüência, em um outro aspecto a presente invenção fornece um método para parar ou tomar mais lenta a redução da contagem das células CD4+ T ou melhorar a contagem das células CD4+ T em pacientes sofrendo de HIV e/ou AIDS, dito método compreendendo administrar a presente composição. Em uma forma de realização, o método compreende administrar a presente composição a um paciente, dito paciente sendo um indivíduo humano tendo uma contagem de
células CD4+ linfócito-T entre 200 a 700 células/μΙ de sangue. Em ainda outra forma de realização, o método compreende administrar a presente composição a um paciente, dito paciente não sendo tratado por Terapia Antirretroviral Altamente Ativa. Em uma forma de realização particular, o paciente tem uma contagem de células CD4+ linfócito-T entre 200 a 700 células/μΙ de sangue e não sendo tratado por Terapia Antirretroviral Altamente Ativa.
Além disso, a invenção pode também ser usada para tratar ou evitar complicações resultantes da integridade da barreira reduzida, particularmente em um método para o tratamento e/ou prevenção da diarréia, particularmente diarréia de crianças. Devido à incidência reduzida de diarréia de crianças, a presente composição pode também ser vantajosamente usada para reduzir erupção por fralda.
A administração da presente invenção reduz a passagem de antígenos dietéticos e microbianos, particularmente alérgenos de alimentos, do lúmen intestinal do lúmen intestinal para dentro da circulação mucosa ou sistêmica e, em conseqüência, pode ser vantajosamente usada em um método para o tratamento ou prevenção de alergia e/ou reação alérgica, particularmente em um método para o tratamento ou prevenção de alergia a alimentos, p. ex., reação alérgica resultante da ingestão de gêneros alimentícios.
Verificou-se também que EPA, DHA e/ou ARA são capazes de reduzir os efeitos da IL-4 sobre a permeabilidade intestinal. Em conseqüência, um aspecto da presente invenção provê um método para o tratamento e/ou prevenção de doenças em que a concentração da IL-4 intestinal é aumentada (p. ex., doenças alérgicas), dito método compreendendo administrar um LC-PUEA, preferivelmente selecionado do grupo consistindo de EPA, DHA e ARA, preferivelmente combinado com os presentes oligossacarídeos selecionados. Em conseqüência, a presente ”· composição pode também ser vantajosamente usada em um método para o tratamento de dermatite atópica.
A presente composição é preferivelmente provida como um pó acondicionado ou fónnula pronta para alimentação acondicionada. Para evitar deterioração do produto, o tamanho da embalagem da fórmula pronta para alimentação preferivelmente não excede uma quantidade servida, p. ex., não excede 500 ml; e o tamanho da embalagem da presente composição em forma de pó preferivelmente não excede 250 quantidades servidas. Quantidades de embalagens adequadas para o pó são 3000 gramas ou menos, preferivelmente 1000 gramas ou menos.
Os produtos acondicionados, providos com os rótulos que explícita ou implicitamente dão instruções ao consumidor para o uso de dito produto de acordo com uma ou mais das finalidades acima ou abaixo, são abrangidos pela presente invenção. Tais rótulos podem, por exemplo, fazer referência ao presente método para evitar reação alérgica a alérgenos de alimentos, incluindo fraseado como “sensibilidade reduzida a alimentos”, “melhorando a tolerabilidade intestinal”, “tolerância a alimentos melhorada” ou fraseado similar. Similarmente, referência ao presente método para tratar e/ou evitar alergia pode ser feita incorporando-se terminologia equivalente a “resistência melhorada” ou “sensibilidade reduzida”.
Fórmulas
Verificou-se que a presente composição podería ser vantajosamente aplicada em alimentos, tais como alimento de bebê e alimento clínico. Tal alimento preferivelmente compreende lipídeo, proteína e carboidrato e é preferivelmente administrado em forma líquida. O termo “alimento líquido” como usado na presente invenção inclui alimento seco (p. ex., pós), que são acompanhados com instruções quanto à mistura de dita mistura de alimento seco com um líquido adequado (p. ex., água).
Em conseqüência, a presente invenção também refere-se a uma w
composição nutricional, que preferivelmente compreende entre 5 e 50% de en de lipídeo, entre 5 e 50% de en de proteína, entre 15 e 90% de en de carboidrato e a presente combinação de oligossacarídeos e LC-PUFA’s. Preferivelmente, a presente composição nutricional preferivelmente contém entre 10 e 30% de en de lipídeo, entre 7,5 e 40% de en de proteína e entre 25 e 75% en de carboidrato (% de en é abreviatura para percentagem de energia e representa a quantidade relativa, cada constituinte contribuindo para o valor calórico total da preparação).
Preferivelmente, uma combinação de lipídeos vegetais e pelo 10 menos um óleo selecionado do grupo consistindo de óleo de peixe e óleo vegetal ômega-3, de algas ou bactérias é usado.
As proteínas usadas na preparação nutricional são preferivelmente selecionadas do grupo de proteínas animais não-humanas (tais como proteínas do leite, proteínas da carne e proteínas do ovo), proteínas vegetais (tais como proteína de soja, proteína de trigo, proteína do arroz e proteína de ervilha), aminoácidos livres e misturas deles. Fonte de nitrogênio derivado de leite de vaca, particularmente proteínas do leite de vaca, tais como caseína e proteínas do soro de leite, são particularmente preferidas.
Irregularidade nas fezes (p. ex., fezes duras, volume de fezes insuficiente, diarréia) é um problema principal em muitos bebês e indivíduos enfermos que recebem alimentos líquidos. Foi constatado que os problemas de fezes podem ser reduzidos administrando-se os presentes oligossacarídeos em alimento líquido, que tenha uma osmolalidade entre 50 e 500 mOsm/kg, mais preferivelmente entre 100 e 400 mOsm/kg.
Em vista do acima, é também importante que o alimento líquido não tenha uma densidade calórica excessiva, entretanto ainda provendo suficientes calorias para alimentar o indivíduo. Daí, o alimento líquido preferivelmente tem uma densidade calórica entre 0,1 e 2,5 kcal/ml, mesmo mais preferivelmente uma densidade calórica entre 0,5 e 1,5 kcal/ml, muitíssimo preferivelmente entre 0,5 e 0,8 kcal/ml.]
EXEMPLOS
Exemplo 1: Efeito de LC-PUFA sobre a integridade da barreira
Monocamadas (MC) de linhagens de células epiteliais intestinais T84 (American Type Culture Collection (ATTC), Manassas, USA) foram cultivadas em filtros trans-poço (Corning, Costa BV, Países Baixos), permitindo amostragem tanto mucosa como serosal e estímulo de células epiteliais intestinais humanas. Duas semanas pós confluência, as monocamadas foram incubadas no compartimento luminal com ácidos graxos poliinsaturados ARA (ácido araquidônico; ácido 5,8,11,14-eicosatetraenóico),
DELA (ácido cis-4,7,10,13,16,19 docosaexanóico), EPA (ácido eicosapentanóico) ou ácido palmítico de controle (C 16:0) (Palm) (Sigma, St.
Louis, USA). O último procedimento foi escolhido para imitar a via de administração in vivo dos compostos dietéticos. As células foram incubadas com ARA, DHA, EPA, GLA ou ácido palmítico por 0, 24, 48 e 72 h em diferentes concentrações (10 μΜ e 100 μΜ). Experimentos foram realizados para avaliar a integridade da barreira basal. A função da barreira epitelial foi determinada medindo-se a resistência transepitelial (TER, Q.cm2) por medidor de volt-ohm epitelial (EVOM; World Precision Instruments,
Alemanha) e a permeabilidade para resistência de 4kD FITC dextrano (marcador de permeabilidade paracelular, Sigma, USA). A permeabilidade epitelial para 4 kDa FITC-dextrano foi determinada como segue. Antes dos fluxos de dextrano, o meio foi refrescado com meio de cultura sem vermelho de fenol por uma hora, seguido pela adição de 5 μΐ (estoque 100 mg/ml) de 4 kDa FITC-dextrano ao compartimento lumenal. Após 30 min de incubação, amostra de 100 μΐ foi coletada do compartimento serosal e o sinal fluorescente medido em comprimento de onda de excitação de 485 nm e emissão de 520 nm (FLUOstar Galaxy ®, BMG Labtechnologies, USA.). Os fluxos de FITC-dextrano foram calculados como pmol de FIT-
:ο dextrano/cnr/h. Análise estatística foram realizadas usando-se ANOVA (versão SPSS 10).
Os resultados do efeito dos ácidos graxos (100 μΜ) SOBRE A integridade da barreira espontânea, após 72 h de incubação, são dados na Tabela 1. A tabela 1 mostra que os LC-PUFA’s ARA, EPA, GLA e DHA reduzem o fluxo molecular e melhoram a resistência epitelial. Ao contrário, os experimentos de controle mostram que o ácido palmítico tem efeitos opostos, isto é, comprometem a integridade da barreira. Estes resultados são indicativos do uso vantajoso de EPA, DHA, GLA e ARA e, particularmente, ARA, na composição de acordo com a presente invenção e para uso em um método de acordo com a presente invenção, p. ex., em um método para melhorar a integridade da barreira. Estes resultados suportam ainda os efeitos sinérgicos da presente combinação de ácidos graxos e oligossacarídeos indigeríveis.
A Figura 1 mostra os efeitos dependentes do tempo e dose (10 μΜ e 100 μΜ) dos vários ácidos graxos (ácido palmítico, DHA, GLA e AA) sobre a integridade da barreira basal (TER). A Figura 1 mostra que os LCPUFA^ AA, DHA e GLA melhoram a integridade da barreira epitelial, como refletido pela resistência aumentada (TER). Estes resultados são indicativos para o uso vantajoso de EPA, DHA, GLA e ARA, particularmente em ARA, na composição de acordo com a presente invenção e para uso em um método de acordo com a presente invenção, isto é, em um método para melhorar a integridade da barreira. Estes resultados suportam ainda os efeitos sinérgicos da presente combinação de ácidos graxos e oligossacarídeos indigeríveis.
Tabela 1
Ingrediente (LCPUFA) |
Fluxo |
Resistência (TER) |
Controle |
79 |
1090 |
Ácido palmítico |
161 |
831 |
DHA |
72 |
1574 |
ARA |
28 |
1816 |
EPA |
65 |
1493 |
J/
Exemplo 2: Efeito de LC-PUFA sobre o rompimento da barreira mediado por
IL-4
As monocamadas (MC) das linhagens de células epiteliais intestinais T84 (ATCC, USA) foram cultivadas em filtros trans-poço (Conning, Costar BV, Países Baixos), permitindo amostragem tanto mucosa como serosal e estímulo das células epiteliais intestinais humanas. Duas semanas pós confluência, as monocamadas foram incubadas na presença de IL-4 (2 ng/ml, compartimento serosal, Sigma, USA) com ou sem ácidos graxos poliinsaturados ARA, DHA, GLA, EPA, ou ácido palmítico de controle (10 μΜ ou 100 μΜ, compartimento mucoso, Sigma, St. Louis,
USA). As células foram pré-incubadas com GLA, ARA, DHA, EPA ou ácido palmítico por 48 h antes da incubação de IL-4. A co-incubação de PUFA’s e ácido palmítico com IL-4 foi continuada por mais 48 h; enquanto o meio de cultura e os aditivos foram trocados a cada 24 h. A função da barreira epitelial foi determinada medindo-se a resistência transepitelial (TER) e a permeabilidade, como descrito no exemplo 1. A avaliação estatística foi realizada como descrito no exemplo 1.
Os resultados do efeito de GLA, ARA, DHA, EPA e ácido palmítico (100 μΜ) sobre o rompimento da barreira mediada por IL-4 são dados na Tabela 2. A Tabela 2 mostra que LC-PUFA’s GLA, ARA, DHA e EPA inibem o fluxo aumentado causado por IL-4. Ao contrário, o ácido palmítico teve um efeito nocivo e diminuiu o rompimento da barreira, em comparação com o controle. Estes resultados são indicativos do uso vantajoso de GLA, ARA, DELA e EPA em formulações de nutrição clínicas e de bebê, para evitar ou reduzir o rompimento da barreira mediado por IL-4, p. ex., como ocorre em alergia a alimentos ou leite de vaca. Estes resultados suportam ainda os efeitos sinérgicos da presente combinação de ácidos graxos e oligossacarídeos indigeríveis.
A Figura 2 dá os efeitos protetores dependentes de tempo e dose (10 μΜ e 100 μΜ) dos vários FA’s (ácido palmítico, DHA, GLA e ARA) sobre a destruição da barreira mediada por IL-4 (Fluxo). A Fig. 2 mostra que ARA, DHA e GLA protegem contra o rompimento da barreira mediado por IL-4, como refletido pelo diminuído fluxo de 4kD dextrano. Estes resultados são indicativos para o uso vantajoso de GLA, ARA, DHA e EPA em formulações de nutrição clinicas e de bebê, para evitar ou reduzir o rompimento da barreira mediado por IL-4, p. ex., como ocorre em alergia de alimentos ou leite de vaca. Estes resultados suportam ainda os efeitos sinérgicos da presente combinação de ácidos graxos e oligossacarídeos indigeríveis.
Tabela 2
Ingrediente (PUFA) |
Permeabilidade (Fluxo IL-4) |
Resistência (TER IL-4) |
Controle |
573 |
281 |
GLA |
360 4 |
331 ΐ |
ARA |
273 |
337 t |
EPA |
236 Φ |
375 t |
DHA |
304 f |
328 t |
Φ = permeabilidade reduzida pro PUFA; t = resistência melhorada por PUFA
Exemplo 3: Efeito dos oligossacarídeos sobe a produção de acetato
Microorganismos foram obtidos de fezes frescas de bebês alimentados por madeira. O material fecal fresco de bebês variando de 1 a 4 meses de idade foi reunido e colocado em meio preservativo dentro de 2 h. Como substrato, prebióticos (TOS; mistura de TOS/inulina (HO) em uma relação de 9/1 (p/p); inulina; mistura de oligofrutose(OS)/inulina em uma relação de 1/1 (p/p) ou nenhuma (branco) foram usados. Os transgalactooligossacarídeos (TOS) foram obtidos da Vivinal GOS, Borculo Domo Ingredients, Zwolle, Países Baixos e compreende como oligossacarídeos indigeríveis: 33% em peso de dissacarídeos, 39% em peso de trissacarídeos, 18% em peso de tetrassacarídeos, 7% em peso de pentassacarídeos e 3% em peso de hexa, heptanooctassacarídeos. Os ingredientes de alimentos ativos inulina (HP) Orafiti, Tienen, Bélgica, isto é, Raftiline HP®, com um DP médio de 23. Meios: meio BcBain & MacFarlane;
<
água com peptona tamponada 3,0 g/1, extrato de levedura 2,5 g/1, mucina (bordas de escova) 0,87 g/1, triptona 3,0 g/1, L-Cisteína-HCl 0,4 g/1, sais biliares 0,05 g/1, K2HPPO4.3H2O 2,6 g/1, NaHCO3 0,2 g/1, NaCl 4,5 g/1, MgSO4.7H2O 0,5 g/1, CaCl2 0,228 g/1, FeSO47H2O 0,005 G/L. Carga 500 ml frascos Scott com o meio esterilizado 15 minutos a 121 °C. Meio tamponado: K2HPO4.3H2), 2,6 g/1 NaHCO3 0,2 g/1,NaCl 4,5 g/1, MgSO4.7H2O, 0,5 g/1 CaCl2 0,228 g/1, FeSO4.7H2O 0,005 G/L. Ajustar a pH 6,3 mm 0,1 com K2HPO4 ou NaHCO3. Encher garrafas Scott de 500 ml com o meio e esterilizar 15 minutos a 121°C. Meio Preservativo: Peptona tamponada 20,0 g/1, L-Cisteína-HCl 0,5 g/1, tioglicolato de sódio 0,5 g/1, resazurina 1 tablete por litro, ajustar a pH 6,7 ± com 1 M NaOH ou HCI. Fervido em microondas.
As garrafas de soro foram enchidas com 25 ml de meio e esterilizadas por 15 minutos a 121°C.
Amostras fecais frescas foram misturadas com meio preservativo e armazenadas por diversas horas a 4°C. A solução preservada de fezes foi centrifugada a 13000 rpm por 15 minutos, o sobrenadante removido e as fezes misturadas com meio McBain & Mac Farlan em uma relação em peso de 1:5. Desta suspensão fecal 3 ml foram combinados com 85 mg de glicose ou prebiótico ou sem adição (branco) em um frasco e misturados completamente. Em t - 0 foi retirada amostra (0,5 ml). 2,5 ml da suspensão resultante são trazidos para dentro de um tubo de diálise em um frasco de 60 ml, enchido com 60 ml do meio tamponado. O frasco foi bem fechado e incubado a 37°C. Amostras foram retiradas do tubo de diálise (0,2 ml) ou tampão de diálise (1,0 ml) com uma seringa hipodérmica, após 3, 24 e
48 h, e imediatamente colocadas sobre gelo pra parar a fermentação. O experimento foi realizado usando-se as seguintes amostras:
1) 85 mg TOS
2) 85 mg de inulina
3) 85 mg de TOS/inulina em uma relação de 9/1 (p/p) e
4) 85 mg de OS/inulina em uma relação de 1/1 (p/p).
SCFA (acetato, propionato, butirato) foram quantificados usando-se um cromatógrafo de gás Varian 3800 (GC) (Varian Inc., Walnut Creek, U.S.A.) equipado com uma detector de ionização de chama. 0,5 μΐ da amostra foram injetados a 80°C dentro da coluna (Stabilwax, 15 x 0,53 mm, espessura da película 1,00 pm, Restek Co., U.S.A.) usando-se hélio como um gás veículo (0,22 kg/cm“). Após injeção da amostra, o forno foi aquecido a 160°C em uma velocidade de 16°C/min, seguido por aquecimento a 220°C, em uma velocidade de 20°C/min e finalmente mantido a 220°C por 1,5 minutos. A temperatura do injetor e detector foi de 200°C. Ácido 2etilbutírico foi usado como um padrão interno.
A Figura 3 representa o perfil SCFA absoluto (Figura 3A) e relativo (Fig. 3B) resultantes da fermentação dos diferentes oligossacarídeos. A Figura 3A mostra que uma mistura de dois diferentes oligossacarídeos (TOS/inulina), em que dois distintos oligossacarídeos têm uma homologia em unidades de monose abaixo de 90 e um diferente comprimento de cadeia resulta em quantidade de SCFA significativa e sinergicamente aumentada (particularmente acetato) por grama de fibra do que componentes únicos. A Figura 3B mostra que a adição de uma combinação de TOS/Inulina favoreceu uma mais elevada proporção do acetato benéfico (Β). A produção de acetato in vivo traduz-se em produção melhorada de muco por células caliciformes e uma medida para a espessura da camada de muco intestinal (vide exemplo 4). Estes resultados são indicativos do uso vantajoso da presente composição. Exemplo 4: Efeitos de SCFA sobre a produção de muco
Monocamadas de células T84 epiteliais intestinais (ATCC, USA) foram cultivadas em 24 ou em placas de cultura de tecido de 96 poços (Corning B.V.). T84 foram incubadas com o acetato de ácido graxo de cadeia curta, propionato e butirato (SCFA, Merck, USA) por 24 h em uma faixa de concentração de 0,025-4,0 mM. Os sobrenadantes e/ou células foram <
coletados e a expressão de MUC-2 (mucina) determinada. Uma técnica dotblot foi usada para determinar a expressão MUC-2 nas culturas de célula, uma vez que as mucinas são glicoproteínas extremamente grandes (acima de 500 kDa), que as tomam difíceis de manusear em técnicas Western blotting.
O método foi validado usando-se soro pré-imune (T84 tingido negativo), células de controle negativo CCD-I8C0 (ATCC, USA) e albumina de soro bovino (BSA). Amostras de célula foram coletadas em tampão de isolamento de proteína) e a determinação de proteína realizada usando-se um ensaio de microproteína (Biorad, USA), de acordo com protocolo dos fabricantes. As amostras (0,3 - 0,7-1,0 pg/2 μΐ) foram pontilhadas sobre as membranas de nitrocelulose (Schleicher & Schuell, Alemanha). As membranas foram bloqueadas em TBST/5% Protivar (Nutricia, Países Baixos), seguido por 1 h de incubação com anticorpo anti-MUC-2 (gentilmente doado por Dr.
Einerhand, Erasmus University, Rotterdam, Países Baixos). Após lavagem, as manchas foram incubadas com HRP-anti-coelho de cabra (Santa Cruz Biotechnology, USA) e para detecção de substrato ECL (Roche Diagnostics,
Países Baixos) foi usado. Densitometria foi realizada usando-se Lumi-Imager (Boehriger Mannheim B.V., Países Baixos) e o sinal foi expresso em unidades de luz (BLU). As BLU’s foram também expressas em relação a incubações de controle (%BLU). Para comparar o efeito estimulatório de SCFA em expressão basal de MUC-2, foram deduzidos os níveis de expressão MUC-2.
A Figura 4 mostra os efeitos diferenciais de SCFA (acetato, propionato, butirato) sobre a expressão de MUC-2 nas células epiteliais intestinais (MC T84) e co-culturas de células mesenquimais-epiteliais (CC
T84). A Fig. 4 também mostra que o acetato é mais potente em estimular a expressão de MUC-2 (produção de muco), em comparação com o propionato e butirato. Em conseqüência, a presente combinação de oligossacarídeos (que mostrou aumentar a produção de acetato (vide exemplo 3)) é particularmente útil para estimular a produção de muco e pode ser vantajosamente usada em um método para estimular a integridade da barreira.
Exemplo 5: Fónnula de Leite Infantil I
Ingredientes (por litro), energia 672 Kcal; Proteína 15 g; Soro: relação de caseína 60:40; Gordura 36 g; Carboidrato 72 g; Vitamina A 750
RE; Carótidos naturais misturados 400 IU; Vitamina D 10,6 mcg; Vitamina F 7,4 mg; Vitamina K 67,0 mcg; Vitamina B, sub. 1 (tiamina) 1000 mcg; Vitamina B.sub.2 (riboflavina) 1500 mcg; Vitamina B.sub.6 (piridoxina) 600 mcg; Vitamina B.sub. 12 (cianocobalmina) 2,0 mcg; Niacina 9,0 mcg; Ácido Fólico 80 mcg; Ácido pantotênico 3000 mcg; Biotina 90 mcg; Vitamina (ácido ascórbico) 90 mg; Colina 100 mg; Inositol 33 mg; Cálcio 460 Mg; Fósforo 333 Mg; Magnésio 64 Mg; Ferro 8,0 Mg; Zinco 6,0 Mg; Manganês 50 mcg; Cobre 560 mcg; Iodo 100 mcg; Sódio 160 mg; Potássio 650 mg; Cloreto 433 mg e Selênio 14 mcg; em que o teor de gordura inclui 3 gramas de óleo de peixe e 3 gramas de 40% de óleo de ácido araquidônico (DSM
Food Specialties, Delft, Países Baixos); compreendendo ainda 4 g de trangalacooligossacaríeos Elix’or™ (Borculo Dom o Ingredientes, Países Baixos) e 4 g Raftiline™ (Orafti Active Food Ingredients, Bélgica).
Exemplo 6. Composição de uma barra nutricional para a melhoria dos sintomas relacionados com HIV/AIDS
Matéria-Prima |
g/dia |
proteína |
Carbs |
Gordura |
g/100g |
Proteína do Leite |
20,00 |
15,00 |
2,10 |
0,80 |
21,04 |
Proteína do ovo |
21,09 |
16,87 |
0,00 |
0,00 |
22,19 |
Óleo de borragem |
4,00 |
0,00 |
0,00 |
4,00 |
4,21 |
Óleo EPA-DHA |
6,00 |
0,00 |
0,00 |
6,00 |
6,31 |
Galacto- |
15,38 |
0,00 |
4,78 |
0,00 |
16,18 |
oligossacarídeos
Inulina |
0,79 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
0,83 |
Pectina hidrol |
8,54 |
0,11 |
0,09 |
0,00 |
8,98 |
Frutosestroop |
15,40 |
0,00 |
11,92 |
0,00 |
16,20 |
Glicerina |
3,85 |
0,00 |
3,83 |
0,00 |
4,05 |
SOMA |
95,05 |
31,98 |
22,72 |
10,80 |
100,00 |
Energia proteína |
por dia kcal
128 |
%em
40,5 |
por 100 g kcal
135 |
Energia carbs |
91 |
28,8 |
96 |
Energia gordura |
97 |
30,8 |
102 |