BR112016011173B1 - Dispositivo de eletroterapia - Google Patents
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Abstract
dispositivo de eletroterapia a invenção se refere a um dispositivo de eletroterapia que compreende: uma pluralidade de eletrodos ativos; um eletrodo de retorno; e uma pluralidade de geradores de tensão conectados cada um deles a um eletrodo ativo; em que dito dispositivo compreende um controlador dos geradores de tensão que é provido com meios para monitorar e/ou variar a tensão aplicada a cada um dos eletrodos ativos de maneira independente.
Description
[001] A presente invenção faz referência a um dispositivo de eletroterapia aplicável aos tecidos vivos, sendo dita eletroterapia uma diatermia moderada produzida mediante correntes elétricas de radiofrequência (RF) aplicadas mediante eletrodos de contato. Em particular, esta eletroterapia é realizada nos pontos vascularizados neurologicamente ativos do paciente.
[002] Os pontos vascularizados neurologicamente ativos estão relacionados com um segmento do tecido conjuntivo da hipoderme que conduz os elementos vasculo-nervosos com destinação cutânea. Dos pontos vascularizados neurologicamente ativos 42% se localizam sobre nervos conhecidos ou muito próximos deles. Outros se localizam sobre vasos sanguíneos maiores ou muito próximos deles (18% sobre as artérias e 40% sobre as veias). Ditos vasos sanguíneos estão envoltos de pequenos feixes nervosos formando o NERVI VASORUM. A natureza destes feixes nervosos que se encontram por baixo do ponto vascularizado neurologicamente ativo é diversa: feixes cutâneos (que são puramente sensitivos ou sensitivos e simpáticos), vasculares (mescla de simpático e sensorial) ou feixes musculares (mescla de sensitivo e motor).
[003] A produção de influxo aferente sobre os nervos periféricos é essencial para o controle da dor com correntes elétricas; o lugar ideal para a aplicação de uma corrente é o ponto onde o nervo cutâneo penetra na fáscia. Também se pode fazer a mesma apreciação com respeito aos pontos motores, os quais apresentam a característica anatómica comum de serem os pontos por onde penetra o nervo no músculo.
[004] São conhecidos na técnica anterior múltiplos dispositivos de diatermia. A diatermia é uma técnica que utiliza correntes de alta frequência (maiores que 100 kHz) aplicadas mediante um eletrodo para produzir aquecimento local nos tecidos celulares de determinadas partes do corpo afetadas, por exemplo, por doenças. Estes dispositivos de diatermia produzem aquecimento dos tecidos, mas não produzem eletroestimulação.
[005] Em geral, os equipamentos de diatermia aumentam a temperatura dos tecidos internos fazendo passar correntes que podem chegar a 3 A.
[006] Alguns dispositivos de diatermia utilizam correntes controladas mediante modulação por largura de pulsos (PWM por suas siglas em inglês), neste caso pode-se ter correntes superiores.
[007] O aumento de temperatura do tecido vivo mediante diatermia é conseguido transmitindo energia ao mesmo mediante dois métodos: por correntes induzidas (eletrodos sem contato com o tecido) ou por correntes conduzidas (eletrodos em contato com o tecido). À diferença dos dispositivos de eletroestimulação transcutânea dos nervos (o TENS, por suas siglas em inglês), os dispositivos de eletroterapia que funcionam com correntes de RF a mais de 100 kHz, como são os equipamentos de diatermia, não produzem eletroestimulação dos nervos. Em geral, a frequência do sinal aplicado no método de acoplamento sem contato tem de ser muito superior à frequência do sinal aplicado no método de acoplamento com contato, de fato, ditas frequências são superiores a 100 kHz. Maiores detalhes sobre o efeito das correntes elétricas nos seres humanos e animais foram estudados e se encontram regulados pelas normas IEC 60479.
[008] N diatermia por correntes conduzidas aplica-se dois eletrodos em contato com o tecido vivo, de forma que se produz uma circulação de corrente elétrica que atravessa o tecido que encontra a sua passagem. Devido à impedância elétrica do próprio tecido, a corrente elétrica que circula através do tecido provoca a elevação da temperatura do mesmo pelo efeito Joule.
[009] À diferença do uso habitual dos equipamentos de diatermia que, em geral, devido à grande intensidade de corrente que eles aplicam, requerem um movimento constante do eletrodo ativo sobre o tecido a tratar, o tratamento dos pontos vascularizados neurologicamente ativos é realizado mediante correntes elétricas da ordem de miliamperes durante vários minutos e com o eletrodo ativo estático e em contato sobre o ponto vascularizado neurologicamente ativo.
[0010] Os equipamentos atuais de diatermia por condução dispõem de um eletrodo ativo e um eletrodo de retorno, como se dá a conhecer, por exemplo, nas patentes ES 287 964 e EP 0 893 140.
[0011] Estes dispositivos são destinados ao tratamento terapêutico de determinadas zonas afetadas. Uma das diferenças destes dispositivos com a presente invenção se fundamente na funcionalidade que a presente invenção dá a conhecer para o tratamento simultâneo de múltiplas zonas podendo utilizar parâmetros diferentes de, por exemplo, de voltagem, corrente e/ou frequência em cada uma das zonas.
[0012] Uma solução parecida é ensinada no documento US 2008/0015572 para tratamento de pontos de acupuntura nos que os eletrodos ativos são agulhas. Com esta configuração, em nenhum caso o terapeuta poderia selecionar a corrente elétrica de tratamento para cada ponto vascularizado neurologicamente ativo, já que cada uma das agulhas se encontra conectada ao mesmo gerador.
[0013] Os documentos ES1030072 e ES2304272 dão a conhecer realizações particulares de dispositivos de diatermia que compreendem pares de eletrodos conectados a geradores independentes. Todavia, o tratamento dos pontos vascularizados neurologicamente ativos com um dispositivo de este tipo requereria dispor um par de eletrodos para cada um dos pontos vascularizados neurologicamente ativos. Este fato, não só teria a dificuldade que supõe dispor o eletrodo ativo em cada ponto vascularizado neurologicamente ativo como, ademais, teria que determinar com exatidão o lugar em que se deve dispor cada um dos eletrodos de retorno.
[0014] Cada ponto vascularizado neurologicamente ativo, ao ser único, deve ser tratado com uma corrente de uma amplitude independente das demais. Portanto, um dos problemas a solucionar pela presente invenção é como tratar diferentes pontos vascularizados neurologicamente ativos mediante um único dispositivo.
[0015] O documento US2002/0082653 dá a conhecer um marca- passo. Os ditos marca-passos são classificados no setor como "dispositivos de eletromedicina" para diferenciá-los dos "dispositivos de eletroterapia". Os marca-passos são aparelhos eletrônicos de pequeno tamanho que excitam de maneira descontinua e rítmica (mediante eletrodos bipolares) o coração incapaz de contrair-se por si mesmo com regularidade, situando os eletrodos dentro do coração. Os eletrodos bipolares funcionam simultaneamente como anodo e cátodo ficando integrados em uma mesma unidade física e uma única localização.
[0016] A presente invenção dá a conhecer um dispositivo que efetua terapias de diatermia moderada mediante pelo menos dois eletrodos ativos e um eletrodo de retorno, podendo ser monitoradas e/ou variadas a amplitude, a frequência e a fase de cada um dos geradores conectados a cada um dos eletrodos ativos.
[0017] Os eletrodos da presente invenção podem ser preferentemente eletrodos de aplicação cutânea, divididos em eletrodos ativos e eletrodos de retorno.
[0018] Os eletrodos de retorno podem ser preferentemente uma única placa em forma de anel, denominados também eletrodos neutros onde a placa de retorno permite o retorno dos íons ao eletrodo ativo.
[0019] Os eletrodos ativos podem ser preferentemente superfícies de aplicação cutânea superficial em forma de disco, ainda que também sejam possíveis os eletrodos ativos em forma de agulhas, os quais penetram no tecido cutâneo.
[0020] Os eletrodos ativos podem se diferençar em dois tipos conforme seus usos: o eletrodo capacitivo, o qual é ideal para tecido superficial e vascularizado e o eletrodo resistivo, o qual é ideal para tecido grosso, gorduroso e fibrótico. Preferentemente os eletrodos ativos são eletrodos condutores sem capa isolante.
[0021] A presente invenção dá a conhecer um dispositivo de eletroterapia que compreende: - uma pluralidade de eletrodos ativos; - um eletrodo de retorno; e - uma pluralidade de geradores de tensão conectados cada um deles a um eletrodo ativo; em que dito dispositivo compreende um controlador dos geradores de tensão que dispõe de meios para monitorar e/ou variar a tensão aplicada a cada um dos eletrodos ativos de maneira independente.
[0022] Em uma realização particular da presente invenção o controlador compreende meios para monitorar e/ou variar, além da tensão, a fase e/ou a frequência da tensão aplicada a cada um dos eletrodos ativos.
[0023] Preferentemente, os valores máximos que este dispositivo de eletroterapia alcança por cada uma das saídas de corrente do gerador são: uma corrente de 300 mA RMS, uma tensão de 70 V RMS e/ou uma potência de 50 W.
[0024] Ademais, o sinal de saída de cada gerador é, preferentemente, de tipo sinusoidal com uma distorção harmônica menor que 50% e com uma frequência entre 100 kHz e 2 MHz.
[0025] Por outro lado, para poder monitorar e/ou variar de maneira individual cada uma das saídas dos geradores, o controlador pode ser um controlador digital que compreende um microcontrolador ou um microprocessador. Em outras realizações, o controlador pode ser um circuito lógico programável dentre os conhecidos mediante a técnica anterior, tais como FPGA (da expressão em inglês, Field Programmable Gate Array) ou CPLD (da expressão em inglês, Complex Programmable Logic Device).
[0026] Em realizações particulares da presente invenção o controlador poderia ser um circuito analógico.
[0027] Com o fim de dotar de uma maior flexibilidade ao dispositivo, pelo menos um dos eletrodos pode compreender um comutador que comuta o eletrodo ativo desde uma primeira posição conectada à saída do gerador a uma segunda posição conectada ao eletrodo de retorno. Desta maneira, na primeira posição, o eletrodo seria um eletrodo ativo e na segunda posição o eletrodo seria configurado como um eletrodo de retorno.
[0028] Mais preferentemente, pelo menos um dos eletrodos compreende um sensor de temperatura.
[0029] Preferentemente o dispositivo compreende um único eletrodo de retorno.
[0030] De maneira particular, os eletrodos ativos compreendem meios de união ao paciente, ditos meios de união ao paciente poderiam ser, por exemplo, meios adesivos ou meios de sucção, entre outros.
[0031] Para sua melhor compreensão anexa-se, a título de exemplo explicativo, mas não limitativo, desenhos de uma realização do dispositivo objeto da presente invenção.
[0032] A figura 1 mostra um esquema elétrico de uma realização de um dispositivo de acordo com a presente invenção.
[0033] A figura 2 mostra um esquema elétrico de uma segunda realização de um dispositivo de acordo com a presente invenção com dois eletrodos ativos.
[0034] A figura 3 mostra um esquema elétrico de uma terceira realização de um dispositivo de acordo com a presente invenção com três eletrodos ativos.
[0035] A figura 4 mostra um diagrama de fluxo do procedimento de monitorização e/ou variação do controlador do gerador de sinais.
[0036] A figura 5 mostra, a título de exemplo, alguns dos pontos vascularizados neurologicamente ativos do corpo humano.
[0037] A figura 1 mostra um esquema de um dispositivo de acordo com a presente invenção. Este dispositivo conta com quatro eletrodos ativos - 21-, -22-, -23-, -24- e um único eletrodo de retorno -20-.
[0038] Com o fim de aplicar corrente aos eletrodos ativos -21-, -22-, -23-, -24-, o dispositivo compreende múltiplos geradores de tensão independentes -211-, -221-, -231-, -241- reguláveis individualmente e controlados mediante o controlador -2-. Por outro lado, em realizações da presente invenção é possível dispor de amplificadores -212-, -222-, -232-, - 242- na saída dos citados geradores.
[0039] Adicionalmente, dito controlador -2- compreende meios de controle que permitem monitorar e/ou variar a frequência, a fase e a amplitude do sinal de saída de cada um dos geradores. Este monitoramento e/ou variação dos sinais de saída dos geradores podem ser realizados mediante circuitos de controle analógicos (mediante amplificadores operacionais ou similares) ou digitais (tais como microprocessadores, microcontroladores, FPGA, CPLD, entre outros).
[0040] Por outro lado, para selecionar os parâmetros do tratamento que se deseja realizar, dispõe-se de meios de aquisição de dados -1-. Estes meios de aquisição de dados podem ser meios analógicos (por exemplo, potenciômetros) ou digitais (como interruptores, telas de toque, etc.).
[0041] Para um funcionamento óptimo do controlador -2-, é imprescindível ter uma medição real da corrente que circula através de cada eletrodo ativo. A presente invenção contempla a disposição de dispositivos de medição de corrente nos pontos -201-, -202-, -203-, -204- na saída dos amplificadores ou dos geradores de acordo com a configuração do dispositivo.
[0042] Dado que os pontos vascularizados neurologicamente ativos são pontos fixos, os eletrodos ativos -21-, -22-, -23-, -24-, devem estar em contato com o tecido e permanecer fixos durante a terapia. Em consequência, ditos eletrodos podem ser, por exemplo, de tipo remendos adesivos, de sucção ou equivalentes e sua superfície ativa é, preferentemente, metálica.
[0043] Ademais, esta disposição de eletrodos fixos sugere a disposição de meios que permitam limitar a potência, mediante a limitação da corrente e/ou a tensão máxima aplicada a cada ponto para não danificar os tecidos por um aumento desmesurado de temperatura.
[0044] Em uma realização preferente, a superfície do eletrodo ativo deve ser similar à superfície dos pontos vascularizados neurologicamente ativos para que a máxima corrente elétrica selecionada pelo terapeuta atravesse o ponto vascularizado neurologicamente ativo. Determinou-se que a superfície ideal do eletrodo ativo para tratamento dos pontos vascularizados neurologicamente ativos é de, no máximo, 2 cm.
[0045] Para reduzir a impedância entre os eletrodos ativos e o de retorno, pelo menos um dos eletrodos ativos -21-, -22-, -23-, -24- pode ser comutado para converter-se em um eletrodo de retorno. Isto é conseguido mediante a disposição de comutadores -210-, -220-, -230-, -240- que permitem escolher se o eletrodo ativo é conectado ao gerador de tensão (e, portanto, para cumprir a função de eletrodo ativo) ou ao eletrodo de retorno (para cumprir a função de eletrodo de retorno).
[0046] Adicionalmente, cada eletrodo pode dispor de um sensor de temperatura (não mostrado) para monitorar a temperatura do eletrodo ou da pele.
[0047] Em uma realização particular, como se pode observar na figura 1, na figura 2 e na figura 3, o dispositivo compreende um único eletrodo de retorno -20-.
[0048] A figura 2 mostra um modelo de impedâncias elétricas simulando um exemplo de realização da presente invenção que compreende dois eletrodos ativos. Nesta figura pode-se observar a utilização de um primeiro gerador de tensão -251- associado a um primeiro eletrodo ativo -25- e um segundo gerador de tensão -261-asociado a um segundo eletrodo ativo - 26-. Ademais dispõe-se de um eletrodo de retorno -20- que fecha o circuito.
[0049] Um dos problemas que se deve resolver na presente invenção é que, tal como se observa na figura, o tecido humano oferece uma resistência em série -250-, -260- na saída de cada eletrodo -25-, -26- que permitiria calcular facilmente a tensão que se deve aplicar a cada eletrodo para obter uma corrente determinada através do tecido, entretanto, a existência de uma resistência comum -253- (que é inerente ao tecido) faz que a corrente de saída de eletrodos -25-, -26- se encontre em um ponto comum -252- o que faz com que as correntes de saída interfiram entre elas.
[0050] Uma solução seria a de dispor de um dispositivo de medição da corrente que circula por cada um dos eletrodos -25-, -26- e modificar a tensão de pelo menos um dos geradores de maneira iterativa até obter a corrente desejada em cada um dos eletrodos -25-, -26-. Esta modificação da tensão pode ser realizada mediante meios automáticos ou manualmente em cada um dos geradores -251-, -261-.
[0051] Por exemplo, na figura 2 deseja-se que a corrente (I-250-) através do eletrodo -25- seja 20 mA e a corrente (I-260-) através do eletrodo - 26- seja 30 mA. A impedância dos tecidos a 448 kHz é fundamentalmente resistiva, e, portanto, pode-se depreciar sua parte reativa. Um exemplo de valores das impedâncias equivalentes poderia ser:
[0052] Impedância na primeira resistência serial -250-: Z-250- = 300 ohms
[0053] Impedância na segunda resistência serial -260-: Z-260- = 600 ohms
[0054] Impedância na resistência comum -253-: Z-253- = 500 ohms
[0055] A voltagens necessárias dos geradores de RF -251-, e -261- para que I-250- seja 20 mA e I-260- seja 30 mA são: Voltagem no primeiro gerador -251- : V-251- = 31 V Voltagem no segundo gerador -261- : V-261- = 43 V
[0056] Com uma tensão em modo comum (no ponto -253-) de: V-253- = 25 V
[0057] Neste exemplo, como a impedância comum -253- é relativamente elevada, isto provoca que as tensões de entrada também sejam elevadas.
[0058] Se só se aplicar o eletrodo -25-, a tensão V-251- necessária para que I-250- = 20 mA seria de 16 V, e se se aplicar só o eletrodo -26- para que I260- = 30 mA, a tensão de V-261- seria 33 V; menores que 31 V e 43 V quando se aplicam os dois eletrodos conjuntamente.
[0059] Todavia, nem sempre é possível reduzir o valor da impedância comum porque esta depende da composição dos tecidos e da posição dos eletrodos.
[0060] O efeito da impedância comum faz com que a corrente de cada eletrodo dependa das correntes dos demais eletrodos. Este problema pode ser melhor compreendido fazendo referência ao exemplo anterior em que se mostra um exemplo simplificado dos geradores de RF conectados a dois eletrodos ativos. Neste caso tem-se que:
[0061] As correntes I-250- e I-260- dependem da tensão comum V-253- que por sua vez depende do valor das correntes1-250- e 1.260.-
[0062] Se por exemplo fixa-se I-250- ao aumentar o valor de I-260- a tensão comum V-253- aumentará, e isto fará diminuir a tensão entre extremos da impedância Z-250- reduzindo o valor da corrente 1-250-. Se para compensar esta queda aumenta-se a tensão de V-251- da mesma forma aumentará a tensão comum V-253- diminuindo o valor de I-260-.
[0063] Outro exemplo que exacerba mais este problema é quando o eletrodo de retorno está em uma extremidade do paciente, por exemplo na mão ou em uma perna; neste caso a impedância comum Z-253- pode ser máxima. O resultado é que alguns pontos vascularizados neurologicamente ativos seriam tratados em excesso e outros em falta.
[0064] A única forma de evitar esta dependência, é que a impedância comum Z-253- onde se somam as correntes I-250- e 1-260- tenda a zero.
[0065] Uma alternativa que propõe a presente invenção para reduzir a tensão comum é modificar a fase das correntes dos eletrodos, de forma que tendam a cancelar-se provocando uma redução da tensão na impedância comum Z-253-. Neste caso também teríamos que:
[0066] Se por exemplo a voltagem V-261- está desfasada de 180° com respeito à fase de V-251- com çi = 0° e P2 = 180°, para os mesmos parâmetros de I-250-, 1-260-, Z-250-, Z-260- e Z-253-, selecionados no exemplo anterior, as correntes I-250- e 1-260- restaram, reduzindo o valor da tensão comum V-253-.
[0068] Com uma tensão em modo comum de V_253_ = 5 V.<180°
[0069] Neste exemplo mostrou-se uma variação de fase de 180°, porém pode ser qualquer outra fase entre 0° e ±180°. Ao se variar as fases dos sinais, reduz-se a tensão em modo comum e, portanto, pode-se aplicar tensões menores para conseguir a mesma corrente terapêutica dos pontos vascularizados neurologicamente ativos. Como consequência, a potência dissipada pelos tecidos que não pretendem ser tratados também é reduzida já que não se busca um tratamento em profundidade como na diatermia profunda, e sim o tratamento na proximidade dos pontos vascularizados neurologicamente ativos, que estão na hipoderme.
[0070] Em um exemplo de realização como o que se mostra na figura 3, em que se tem três eletrodos ativos -27-, -28-, -29- conectados cada um a um gerador independente -271-, -281-, -291- existe uma maior quantidade de variáveis a controlar já que se dispõe uma resistência em série -272-, -282-, - 292- para cada um dos eletrodos -27-, -28-, -29- e duas resistências comuns - 274-, -294- que definem dos pontos comuns -273-, -293-que dificultam este processo iterativo em cada um dos geradores para obter a corrente desejada através de cada ponto vascularizado neurologicamente ativo.
[0071] Este modelo elétrico simplificado é escalável para realizações em que se disponham de mais de três eletrodos, tendo em conta que aparecem novas impedâncias comuns entre os eletrodos. Com a presente invenção pretende-se, por exemplo, tratar doze pontos vascularizados neurologicamente ativos de maneira simultânea, pelo que é necessário dispor de um controlador que ajuste a tensão, a fase e a frequência de cada gerador de RF, de forma que por cada eletrodo ativo circule a corrente selecionada pelo terapeuta.
[0072] Um diagrama de fluxo de uma proposta de controlador é mostrado na figura 4. Neste controlador seleciona-se os parâmetros de tratamento -400-, mede-se as impedâncias na saída de cada eletrodo -401- e, uma vez que o controlador dispõe do valor de estes parâmetros ativa o gerador -402- (o conjunto de geradores) para ter na saída a corrente desejada de tratamento em cada eletrodo. Isto é feito para todas as saídas.
[0073] Posteriormente, realiza-se uma segunda medição -403- da corrente em cada uma das saídas. Se a corrente medida para cada um dos eletrodos (tendo em conta uma certa tolerância, preferentemente de 10%) é menor que a corrente desejada -404- deve-se aumentar a tensão do gerador - 406-, se é maior, deve-se perguntar se a corrente de saída é maior que a corrente desejada -405- (tendo em conta uma certa tolerância).
[0074] No caso em que a corrente seja maior que a corrente desejada, deve-se diminuir a tensão do gerador -407-. Uma vez que se tenha realizado as modificações nos geradores (se eram necessárias) realiza-se uma pausa - 408- para estabilizar as medidas de voltagem e corrente.
[0075] Por esta pausa realiza-se uma medição das voltagens de saída - 409-. Se a tensão de saída é superior à tensão máxima permitida (ou se encontra próxima desta) deve-se diminuir a tensão do gerador e modificar a fase do sinal -410-. Assim, a modificação da fase permite ter correntes maiores, inclusive aplicando uma tensão menor devido à soma de sinais de corrente alternada.
[0076] Uma vez que se tem a corrente desejada em um eletrodo passa- se ao canal -411-seguinte, correspondente ao eletrodo seguinte.
[0077] Uma vez que se passa ao seguinte canal, o controlador se pregunta se continua com o tratamento -412-, se assim for, voltará a realizar a segunda medição de corrente -409- e continuará realizando o processo. Se chega um sinal de terminar o tratamento desativa-se todos os geradores -413.
[0078] A figura 5 mostra um exemplo de pontos vascularizados neurologicamente ativos situados sobre o corpo humano -500-. Os inventores da presente invenção localizaram mais de mil pontos vascularizados neurologicamente ativos em humanos, entretanto, a título de exemplo localizou-se pontos vascularizados neurologicamente ativos no ombro -501-, na parte anterior do cotovelo -502- e sob os joelhos -503.
[0079] Se bem que a invenção tenha sido descrita com respeito a exemplos de realizações preferentes, estes não devem ser considerados limitativos da invenção, que se definirá pela interpretação mais ampla das seguintes reivindicações.
Claims (18)
1. Dispositivo de eletroterapia que compreende: - uma pluralidade de eletrodos ativos (21, 22, 23, 24); - um eletrodo de retorno (20); e - uma pluralidade de geradores de tensão (211, 221, 231, 241) conectados cada um deles a um eletrodo ativo (21, 22, 23, 24); - dito dispositivo compreendendo um controlador (2) dos geradores de tensão que dispõe de meios para monitorar e/ou variar a tensão aplicada a cada um dos eletrodos ativos de maneira independente caracterizado pelo fato de que a tensão em modo comum na resistência comum é reduzida modificando a fase das correntes dos eletrodos ou modificando a tensão de pelo menos um dos geradores de maneira iterativa até que a corrente necessária seja obtida em cada um dos eletrodos.
2. Dispositivo de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de que o controlador (2) dos geradores de tensão compreende meios para monitorar e/ou variar a fase da tensão aplicada a cada um dos eletrodos ativos.
3. Dispositivo de acordo com a reivindicação 1 ou 2, caracterizado pelo fato de que o controlador (2) dos geradores de tensão compreende meios para monitorar e/ou variar a frequência da tensão aplicada a cada um dos eletrodos ativos.
4. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizado pelo fato de que através de cada um dos eletrodos ativos dispõe-se, no máximo, uma corrente de 300 mA RMS.
5. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizado pelo fato de que por cada uma das saídas de tensão dos geradores de tensão dispõe-se, no máximo, uma tensão de 70 V RMS.
6. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 5, caracterizado pelo fato de que cada uma das saídas dos geradores de tensão dispõe de uma energia elétrica máxima de 50 W.
7. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 6, caracterizado pelo fato de que os sinais gerados pelos geradores de tensão são sinais de tipo sinusoidal, com uma distorção harmônica menor que 50%.
8. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizado pelo fato de que os sinais gerados pelos geradores de tensão são sinais a uma frequência entre 100 kHz e 2 MHz.
9. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 8, caracterizado pelo fato de que o controlador (2) dos geradores de tensão compreende um microcontrolador.
10. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 8, caracterizado pelo fato de que o controlador (2) dos geradores de tensão compreende um microprocessador.
11. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 8, caracterizado pelo fato de que o controlador (2) dos geradores de tensão compreende um circuito lógico programável.
12. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 8, caracterizado pelo fato de que o controlador (2) dos geradores de tensão é um circuito analógico.
13. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 12, caracterizado pelo fato de que pelo menos um dos eletrodos ativos compreende um comutador (210, 220, 230, 240) que comuta o eletrodo ativo (21, 22, 23, 24) desde uma primeira posição conectada à saída do gerador de tensão a uma segunda posição conectada ao eletrodo de retorno (20).
14. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 13, caracterizado pelo fato de que pelo menos um dos eletrodos ativos compreende um sensor de temperatura.
15. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 14, caracterizado pelo fato de que os eletrodos ativos compreendem meios de união ao paciente.
16. Dispositivo de acordo com a reivindicação 15, caracterizado pelo fato de que ditos meios de união ao paciente são meios adesivos.
17. Dispositivo de acordo com a reivindicação 15, caracterizado pelo fato de que ditos meios de união ao paciente são meios de sucção.
18. Dispositivo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 17, caracterizado pelo fato de que dito dispositivo compreende apenas um eletrodo de retorno (20).
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