BR102021024155A2 - Uso de uma solução/emulsão a partir de ziziphus cotinifolia reissek no tratamento dos transtornos da ansiedade - Google Patents

Abstract

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um crescente e grave problema de saúde pública para todos os países, independentemente do seu grau de desenvolvimento econômico. Diversos fármacos já foram desenvolvidos para atuarem no tratamento dessas patologias. No entanto, os medicamentos, não são suficientes para cobrir toda a sintomatologia e ainda podem gerar efeitos colaterais devido a necessidade do uso prologando. Diante disso, é evidente a necessidade de tratamentos alternativos e/ou complementares que atenuem as implicações econômicas e aumentem a qualidade de vida dos portadores de DCNT. Diversas plantas com potencial nutracêutico, vêm sendo utilizadas no tratamento alternativo e profilaxia de diversas patologias. Uma formulação, compreendendo um teor padronizado de extratos de folhas e galhos, contendo diversos compostos bioativos das diferentes partes (hidrossolúveis e não hidrossolúveis), combinadas entre si ou isoladas, de plantas da espécie Ziziphus cotinifolia Reissek, se mostra promissora para uso terapêutico em composições farmacêuticas por vias adequadas, em particular nas apresentações para uso oral. A referida composição inclui, mas não se limita a extração de materiais por processos à base de água em conjunto ou não com outro solvente, embebendo partes da planta após a secagem à frio ou em estufa por 3 dias. A formulação pode ser utilizada para profilaxia e tratamento de transtornos de ansiedade e suas complicações
Palavras- Chave: Compostos Bioativos. Ansiedade. Etnofarmacologia. Etnobotânica.

Description

USO DE UMA SOLUÇÃO/EMULSÃO A PARTIR DE ZIZIPHUS COTINIFOLIA REISSEK NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS DA ANSIEDADE Campo da Invenção

[1] A presente invenção se situa no campo da biotecnologia em saúde e descreve uma metodologia de extração das porções hidrossolúvel e não hidrossolúvel e preparação de uma solução/emulsão a partir de folhas e ramos da espécie Ziziphus cotinifolia Reissek.

[2] Refere-se à produção de uma solução/emulsão a partir de folhas e ramos de Ziziphus cotinifolia Reissek, contendo compostos bioativos com atividade ansiolítica, obtidos por meio de extração etanólica, para a possível utilização como fitoterápico no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como os transtornos de ansiedade.

[3] A presente invenção refere-se à metodologia que trata o modo de extração de produtos obtidos a partir de partes da planta tais como: folhas e ramos de Ziziphus cotinifolia Reissek.

[4] As frações podem ser obtidas de cada parte da planta isolada ou misturadas entre si, podendo ser utilizadas como princípios ativos para uso em composições farmacêuticas por vias adequadas, em particular nas apresentações para uso oral (soluções), suspensão ou emulsão, podendo ser utilizada para profilaxia e tratamento adjuvante de algumas patologias, tais como os transtornos de ansiedade.

[5] O produto obtido nessa invenção pode ser utilizado no enriquecimento de preparações culinárias (sucos, chás, vitaminas e sorvetes etc.), aumentando as propriedades desses alimentos para além de sua qualidade como fonte de nutrientes, a característica de funcionalidade. Podendo também, melhorar as características sensoriais das preparações: sabor, textura, palatabilidade etc.

[6] Esta invenção refere-se às composições farmacêuticas por via oral, ligadas à profilaxia a e ao tratamento de doenças relacionadas ou não à DCNT, compreendendo formulações com frações das partes e dos seus constituintes extraídos da espécie Ziziphus cotinifolia Reissek, usados como nutracêuticos, isoladamente ou separados entre si, ou junto a outro componente e/ou excipiente farmacologicamente aceitável de origem vegetal ou sintético para tratamento ou profilaxia dos referidos males.

Antecedentes da Invenção

[7] As plantas do gênero Ziziphus são encontradas nos continentes asiatico, africano, europeu e americano, pertecentes a familia Rhamnaceae, amplamente encontradas em regiões de clima tropical e subtropical, sendo bastante utilizadas nos paises e regiões com esse clima. É um gênero constituido por cerca de 100 especies, dentre elas: Z. cotinifolia Reissek; Z. joazeiro Mart; Z. mauritiana Mart; Z. platyphylla Reissek; Z. ondulata Reissek; Z. spina-christi; Z. jujuba; Z. rotundifolia; Z. nummularia etc. No nordeste brasileiro é conhecido como juazeiro, é utilizado como fonte de alimento para animais de criação, sombra para as criações nos períodos de estiagem e no tratamento de divesas situações patológicas, algumas relacionadas à DCNT e suas complicações.

[8] Entre os principais efeitos nutracêuticos relatados em estudos etnofarmacológicos e demais estudos para as diferentes partes das plantas do gênero Ziziphus estão: antioxidante, hipoglicemiante, hepatoprotetor, gastroprotetor, antiulcerativo, antibacteriano, anti-inflamatório, antifúngico, emulsificante, antinociceptivo e calmante.

[9] Tais efeitos são atribuídos aos diversos CBAs presentes no juazeiro, tais como: quercitina, flavonoides, polifenóis, ácido gálico, ácidos graxos monoinsaturados (ácido oleico- ω9) e poliinsaturados (ácido linoleico – ω6). Por apresentarem diversos efeitos benéficos para a saúde, tais compostos conferem ao gênero Ziziphus importante papel nutracêutico. Além das propriedades biológicas citadas, os compostos fenólicos possuem atividade antioxidante e combatem radicais livres formados em resposta a processos inflamatórios.

[10] Os radicais livres (OH- , H+ , H2O2, O- , O2 - , HO2, etc.) são moléculas extremamente reativas e deletérias que podem interagir com lipídios (alterando a estrutura de membranas celulares), DNA (causando mutações genéticas) e proteínas (inativando enzimas e proteínas estruturais). Presentes em todos os organismos biológicos, são eliminados por mecanismos de homeostase (homeostase redox). Em situações específicas, esses radicais podem exceder a capacidade do organismo de neutralizar sua ação deletéria (estresse oxidativo), repercutindo no envelhecimento e adoecimento celular, condições inflamatórias, aterosclerose, câncer, doenças neurodegenerativas etc. Diferentes partes do joazeiro apresentam atividade antioxidante in vitro e in vivo, por interagirem com os radicais livres reduzindo-os ou eliminando-os e aumentando as ações das enzimas (catalase - CAT, superóxido dismutase - SOD, glutationaperoxidase - GPx), que atuam no mecanismo de homeostase redox. Na ausência de equilíbrio e homeostase celular, a liberação de citocinas, produzidas no processo inflamatório provocado pelos agentes oxidantes aumentam a neurotransmissão em receptores associados com quadros de ansiedade.

[11] A ansiedade se caracteriza por excitabilidade diante de uma situação que traga risco iminente, ela garante a segurança e sobrevivência das espécies. No entanto se o sistema nervoso opera de forma equivocada, ele levanta um estado de alerta para situações que não oferecem riscos e leva ao desenvolvimento de sintomas fisiológicos, tais como: sudorese, tonturas, dores de cabeça e alterações na pressão cardíaca. As abordagens atuais para o controle dessa ansiedade patológica são a administração de drogas diazepínicas, inibidores da recaptura de serotonina/noradrenalina e atendimento psicológico. A utilização das drogas ansiolíticas requer o conhecimento de seu tempo resposta, riscos de sedação e dependência, doses mínimas seguras e eficazes e tempo de administração, para que cada indivíduo receba o tratamento coerente com seu grau de ansiedade. Os efeitos ansiolíticos e/ou antidepressivos encontrados em outras espécies do gênero Ziziphus se deve a compostos fenólicos encontrados nas diversas partes do corpo vegetal.

[12] Tem sido demostrado pela literatura cientifica, que a presença de substâncias bioativas em extratos em espécies do gênero Ziziphus são capazes de reduzir a ansiedade e crises epiléticas em roedores com doses de 100-300 mg/kg sem efeitos de toxicidade. Além da atuação em receptores serotoninérgicos, gabaérgicos ou colinérgicos, existem evidências que estimulem a produção de neurotrofinas, moléculas responsáveis pela manutenção e regeneração de células do sistema nervoso.

[13] Estudos com animais envolvendo testes de toxicidade definiram que doses 10 vezes acima da dose padrão (500 mg/kg de peso) via oral não apresentaram efeito tóxico. Estudos de toxicidade utilizando extração semelhante à utilizada para a fabricação do produto descrito nesse documento evidenciam a sua segurança, não sendo relatados efeito citotóxico ou potencial alergênico para os extratos a base Ziziphus

[14] Para atenuação dos efeitos supracitados, diversas plantas com potencial nutracêutico vêm sendo utilizadas no tratamento alternativo e profilaxia de diversas patologias. Além da propriedade e qualidade nutricional, estas plantas apresentam compostos bioativos responsáveis por benefícios para a saúde. Os fitoterápicos costumam apresentar menor custo que os medicamentos convencionais e menor ou nenhum efeito adverso.

[15] O produto em questão, refere-se a uma formulação que envolve a utilização de diferentes partes (hidrossolúveis e não hidrossolúveis), combinados entre si ou isoladas, de folhas e ramos de Ziziphus cotinifolia Reisek., que poderão ser utilizadas no tratamento complementar de doenças, devido sua capacidade nutracêutica/fitoterápica.

[16] Não foi encontrado nenhuma patente com a espécie Ziziphus cotinifolia Reissek na proposição de produtos com propriedades farmacológicas para tratamento dos transtornos da ansiedade. Embora existam produtos para outras espécies do gênero, geralmente as pesquisas estão centradas em espécies de maior distribuição e uso disseminado: Ziziphus jujuba, Ziziphus nummularia e Ziziphus mucronata. Os trabalhos relatados não relatam a atividade ansiolítica nessas amostras ou mesmo seu mecanismo de ação.
Breve Descrição das Figuras
Figura 01: Plantas do gênero Ziziphus. A) Flores de Ziziphus; B) Frutos e ramos de Z. cotinifolia e C) Espécime de Ziziphus cortinifolia;
Figura02: Folhas e ramos do juazeiro desidratado por aquecimento.
Figura 03: Extratos de folhas e ramos de Ziziphus cotinifolia Reissek submetido a evaporação em chapa quente.
Figura 04: Filtração de extratos etanólicos de folhas/ramos de Z. cortinifolia.
Figura 05: Aspecto final do extrato de folhas/frutos da porção hidrosolúvel e não hidrosolúvel de juazeiro.

Descrição Detalhada da Invenção

[17] Esta invenção apresenta uma formulação a base de folhas e ramos do gênero Ziziphus (juazeiro).

[18] A formulação se destina a ser ingerida oralmente por meio de gotas de um xarope e/ou em preparações diversas.

[19] A formulação é destinada a pessoas saudáveis ou não, e é oriunda de uma planta com partes que contêm variadas atividades nutracêuticas.

[20] A formulação pode ser derivada de qualquer parte da planta, particularmente incluindo, mas não se limitando a, folhas, ramos, folhas, casca e raiz.

[21] Nesta invenção, os compostos presentes na formulação de Ziziphus cotinifolia Reissek compreendem um teor padronizado em líquido elaborado a partir de uma ou várias partes da planta (folha e ramos). Essencialmente as amostras têm que conter ácidos graxos, fibras solúveis e insolúveis, quercitina, ácido gálico, fenóis, polifenóis, proteínas e/ou peptídeos derivados da planta e outros compostos.

[22] A formulação da presente invenção pode ser produzida por qualquer meio ou método que obtenha a concentração desejada. Métodos exemplificativos de produção a partir do juazeiro incluem, mas não se limitam a extração de materiais por processos à base de água em conjunto ou não com outro solvente, embebendo partes da planta tais como frutos, sementes, folhas, flor, caule, casca e casca da raiz após a secagem à frio ou em estufa.

[23] O isolado da invenção são administrados de forma oral. Composições farmacêuticas contendo os extratos citados, juntamente com o veículo adequado, estão dentro do âmbito da invenção. Uma característica da invenção é que a formulação aqui descrita, dentro das faixas daconcentração, não tem efeitos citotóxicos.

[24] Uma formulação nutracêutica aceitável deve ter pureza suficiente, baixa toxicidade, além de outras caracteristicas que viabilizam a comercialização do produto.

[25] A formulação foi obtida seguindo as etapas:
1. Seleção e coleta do material vegetal (frutos e/ou demais partes vegetais);
2. Secagem do material em estufa e/ou a frio;
3. Trituração, se necessário;
4. Processos de extração;
5. Secagem a frio, se necessário;
6. Determinação de toxicidade;
7. Determinação de atividade biológica;
8. Armazenamento do produto obtido.

Claims (8)

1. método de extração e produção de uma solução/emulsão de uma composição para efeito terapêutico/nutracêutico, caracterizado por uma quantidade terapêutica necessária de compostos bioativos (CBAs) deZiziphus cotinifolia Reissek.
2. método e a composição da reivindicação 1, caracterizado porcompostos bioativos de Ziziphus cotinifolia são derivados das folhas, ramos e outras partes vegetais isolados ou combinados, compreendendo além de CBAs naturais e/ou sintéticos a partir desta, bem como, hidrolisados à base destas plantas tendo propriedades nutracêuticas.
3. composição da reivindicação 1, caracterizado por extrato possa ser em água em conjunto ou não com metanol ou etanol, mas não restritos a estes.
4. Um suplemento nutracêutico utilizado para obtenção de benefícios à saúde do indivíduo, caracterizado por uma dosagem diária necessária de CBAs de folhas e ramos de Ziziphus cotiifolia, assim como nas demais partes da planta.
5. Um método para tratar ou melhorar condições corporais incluindo transtornos de ansiedade, problemas e outras patologias relacionadas, caracterizado por administração das composições contendo ansiolíticos de Ziziphus cotinifolia.
6. Método de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por uma composição a ser utilizada para o tratamento ou prevenção de ansiedade e outras patologias relacionadas em em crianças, adultos e idosos de ambos os sexos, devido a função terapêutica/nutracêutica conhecida.
7. utilização dos ansiolíticos obtidos por um processo de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizado por ser de cada parte da planta isolada ou utilizada uma mistura dos extratos entre si, utilizados como princípios ativos para o uso em composições farmacêuticas por vias adequadas para o uso terapêutico/nutracêutico, administradas por via oral na forma (solução), alcoolatura, suspensão, emulsão e similares utilizados para profilaxia e tratamento dos transtornos de ansiedade e outras patologias.
8. Composição de acordo com a reivindicação 7, caracterizado por uma formulação farmacologica/nutracêutica aceitável pode se estender a preparações como: sucos, vitaminas, chás e sopas e outras que podem ou não ser ingeridos instantaneamente.

Images