BR102017026594A2 - Processo de preparo de extrato de guaraná - Google Patents

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Abstract

a presente invenção refere-se ao processo de preparo de extrato rico em cafeína e taninos a partir de guaraná, envolvendo a hidrólise enzimática das sementes e a recuperação do extrato por solvente. a presente invenção possui aplicação na indústria de alimentos, na produção de bebidas e suplementos alimentares.

Description

PROCESSO DE PREPARO DE EXTRATO DE GUARANÁ CAMPO DA INVENÇÃO
[001] A presente invenção refere-se ao processo de preparo de extrato rico em cafeína e taninos a parir de guaraná. Mais especificamente, a presente invenção refere-se a um processo realizado por meio de hidrólise enzimática das sementes e recuperação do extrato por solvente. A presente invenção possui aplicação na indústria de alimentos, na produção de bebidas e suplementos alimentares.
FUNDAMENTOS DA INVENÇÃO
[002] O guaraná, popularmente conhecido por seus benefícios estimulantes e medicinais, é o fruto de uma planta natural da Floresta Amazônica denominada cientificamente de Paullínía cupana variedade sorbílís (Martius) Duke. Esta espécie vegetal pertencente à família Sapíndaceae, que inclui 195 espécies distribuídas nos trópicos e subtrópicos americanos.
[003] Os produtos finais à base de guaraná de maior difusão e aceitação pelos mercados brasileiro e estrangeiro são os refrigerantes e bebidas energéticas. Em 2008, por exemplo, foram consumidos cerca de 3 bilhões de litros de refrigerante sabor guaraná no Brasil, e o consumo de bebidas energéticas à base de guaraná (com adição de extrato, sabor e aroma) cresceu mais de 300% em quatro anos (Schimpl, 2013).
[004] As sementes de guaraná são valorizadas industrialmente devido ao seu alto conteúdo de metilxantinas, com destaque para o teor de cafeína que pode variar de 2,5 a 6%, o maior conteúdo de cafeína já descrito em espécies vegetais. Outras metilxantinas, como a teobromina e a teofilina, também são encontradas em tecidos do guaraná, mas em menor proporção, abaixo de 0,3% (Embrapa, 1998; Oliveira, 2010).
[005] O maior interesse pelas sementes do guaraná é da indústria de bebidas carbonatadas, principalmente pelo alto teor de cafeína, sendo que 44% da produção nacional é destinada a este setor. A produção de refrigerantes à base de guaraná é controlada por lei através do estabelecimento das quantidades de cafeína e de outros componentes exclusivos do guaraná que devem estar presentes. Assim a máxima extração deste composto se torna um fator preponderante da indústria de bebidas, representando economia de matéria-prima.
[006] O método tradicional e mais utilizado para a produção de extratos de guaraná no Brasil é baseado na extração direta das sementes com uma solução hidroalcoólica de 40 a 60% (v/v) ou com água quente (Turano, 2006; Schimpl et al., 2013). Embora o conteúdo de cafeína da semente de guaraná seja significativamente alto, os processos tradicionais de extração são lentos e apresentam baixo rendimento, pois uma quantidade relevante do componente fica retida no bagaço das sementes.
[007] Uma das estratégias que tem sido propostas para o melhoramento do processo de extração de cafeína do guaraná é a realização de uma etapa de hidrólise das sementes utilizando hidrolases glicosídicas. Neste sentido, documentos como US 6132727 e JP2002104981 apresentam distintas composições enzimáticas para a hidrólise das sementes de guaraná, composições estas que abrangem enzimas glicolíticas de micro-organismos como Aspergillus niger, Trichoderma reesei, e Bacillus subtilis. Em geral, tratam- se de composições complexas, com diferentes atividades enzimáticas e que podem requerer ajustes de pH do meio.
[008] Quanto à recuperação da cafeína liberada após a hidrólise, reporta-se o método tradicional com pequenas variações entre as divulgações. Em alguns destes casos, a recuperação se dá com água pura, porém uma desvantagem de se aplicar esta metodologia se dá pelo fato de que pode haver a contaminação microbiana do extrato.
[009] Assim, é preferível que se empregue uma solução hidroalcoólica nesta etapa. CN103735739 cita uma composição para emagrecimento contendo extratos vegetais (cereus, chá verde e guaraná). O extrato de guaraná é preparado pela adição de 6 vezes a massa da semente de guaraná de solução alcoólica 75% e incubação por duas horas. Repete-se esse processo duas vezes e depois juntam-se os extratos obtidos. Estes são posteriormente concentrados a vácuo ou por spray drying para se obter o extrato em questão.
[010] Em outros casos, utiliza-se uma etapa de aquecimento da solução na extração, o que representa um gasto energético a mais durante o processo. É o caso de PI0404040, que se refere a um processo desenvolvido para a obtenção de um extrato de guaraná através de um controle rigoroso da pressão e temperatura. Neste processo, as sementes são moídas até se obter partículas de no máximo 6 mm de diâmetro. Estas são encaminhadas para o tanque de extração onde é adicionado água, álcool etílico e o condensado alcoólico do concentrador obtido no lote anterior de extração. Usa-se a proporção de 40 a 60% de álcool etílico na solução extratora e uma razão de 1 a 4 vezes de solvente em relação à massa de sementes. Em seguida, inicia-se um processo de aquecimento da solução entre 50 e 70 °C por 1 a 8 horas, de acordo com a quantidade de sementes. A solução e as sementes são transportadas para um separador sólido-líquido e, posteriormente, a fração líquida é direcionada para um concentrador, onde é submetida a vácuo de 500 a 711 mmHg e a aquecimento entre 50 e 70 °C até se obter uma solução que atenda aos requisitos do produto final.
[011] Em relação à recuperação de cafeína, portanto, algumas das necessidades processuais são a redução no consumo de solvente e a obtenção de extratos mais concentrados, com consequente economia de material e energia para a destilação. Ainda, é interessante que o tempo de processo seja reduzido, de maneira a torná-lo mais econômico. Faz-se necessário, assim, o desenvolvimento de um processo que atenda a estas necessidades de maneira simples e prática.
BREVE DESCRIÇÃO DA INVENÇÃO
[012] A presente invenção trata-se de um processo de preparo de extrato de guaraná caracterizado por compreender as etapas de: a) realizar uma hidrólise enzimática das sementes de guaraná, e b) realizar a extração do material hidrolisado com lavagem do remanescente de extração e reuso da solução de lavagem na extração subsequente.
[013] A hidrólise enzimática na etapa (a) da presente invenção pode ser realizada com mananases e glucanases, preferencialmente as oriundas de Bacillus licheniformis. Alternativamente, a hidrólise enzimática na etapa (a) da presente invenção pode ser realizada com uma celulase de Bacillus subtilis, em especial, com a celulase de sequência definida como SEQ ID NO: 1 [014] A presente invenção apresenta a vantagem de garantir a maior extração de cafeína e taninos em menos tempo de extração, gerando um extrato mais concentrado com relação aos processos tradicionais com economia de solvente. Além disso, a etapa de extração do material hidrolisado da presente invenção ocorre sem a necessidade de aquecimento. Ainda, a presente invenção, por conta da etapa de hidrólise enzimática, permite um aumento em torno de 8% na liberação de cafeína em relação à extração direta com solvente.
BREVE DESCRIÇÃO DAS FIGURAS
[015] A Figura 1 exibe os teores relativos de cafeína e taninos presentes nos extratos obtidos após a hidrólise das sementes do guaraná a 37°C, usando 100 pg dos coquetéis enzimáticos por grama de semente, e extração com solução hidroalcoólica. O controle refere-se à amostra sem a adição de enzimas. Os teores relativos de cafeína e taninos das amostras tratadas com enzimas foram calculados considerando-se os valores presentes na amostra controle como sendo 100 %. Atividades enzimáticas descritas nos coquetéis enzimáticos comerciais: A e B - celulases, hemicelulase e β-glicosidase; C- xilanase; D- lacase; E- poligalacturonase; F- esterase; G- β-glucanase, celulase, xilanase e outras hemicelulases.
[016] A Figura 2 mostra os teores relativos de cafeína e taninos presentes nos extratos obtidos após a hidrólise das sementes do guaraná a 37°C com as enzimas recombinantes e posterior extração com solução hidroalcoólica 42%. O controle refere-se à amostra sem a adição de enzimas. Os teores relativos de cafeína e taninos das amostras tratadas com enzimas foram calculados considerando-se os valores presentes na amostra controle como sendo 100 %.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO
[017] A presente invenção trata-se de um processo de preparo de extrato de guaraná caracterizado por compreender as etapas de: a) realizar hidrólise enzimática das sementes de guaraná, e b) realizar a extração do material hidrolisado com lavagem do remanescente de extração e reuso da solução de lavagem na extração subsequente.
[018] Em uma concretização da presente invenção, a hidrólise enzimática na etapa (a) é realizada pelo contato das sementes de guaraná com uma composição enzimática que compreende mananases e glucanases. Em especial, a referida composição enzimática pode ser produzida por Bacillus licheniformis.
[019] Alternativamente, a hidrólise enzimática na etapa (a) é realizada pelo contato das sementes de guaraná com uma celulase de Bacillus subtilis. Entende-se "celulase" por enzima responsável pela degradação da celulose, tal como uma exoglucanase, uma endo-glucanase ou uma beta-glucosidase. Mais especificamente, a hidrólise enzimática na etapa (a) da presente invenção pode ser realizada pelo contato das sementes de guaraná com a celulase de sequência definida como SEQ ID NO: 1.
[020] Com relação à etapa (b), a extração das sementes após hidrólise na etapa (a) deve se proceder com o contato das referidas sementes com uma solução hidroalcoólica contendo entre 42 e 60% de álcool, preferencialmente 60%. A extração deve se dar por recirculação contínua do solvente por um período entre 12 e 30 h, preferencialmente 24 h, recolhendo-se o extrato após este período. A proporção solução hidroalcoólica:semente de guaraná é, preferencialmente, de 1:1,5 (m/v).
[021] Após o recolhimento do extrato, resta um remanescente de extração. Para os efeitos do presente invento, define-se "remanescente de extração” como sementes de guaraná após o recolhimento do extrato. Na presente invenção, dito "remanescente de extração” passa por uma lavagem, sendo esta lavagem realizada com uma solução hidroalcoólica contendo entre 42 e 60% de álcool, preferencialmente 60%. A proporção solução hidroalcoólica:remansescente de extração é, preferencialmente, de 1:1,5 (m/v). A lavagem do remanescente de extração deve se dar por recirculação contínua do solvente por um período entre 1-2 h, preferencialmente 2 h, recolhendo-se solução de lavagem após este período.
[022] A solução de lavagem recolhida deve ser empregada em uma extração subsequente. Assim, uma nova batelada de sementes após hidrólise conforme etapa (a) é colocada em contato com a solução de lavagem recolhida para extração do guaraná. A extração deve se dar por recirculação contínua do solvente por um período entre 12 e 30 h, preferencialmente 24h, recolhendo-se o extrato após este período. A proporção solução de lavagem: semente de guaraná é, preferencialmente, de 1:1,5 (m/v). Para a manutenção desta proporção, a solução de lavagem pode ter seu volume corrigido com a adição de solução hidroalcoólica contendo entre 42 e 60% de álcool, preferencialmente 60%. Após o recolhimento do extrato, resta um remanescente de extração que deve ser igualmente lavado conforme descrito anteriormente, e a solução de lavagem deve ser empregada na extração subsequente da mesma maneira já detalhada ou ser agrupada com os extratos.
[023] Em uma concretização da presente invenção, a etapa (b) é realizada em três fases: a primeira, com uma extração de um primeiro lote de material hidrolisado com uma solução hidroalcoólica contendo entre 42 e 60% de álcool, preferencialmente 60%; a segunda, com uma extração de um segundo lote de material hidrolisado com a solução de lavagem da primeira fase e, a terceira, com uma extração de um terceiro lote de material hidrolisado com a solução de lavagem da segunda fase.
[024] Exemplo 1: hidrólise enzimática das sementes de guaraná [025] Após uma avaliação prévia de 25 coquetéis comerciais foram selecionados 7 coquetéis enzimáticos, contendo celulases, hemicelulases, pectinases e oxidases, para serem usados em reações de hidrólise das sementes de guaraná seguidas de uma etapa de extração de cafeína e taninos dos materiais hidrolisados usando uma solução hidroalcoólica a 42%. Também foi utilizada uma preparação enzimática obtida a partir do cultivo da linhagem microbiana Bacillus licheniformis CBMAI 1609 em frascos agitados contendo o meio Bushnell Haas adicionado de bagaço da semente de guaraná, caseína e com o pH ajustado para 7,0. Esta preparação enzimática de Bacillus licheniformis CBMAI 1609 apresentava principalmente atividades enzimáticas de glucanases e mananases.
[026] As reações de hidrólise enzimática foram preparadas utilizando 5 gramas de semente de guaraná, 500 pg de enzima (ou 100 pg de enzima/g de semente) e água destilada até completar o volume reacional de 7 mL. As sementes utilizadas nas reações de hidrólise enzimática apresentavam tanto a granulometria na forma de grânulos como na forma de pó fino. Os tubos contendo as misturas reacionais foram incubados a 37 sob agitação de 200 rpm. Após 16 horas de hidrólise enzimática foi adicionado etanol absoluto a fim de se obter a concentração hidroalcoólica de 42 % (v/v) utilizada no processo de extração de cafeína e taninos. As extrações de cafeína e taninos foram realizadas durante 24 horas a temperatura ambiente sem a recirculação da solução extratora.
[027] Como controles das reações de hidrólise, foram preparadas misturas reacionais contendo apenas o substrato (semente ou bagaço da semente de guaraná) e água destilada. Para as reações controle também foram adotados os mesmos procedimentos de incubação e extração hidroalcoólica descritos acima. Os teores de cafeína e taninos presentes nos extratos de guaraná obtidos ao final de 24 horas de extração foram quantificados por métodos espectrofotométricos e expressos na forma de concentração relativa, considerando-se as concentrações de cafeína e taninos das reações controle (sem adição de enzima) como 100%.
[028] Todos os 8 coquetéis enzimáticos testados proporcionaram aumentos de extração de cafeína se comparado com a amostra controle (Figura 1). Contudo, com a utilização da preparação enzimática de B. licheniformis CBMAI 1609 foram obtidos extratos de guaraná com ganhos de extração de cafeína superiores a 11% em relação ao controle. Foi ainda observado que este coquetel enzimático não aumentava significativamente os teores de taninos dos extratos em comparação ao controle.
[029] A partir dos resultados obtidos no teste acima e nos ensaios prévios de avaliação dos coquetéis enzimáticos comerciais, foram selecionadas 10 enzimas para serem expressas de forma heteróloga utilizando como sistema de expressão células de E. coli. Após a expressão essas enzimas recombinantes foram purificadas através de uma etapa cromatográfica em coluna de afinidade (Ni-NTA Agarose -Qiagen) e avaliadas quanto ao potencial de hidrólise das sementes de guaraná para liberação de cafeína e taninos. As reações de hidrólise enzimática das sementes de guaraná e posterior extração com solvente foram realizadas da mesma forma como descrito anteriormente, porém neste caso foi utilizado nas reações 125 pg das enzimas nas reações (ou, 25 pg de enzima/g de material). Na Tabela 1 estão descritas as atividades enzimáticas das 10 enzimas recombinantes que foram testadas, as famílias a qual pertencem e a sua fonte de origem.
[030] Tabela 1 - Lista de enzimas recombinantes avaliadas nos testes de atividade sobre a semente de guaraná [031] Foi verificado no teste com as enzimas recombinantes que apenas o extrato de guaraná obtido com a celulase de B. subílís (SEQ ID NO: 1) apresentou um teor de cafeína estatisticamente diferente, ao nível de significância de 5%, do extrato controle (obtido sem o tratamento enzimático). Neste caso foi observado um aumento de aproximadamente 8% na liberação de cafeína. A celulase SEQ ID NO: 1 também exibiu uma tendência de redução do teor de taninos. Altas concentrações de taninos são indesejáveis pelo fato deste composto em altas concentrações promover alterações nas características sensoriais do extrato, como off-flavours, adstringência e aumento da coloração escura (Ribeiro, Coelho e Barreto, 2012).
[032] Tendo por base os resultados obtidos nos testes de eficiência dos coquetéis enzimáticos na hidrólise das sementes de guaraná e extração de cafeína realizados em pequena escala (tubos agitados), foram selecionadas a preparação enzimática concentrada de B. licheniformis CBMAI 1609 e a enzima recombinante SEQ ID NO: 1 para serem novamente avaliadas em uma escala um pouco maior utilizando um sistema em coluna encamisada.
[033] Esse sistema em coluna encamisada mimetizava em escala laboratorial os tanques tradicionalmente usados no processo de extração em escala industrial da cafeína das sementes de guaraná. O sistema utilizado consistia basicamente de um cilindro de vidro (5 cm x 18,5 cm, com volume útil de aproximadamente 360 cm3) encamisado e hermeticamente fechado, cujo interior ficavam as sementes moídas de guaraná em contato com as soluções. As extremidades inferior e superior desse sistema ficavam conectadas por uma mangueira de látex a uma bomba peristáltica para permitir a recirculação contínua das soluções utilizadas.
[034] As reações de hidrólise enzimática no sistema em coluna encamisada foram preparadas utilizando 50 gramas da semente de guaraná com granulometria fina, 10.000 pg da preparação enzimática de B. licheniformis ou da SEQ ID NO: 1 (ou, 200 pg de enzima/g de semente) e água destilada até completar o volume de 70 mL. Este sistema reacional foi mantido a 37 °C através da circulação de água de um banho-maria pela camisa do sistema. As misturas reacionais foram incubadas por 16 horas com a recirculação constante do conteúdo de líquido pelo sistema de hidrólise. Um controle da hidrólise enzimática também foi realizado sob as mesmas condições descritas acima, porém sem a adição de enzimas às sementes de guaraná. Em seguida, foi realizada a etapa de extração hidroalcoólica de cafeína e taninos pela adição de etanol até atingir a concentração de 42% (v/v) e incubação por 24 horas nas mesmas condições da etapa de hidrólise. Os teores de cafeína e taninos presentes nos extratos de guaraná obtidos ao final de 24 horas de extração foram quantificados.
[035] Na Tabela 2 estão apresentados os volumes de extrato recuperado, os resultados obtidos de extração de cafeína e taninos após a etapa de hidrólise com as duas enzimas avaliadas, assim como a eficiência da extração de cafeína e taninos em relação ao controle. Foi verificado que a adição das duas enzimas proporcionou o aumento do volume de extrato de guaraná obtido ao final do processo, ou seja, este passou de 60 mL no controle (sem hidrólise enzimática) para 65 mL quando se fez a hidrólise enzimática das sementes. Com relação aos teores totais de cafeína e taninos foi observado um aumento na eficiência de extração destes dois compostos após a hidrólise enzimática pelas duas enzimas avaliadas em comparação ao controle. Os aumentos observados variaram entre 8 e 10% para a cafeína e de 4 a 21% para os taninos.
[036] Tabela 2 - Extração de cafeína e taninos após hidrólise enzimática usando o sistema em coluna encamisada [037] Exemplo 2:__________Reaproveitamento das soluções hidroalcoólica na extração de cafeína e taninos das sementes de guaraná [038] Com o objetivo de aumentar o rendimento do processo de extração da cafeína das sementes de guaraná, foram testadas algumas adaptações tecnológicas que poderiam ser implementadas neste processo. Nestes ensaios foi utilizado o protótipo de extração laboratorial de cafeína e taninos em coluna encamisada que foi descrito anteriormente. As extrações de cafeína e taninos foram realizadas respeitando a proporção 1:1,5 (m/v) de sementes e solução extratora como no processo industrial, ou seja, foram utilizados 100 g de semente de guaraná moídas e 150 mL de solução hidroalcoólica 42% (v/v). No processo padrão de extração ao final de 24 horas de processo todo o líquido era recolhido do sistema de extração e utilizado para as quantificações de teor de cafeína e taninos como descrito anteriormente.
[039] Em uma destas estratégias, denominada de Estratégia 1, foi avaliado o efeito da renovação parcial da solução hidroalcoólica durante o processo de extração. Neste caso, a cada 24 horas de extração era realizada a drenagem de 25% da solução extratora do sistema (37,5 mL) e, em seguida, era realizada a adição do mesmo volume de uma nova solução hidroalcoólica ao sistema. Ao final de 96 horas de processo todo o volume foi recuperado e reunido com as alíquotas coletadas em 24, 48 e 72 horas, para a realização das análises dos teores de cafeína e taninos.
[040] Outra estratégia tecnológica avaliada, chamada de Estratégia 2, consistia na renovação total da solução hidroalcoólica a cada 24 horas de extração. Nesta estratégia, era realizada a recuperação do máximo de volume possível de extrato de guaraná a cada 24 horas de processo e, posteriormente, era adicionado 150 mL de uma nova solução hidroalcoólica ao sistema de extração. Assim como na estratégia anterior, ao final de 96 horas de processo todo o volume foi recuperado e reunido com as alíquotas coletadas em 24, 48 e 72 horas, para a realização das análises de quantificação dos teores de cafeína e taninos.
[041] Baseado nos resultados da segunda estratégia, foi proposta outra estratégia, denominada de Estratégia 3, onde era realizada a reutilização da solução hidroalcoólica utilizada na lavagem das sementes de guaraná em uma nova extração. Neste caso, após 24 horas de extração retirava-se todo o volume de extrato de guaraná disponível e, em seguida, adicionava-se 150 mL de uma nova solução hidroalcoólica que circulava pelo sistema de extração por 1 a 2 horas fazendo a lavagem das sementes. Esta solução de lavagem era recuperada do sistema, seu volume era ajustado para 150 mL com uma solução hidroalcoólica nova e, posteriormente, esta era reaproveitada como solução extratora em um novo processo de extração. No final dos ciclos de reaproveitamento das soluções de lavagem todo o volume foi recuperado e reunido com as alíquotas coletadas anteriormente para a realização das determinações dos teores de cafeína e taninos.
[042] A partir dos resultados obtidos, foi verificado que a estratégia tecnológica de lavagem das sementes após a extração de cafeína e taninos com uma nova solução hidroalcoólica e o reaproveitamento desta solução em um novo processo de extração (Estratégia 3) é a melhor entre as outras duas modificações testadas, pois esta possibilitou a obtenção de um extrato de guaraná rico em cafeína e taninos com um menor tempo de extração e menos diluído. Considerando-se os dados da Tabela 3, seria necessária a realização de pelo menos 3 extrações pelo método padrão para se obter a quantidade de cafeína extraída utilizando a Estratégia 3, o que representa um maior tempo de processo e uma maior quantidade de matéria-prima.
[043] Tabela 3 - Comparação entre as estratégias tecnológicas analisadas para a extração de cafeína e taninos das sementes de guaraná * Padrão: método de extração por 24 h sem a renovação da solução extratora; Estratégia 1: método de extração utilizando a renovação parcial da solução extratora;
Estratégia 2: método de extração utilizando a renovação total da solução extratora; Estratégia 3: método de extração utilizando o reaproveitamento da solução de lavagem das sementes.
[044] Outro teste realizado foi a verificação da viabilidade do número de ciclos que poderiam ser realizados utilizando as soluções de lavagem enriquecidas da Estratégia 3 para a extração de cafeína e taninos ainda obtendo ganhos de extração. As extrações foram realizadas no sistema em coluna encamisada como descrito anteriormente.
[045] Na Tabela 4 são apresentados os resultados obtidos após 5 ciclos de extração e reaproveitamento das soluções de lavagem. Foi verificado que após o 3° ciclo de reaproveitamento não havia um aumento considerável na concentração de cafeína. Também foi constatado que a utilização das soluções de lavagem por muitos ciclos proporcionava um ligeiro aumento no teor de taninos dos extratos de guaraná. Contudo, não houve grandes alterações na razão cafeína/taninos, essa se manteve dentro dos limites recomendáveis (entre 0,3 e 0,4).
[046] Tabela 4 - Avaliação do número de ciclos empregando a estratégia de reutilização da solução hidroalcoólica utilizada na lavagem do bagaço da semente de guaraná em uma nova extração [047] O efeito da concentração de etanol presente na solução hidroalcoólica utilizada no processo de extração de cafeína e taninos das sementes de guaraná também foi avaliado através da realização de extrações usando concentrações de 20, 42 e 60% (v/v) de etanol. Essas extrações foram realizadas durante 24 horas respeitando a proporção 1:1,5 (m/v) de sementes e solução extratora como no processo industrial (100 g de semente e 150 mL da solução extratora). Todos esses experimentos foram realizados em triplicata estão apresentados na Tabela 5.
[048] Constatou-se, após 24 horas de processo, que a diminuição da concentração de etanol na solução hidroalcoólica proporcionava uma redução nos teores de cafeína e taninos extraídos das sementes de guaraná. Foi observado que o uso da solução extratora com mais etanol proporcionava a recuperação de um maior volume de extrato de guaraná, aproximadamente 17% em relação ao obtido na extração com a solução hidroalcoólica 42% (v/v) e 36% em comparação ao alcançado usando a solução hidroalcoólica 20% (v/v).
[049] Tabela 5 - Extração de cafeína e taninos das sementes de guaraná usando diferentes concentrações de etanol na solução extratora *Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (p>0,05) REIVINDICAÇÕES

Claims (8)

1. Processo de preparo de extrato de guaraná caracterizado por compreender as etapas de: a) realizar uma hidrólise enzimática das sementes de guaraná, e b) realizar a extração do material hidrolisado com lavagem do remanescente de extração e reuso da solução de lavagem na extração subsequente.
2. Processo, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a hidrólise enzimática na etapa (a) ser realizada pelo contato das sementes de guaraná com uma composição enzimática que compreende mananases e glucanases.
3. Processo, de acordo com a reivindicação 2, caracterizado por a composição enzimática que compreende mananases e glucanases ser produzida por Bacillus licheniformis.
4. Processo, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a hidrólise enzimática na etapa (a) ser realizada pelo contato das sementes de guaraná com uma celulase de Bacillus subtilis.
5. Processo, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por a hidrólise enzimática na etapa (a) ser realizada pelo contato das sementes de guaraná com uma celulase de sequência definida como SEQ ID NO: 1.
6. Processo, de acordo com as reivindicações 1 a 5, caracterizado por a extração na etapa (b) compreender a recirculação contínua de uma solução hidroalcoólica contendo entre 42 e 60% de álcool, preferencialmente 60%, por um período entre 12 e 30 h, preferencialmente 24h, pelo material hidrolisado na etapa (a), gerando-se um extrato e um remanescente de extração.
7. Processo, de acordo com a reivindicação 6, caracterizado por a solução hidroalcoólica ser a solução de lavagem do remanescente de extração de um lote anterior.
8. Processo, de acordo com as reivindicações 1 a 7, caracterizado por a lavagem do remanescente de extração na etapa (b) compreender a recirculação contínua de uma solução hidroalcoólica contendo entre 42 e 60% de álcool, preferencialmente 60%, pelo referido remanescente de extração por um período entre 1 e 2 h, gerando-se uma solução de lavagem a ser empregada na extração de um lote subsequente de material hidrolisado.
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