BR102017021763A2 - Utilização de óleo essencial de origanum vulgare l. e carvacrol como desinfetante em superfícies de aço inoxidável - Google Patents

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Marciane Magnani
Evandro Leite De Souza
Neyrijane Targino De Souza
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Abstract

“utilização de óleo essencial de origanum vulgare l. e carvacrol como desinfetante em superfícies de aço inoxidável” a presente invenção tem aplicação na área de higiene e segurança de alimentos e refere-se ao uso do óleo essencial de origanum. vulgare l. e carvacrol como desinfetantes de superfícies de aço inoxidável, visando desinfecção de superfícies que entram em contato com alimentos durante o processamento. a emulsão do óleo essencial de o. vulgare l. e do carvacrol que servirá como material para desinfecção em superfícies de aço inoxidável será obtida pela dissolução dos óleos essenciais (1,25 - 20 µl/ml) com adição de 1% tween 80, seguido da aplicação da emulsão nas superfícies por 15 minutos e posterior enxágue em água potável por 30 segundos. o produto apresenta ação comprovada frente células organizadas em biofilmes em superfícies de aço inoxidável, consideradas um problema de saúde pública, pois os biofilmes atuam como fonte crônica de contaminação e surge como um método alternativo de desinfecção, com potencial para atender as demandas correntes do mercado.

Description

“UTILIZAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE Origanum vulgare L. E CARVACROL COMO DESINFETANTE EM SUPERFÍCIES DE AÇO INOXIDÁVEL” [001] A presente invenção tem aplicação na área de higiene e segurança de alimentos e refere-se ao uso do óleo essencial de Origanum vulgare L. (orégano) ou do seu constituinte carvacrol como desinfetante de superfícies de processamento de alimentos, apresentando-se como alternativa ao uso de desinfetantes químicos classicamente utilizados na indústria de alimentos, visando a desinfecção de superfícies que entram em contato com alimentos durante o seu processamento.
[002] As superfícies de processamento de alimentos de serviços de alimentação e nutrição podem representar fontes de contaminação dos alimentos e aumentar os riscos de ocorrência de surtos alimentares, pois micro-organismos patogênicos podem aderir e formar biofilme nestes ambientes permanecendo viáveis por longos períodos. Diversas medidas de segurança são adotadas pelas indústrias para assegurar a desinfecção das superfícies que entram em contato com alimentos, com o objetivo de alcançar uma desinfecção eficiente.
[003] O aço inoxidável AISI 304 é o tipo de superfície mais comumente utilizado na confecção de revestimentos de superfícies que entram em contato com os alimentos. Para a desinfecção deste material são empregados agentes químicos com diferentes princípios ativos, a citar: hipoclorito de sódio e ácido peracético. No entanto, o uso de desinfetantes químicos, particularmente aqueles a base de hipoclorito de sódio, em superfícies de aço-inoxidável tem sido questionado, pois podem causar corrosão deste tipo de material, facilitando o acúmulo de matéria orgânica e microrganismos. Além disso, os resíduos formados pela reação de agentes a base de hipoclorito de sódio com a matéria orgânica são potencialmente tóxicos e podem representar riscos à saúde dos manipuladores, pois causam irritação da pele e trato respiratório de humanos. Ainda, existem relatos da ineficácia dos regimes convencionais de desinfecção na remoção
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2/6 de células sésseis de biofilmes em superfícies de processamento de alimentos, gerando a demanda de novas estratégias de desinfecção. Biofilmes são comunidades microbianas dinâmicas, estruturalmente complexas. Devido ao seu metabolismo diferenciado, células sésseis de biofilmes formados em superfícies abióticas demonstram tolerância aumentada aos agentes classicamente utilizados para eliminar microorganismos na indústria de alimentos.
[004] Com o intuito de substituir os desinfetantes químicos classicamente utilizados na desinfecção de superfícies de processamento de alimentos desenvolveu-se a presente invenção que consiste na aplicação do óleo essencial de O. vulgare, ou do seu constituinte carvacrol, como desinfetantes de superfícies de aço inoxidável. Tal objetivo é alcançado uma vez que o óleo essencial O. vulgare e o carvacrol possuem atividade antimicrobiana de amplo espectro e são eficazes na remoção de células sésseis de biofilmes bacterianos formados sobre superfícies.
[005] A atividade antimicrobiana do óleo essencial de O. vulgare tem sido relacionada principalmente pela presença de carvacrol, o qual tem sido comumente detectado como o seu constituinte majoritário, podendo representar até 70% da sua composição. O óleo essencial de O. vulgare e o carvacrol são ativos contra diversas bactérias contaminantes de alimentos e de ambiente de produção de alimentos, incluindo Listeria monocytogenes, Aeromonas hydrophila, Pseudomonas fluorescens, Escherichia coli, Salmonella Enteritidis e Staphylococcus aureus.
[006] Tem sido demonstrado que, além da atividade contra células planctônicas, o óleo essencial de O. vulgare e o carvacrol possuem atividade contra células organizadas em biofilmes bacterianos. O potencial de aplicação do óleo essencial de O. vulgare para controle de micro-organismos é reforçado pelas evidências de que a exposição a esta substância/composto inibe a adesão e ou formação de biofilme em superfícies de aço inoxidável. Ademais, causam uma sensibilização nas células bacterianas, tornando-as mais susceptíveis a outros agentes antimicrobianos. Outro fato importante que suporta o uso do óleo essencial
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3/6 de O. vulgare e carvacrol na desinfecção de superfícies é que a exposição a concentrações subletais destes agentes não induzem tolerância direta ou cruzada frente NaCl, temperatura e pH ácido.
[007] Algumas patentes foram descritas com a utilização de óleo essencial de O. vulgare ou carvacrol como antimicrobianos naturais. A invenção PI0905003-5, intitulada “Uso do timol e carvacrol em formulações antimicrobianas naturais”, diz respeito ao uso de formulações antimicrobianas, constituídas de carvacrol e timol, como componentes naturais e seguros para o controle do crescimento bacteriano e fúngico sem intercorrer em riscos para a saúde humana ou animal. No entanto, a invenção refere à aplicação dos compostos em fermentações alcoólicas e não como desinfetantes de superfícies.
[008] A invenção US5403587, intitulada “Disinfectant and sanitizing compositions based on essential oils”, refere-se a uma composição antimicrobiana aquosa contendo um ou mais óleos essenciais que exibem propriedades antimicrobianas e que podem ser combinados com um agente solubilizante ou dispersante para formar uma solução ou dispersão do óleo essencial para uso em containers de transporte de água. Entretanto, a invenção não descreve o óleo essencial a ser empregado e não tem como objetivo a desinfecção de superfícies de aço inoxidável que entram em contato com alimentos durante o processamento.
[009] A invenção CN106232091, intitulada “Antimicrobial efficacy of an oregano oil and caprylic acid blend”, diz respeito ao uso de um extrato de orégano como conservante em cremes dermatológicos com base na sua atividade contra E. coli, S. aureus, P. aeruginosa, Streptococcus sanguinis,
S. enterica, Candida albicans e Aspergillus brasiliensis. No entanto, não faz qualquer menção ao uso do óleo de orégano citado como desinfetante.
[010] A invenção DE202007003020, intitulada “Preparation, useful e.g. in disinfecting agent and wound therapy, comprises fundamental orégano oil, Salvia triloba, coriander oil, geranium oil, cinnamon oil and/or lemon grass oil”, menciona uma preparação farmacêutica contendo óleos essenciais, incluindo o óleo essencial de orégano, em cremes, pomadas, loções e gel
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4/6 para uso como agente de desinfecção na terapia de feridas. Contudo, não há indicação de uso na desinfecção de superfícies de qualquer natureza.
[011] A invenção DE202004015396, intitulada “Mixture of oregano oil and lanolin, useful for control of methicillin-resistant Staphylococcus aureus on skin and in the nose” menciona a mistura de óleo essencial de orégano e lanolina com atividade antibacteriana para controle de S. aureus. A invenção é direcionada para uso no tratamento dermatológico e não sugere ou indica utilização para desinfecção de superfícies que entram em contato com alimentos.
[012] A invenção US2017020171, intitulada “Spontaneous antimicrobial essential oil nanoemulsions and their use as a food and surface disinfectant/sanitizer”, refere-se ao uso de nanoemulsões antimicrobianas, obtidas a partir de uma fase orgânica contendo óleo e surfactante e componentes solúveis em óleo em uma fase aquosa, contendo água e componentes solúveis em água, para utilização como desinfetante ou sanitizante de alimentos. A principal finalidade da emulsão obtida é de desinfecção e sanitização de alimentos e não de superfícies que entram em contato com alimentos.
[013] A invenção CN106234914, intitulada “Preparation method and application of antibacterial agent containing Origanum vulgare essential oil and resveratrol”, refere-se ao uso da combinação sinérgica do resveratrol e do óleo essencial de O. vulgare para controle de micro-organimos e garantia da segurança microbiológica de alimentos por meio da incorporação de uma composição dos agentes antimicrobianos mencionados. A invenção sugere a aplicação da composição antimicrobiana na superfície de alimentos durante o armazenamento. No entanto, a invenção não explora a ação desinfetante do óleo essencial de O. vulgare e resveratrol apenas reforça seu efeito antimicrobiano.
[014] A invenção US2009232905, intitulada “Essential oils based cleaning and disinfecting compositions”, diz respeito a composições de óleo de tomilho ou orégano para desinfecção de superfícies inanimadas e animadas. É considerado que as composições de óleos são botânicas,
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5/6 ambientalmente sustentáveis, não tóxicas e suavemente aromatizadas, no entanto, o efeito antimicrobiano do óleo de orégano frente bactérias contaminantes de alimentos e a aplicação não é direcionada para desinfecção de superfícies de aço inoxidável que entram em contato com alimentos durante o processamento.
[015] A invenção US2007281039, intitulada “Essential oils based disinfecting compositions having tuberculocidal and fungicidal efficacies”, refere-se ao uso de desinfetantes à base de óleo de tomilho e de óleo de orégano em superfícies inanimadas para eliminação de Mycobacteríum tuberculosis e fungos. Embora seja mencionada a aplicação na desinfecção de superfícies, não é direcionada para eliminação de bactérias patogênicas comumente encontradas em superfícies de processamento de alimentos e, particularmente, para eliminação de biofilmes.
[016] Nenhuma patente foi anteriormente descrita com o uso do óleo essencial de O. vulgare e carvacrol como desinfetante de superfícies de aço inoxidável com base na atividade destas substâncias frente células sésseis de bactérias contaminantes de alimentos.
[017] Desse modo, a presente invenção encontra suas bases nos pioneiros e promissores estudos da eficácia do óleo essencial de O. vulgare e carvacrol na remoção de células sésseis de biofilmes bacterianos, particularmente de S. aureus, em superfícies de aço inoxidável apresentando ação superior àquela reportada para o hipoclorito de sódio, que é o agente tradicionalmente utilizado em superfícies de processamento de alimentos.
[018] Considerando as informações supracitadas, este produto apresenta-se, portanto, como uma tecnologia emergente na desinfecção de superfícies de aço inoxidável, atendendo aos aspectos de higiene e desinfecção de superfícies que entram em contato com alimentos na indústria processadora e atende demanda corrente do mercado consumidor que busca a substituição dos agentes químicos classicamente empregados por novos produtos de origem natural com atividade antimicrobiana frente células sésseis.
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6/6 [019] A obtenção da emulsão do óleo essencial de O. vulgare e carvacrol para desinfecção de superfícies de aço inoxidável compreende as seguintes etapas sequenciais: (1) preparação da emulsão do óleo essencial de O. vulgare e carvacrol por meio da dissolução da substância/composto (1,25 - 20 pL/mL) em água destilada estéril com adição de 1% Tween 80; (2) aplicação da emulsão do óleo essencial ou carvacrol na superfície de aço inoxidável durante 15 minutos seguida de enxágue com água potável por 30 segundos.

Claims (2)

1. “UTILIZAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE Origanum vulgare L. E CARVACROL COMO DESINFETANTE EM SUPERFÍCIES DE AÇO INOXIDÁVEL” apropriados para desinfecção de superfícies de aço inoxidável, apresentando-se como uma alternativa ao uso de desinfetantes químicos, visando a remoção de células sésseis de micro-organismos patogênicos organizadas em biofilmes por meio da utilização desta substância/composto com propriedades antimicrobianas, sendo o processo CARACTERIZADO POR compreender as seguintes etapas: (1) preparação da emulsão do óleo essencial de O. vulgare L. e carvacrol por meio da dissolução da substância/composto (1,25 - 20 pL/mL) em água destilada com adição de 1% Tween 80; (2) aplicação da emulsão em superfícies de aço inoxidável durante 15 minutos seguido de enxágue em água potável por 30 segundos.
2. “UTILIZAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE Origanum vulgare L. E CARVACROL COMO DESINFETANTE EM SUPERFÍCIES DE AÇO INOXIDÁVEL”, de acordo com a reivindicação 1, CARACTERIZADO PELO fato do óleo essencial de O. vulgare L. e do carvacrol em concentrações de 10 e 0,5 pL/mL (v/v), respectivamente, apresentarem efeito antimicrobiano frente células sésseis de micro-organismos patogênicos organizadas em biofilmes em superfícies de processamento de alimentos constituídas de aço inoxidável.
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