BR102016019761A2 - Curativo à base de argilas bentonitas e processo de produção do curativo - Google Patents

Curativo à base de argilas bentonitas e processo de produção do curativo Download PDF

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Teles Sangaleti Miyahara Carine
Yoshimitsu Miyahara Ricardo
Regiane Trincaus Maria
Ereno Auler Marcos
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Universidade Estadual Do Centro-Oeste
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esta invenção se refere ao campo de curativos aplicados à pele humana e em feridas deste órgão. refere-se, mais especificamente, a um curativo para feridas utilizando argilas bentonitas como agente absorvedor de fluidos corpóreos e seu processo de produção. a inovação deste curativo é a potencialização do poder de absorção das argilas bentonitas, que é capaz de absorver fluidos até 420 % em relação à massa da argila. este novo produto é aproriado para uso em ambiente médico-hospitalar, mas, também em unidades ambulatoriais e serviços de saúde pública de nível primário. a facilidade de manejo também propicia o uso domicilar.

Description

(54) Título: CURATIVO À BASE DE ARGILAS BENTONITAS E PROCESSO DE PRODUÇÃO DO CURATIVO (51) Int. Cl.: A61L 15/18 (73) Titular(es): UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE (72) Inventor(es): CARINE TELES SANGALETI MIYAHARA; RICARDO YOSHIMITSU MIYAHARA; MARIA REGIANE TRINCAUS; MARCOS ERENO AULER; TALITA CZEKSTER (57) Resumo: Esta invenção se refere ao campo de curativos aplicados à pele humana e em feridas deste órgão. Refere-se, mais especificamente, a um curativo para feridas utilizando Argilas Bentonitas como agente absorvedor de fluidos corpóreos e seu processo de produção. A inovação deste curativo é a potencialização do poder de absorção das argilas bentonitas, que é capaz de absorver fluidos até 420 % em relação à massa da argila. Este novo produto é aproriado para uso em ambiente médico-hospitalar, mas, também em unidades ambulatoriais e serviços de saúde pública de nível primário. A facilidade de manejo também propicia o uso domicilar.
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Relatório Descritivo da Patente de Invenção para “CURATIVO À BASE DE ARGILAS BENTONITAS E PROCESSO DE PRODUÇÃO DO CURATIVO”.
[001] A presente invenção se refere ao campo de curativos aplicados à pele humana com a possibildade de uso contínuio em feridas deste órgão. Referese também a um processo de produção de curativo para uso em feridas exsudativas utilizando argilas bentonitas, como agente absorvedor de fluidos corpóreos. A argila bentonita utilizada deve ser preferencialmente do tipo Chocolate A.
[002] Esta invenção toma como base de aplicabilidade comercial e terapêutica o amplo e, já antigo, uso empírico das argilas na área de cicatrização de feridas e tratamentos de diversas manifestações patológicas da pele. Também considera importantes características peculiares das argilas que vem possibilitando, mais recentemente, o emprego da mesma em inovadores produtos cosméticos, farmacêuticos e em coberturas destinadas a cicatrização de feridas (Ghadiri M, Chrzanowski W, Rohanizadeh R, 2014; Dário GM et al 2014; Mishra RK et al 2014).
[003] No que se refere às feridas, destaca-se que a pele, maior órgão do corpo humano, dentre muitas funções confere ao todo indivíduo proteção contra microrganismos patogênicos e evita a perda hídrica. As feridas ou úlceras representam a perda da integridade deste órgão e por isso se constituem num grave problema de saúde, pois causam dor, propiciam infecções, podem levar a desidratação se tiverem grande extensão, isolamento social, estigmas e morte.
[004] O exsudato das feridas, apesar de ser constituinte fundamental ao processo de cicatrização, é um dos fatores que mais interferem na qualidade de vida de seus portadores, pois, frequentemente confere odor e aspecto desagradável à lesão (Kutting, 2003) e pode propiciar a colonização de microrganismos e consequente infecção.
[005] Feridas exsudativas, a depender do tipo de produto usado para o curativo, requerem trocas frequentes e estas trocas podem causar ou aumentar a dor (Sen et al, 2009; Nonan L, Burge SM, 1998). A troca contínua também
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2/13 amplia as despesas com os curativos, sendo este aspecto um dos maiores gargalos na escolha do curativo mais adequado para este fim de absorção do exsudato.
[006] A manutenção da umidade no leito de uma ferida é fundamental para que os eventos de cicatrização e células a este processo relacionadas sejam eficientes. O exsudato é um fator que mantém esta umidade, no entanto seu excesso pode causar maceração das bordas da lesão (Sen et al 2002).
[007] Estes aspectos negativos do exsudato se agravam em feridas crônicas, que comumente são bastante exsudativas, devido ao processo inflamatório constante, aumento da atividade de enzimas digestivas como as metaloproteinases de matriz (Harding, Morris, Patel, 2002).
[008] Como referido anteriormente, os custos associados com os processos terapêuticos voltados à cicatrização das feridas estão intimamente relacionados ao manejo do exsudato, pois é um fator determinante da frequência de trocas do curativo. Assim, o manejo do exsudato é um ponto relevante para promoção da cicatrização de feridas e, especialmente para melhora na qualidade de vida de seus portadores e redefinição dos custos para o tratamento.
[009] Cabe destacar que exsudato é o termo genérico atribuído a todo líquido liberado por uma ferida. Sua composição varia com o tipo de ferida e a fase do processo de cicatrização que esta ferida se encontra. De modo geral é composto principalmente por água, mas também contém eletrólitos, mediadores inflamatórios, elementos protéicos como enzimas digestivas e fatores de crescimento, além de alguns tipos celulares como neutrófilos, plaquetas e macrófagos (Wuwhs, 2007). As características do exsudato também podem variar de acordo com processos patológicos relacionados às feridas e podem, desta forma, se constituir num sinal clínico de um agravamento da lesão como nos casos de exsudatos sanguinolentos e os purulentos com odor fétido.
[010] Considerando a problemática da questão das feridas para os sistemas de saúde de um país e para seus portadores, os produtos de curativo desenvolvidos focam na promoção e aceleração do processo de cicatrização.
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Neste contexto, as feridas de difícil cicatrização, como as feridas crônicas exsudativas, se constituem no ponto de interesse desta invenção. Um curativo benéfico a este tipo de ferida deve permitir a manutenção das condições adequadas para a cicatrização, ou seja: remoção do excesso do exsudato, sem secar o leito da ferida; proteção contra o meio externo e proteção contra lesão do leito da ferida, ser capaz de acompanhar o movimento ou mobilizações da área afetada, evitar a proliferação de microrganismos patogênicos, prolongar o período de trocas e ter custo acessível.
[011] Nas últimas décadas diversas patentes destinaram-se a invenções de curativos, e várias apresentavam na constituição da invenção produtos que favoreciam a absorção do exsudato. É o caso da US4211227A que incorpora material não tecido de esponja hidrofílica. A invenção que visa o emprego de substância antimicrobiana ao material de esponja não tecido, proporciona a liberação do agente pelo contato do exsudato absorvido. Porém, o foco dessa patente não está na absorção do exsudato. Ainda naquela patente os materiais absortivos são produzidos por diferentes polímeros. Diferentemente, a presente invenção utiliza argilas bentonitas, que não necessitam de tratamento prévio, podendo ser utilizadas naturalmente para absorção de água, exsudato e outros fluidos produzidos por feridas na pele, além de, combater os odores liberados na ferida.
[012] Na US5156843A o material de esponja se destaca na composição da invenção. O foco não foi a absorção do exsudato, mas a retenção da substância ativa antimicrobiana em material absortivo do exsudato. Ao contrário deste pedido de patente, que tem como foco a absorção do exsudato e desodorização do mesmo. Já a patente US5856248 descreve uma invenção com fibras de celulose tratadas para absorver secreções corporais e redução da colonização microbiana conforme a progressão da absorção. As fibras de celulose quimicamente modificada para possibilitar a incorporação de agente microbiano e manter características absortivas. Nessa patente, o produto de fibra de celulose passa por diversos tratamentos químicos para obtenção do material com a propriedade final, diferente da presente invenção, que possui as
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4/13 mesmas características com o agente absorvedor, sem qualquer tratamento prévio.
[013] Outra patente registrada sob n° US6235302B1 se baseia em tecido esponjoso de celulose, provido de um reforço interno de fibras de algodão. Para obtenção do tecido ou pano esponjoso requer um processo de coagulação e regeneração da celulose e impregnação deste com agente microbiano ativo. Com isso, essa patente tem o objetivo de combater fungos, bactérias e outros microorganismos das feridas. Diferente da presente patente que foca principalmente na absorção do exsudato e controle de odores das feridas.
[014] Além dos materiais de espuma, a WO1980002300A1 (PCT/GB80/00066) e a WO1984003705A1 (PCT/GB84/00084) destacam o processo de invenção de um produto absortivo, à base de algas marinhas, voltado à promoção do processo de cicatrização. Este produto, denominado Alginato de Cálcio, na forma de fibras, se destaca por sua capacidade hemostática e também de absorção. Entretanto, os processos produtivos deste material elevam seu custo. Sua capacidade de absorção de fluidos pode ser considerada baixa quando comparada a capacidade de absorção das argilas bentonitas. Em testes realizados em laboratório, esse produto apresenta absorção de fluidos inferiores a 45% da sua massa. Enquanto, a presente patente é muito superior, apresentando uma absorção de até 420% em relação à sua massa de argila utilizada no curativo. Além disto, o processo de produção do Alginato de Cálcio apresenta maior custo de produção quando comparada à patente aqui em questão.
[015] Outro produto que promove a cicatrização de feridas pelo manejo do exsudato, já amplamente utilizado, deriva de hidrocolóides (carboximetilcelulose sódica). A WO2004080500A1 (PCT/GB2004/000892) descreve uma inovação que pode apresentar-se na forma de pasta, placa e mesmo gel. Em contato com o exsudato da ferida promove o desenvolvimento de um meio ambiente úmido otimizando o processo de cicatrização e permite a troca do curativo sem causar dano ao tecido recém-formado. No entanto, tais
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5/13 curativos não são indicados a feridas com ampla exsudação e sua eficácia é garantida em feridas com pouca exsudação, levando a uso muito restrito. Ao contrário da presente patente que pode ser utilizada em todos os tipos de feridas exsudativas, pois a sua absorção de fluidos é muito elevada e o agente absortivo não está em contato direto com os tecidos da ferida, sendo envolvidos com não tecidos que não se aderem à ferida.
[016] A PI 0512024-1A descreve a invenção de curativo que denomina de longa duração que tem uma composição adesiva de alta capacidade absorvente e uma de capacidade aderente. Os autores destacam o hidrocolóide como este produto de alta capacidade absorvente, entretanto, de forma adequada, este curativo se destina a ações preventivas de lesão na pele humana, mais especificamente para prevenção e proteção contra a formação de bolhas, calosidades, pequenos cortes e ferimentos, uma vez que os produtos de hidrocolóide não se destinam a exsudações expressivas. Em comparação, a presente patente visa além do conforto dos usuários, a longa permanência em feridas exsudativas. Logo a presente patente não é indicado à prevenção de feridas e sim ao manejo do exsudato. O elevado poder de absorção da argila bentonita, que nesta invenção manteve capacidade absortiva por um período de sete dias pode, além de promover conforto, reduzir a necessidade de trocas do curativo e com isso reduzir os custos de tratamento.
[017] Ainda no que se refere a invenções que incluem um elemento absortivo, a BR 10 2013 005921-8 A2 destaca a elaboração de curativo composto por camadas sobrepostas de fita adesiva, gaze fina, manta filtrante e plástico fino que garantiria a absorção de grande quantidade de fluxo de drenagens corpóreas como sangue e secreções, sem permitir vazamentos. Para suportar esta grande quantidade de fluxo de secreções, a referida patente destaca o papel de seus elementos constituintes da seguinte forma: camadas de elementos constituintes simetricamente dispostos entre si em um bloco único em camadas sobrepostas de fita adesiva ou adesivo termoplástico (como elemento de fixação do curativo anatômico a pele), manta fina ou gaze fina
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6/13 (como elemento de isolamento do corte da manta filtrante) ou algodão puro (como elemento de absorção intensa de todo o líquido), e plástico fino ou polietileno fino como elemento de bloqueio de sangramento ou líquidos. Não há detalhes de testes de capacidade de absorção e saturação. Sendo essa propriedade essencial para o objetivo do produto. Ao contrário da presente invenção que possui absorção de até 420% na massa de argila utilizada no curativo.
[018] A invenção aqui requerida destaca a argila como elemento absortivo do curativo. As argilas já são empregadas em produtos voltados à cicatrização de feridas. A US20130004544 A1 (PCT/US2010/001591) destaca o uso de diferentes argilas como componentes de composições bactericidas sintéticas. Nestes, as argilas ou minerais de argila servem como um veículo, no qual o agente redutor é disperso, como um diluente ao agente redutor, e também como adsorvente e como barreira de baixa permeabilidade. Não focando na absorção de exsudatos ou eliminação de odores, ao contrário, da presente patente.
[019] As argilas bentonitas também têm sido empregadas em curativos destinados ao hemostasia em feridas (manejo de exsudato sanguinolento). A WO2006088912A3 (PCT/US2006/005251) baseia-se na descoberta de que as formulações compreendendo bentonitas são eficazes na promoção da coagulação do sangue e estancar o fluxo de sangue quando aplicado a uma ferida hemorrágica. O método mostra a aplicação de uma composição compreendendo um ou mais minerais de argila (do tipo caulinita, esmectita, ilita, bentonita) para a ferida com hemorragia. Os minerais de argila são aplicados numa quantidade suficiente para promover um ou ambos dos seguintes: I) a hemostasia e II) formação de um molde (ou um tampão endurecido) compreendendo um ou mais minerais de argila e de sangue da ferida com hemorragia. O composto de argila pode estar na forma grânulos, pó, grânulos micron, líquido, pasta, gel, impregnado em um curativo, e electrospun em uma atadura. A composição pode ainda compreender uma ou mais substâncias, tais como, por exemplo, polímeros superabsorventes, o quitosano,
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7/13 a fibrina (ogénio), trombina, cálcio, catecolaminas, péptidos vasoactivos, agentes vasoativos electrostáticas, agentes antimicrobianos, agentes anestésicos, agentes fluorescentes, polímero carregador de rápida dissolução tais como dextran e polietileno glicol (PEG). Os autores dessa patente afirmam que o produto hemostático à base de argila pode ser aplicado em feridas externas ou internas. Ainda, o foco dessa patente é na coagulação do sangue ou o estancamento do fluxo de sangue pela aplicação direta nas feridas. Já na presente patente, o foco principal é a absorção do exsudato e a proteção do leito, pois, os revestimentos empregados além de evitar a aderência do curativo no leito das feridas, promovem fácil manejo, trocas sem dor, e evitam que a argila entre em contato direto com a lesão.
[020] Atualmente as bentonitas são as argilas com maior aplicabilidade na área de saúde humana. Silva & Ferreira (2008) relatam que devido suas propriedades como a elevada capacidade de troca de cátions resultantes de substituições isomórficas, juntamente com as suas características estruturais de facilidade para intercalação de compostos orgânicos e inorgânicos as bentonitas podem oferecer produtos sob medida para vários usos industriais. No entanto, ainda são estudos incipientes que requer altos custos de produção. De acordo com os testes, a argila bentonita do tipo chocolate A (originária do Estado da Paraíba - Brasil) foi a que apresentou melhores resultados.
[021] Considera-se nesta invenção que as bentonitas associadas com tecido absortivo de flanela, material não-tecido de TNT e tecido não aderente rayon, formam um produto inovador que apresenta relevante potencial para suprir as características de um curativo ideal para feridas exsudativas devido sua capacidade absortiva, capacidade de associação a outros materiais que agregam função e a sua disponibilidade nacional. Além de ser de fácil produção e baixo custo de fabricação.
[022] Sumário da Invenção - composição e propriedades [023] O presente curativo, que pode ser apresentado em formato “sache” maleável, compreende uma camada de argila bentonita, que corresponde de 60 a 70% do peso do curativo revestida (envolta) por tripla camada de proteção
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8/13 sendo a primeira, que fica em contato com a argila na parte mais interna, constituída de tecido absortivo de flanela 100% algodão e densidade de 22g/m2, que corresponde de 14% a 16% peso do produto final; a segunda composta por material não tecido de TNT 100% polipropileno e densidade de 40g/m2 (5 a 7% do peso do curativo); e a terceira camada de tecido não aderente rayon (100% tecido rayon) que representa de 9 a 11% do peso do produto final, que fica na parte externa em contato com a superfície da pele. Tais camadas de revestimento são aderidas por cola de tecido atóxica ou costuras.
[024] Este curativo se encaixa na classe de curativo primário, ou seja, que pode ser colocado diretamente sobre a ferida. Este produto não dispensa os cuidados iniciais com limpeza, proteção da pele ao redor e condutas de caráter sistêmico que devem ser empregadas no cuidado de toda ferida, independente de sua etiologia, seja ela de caráter agudo ou crônico.
[025] Ao todo, este produto destaca as seguintes propriedades:
[026] 1. Absortiva: remoção do excesso de exsudato das lesões propiciada primordialmente pela argila bentonita, e em menor proporção pela primeira camada (a mais próxima da lâmina de argila) do revestimento que é composta por flanela;
[027] 2. Proteção mecânica da lesão: esta propriedade se deve a propriedade de maleabilidade do curativo e de seu suporte físico das camadas de revestimento, mais especificamente do material não tecido da segunda camada (TNT) e do material não aderente da terceira camada de revestimento que é composta por rayon que fica em contato com a ferida;
[028] 3. Facilidade de manejo e aplicação: decorrente da fina espessura e maleabilidade do material aqui proposto;
[029] 4. Potencial de promoção de conforto: decorrente das capacidades de absorção, maleabilidade e não aderência;
[030] 5. Potencial de redução dos custos com curativos: devido ao seu potencial absortivo que pode reduzir o número de trocas do curativo, por exemplo, a cada 5 a 7 dias, enquanto outros produtos, atualmente utilizados
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9/13 para feridas exsudativas, requerem a troca em período menores, muitas vezes trocas diárias; e devido a disponibilidade nacional de todos os produtos e técnica de produção deste produto em amplo âmbito nacional.
[031] A inovação do presente curativo é a potencialização da capacidade de absorção de exsudatos das argilas bentonitas, pois os testes laboratoriais, em ambiente controlado às condições humanas de temperatura e para umidade ambiente, demonstraram que é capaz de absorver 420 % em massa de argila utilizada no curativo. Os componentes para produção e fabricação deste são facilmente encontrados no país.
[032] A presente patente é apropriada para uso em ambiente médicohospitalar, mas também em unidades ambulatoriais e serviços de saúde pública de nível primário. A facilidade de manejo também propicia o uso domiciliar.
[033] Outro aspecto inovador do curativo é a facilidade de acondicionamento, pois condições padrão de ambientes de saúde e mesmos domiciliares são ideais para seu armazenamento. Desta forma, a estabilidade do material é mantida em condições simples de controle de umidade e temperatura.
[034] Na avaliação da eficácia de absorção, os testes comparativos com alginato de cálcio e o curativo de hidrofibra-aquacel demonstraram a superioridade no poder de absorção (por os valores para água e plasma das argilas não modificadas). Como, por exemplo, os produtos de alginato de cálcio produzidos nas WO1980002300A1 e WO1984003705A1 possuem absorção de fluidos inferiores a 45%, ou curativo de hidrofibra-aquacel produzido na WO2004080500A1 possui absorção de fluido inferior a 40%, testes realizados em laboratórios. Enquanto a presente patente é muito superior, pois, possui uma absorção de até 420% em relação à sua massa.
[035] Na Figura 1, a identificação da estrutura cristalina da argila foi obtida por difração de raios X, realizada em um difratômetro Shimadzu XRD-7000, com fonte emissora de radiação Cu-ka, comprimento de onda = 0,154 nm, tensão de 40 kV e corrente de 30 mA, na rotina θ/2θ 3° - 80°, passo de 0,02°.
[036] Verifica-se na Figura 1 que basicamente a argila in natura utilizada na
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10/13 presenta patente, tipo Chocolate A, possui como estruturas cristalinas o argilomineral montmorilonita (M), que faz parte do grupo das esmectitas, e o quartzo (Q), conforme identificação das fichas JCPDS 003-0010 e 083-0539, respectivamente.
[037] Outro parâmetro de grande importância para a propriedade de absorção de água é a distribuição do tamanho de partículas, que influencia diretamente na área de superfície de contato da argila com o fluido a ser absorvido.
[038] As medidas de distribuição do tamanho de partículas, foram realizadas por dispersão de laser, conhecido como Dynamic Light Scattering, em um aparelho da Brookhaven Instruments Corporation, modelo 90Plus Particle Size Analyzer, com laser de estado sólido de 35 mW, comprimento de onda = 660 nm, com as medidas realizadas com o ângulo de espalhamento de 90°. As amostras foram diluídas em água e foram realizadas 10 medidas para obtenção dos dados finais.
[039] A Figura 2 mostra a distribuição do tamanho de partículas. Verifica-se que o tamanho médio dos grãos é de aproximadamente 1 pm, mostrando assim, que a argila possui um tamanho coloidal, melhorando a eficiência da absorção de fluidos.
[040] Outra técnica para verificar o tamanho de partículas e ainda avaliar a morfologia do material é a Microscopia eletrônica de varredura. Essa avaliação foi realizada em um equipamento da TESCAN, modelo VEGA3 com detector de elétron secundário.
[041] Figura 3: Observa-se que a argila possui tamanhos coloidais, menores que 2pm, conforme imagens a) e b) da Figura 3, e formação de aglomerados com partículas maiores, conforme imagens c) e d) da mesma figura. Observase ainda, que a argila é constituída por aglomerados de perfil irregular, com algumas partículas com morfologia lamelar das camadas que formam as partículas elementares, assim como as tactóides, formados pelo empilhamento dessas lamelas [042] Para avaliar o comportamento térmico da argila com o aumento da temperatura, o material foi caracterizado por análise térmica em um
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11/13 equipamento da marca TA Instruments, Modelo SDT Q600, com análise termogravimétrica - TG, análise térmica diferencial - DTA e calorimetria exploratória diferencial - DSC, todos simultâneos.
[043] O procedimento foi realizado com taxa de aquecimento de 10°C/min até 1000°C de patamar em atmosfera de nitrogênio com fluxo de 100mL/min e cadinhos de alumina.
[044] Na Figura 4, verifica-se que as análises de TG/DTA/DSC podem ser evidenciadas em eventos térmicos principais: Primeiro evento térmico ocorre por desidratação higroscópica até 150°C, onde pode ser constatada uma elevada perda de massa da argila, acompanhada por um pico endotérmico, mostrando assim que ocorre uma absorção de calor. O principal evento ocorrido nesta faixa de temperaturas é o fenômeno físico de ebulição da água adsorvida na camada superficial da argila, também denominado desidratação higroscópica ou desidratação superficial.
[045] O segundo evento ocorre devido combustão de matéria orgânica de 300°C a 500°C. Entre essas temperaturas é constatada uma perda de massa da argila acompanhada de um largo pico exotérmico. O principal processo que ocorre nesta etapa é a combustão da matéria orgânica presente na argila. Há ainda entre as temperatura de 400°C e 600°C uma banda endotérmica que está relacioanda com a desidroxilação da argila. A desidroxilação não apresenta perdas significativas de massa. Devido à última temperatura ocorre também a transformação do quartzo alfa para quartzo beta.
[046] Após 600°C é possível verificar que não há variação muito intensa da massa. Com isso, os eventos térmicos acima dessa temperatura estão relacionadas com rearranjos estruturais, e alguns processos iniciados em etapas anteriores continuam ocorrendo, como lentas emissões de gases provenientes de reações de combustão. Próximo a 900°C há um pequeno pico exotérmico que pode estar relacionado com a decomposição da argila para formar novas fases cristalinas.
[047] A Figura 5 do processo de produção de curativo à base de argila bentonita consiste três camadas de proteção no formato retangular com
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12/13 comprimento duas vezes maior que largura, para que ao dobrar as camadas ao meio, conforme indicado o pontilhado (b), forma-se um curativo de formato quadrado.
[048] A sequência das camadas é a seguinte: primeira camada de tecido não aderente rayon, indicado por (1), na Figura 5, que ao dobrar ficará na parte externa do curativo, a segunda composta por material não tecido de TNT 100% polipropileno, indicado por (2), e a terceira de tecido absortivo de flanela 100% algodão, indicado por (3) na mesma figura, que ficará na parte mais interna do curativo em contato com a argila bentonita, indicado com (A) na Figura 1.
[049] Na Figura 6 mostra como ficará a sequência das camadas do curativo após o processo de fechamento, onde (1) é o tecido não aderente rayon, (2) material não tecido de TNT 100% polipropileno, (3) tecido absortivo de flanela 100% algodão e (A) a base de argila.
[050] A Figura 7 mostra um corte transversal do curativo com as três camadas (1 rayon, 2 tecido TNT e 3 flanela) envolvendo a argila bentonita (a).
[051] A Figura 8 mostra como as três camadas (rayon, não tecido e flanela) são fechadas com cola atóxica ou costura com linha de algodão, nas bordas do curativo e na área total, indicadas com (a) na figura. Para qualquer medida total do curativo, deve ter costuras pespontadas (cruzadas) em toda área do curativo. A argila deve ser colocada no interior do curativo, em quantidade de 50% a 80% da massa total do produto. A argila pode ser colocada na forma de pó, dispersa por todo interior do produto com camada homogenia ou prensada em molde metálico, utilizando prensa hidrostática, formando pastilhas de diferentes formatos (retangular, circular e outros).
[052] Após o processo de produção, o curativo passa pelo processo de esterilização por autoclave, óxido de etileno ou radiação ionizante. A esterilização autoclave é feita com temperatura entre 80°C a 180°C com tempo de exposição entre 10 a 60 min, com 1 atm de pressão de vapor saturado. Por óxido de etileno (ETO) o ciclo de esterilização ocorre com uma pré umidificação com umidade em torno de 40% com admissão do gás ETO, com tempo de exposição de 1 a 8h, exaustão do gás e finaliza com a aeração para remoção
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13/13 dos resíduos tóxicos e seus subprodutos. O gás ETO possui alto poder viruscida, esporicida, bactericida, micobactericida e fungicida, devido à alquilação das proteínas dos microorganismos. Por radiação ionizante é feita com raios gama, proveniente de Cobalto 60, que possui elevado poder de penetração, que provoca lesões estruturais no DNA das células, matando todo material celular microbiano.
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Claims (13)

  1. REIVINDICAÇÕES
    1. Curativo à base de argilas bentonitas caracterizado por conter argilas bentonitas dentro de uma almofada (“sachê”) constittuída por tecido absortivo de flanela, material não-tecido de TNT e tecido não aderente rayon.
  2. 2. Curativo contendo argilas bentonitas, conforme reivindicação 1, caracterizado por utilizar preferencialmente argila bentonita do tipo Chocolate A.
  3. 3. Curativo contendo argilas bentonitas, conforme reivindicação 1, caracterizado pelo sachê ou almofada ser fechado com cola de tecido atóxico nas bordas do curativo.
  4. 4. Curativo contendo argilas bentonitas, conforme reivindicação 1, caraterizado pelo produto possuir costuras nas bordas e no meio do curativo, com pespontas, formando bolsas menores de retenção de argilas.
  5. 5. Curativo contendo argilas bentonitas, conforme reivindicação 1, caracterizado por utilizar argila bentonita prensada em prensa hidráulica, utilizando um molde metálico com pressão uniaxial, formando uma pastilha de argila, com diferentes medidas, conforme o tamanho da ferida.
  6. 6. Curativo contendo argilas bentonitas, conforme reivindicações 1 e 2, caracterizado por conter adicionalmente ions de prata, na forma de sais, junto à base de argila bentonita.
  7. 7. Curativo contendo argilas bentonitas, conforme qualquer das reivindicações anteriores, caracterizado por ser esterilizado por autoclave, óxido de etileno ou radiação ionizante (feixes de elétrons de alta energia ou raios gama).
  8. 8. Processo de produção de curativos à base de argilas bentonitas conforme reivindicação 1, caracterizado por acondicionar argila bentonita dentro de uma almofada (“sachê”) constittuída por tecido absortivo de flanela, material não-tecido de TNT e tecido não aderente rayon.
  9. 9. Processo de produção de curativos à base de argilas bentonitas
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    2/ 2 conforme reivindicação 8, caracterizado por fechar a almofada (ou sachê) com cola de tecido atóxico nas bordas do curativo.
  10. 10. Processo de produção de curativos à base de argilas bentonitas conforme reivindicação 8, caracterizado por fabricar o produto com costuras nas bordas e no meio do curativo, com pespontos, formando bolsas menores de retenção de argilas.
  11. 11. Processo de produção de curativos à base de argilas bentonitas conforme reivindicação 8, caracterizado por utilizar a argila bentonita prensada, em prensa hidráulica, utilizando um molde metálico com pressão uniaxial, formando uma pastilha de argila, com diferentes medidas, em conformidade o tamanho da ferida.
  12. 12. Processo de produção de curativos à base de argilas bentonitas conforme reivindicação 8, caracterizado por adicionar ions de prata, na forma de sais, junto à base de argila bentonita.
  13. 13. Processo de produção de curativos à base de argilas bentonitas conforme reivindicações 8, 9, 10, 11 e 12, caracterizado por submeter o curativo a esterilização por autoclave, óxido de etileno ou radiação ionizante.
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