PT1242007E - Processo de tratamento de superfície para aumentar o desempenho de uma lente intra-ocular de refracção fáquica flutuante - Google Patents

Processo de tratamento de superfície para aumentar o desempenho de uma lente intra-ocular de refracção fáquica flutuante Download PDF

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PT1242007E
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Igor Valyunin
Christopher D Wilcox
Stephen Q Zhou
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Ioltech
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Description

DESCRIÇÃO
PROCESSO DE TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE PARA AUMENTAR O DESEMPENHO DE UMA LENTE INTRA—OCULAR DE REFRACÇÃO FÁQUICA
FLUTUANTE
Antecedentes da invenção A presente invenção refere-se a lentes intra-oculares que são implantadas no olho e que se destinam a corrigir a ametropia.
Uma lente refractiva fáquica (PRL) é implantada cirurgicamente dentro do olho para corrigir a ametropia, em particular a miopia e hiperopia. As PRLs podem ser divididas em duas classes: as PRLs de câmara anterior e as PRLs da câmara do posterior. Uma PRL (1) de câmara anterior é posicionada atrás da córnea (2) e em frente da íris (3) enquanto que uma PRL de câmara posterior é colocada atrás da iris (3) e em frente da lente cristalina natural humana (4) (Fig.l). A PRL é o único procedimento reversível para corrigir erros graves na refracção em pacientes míopes e hiperopicos. Há duas classes de materiais que podem ser usados para fazer PRLs: os materiais hidrófilos e os materiais hidrofóbicos. Embora os materiais hidrófilos tenham vindo a ser usados recentemente para PRLs ou para lentes intra-oculares, a sua biocompatibilidade a longo prazo ainda tem de ser estabelecida. De um lado, os materiais hidrofóbicos, tais como o silicone e acrílico, têm vindo a ser usados para PRLs e para lentes intra-oculares após a cirurgia às cataratas há mais de uma década. Estes materiais hidrofóbicos foram 1 estabelecidos há muito tempo em termos de biocompatibilidade e são bem tolerados pelos olhos humanos.
No entanto, quando os materiais hidrofóbicos tais como o silicone são usados para fazer uma PRL que tem uma concepção de lente de flutuação, há um problema que necessita de ser resolvido: a PRL de silicone não se submerge num meio aquoso devido a suas propriedades de superfície extremamente hidrofóbicas. 0 hidrofobicidade de superfície mantém a PRL flutuar à superfície da água em vez na água. Esta força de repulsa da PRL da água é indesejável porque o interior do olho, quer na câmara anterior quer na câmara do posterior, está cheio de um líquido aquoso, isto é, o humor aquoso. A PRL precisa de ser cercada com humor aquoso e a sua superfície precisa de ser compatível com o humor aquoso. A presente invenção utiliza uma pluralidade de métodos que podem mudar as propriedades de superfície da PRL de modo a que possam flutuar submersas num meio aquoso. A modificação das propriedades de superfície da lente resolve o problema da incompatibilidade de uma PRL hidrofóbica com o humor aquoso do olho. Técnicas anteriores A Patente dos Estados Unidos n° 4 585 456, em nome de Blackmore, concedida em 29 de Abril de 1986, revela uma lente intra-ocular fáquica composta por materiais flexíveis que se encontra posicionada de encontro à lente natural do olho e é mantida na sua posição de um modo imediatamente adjacente à lente natural e ao sulco ciliar. Não há qualquer revelação em relação à forma como a IOL fáquica evita as complicações, como sejam a formação de cataratas, ou os processos usados para a preparação das IOL fáquicas reveladas. 2 A Patente dos Estados Unidos n° 5 480 428, em nome de Federov, concedida em 2 de Janeiro de 1996, revela uma nova concepção de uma lente fáquica que tem uma abertura no centro do corpo óptico. Esta abertura é referida como tendo um humor aquoso destinado a fluir através do corpo da lente, evitando deste modo a elevação da pressão intra-ocular (IOL), mas reduz também o desempenho óptico da lente. De um modo adicional, esta patente não revela o processo de preparação da lente IOL fáquica revelada. Federov, na Patente dos Estados Unidos n° 5 258 025 revela que a inflamação pós-operatória provocada pelo contacto dos elementos de suporte da lente IOL fáquica com o tecido ocular é evitada movendo os elementos de suporte para a periferia das lentes fáquicas. Os zónulos de Zinn são considerados como sendo suficientemente resistentes para reter os elementos de suporte na sua posição sem provocar as inflamações. Deste modo, a patente revela uma PRL que é presa de um modo permanente aos zónulos do olho, o que também é designada como sendo uma PRL de fixação ao sulco. Em último lugar, o Pedido Publicado de PCT n° WO 98/17205, em nome de Valunin e outros, publicado em 30 de Abril de 1998, a qual é considerada como sendo representativa da técnica anterior mais aproximada, descreve uma estrutura de uma lente fáquica IOL que não se encontra presa no olho. Se a lente revelada tem a capacidade de flutuar quando submersa em água, ao invés de o fazer à sua superfície, assim como o tratamento de superfície da IOL fáquica são pontos que não são revelados nem discutidos.
Pior ainda, na sua Patente dos Estados Unidos n° 5 192 319, concedida em 9 de Março de 1993, revela uma concepção de PRL de câmara anterior destinada a corrigir a ametropia. Não se encontram revelados quaisquer processos de preparação para as referidas lentes de capara posterior. Baikoff, na sua Patente 3 dos Estados Unidos n° 5 300 117, concedida em 5 de Abril de 1994, releva uma outra concepção de PRL de câmara anterior destinada a corrigira a miopia. Não se encontram revelados quaisquer processos para a preparação da lente.
Yang e outros, na Patente dos Estados Unidos n° 5 397 848, concedida em 14 de Março de 1995, revela um processo quimico destinado a aumentar a hidrofobicidade dos polímeros de silicone através da introdução de um componente hidrófilo nas redes de polímeros de silicone reticulados.
Fedorov, na Patente russa n° (11) 2 032 544 (1989) revela que o uso de UV em vácuo na produção de lentes oftálmicas pode encurtar o tempo de produção e aumentar tanto o rendimento como a biocompat ibilidade da lente. De um modo mais específico, as lentes após a aplicação do processo de UV em vácuo são ensinadas a serem mais resistentes aos danos provocados pelos aparelhos de raios laser. O aumento da resistência ao laser é um factor importante pois após a cirurgia às cataratas e a implantação de uma IOL, aproximadamente 30% dos pacientes irão desenvolver cataratas secundárias. O tratamento da formação das cataratas secundárias usa um laser YAG. Deste modo, as IOLs têm de ser resistentes ao laser. No entanto não se discute a modificação da energia de superfície de uma PRL feita de materiais hidrofóbicos de modo a que essa possa flutuar submersa num meio aquoso, ao invés de na superfície do meio aquoso.
As radiações de ultravioletas em vácuo têm também sido aplicadas aos silicones de modo a melhorar a resistência ao micro-desgaste (V. N. Vasilets, et al., Polymer, 39 (13): 2875-2881 (1997)). A resistência ao micro-desgaste e a resistência às radiações gama são factores que apresentam uma 4 importância critica para o equipamento usado na exploração do espaço. 0 vácuo UV é uma das tecnologias usadas para a melhoria da resistência das superfícies. É também sabido que o vácuo de UV irá alterar a estrutura química, em especial a superfície de estrutura dos materiais de silicone. (Ver, por exemplo, L.S. Chabrova, e outros., C-MRS Int. Symp. Proc. 1991, Meeting Date 1990, Vol. 3, 505-508).
Outras técnicas de superfície de activação são igualmente conhecidas para várias aplicações. Por exemplo, a Patente dos Estados Unidos n° 5 147 397, em nome de Christ, concedida em 15 de Setembro de 1992, divulga o uso de um tratamento do plasma de modo a aumentar a capacidade de ligação da háptica à parte óptica de uma lente. Em um outro exemplo, a Patente dos Estados Unidos n° 5 603 774, em nome de LeBeouf, concedida em 18 de Fevereiro de 1997, divulga que a capacidade de colagem associada aos polímeros acrílicos macios pode ser reduzida pelo tratamento do plasma da superfície do polímero. Neste exemplo, a modificação de superfície do plasma é usada para mudar propriedades de adesão da lente, não a hidrofobicidade/ hidrofilidade da superfície da lente.
As Patentes dos Estados Unidos n°s 4 573 998 (concedida em 4 de Março de 1986) e 4 702 244 (concedida em 27 de Outubro de 1987), ambas em nome de Mazzocco, divulgam uma estrutura melhorada da lente intra-ocular que compreende uma parcela de
zona óptica que pode ser deformada, que permite que os cirurgiões deformem a lente, tal como o dobrando, por compressão, por rolamento, esticando, etc. , de modo que a lente possa ser implantada através de uma incisão menor. A incisão pequena demonstrou fornecer benefícios aos pacientes, 5 tais como menos traumatismo, recuperação rápida e menos astigmatismo induzido. 0 Pedido de Patente dos Estados Unidos n° 6 152 958 divulga uma lente refractiva da câmara anterior feita de silicone ou de hidrogel. Esta lente intra-ocular a tem dimensões totais de aproximadamente 12 milímetros e é mantida na sua posição no ângulo irido-córneo e consequentemente não flutua e não o pode fazer. Diz-se que esta lente tem uma flutuabilidade neutra, de modo que a pressão na íris possa ser impedida, mas não permite a tal lente flutuar na câmara anterior e em particular de flutuar submersa na câmara anterior.
Resumo da invenção É um objecto da presente invenção fornecer uma PRL, com uma concepção e com propriedades apropriadas, que pode ser colocada dentro do olho humano para a correcção de erros de refracção. É igualmente um objectivo desta invenção que esta PRL possa flutuar submersa no humor aquoso e que a PRL seja muito flexível e macia. Mais especificamente, um objecto da presente invenção é fornecer métodos para modificar as propriedades de superfície de uma PRL hidrofóbica de modo que possa flutuar submersa em um meio aquoso. Esta capacidade de uma PRL hidrofóbica de flutuar submersa em um meio aquoso é crítica porque o interior do olho contém o humor aquoso, que é um material aquoso.
Estes e outros objectos podem ser realizados usando um método para o tratamento de superfície de uma lente refractiva fáquica feita de materiais hidrofóbicos (tais como materiais de silicone) de modo a que a lente tratada possa flutuar 6 submersa em um meio aquoso, em que o referido método que compreende as etapas de: (a) verificação de se a lente hidrofóbica pode flutuar submersa num meio aquoso; se a lente não tratada pode somente flutuar na superfície do meio aquoso em vez de flutuar submersa no meio aquoso, e então (b) executando um processo do tratamento de superfície na lente, tal como para tornar a superfície da lente mais facilmente humedecível (preferivelmente menos hidrofóbica), por exemplo, o processo UV de vácuo ou o processo de descarga da coroa. A presente invenção refere-se ainda a uma lente fáquica de refracção feita de um material hidrofóbico que flutua submersa quando colocada num meio aquoso.
Breve descrição dos desenhos A Figura 1 é um desenho esquemático que ilustra a colocação de uma PRL de câmara anterior e de uma PRL de câmara posterior no olho. A Figura 2 é uma vista anterior e uma vista lateral de uma lente intra-ocular fixa de acordo com a técnica anterior, do tipo usado no Exemplo 1, isto é, IOLs para cataratas. A Figura 3 é uma vista anterior e uma vista lateral de uma PRL de câmara posterior do tipo usado nos Exemplos 2-6. A Figura 4 é um desenho esquemático que ilustra a colocação de uma PRL de acordo com a presente invenção no olho. 7 A Figura 5 é uma imagem de Microscopia de Força Atómica (AFM) de uma PRL de silicone não tratada. A Figura 6 é uma imagem de AFM (Microscopia de Força Atómica) de uma PRL de silicone não tratada.
Definições
Um "material macio", como usado para definir a presente invenção, significa quaisquer materiais de que uma lente intra-ocular pode ser feita E a lente intra-ocular resultante cumpre as exigências de uma parte de zona óptica deformável como o definido nas Patentes dos Estados Unidos n°s 4 573 998 e 4 702 244 em nome de Mazzocco, isto é, a parcela de zona óptica pode temporariamente ser reduzida no seu diâmetro a aproximadamente 80 % ou em menos de seu estado sem tensão por meio da deformação. Os meios da deformação incluem a dobragem, a compressão, o rolamento, o estiramento ou a toda e qualquer combinação dos mesmos.
Uma "lente dobrável" representa qualquer lente que seja feita de um material mole e que possa ser dobrada ou deformada de outro modo sem danificar as suas propriedades ópticas. De um modo geral as lentes feitas de um material mole, as lentes dobráveis, as lentes moles, os materiais dobráveis, as lentes flexíveis, e os materiais flexíveis incluem todos eles a caracterí stica de poderem ser deformados de modo a que o diâmetro da lente deformada seja de cerca de 80% ou menos do seu equivalente não deformado, conforme se encontra definido nas Patentes dos Estados Unidos n°s 4 573 998 e 4 702 244, em nome de Mazzocco.
Um "material hidrofóbico" representa, num sentido amplo, que o material não absorve nem se dissolve em água. Quimicamente falando, os materiais hidrofóbicos não contêm uma quantidade substancial de grupos hidrófilos, tais como o hidróxilo (-OH), o ácido carboxilico (- COOH) ou o seu anião (- C00“) ou o óxido de etileno (- CH2CH2-0-) . No entanto, pode conter grupos químicos tais como os ésteres (- COOR), N, N, - amidos substituídos (- CONRR'), etc.. As estruturas típicas de materiais hidrofóbicos incluem os hidrocarbonetos de cadeias longas CH3-(CH2) n-CH3, onde n = 3 ou mais elevado), hidrocarbonetos fluoro-substituídos, e unidades do siloxano (Si - OSi) . Nos termos de suas propriedades, um material hidrofóbico é todo e qualquer material que tiver um ângulo de contacto, como medido pelo método da gota Sessile (bolha de ar na água) para estar na gama de aproximadamente 60° até aproximadamente a 110°. Por exemplo, a borracha de silicone é um material hidrofóbico típico com um ângulo de contacto na gama de aproximadamente 80° até aproximadamente a 110°. Por um lado, um material hidrófilo típico, tal como poli (metacrilato hidroxietilo) , tem um ângulo de contacto de aproximadamente 40° ou menos. "Lente fáquica refractiva (PRL)" significa geralmente uma lente que seja implantada de um modo cirúrgico dentro do olho, ou na câmara anterior ou na câmara posterior, para trabalhar em conjunto com a lente cristalina natural intacta para corrigir erros de refracção, tais como a miopia, o hipermetropia, e o astigmatismo. O termo "PRL" inclui geralmente tanto as PRLs da câmara anterior como as PRLs da câmara posterior, a menos que se especifique de outra maneira. 9 "Lente intra-ocular (IL)" significa qualquer lente que seja implantada de um modo cirúrgico no interior do olho, ou na câmara anterior ou na câmara posterior. Uma "lente intra-ocular fáquica" é o mesmo que uma "lente fáquica refractiva" e estes termos são aqui usados de um modo indiferenciado. Uma "lente intra-ocular para a cirurgia às cataratas" (ou uma "IOL para as cataratas") significa uma lente que é implantada de um modo cirúrgico no interior do olho de modo a substituir uma lente cristalina natural humana que se encontra doente, isto é as lentes das cataratas, após a respectiva remoção. Deste modo, uma IOL para as cataratas é uma lente afática (o que significa que é usada num olho no qual a lente natural humana foi removida).
Um "meio aquoso" significa qualquer liquido que contenha uma porção significativa (por exemplo de pelo menos cerca de 50% em peso) de água. O meio aquoso primário de que nos vamos aqui ocupar em primeiro lugar é o humor aquoso pois a lente é imersa no olho. Para as finalidades de teste da presente, o meio aquoso usado é a água destilada (agua Dl). Neste pedido, os termos água, água Dl, meio aquoso e humor aquoso são usados indiferentemente.
Uma lente é referenciada como tendo uma "flutuação positiva" se a lente flutuar somente sobre a superfície da água. Quando é empurrada para dentro de água, a lente com uma flutuação positiva irá voltar a flutuar à superfície quando a força for retirada. É importante que uma lente seja empurrada para o interior do meio aquoso de modo a determinar com exactidão se tem uma flutuação positiva. Por exemplo, uma moeda pode ser colocada de um modo cuidadoso sobre a água de modo a que fique à superfície da mesma. Mas a moeda não apresenta uma capacidade de flutuação positiva pois assim que é empurrada 10 para o interior da água afunda até ao fundo ao invés de voltar a flutuar à superfície. PRLs com uma flutuação positiva encontram-se descritos nos Exemplos 2 e 3.
Uma lente é referenciada como tendo uma "flutuação neutra" se a lente flutuar suspensa na água. Uma lente com uma capacidade de flutuação neutra não irá flutuar na superfície da água nem irá afundar-se indo parar ao fundo do recipiente. Em teoria, esta é a situação ideal para a concepção da PRL flutuante. No entanto é extremamente difícil conseguir-se, de um modo natural, a capacidade de flutuação neutra.
Diz-se que uma lente tem uma "flutuação negativa" se a lente flutuar na água e gradualmente se afundar indo parar ao fundo do recipiente de água. É também muito importante de modo a determinar se uma lente tem uma capacidade de flutuação negativa que, numa primeira etapa, a lente seja empurrada para dentro de água. De seguida pode observar-se se a lente vai subir até à superfície da água (flutuação positiva), se vai ficar suspenso na água (flutuação neutra), ou se irá afundar gradualmente até ao fundo do recipiente de água (flutuação negativa) quando a força é retirada. É importante notar que as lentes com flutuação neutra são as mais desejadas para uma concepção de PRL flutuante, seguidas pela flutuação negativa com uma baixa velocidade de gravidade (isto é, menos de cerca de 30 mm/ seg, de preferência de cerca de 2 7 mm/ seg ou menos) , e de seguida pelas de maior velocidade de gravidade. As lentes com uma capacidade de flutuação positiva são de um modo geral indesejáveis para serem usadas numa concepção de PRL flutuante (flutuação neutra > flutuação negativa com uma baixa velocidade de gravidade > flutuação negativa com uma alta velocidade de 11 gravidade) . Isto é devido ao facto de no interior de um olho se encontrar uma saida de humor aquoso a partir da câmara posterior e na direcção da câmara anterior. Uma PRL com uma baixa velocidade de gravidade pode facilmente dar origem a um transbordo de material aquoso. A “velocidade da gravidade" é a medição da rapidez com que uma PRL com flutuação negativa vai para o fundo de um recipiente de água. A velocidade da gravidade é determinada pelo seguinte processo. Numa experiência típica, um cilindro graduado de 2 000 ml é cheio com água Dl. A altura entre a marca de 0 ml e os 2 000 ml no cilindro graduado é de aproximadamente 434 mm. É colocada uma lente com ganchos sob a superfície da água. Caso sejam visíveis bolhas na superfície da lente, elas são removidas com uma espátula ou com os ganchos. De seguida a lente é libertada dos ganchos. O tempo que a lente leva a cair desde a marca dos 2 000 ml até à marca dos 0 ml do cilindro graduado é medido e a velocidade é calculada. Por exemplo, uma PRL típica de silicone com uma correcção de -15 dioptrias, como a assinalada com #7 na Tabela 1, leva cerca de 34 segundos a afundar desde a marca dos 2 000 ml até à marca dos 0 ml do cilindro graduado, isto é, uma distância de 434 mm. A velocidade da gravidade para a referida PRL é referenciada como sendo de cerca de 13 mm/seg (434 mm divididos por 34 segundos). Quanto mais elevada dor a velocidade da gravidade menor será a flutuação negativa, o que faz com que as lentes afundem e cheguem mais depressa ao fundo do cilindro. Para comparação, as velocidades de gravidade de PRLs e de várias IOLs de cataratas são determinadas de um modo experimental e encontram-se resumidas na Tabela 1. Habitualmente IOLs de cataratas com três peças, como sejam as n°s 2, 3, 4 da Tabela 1 e que se encontram na Figura 2, devido à sua área de massa por superfície 12 relativamente grande (cerca de 0,3 mg/mm2 ou superior), não são consideradas como tendo uma concepção flutuante dentro do âmbito da presente invenção. Por outras palavras, as IOLs para cataratas com três peças são consideradas como concepções não flutuantes e caracterizam-se por uma velocidade de gravidade de cerca de 30 mm/ segundo ou superior.
Tabela 1. Velocidades de Gravidade de PRLs e de outras IOLs de Cataratas (1) Todas as IOLs de cataratas são feitas de silicone. Todas apresentam uma flutuabilidade negativa. A placa de Starr tem uma área de superfície de aproximadamente 126 mm2, enquanto que as outras lentes apresentam uma área de superfície de aproximadamente 64 mm2. (2) AcrySoft é uma IOL para as cataratas feita pela Alcon de um polímero acrílico. A sua área de superfície é de aproximadamente 64 mm2. (3) Como o definido no Exemplo 3. (4) Como o definido no Exemplo 4. (5) Como o definido no Exemplo 6. N° ID da lente Peso da lente (mg) Área massa/superfície (mg/ mm2) Velocidade de Gravidade (mm/ segundo) Comentários 1 IOL de placa Starr (1) 22,8 (19 dioptrias) 0, 18 16 Flutuabilidade negativa 2 Allergan SÍ40NB (1) 20,8 (22 dioptrias) 0,33 34 Flutuabilidade negativa 3 Pharmacia CeeOn 911 (1) 20,6 (18 dioptrias) 0,32 31 Flutuabilidade negativa 4 Alcon AcrySof (2) 19,9 (20 dioptrias) 0,31 36 Flutuabilidade negativa 5 PRL de Silicone (antes de UV) 131 10,6 0, 08 N/A (não afunda) Flutuabilidade positiva 6 PRL de Silicone (após de UV) (4) 9,8 (-8 dioptrias) 0, 07 9 Flutuabilidade negativa 7 PRL de Silicone (após de UV) 141 15,6 (-15 dioptrias) 0, 12 13 Flutuabilidade negativa 8 PRL acrílica mole 151 15, 7 0, 12 27 Flutuabilidade negativa
Notas: 13
Quando uma lente é referenciada como sendo "submersa por flutuação" num meio aquoso, isso significa que a lente, quando está submersa em água, não flutua à superfície superior do meio aquoso (isto é, a lente não se encontra substancialmente no mesmo plano da superfície superior do meio aquoso), mas, ao invés, flutua de um modo substancialmente completo abaixo da superfície do meio aquoso. Uma lente, que flutua de um modo substancialmente perpendicular À superfície superior do meio aquoso é referenciada como sendo "flutuante submersa" mesmo se a orla superior da lente se encontrar na superfície superior do meio aquoso. Deste modo, a "flutuante submersa" inclui uma lente ou com flutuação neutra ou com flutuação negativa.
Uma melhoria na "capacidade de humedecimento" significa, em termos amplos, uma diminuição na capacidade de flutuação de uma lente, isto é, uma tendência na direcção de mudança de flutuação positiva para a flutuação neutra e para a flutuação negativa. Uma melhoria na capacidade de humedecimento de uma lente pode ser essencialmente devida a uma diminuição na tensão de superfície no ponto de ligação entre a superfície da lente e o meio aquoso (por exemplo, o humor aquoso) . Uma diminuição na tensão de superfície significa menos propriedades hidrofóbicas ou um menor ângulo de contacto. Deste modo, uma melhoria na capacidade de humedecimento irá levar a uma diminuição na flutuação, por exemplo, uma mudança de flutuação positiva para flutuação negativa. No entanto, variáveis distintas da capacidade de humedecimento podem ser um factor determinante na flutuação de uma lente, conforme se encontra ilustrado nos Exemplos 1 e 2.
Uma concepção de "PRL flutuante" deve incluir, entre outras características de concepção, as propriedades específicas de 14 uma PRL, quer a mesma se encontre posicionada na câmara anterior ou na câmara posterior que flutua submerso num meio aquoso.
Descrição detalhada da invenção.
Os materiais hidrofóbicos, como sejam o silicone e o acrílico, têm vindo a ser usados para os implantes oftálmicos, como é o caso das lentes intra-oculares para a cirurgia às cataratas há já duas décadas. A sua estabilidade a longo prazo e a sua biocompatibilidade estão já bem estabelecidos e com resultados muito satisfatórios. A capacidade destas lentes para flutuar não é um factor relevante pois os mesmos encontram-se colocados na mesma posição dentro do olho. Uma lente intra-ocular ou uma cirurgia às cataratas tem tipicamente um diâmetro óptico de 6 mm com superfícies biconvexas (ver Fig. 2). Uma lente para as cataratas com uma graduação de dioptrias popular pesa habitualmente cerca de 20 mg (ver Tabela 1) . A área de superfície de uma IOL contra as cataratas, de acordo com o ilustrado na Fig. 2, tem aproximadamente 64 mm2. Como resultado da sua massa relativamente grande por área de superfície (20/64 = 0,31 mg/mm2) , estas IOL para as cataratas não podem flutuar na superfície quando são colocadas em água. Ião gradualmente afundar-se em água mesmo no caso em que um material de silicone altamente hidrofóbico é usado na IOL (Exemplo 1) . Resumidamente, a hidrofobicidade de uma IOL de cataratas não é um problema por dois motivos. Em primeiro lugar a lente de cataratas é habitualmente presa no interior do olho. Em segundo lugar, as lentes hidrofóbicas de cataratas (como resultado da sua grande massa por área de superfície) facilmente se submergem num meio aquoso (isto é, tem uma capacidade de flutuação negativa, o que não é o caso 15 numa PRL, ver Exemplo 2) . Por outro lado, uma PRL (como a mostrada na Fig. 3) tem uma área de superfície relativamente grande. As suas dimensões lineares são aproximadamente de 6 x 11 mm, o gue é o equivalente a uma área mínima de superfície de cerca de 132 mm2. Tipicamente, as PRLs com configurações como as gue se encontram ilustradas na Fig. 3 pesam cerca de 15 mg ou menos. Neste caso a massa por área de superfície para a PRL é de aproximadamente 15/132 = 0,11 mg/mm2. Como resultado desta relação relativamente pequena entre a massa e a área de superfície, uma PRL hidrofóbica, como a que é feita de silicone, pode tipicamente flutuar somente sobre a superfície da água quando é colocada na água. Não irá penetrar na superfície e flutuar submersa em água (Exemplo 2). Por outras palavras, uma PRL feita de materiais de silicone tem uma capacidade de flutuação positiva, uma propriedade menos desejável para as PRLs.
Uma concepção de uma PRL de uma câmara posterior flutuante, como a que se encontra ilustrada na Fig. 4, tem muitas vantagens. A característica principal da concepção de uma PRL de uma câmara posterior flutuante reside no facto de não ter qualquer mecanismo de fixação permanente. A PRL de uma câmara posterior flutuante flutua simplesmente no humor aquoso. Deste modo não provoca quaisquer tensões permanentes nas lentes naturais do cristalino. Devido ao seu tipo flutuante, a PRL de câmara posterior está permanentemente a mudar de local no interior da cercadura determinada pela háptica. Quando a íris se contrai e se move na direcção do centro da superfície anterior da PRL de câmara posterior, a íris pode exercer alguma pressão através da PRL de câmara posterior na lente do cristalino natural. Devido ao seu tipo flutuante, a PRL de câmara posterior não tem quaisquer pontos de pressão localizada a pressionarem de encontro à lente do cristalino 16 natural. Esta PRL de câmara posterior flutuante simplesmente transmite a pressão em qualquer direcção como se fizesse parte do meio aquoso. A tensão das lentes do cristalino natural provocada pelo movimento da íris é dissipada pela PRL de câmara posterior flutuante do mesmo modo que pelo humor aquoso. Como resultado a indução das cataratas através da implantação de PRL de câmara posterior pode ser minimizada. A segunda caracterí stica da concepção de uma PRL de uma câmara posterior flutuante (Fig. 4) reside no facto de permitir que a íris se mova livremente e constantemente na sua superfície anterior sem provocar a dispersão da pigmentação da íris. Quando a íris se contrai ou se dilata, a PRL de câmara posterior dá origem ao movimento da íris devido à característica de flutuação e à suavidade do material da PRL. A íris interage com a PRL de câmara posterior como se a mesma fizesse parte do humor aquoso de modo a que a dispersão do pigmento da íris possa ser evitada. A terceira característica da concepção de uma PRL de uma câmara posterior flutuante (Fig. 4) reside no facto de permitir que o humor aquoso flua desde a câmara posterior até à câmara anterior. Em olhos saudáveis esta saída de fluxo tem lugar constantemente. Uma PRL de câmara posterior ideal deve ter uma grande área de superfície e uma pequena massa. Esta concepção reduz o bloqueio do humor aquoso o que tem como resultado a colocação de uma PRL de câmara posterior no trilho do fluxo. De um modo adicional não requer a inclusão de buracos através da lente, em especial através da superfície óptica da lente (o que pode prejudicar as propriedades ópticas da lente), de modo a permitir que este fluxo tenha lugar. 17 É muito desejável que as PRL sejam feitas de um material mole. Em primeiro lugar uma PRL mole pode ser implantada através de uma incisão mais pequena do que as lentes rígidas equivalentes. Em segundo lugar uma lente mole é menos abrasiva do que uma lente rígida equivalente. Deste modo, quando a lente mole toca no tecido no interior do olho irá provocar menos danos potenciais no tecido. Por exemplo, no caso de uma PRL de câmara posterior, a iris dilata-se ou contrai-se constantemente como resposta às condições de iluminação. Quando é usado material mole a dispersão do pigmento da iris pode ser minimizada. É também verdade para qualquer PRL, quer ela esteja posicionada na câmara posterior ou na câmara anterior, que possa flutuar submersa em água (isto é, no meio aquoso). Os que são especialistas na técnica compreendem que em dadas condições as PRLs feitas de materiais hidrofóbicos com uma baixa gravidade específica (1,0 g/cm3 no Exemplo 3) são preferidas relativamente às que apresentam uma maior gravidade específica (1,05 g/cm3 no Exemplo 2). Uma reduzida gravidade especifica representa um peso relativamente baixo da lente e uma menor resistência ao fluxo de saída do humor aquoso. Como resultado, a concepção de PRL flutuante é mais eficaz. No entanto isto também aumenta o efeito da força de repulsa entre a PRL hidrofóbica e o meio aquoso. Por outras palavras, aumenta a tendência para que uma PRL hidrofóbica tenha uma capacidade de flutuação positiva, uma propriedade menos desejável para as PRLs. Há várias outras razões pelas quais é importante que a PRL seja capaz de flutuar submersa em água. Em primeiro lugar o olho está cheio com humor aquoso, um meio aquoso. A PRL, posicionada ou na câmara anterior ou na câmara posterior do 18 olho, necessita de se submergir completamente no interior do humor aquoso ao invés de apresentar resistência ao humor aquoso devido à tensão de superfície. De um modo adicional, uma tal resistência ao humor aquoso podem fazer com que as PRL se movam na direcção de qualquer espaço no interior do olho que se encontre ocupado com substâncias menos hidrófilas do que o humor aquoso, como sejam as bolhas de ar. Em segundo lugar quando a PRL é implantada no olho pequenas bolhas de ar podem agrupar-se na superfície da PRL. Estas bolhas de ar existem porque actuam como meios de tampão de modo a unir a superfície extremamente hidrofóbica das PRL com o humor aquoso extremamente hidrófilo. Estas bolhas de ar são muito difíceis de remover e podem reduzir o desempenho óptico da PRL. Finalmente, quando o humor aquoso flui a partir da câmara posterior para a câmara anterior pode criar bolhas de ar muito pequenas. Estas bolhas de ar individuais de tamanho muito pequeno irão acumular-se e agrupar-se na superfície da PRL .
Deste modo, as propriedades de superfície de uma PRL de silicone, em especial a sua capacidade de humedecimento, necessitam de ser modificadas de modo a aumentar a concepção de flutuação e a evitar potenciais complicações. Um aspecto importante da capacidade de humedecimento é a hidrofobicidade da superfície da lente. Podem ser empregues várias técnicas de tratamento de superfície de modo a aumentar a compatibilidade da PRL de silicone com o humor aquoso envolvente. Exemplos de tais técnicas incluem o processo de UV em vácuo e os processos de descarga da coroa. Muito embora estas técnicas sejam conhecidas, elas não foram até agora usadas para fazer o controlo da capacidade de flutuação das superfícies das lentes intra-oculares. Após o tratamento de superfície, a PRL pode flutuar submersa em água e já não 19 fluir à superfície da água. 0 processo de tratamento de superfície permite o uso de materiais hidrofóbicos de baixa gravidade específica como seja de 1 g/cm3 como o exemplificado no Exemplo 3, de modo a conseguirem obter-se os benefícios de flutuação da PRL sem as complicações potenciais provocadas pela natureza hidrofóbica do material de silicone. As lentes preferidas são as que pesam não mais de cerca de 15 mg, apresentam uma massa por área de unidade de superfície não superior a cerca de 0,15 mg/mm2 e apresentam uma gravidade específica à temperatura ambiente de entre cerca de 1,0 e cerca de 1,2 g/cm3 e mais preferencialmente cerca de 1, 0 g/cm3.
Pensa-se que muito embora possam existir outros mecanismos há pelo menos três mecanismos por intermédio dos quais os processos de tratamento de superfície melhoram a capacidade de humedecimento (e deste modo a capacidade de flutuação) das lentes tratadas. Em primeiro lugar o tratamento de superfície pode aumentar da hidrofilidade das lentes não tratadas, em especial quando a descarga de coroa é usada como processo de tratamento de superfície. Por exemplo, uma PRL de silicone não tratada tem um ângulo de contacto de aproximadamente 80° (ver Exemplo 3). Após ter sofrido um processo de descarga de coroa, o ângulo de contacto mudou para aproximadamente 65° (ver Exemplo 5), uma indicação de uma superfície menos hidrofóbica após o tratamento de superfície. Em segundo lugar, as lentes tratadas apresentam uma suavidade de superfície melhorada. Descobriu-se, por intermédio da Microscopia de Força Atómica (AFOM) que a superfície das lentes tratadas é mais suave do que os seus correspondentes não tratados. Por exemplo, a Figura 5 ilustra uma PRL de silicone não tratada. A sua rugosidade, de acordo com o descrito na Área Ra é de 7,9 nm para a lente não tratada e 20 diminui para 2,5 nm para a lente tratada (figura 6) . Numa experiência típica a área Ra da PRL não tratada está compreendida entre cerca de 7 a 9 nm enquanto que uma PRL tratada se encontra compreendida entre cerca de 2 a 6 nm. Ra é a média aritmética da rugosidade de uma superfície (isto é, a média aritmética dos desvios absolutos relativamente ao nível de superfície média) . Quando maior for o valor de Ra mais rugosa será a superfície. Uma superfície mais suave significa uma área de superfície eficaz mais reduzida, o que por sua vez significa uma menor força de expulsão entre a superfície da lente e o meio aquoso. Em terceiro lugar a superfície tratada tem frequentemente uma maior densidade de reticulação, como se encontra revelado pela experiência da ESCA. A sigla ESCA representa Electron Spectroscopy for Chemical Analysis, e é conhecida como Espectroscopia de Foto-electrões de raios X, ou XPS. Numa experiência típica de ESCA, C% foi feito diminuir desde cerca de 61% para uma lente não tratada para cerca de 58% para uma PRL tratada, enquanto que 0% aumentou de cerca de 18,5 % para cerca de 21 %. Isto indica uma superfície superior reticulada através da formação de ligações silicone-oxigénio (Si - 0) adicionais provocadas pelo tratamento de superfície. Esta maior densidade de reticulação dá origem a uma maior densidade de gravidade da superfície da lente, o que por sua vez vai ajudar a lente a flutuar submersa.
De um modo adicional as observações que se seguem relativamente às mudanças de ângulo de contacto apoiam ainda mais o ponto de que a dinâmica de superfície de uma PRL foi modificada pelo processo de vácuo de UV. 0 Método Sessile Drop (gota de água em ar) foi usado para medir o ângulo de contacto com um Goniómetro de Rame-Hart. Numa experiência, uma lente não tratada relativamente a UV tem o ângulo de 21 contacto inicial de 92° (isto é, no momento zero) e muda gradualmente para cerca de 84° em cerca de 5 minutos. Pelo outro lado uma lente tratada relativamente a UV mudou o seu ângulo de contacto de aproximadamente 89° no momento zero para 65° em cerca de 5 minutos. Esta capacidade de resposta aumentada da microestrutura de superfície muda guando exposta ao meio aquoso de uma lente tratada com UV é consistente com a mudança de composição descoberta por ESCA. Por outras palavras, a quantidade aumentada de ligação Si - 0 após o processo UV acelerou a superfície da lente de modo a voltar a ordenar-se para diminuir o ângulo de contacto porque uma ligação SI - 0 pode formar uma ligação de hidrogénio com moléculas de água. Uma quantidade aumentada de ligação Si - 0 na superfície da lente significa uma interacção acrescida entre a PRL e o meio aquoso, como tal, uma superfície mais compatível que a sua equivalente não tratada com UV.
Em resumo, a chave das lentes de acordo com a presente invenção é que flutuam submersas em uma solução aquosa (isto é, têm uma capacidade de flutuação neutra ou negativa) . As lentes preferidas são aquelas que têm uma velocidade da gravidade de aproximadamente 27 mm por segundo ou menos em um meio aquoso. Há numerosos factores que podem afectar a propriedade das lentes de poderem flutuar submersas, por exemplo, a sua hidrof obicidade, o seu peso por área de superfície, ou a sua gravidade específica. Qualquer um destes factores pode ser ajustado, contanto que no final a lente flutue submersa num meio aquoso. As lentes preferidas são aquelas que têm algumas ou todas as propriedades que se indicam de seguida: uma gravidade específica de aproximadamente 1,0 a aproximadamente 1,2 g/cm3 à temperatura ambiente, um peso não superior a cerca de 16 mg, uma massa por área de superfície de não mais do que aproximadamente 22 0,15 mg/mm2, ou em um ângulo de contacto de entre aproximadamente 60° e aproximadamente 110°. Se uma determinada lente, quando construída, for incapaz de flutuar submersa, o tratamento de superfície dessa lente (por exemplo usando os métodos de UV ou descarga da coroa acima descritos) pode permitir que flutue submersa.
Exemplos
Os exemplos que se seguem são dados com o objectivo de ilustrarem a presente invenção. O ângulo de contacto é uma medida do hidrofobicidade de superfície (ou da hidrofilidade). No presente pedido, o Método Sessile Drop e um Goniómetro Rame-Hart foram usados para a medição. Num teste típico, a média de 12 leituras foi usada para finalidades do relatório. Um material hidrofóbico típico, tal como o silicone, tem um ângulo de contacto cerca de 80° ou superior, enquanto que um material hidrófilo típico, tal como o poli-HEMA, tem um ângulo de contacto de cerca de 40° ou inferior.
Exemplo 1. Lente Intra-Ocular (IOL) de Silicone para as Cataratas com capacidade de flutuação negativa
Uma lente intra-ocular para a cirurgia das cataratas foi feita de um material de silicone hidrofóbico, Med 6820 fornecido pela NuSil Silicone Technology. Esta IOL tem o formato e as dimensões ilustradas na Figura 2 A IOL para as cataratas foi colocada em água Dl e observou-se que a IOL para as cataratas não flutua na superfície da água; afunda-se até à parte inferior do recipiente. Exige uma força 23 muito maior para perturbar a água de modo a deixar temporariamente a IOL a flutuar na água. Isto é porque a massa desta lente de cataratas é muito maior do que a força de flutuação. Neste caso, a área de superfície da IOL de cataratas é de aproximadamente 64 mm2. A IOL de catarata pesa 20 mg. Consequentemente, a massa por a área de superfície da unidade para esta IOL de catarata é de aproximadamente 0,31 mg/mm2, fazendo com que a lente tenha uma flutuabilidade negativa.
Outras propriedades fisicas e mecânicas do material de silicone do Med 6820 são as que se seguem: força elástica 750 psi; alongamento 125 %; R.I.: 1.43; gravidade especifica: 1.05 g/cm3 à temperatura ambiente. A medida da gravidade especifica é baseada na Gravidade Especifica AS TM D792 e na Densidade dos Plásticos por Deslocamento, usando um Analisador Dinâmico do Ângulo de Contacto Cahn DCA312. O ângulo de contacto como medido pelo Método Sessile Drop (bolha de ar na água), usando um Goniómetro Rame-Hart é de 95°. A dureza está compreendida entre 40 e 50 Shore A.
Exemplo 2: PRL de Silicone Flutuando sobre a Superfície da Água (isto é, capacidade de flutuação positiva) O mesmo material hidrofóbico de silicone do Exemplo 1 foi usado para preparar PRLs sob as seguintes condições. Quantidades iguais da parte A e da parte B do material de silicone eram misturadas durante 10 minutos. A mistura foi transferida para uma seringa e desgaseifiçada sob vácuo até que todas as bolhas de ar visíveis desapareceram. Uma quantidade muito pequena da mistura foi derramada num molde de liga de metal e curada a 120°C durante 70 minutos. A PRL foi removida do molde e colocada em água Dl com o lado do posterior virado para baixo. A PRL foi observado a flutuar na superfície da água. Quando uma espátula ou uns ganchos foram usados para introduzir delicadamente a PRL na água, a PRL levanta-se de novo para a superfície da água assim gue a espátula foi removida da PRL, indicando uma flutuabilidade positiva. Como o material de silicone usado em ambos os exemplos 1 e 2 é o mesmo, as lentes têm conseguentemente as mesmas propriedades de superfície, é a massa por a área de superfície que determina se a lente tem neste caso uma flutuabilidade negativa ou positiva. A PRL tem uma configuração e umas dimensões de acordo com o que se encontra ilustrado na Figura 3. As propriedades físicas e mecânicas do material de PRL hidrofóbico são as mesmas que se encontram indicadas no Exemplo 1.
Exemplo 3. Outra PRL de Silicone Flutuando sobre a Superfície da Água (capacidade de flutuação positiva) 0 SIEL 1,46 é um material hidrofóbico de silicone (disponível no comércio e fornecido pela SIEL, Ltd., de Moscovo) com um R.I. de 1,46 e com uma gravidade específica de 1 g/cm3. Dez porções de Parte A e uma porção da Parte B do material de silicone foram misturadas durante 5 minutos. A mistura foi transferida a um tubo de ensaio selado e armazenada num congelador durante a noite. Uma pequena quantidade da mistura (aproximadamente 30 mg ou menos) foi colocada num molde de metal. O material foi curado num forno pré-aguecido a 120°C durante 70 minutos. A PRL tem uma configuração e dimensões segundo o que se encontra indicado na Figura 3. A PRL foi colocada em água destilada e foi observado que flutua à superfície da água. Uma espátula ou uns ganchos 25 foram usados para introduzir delicadamente a PRL na água. Assim que a força de impulsão foi aliviada, a PRL flutuou de novo para a superfície da água. Mesmo quando a PRL inteira foi empurrada para dentro de água, ela voltou à superfície da água assim que a força de empurrar foi aliviada, indicando que o PRL tem uma f lutuabilidade positiva. 0 ângulo de contacto (bolha de ar na água) da PRL era 80°. A dureza Shore A do material da PRL estava compreendida entre 20 e 25.
As PRLs com as configurações mostradas na Fig. 3 pesam tipicamente cerca de 15 mg ou menos para a gama de dioptrias mais habitualmente usada (-3 a -14 D) . A área de superfície da PRL é aproximadamente 132 mm2. Consequentemente, a massa por a área de superfície unitária é de aproximadamente 0,11 mg/mm2 ou menos. 0 silicone hidrofóbico usado no Exemplo 3 tem uma gravidade específica de 1 g/cm3, essencialmente a mesma que a da água. Aqueles que são peritos na técnica compreendem que uma PRL feito desta PRL de silicone hidrofóbico não se imerge na água. A menos que a superfície da PRL se torne compatível com a água, flutuará indefinidamente à superfície da água. O Exemplo 4 que se segue ilustra como a superfície da PRL muda para se tornar compatível após um processo de tratamento de superfície.
Exemplo 4. PRL de Silicone Flutuando Submersa em Água após Processo de UV (capacidade de flutuação negativa)
As PRLs preparadas no Exemplo 3 podem ser tratadas por um processo ultravioleta do vácuo como se segue: Dez PRLs foram colocadas num dispositivo montado dentro de uma câmara de vácuo. Quando a pressão dentro da câmara de vácuo foi 26 reduzida até uma amplitude de 2 - 7 mm-Hg, a lâmpada de UV (Hamamatsu, Tipo L 879) foi ligada. As PRLs foram expostas à luz UV durante entre 5 e 25 minutos. Este procedimento foi repetido para o lado não exposto de cada PRL. Um filtro de banda estreita foi usado preferivelmente entre a fonte de luz UV e as PRLs. 0 comprimento de onda do UV em vácuo estava compreendido entre 115 e 200 nm. A PRL tratada foi colocada sobre a, e introduzida delicadamente na, água destilada com um espátula ou um gancho. Foi observado que flutuou submerso na água. Sem a turbulência, a PRL estabelecer-se-á gradualmente para baixo na parte inferior do recipiente com uma velocidade da gravidade de aproximadamente 15 mm por segundo ou menos, dependendo das dioptrias da PRL (ver a Tabela 1, exemplos nos. 6 e 7). No entanto, quando há uma pequena turbulência, a PRL tratada flutua de novo temporariamente na água. De facto, a PRL tratada não pode flutuar à superfície da água destilada como a PRL não tratada. Em conclusão, o tratamento de superfície mudou a PRL de uma flutuabilidade positiva para uma flutuabilidade negativa.
Exemplo 5. PRL de Silicone Flutuando Submersa em Água após Processo de Descarga de Coroa (capacidade de flutuação negativa)
As PRLs preparadas no Exemplo 3 podem alternativamente ser tratadas pela descarga de coroa da forma que se segue: Duas PRLs eram colocadas na cremalheira (Modelo T P/N 2602 - 015, da Emerson Electric Co.) onde as PRLs estão cerca de metade uma polegada afastadas da descarga da coroa. A descarga de coroa (Modelo BD-20, 115 volts, 50/60 Hz, com uma fonte de alimentação de 0,35A da Electro-Technic Products, Inc.) foi 27 ligada. As PRLs na cremalheira em movimento passaram através da descarga de coroa 10 vezes (um minuto por a passagem) . O mesmo procedimento foi repetido no lado não exposto das PRLs. A PRL tratada foi colocada na água destilada. Observou-se que a PRL tratada não permaneceu na superfície da água. Ao invés as PRL tratadas afundaram-se na água. Sem a turbulência, a PRL estabelecer-se-á gradualmente para baixo na parte inferior do recipiente (velocidade da gravidade < 27 mm/seg). No entanto, quando há uma turbulência pequena, a PRL tratada flutua temporariamente na água outra vez. A medida do ângulo de contacto indicou que o PRL tratado tem um ângulo de contacto de 65°. Consequentemente, a descarga de coroa mudou a PRL de uma flutuabilidade positiva para uma flutuabilidade negativa. Igualmente baixou o ângulo de contacto da superfície de PRL, uma indicação de menor superfície hidrofóbica após o tratamento.
Exemplo 6. PRL Acrílica
Uma mistura de 48 gramas de acrilato de éter de glicol de etileno de fenilo, 2 gramas de diacrilato de propoxilato de bisfenol A, 0,65 gramas de acrilato de etilo 2-(4-benzoil-3-hidroxifenoxi), e 50 miligramas de azobisisobutironitrilo ao qual foi retirado o gás com um gás ultra-puro de nitrogénio durante aproximadamente 15 minutos. Esta mistura pode ser usada para fazer a PRL directamente ou pode previamente gelificada com a mistura que está a ser transferida para o interior de um molde. As condições de cura são as seguintes: temperatura 90 - 110° C; tempo 11 - 16 horas. Outras propriedades deste material acrílico são: R.I.: 1,558; temperatura de transição de vidro: 7°C; peso da lente 15.7 mg: dureza Shore A: 36; força elástica/ alongamento %: 280 28 psi/ 160 %. A gravidade específica deste material é de 1,21 grama/ cm3. O ângulo de contacto deste polímero é de 81°. A lente tem uma configuração e umas dimensões que se encontram mostradas na Figura 3.
Quando esta PRL foi colocada na água destilada com o revestimento do lado do posterior virado para baixo, flutua na superfície da água. A PRL pode ser forçada a mergulhar na água e pode flutuar abaixo da superfície da água quando é perturbado ligeiramente. Ou seja esta PRL acrílica macia flutua facilmente submersa na água, provavelmente devido ao facto de ter uma gravidade específica mais elevada (1,21 grama/cm3) e uma hidrof obicidade mais baixa do que um silicone típico. Esta gravidade específica elevada é igualmente a razão para a velocidade relativamente grande da gravidade (27 mm/seg) desta PRL acrílica.
Após esta PRL acrílica ter sido tratada com UV em vácuo do mesmo modo que no Exemplo 4, foi observado que a PRL tratada pode facilmente flutuar submersa num meio aquoso. 16-03-2009 29

Claims (19)

  1. REIVINDICAÇÕES 1. Um processo para o tratamento de superfície de lentes refractivas fáquicas (PRL) feitas de materiais hidrofóbicos seleccionados de entre os materiais de silicone e os materiais acrílicos de modo a que as PRL tratadas possam flutuar submersas num meio aquoso, caracterizado por compreender as etapas de: (a) avaliação de se a PRL hidrofóbica pode flutuar submersa num meio aquoso; se a PRL não tratada pode somente flutuar na superfície do meio aquoso ao invés de flutuar submersa no meio aquoso, e (b) efectuar um processo de tratamento de superfície na PRL não tratada de modo a que a lente possa flutuar submersa numa solução aquosa.
  2. 2. Um processo de acordo com a reivindicação 1, em que o processo de tratamento de superfície torna a superfície da PRL menos hidrofóbica.
  3. 3. Um processo de acordo com a reivindicação 1, em que o processo de tratamento de superfície aumenta a capacidade de humedecimento da superfície da PRL.
  4. 4. Um processo de acordo com a reivindicação 1, em que o tratamento de superfície é um processo de UV em vácuo ou um processo de descarga de coroa.
  5. 5. Um processo de acordo com qualquer uma das reivindicações precedentes em que após o tratamento de superfície a lente tem uma flutuabilidade negativa medida por uma velocidade de 1 gravidade de cerca de 2 7 mm por segundo ou menos num meio aquoso.
  6. 6. Uma superfície de lente fáquica refractiva tratada de acordo com qualquer uma das reivindicações de 1 a 4, após o tratamento de superfície, em que a lente tem uma flutuabilidade negativa medida por uma velocidade de gravidade de cerca de 2 7 nm por segundo ou menos num meio aquoso. faquica refractiva de acordo com as ou 6, que tem uma gravidade específica de 1,0 e cerca de 1,2 g/cm3 à temperatura
  7. 7. Uma lente reivindicações 5 entre cerca de ambiente.
  8. 8. Uma lente fáquica refractiva de acordo com as reivindicações 5 ou 6 ou 7, que não pesa mais de cerca de 16 mg.
  9. 9. Uma lente fáquica refractiva de acordo com as reivindicações 5 ou 6, ou 7 ou 8, que tem uma massa por unidade de superfície não superior a cerca de 0,15 mg/mm2.
  10. 10. Uma lente fáquica refractiva de acordo com qualquer uma das reivindicações de 8 a 9, em que o referido material hidrofóbico mole tem um ângulo de contacto compreendido entre cerca de 60° e cerca de 110°.
  11. 11. Uma lente refractiva fáquica de acordo com qualquer uma das reivindicações de 6 a 10, em que a mesma apresenta uma flutuabilidade neutra num meio aquoso. 2
  12. 12. Uma lente refractiva fáquica de acordo com qualquer uma das reivindicações de 6 a 11, em que a referida lente compreende um corpo óptico e uma pluralidade de corpos hápticos presos ao, ou que se prolongam para fora a partir do, referido corpo óptico.
  13. 13. Uma lente refractiva fáquica de acordo com qualquer uma das reivindicações de 6 a 12, em que a referida lente não tem meios de fixação permanente ao olho e se encontra estruturalmente adaptada para flutuar entre a iris e a superfície anterior do saco capsular da lente natural quando esta se encontra posicionada na câmara posterior do olho.
  14. 14. Uma lente refractiva fáquica de acordo com qualquer uma das reivindicações de 6 a 12, que tem uma f lutuabilidade negativa medida como a velocidade de gravidade de cerca de 27 mm/seg ou menos num meio aquoso.
  15. 15. Uma lente refractiva fáquica de acordo com a reivindicação 14, que tem uma gravidade especifica de entre cerca de 1,0 e cerca de 1,2 g/cm3 à temperatura ambiente.
  16. 16. Uma lente refractiva fáquica de acordo com as reivindicações 14 ou 15, que não pesa mais de 16 mg.
  17. 17. Uma lente refractiva fáquica de acordo com qualquer uma das reivindicações de 14 a 16, que tem uma massa por unidade de superfície não superior a 0,15 mg/ mm3.
  18. 18. Uma lente refractiva fáquica de acordo com qualquer uma das reivindicações de 14 a 17, em que a referida lente compreende um corpo óptico e uma pluralidade de corpos 3 hápticos presos ao, e que se prolongam para fora a partir do, referido corpo óptico.
  19. 19. Uma lente refractiva fáquica de acordo com a reivindicação 18, em que a referida lente não tem uma fixação permanente ao olho e se encontra estruturalmente adaptada para flutuar entre a íris e a superfície anterior do saco capsular da lente natural quando posicionada na câmara posterior do olho. 16-03-2009 4
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