PT102212B - Processo para tornar ignifugas peles de animais designadamente de bovino curtidas com cromio - Google Patents

Description

DESCRIÇÃO

PROCESSO PARA TORNAR IGNÍFUGAS PELES DE ANIMAIS, DESIGNADAMENTE DE BOVINO, CURTIDAS COM CRÓMIO

O presente invento propõe um processo que consiste em tomar ignífugas peles de bovino curtidas com crómio, aumentando e realçando as características de resistência ao fogo e obtendo, com um tratamento simples e económico, peles capazes de superar as mais severas normas actualmente em vigor.

Em particular o processo de acordo com o invento prevê a aplicação de tetrabromoffalato de sódio (C₈Br₄Na₂O4) em três fases; uma durante a fase de untura, a segunda no fim de todas as operações de banho da pele, em substituição da lavagem final e a terceira durante a fase de acabamento das peles.

Deste modo não só se melhoram e realçam as características das capacidades ignífugas da pele, como também se consegue conferir tais características de capacidade ignífuga aos compostos utilizados para a fase de acabamento, compostos que contêm geralmente resinas inflamáveis.

As peles de animais tratadas com o processo de acordo com o invento resultam conformes aos padrões mais severos, em particular às normas de segurança da indústria aeronáutica dos Estados Unidos da América, consideradas as mais severas do mundo, para que possam ser utilizadas, por exemplo, para fabricar fatos e equipamentos de voo.

São conhecidos vários tratamentos para tomar as peles ignífugas, tratamentos que prevêm a utilização de produtos tais como fosfatos de amónio ou sais de amónio quaternário, ou copolímeros vinílicos tais como óxido de antimónio e/ou fluoro-elastómeros.

De acordo com as técnicas conhecidas, estes produtos são aplicados ou por tampão ou, mais frequentemente, por meio de aspersão no lado interior da pele que se pretende tomar ignífuga.

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No entanto, esta técnica apresenta o inconveniente de poder ser aplicada somente a peles “acabadas”, isto é, a peles que já foram submetidas aos diversos tratamentos e que estão secas.

Nesta situação, por consequência, o produto não é capaz de penetrar em profundidade na pele, pelo que deixa na superfície um pó agradável ao tacto e difícil de remover no caso de entrar em contacto com o lado superior (ou “flor”) da pele.

Isto tem, como consequência, problemas consideráveis porquanto diz respeito à embalagem, ao processamento e ao manuseamento das peles.

Um problema ulterior é constituído pelo facto de os produtos utilizados para o tratamento apresentarem pouca resistência à luz e, fínalmente, a aplicação com as técnicas de aspersão ou de tampão resultarem muito dispendiosas.

Foram efectuados estudos extensivos no sector e nalguns casos chegou mesmo a aplicar-se estes produtos ignifugantes durante as fases de banho do ciclo de tratamento das peles dos animais, em particular durante a fase de recurtimento e tingimento, sem porém se obter resultados satisfatórios, uma vez que as peles assim obtidas não se enquadram de qualquer modo nos padrões impostos pelas normas mais severas, como sejam as normas americanas F.A.R..

A aplicação na fase de banho, com efeito, deve necessariamente ser efectuada no decurso da última fase de processamento em cuba, pois que se o produto fosse aplicado no decurso de uma das fases precedentes, os descarregamentos e os enxaguamentos eliminariam boa parte do produto e grande parte dos efeitos que este desenvolve.

A aplicação apenas durante a fase final, no entanto, não serve para garantir uma uniformidade suficiente de distribuição do produto, uma vez que nesta fase as peles são frequentemente enroladas sobre si próprias e/ou com as outras consequentes faltas de uniformidade de distribuição do produto sobre a superfície.

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Além disso, os tratamentos conhecidos não garantem uma completa resistência da pele à chama, uma vez que durante a fase de acabamento se aplica sobre a pele uma mistura de resina acrílica e/ou de poliuretano, pigmentos e materiais de enchimento de base aquosa e/ou solvente (do tipo de nitrocelulose ou acetato de butilo e etilo) e os componentes dessa mistura, uma vez secos e polimerizados, resultam inflamáveis.

Por estas razões os tratamentos actualmente em uso não são de molde a conferir às peles características tais que as tomem compatíveis com os padrões mais severos impostos em diversos sectores onde, ao contrário, a utilização das peles para confeccionar indumentárias seria altamente vantajosa.

Este problema é agora resolvido pelo presente invento, o qual propõe um processo para tomar ignífugas as peles de bovino que prevê a utilização de tetrabromoftalato de sódio, em primeiro lugar durante a fase de untura, em seguida após o processamento em banho, em substituição da lavagem final e, finalmente, durante a fase de acabamento.

O tratamento de acordo com o invento poderá ser melhor compreendido através do seguinte exemplo pormenorizado, dado a título de exemplo não limitativo.

As peles a processar, rapadas e prontas para o fingimento são submetidas às fases habituais de tratamento, entre as quais, a fase acima referida de “untura”.

De acordo com o presente invento para se conferirem as características de ignifugicidade às peles, estas são tratadas com tetrabromoftalato de sódio, o qual é aplicado em três fases sucessivas.

A quantidade de produto, expressa em peso, necessária para os dois primeiros estádios varia de 6 a 8% em relação ao peso raso das peles a processar e 50% desta quantidade do produto é aplicada durante a fase de untura misturando o produto aos outros componentes utilizados.

Isto permite uma perfeita distribuição do produto porquanto a untura actua como veículo lubrificante.

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Através dos controlos efectuados no fim desta fase apurou-se que o produto é distribuído uniformemente sobre todas as fibras da pele, mesmo intemamente e que, uma vez extraída e enxuta, a pele contem, de qualquer modo, uma parte do produto ignifugante.

Os remanescentes 50% do produto são, pelo contrário, utilizados no fim de todos os processamentos de banho, em substituição da lavagem final.

Para este fim o produto é dissolvido na água, onde são depois imersas as peles.

A terceira aplicação tem lugar durante a fase de acabamento das peles de animais e as experiências efectuadas permitiram verificar que a quantidade de produto necessária varia de 1 a 5% do peso total da mistura de base de acabamento utilizada.

Na fase preparatória, o produto é diluído na proporção de 1 para 2 em água a temperaturas de 20 a 30° e a totalidade é despejada na mistura de base poucos minutos antes da aplicação por aspersão, tendo o cuidado de manter a mistura continuamente agitada, para se manter o pó em suspensão.

Para este fim é necessário desactivar preventivamente ou desviar os eventuais aparelhos de filtragem das instalações de aspersão para se evitar o risco de que o produto ignifugante obstrua as condutas.

O produto, durante esta terceira e última fase, é aplicado por aspersão.

Obtem-se assim uma película de acabamento resistente à chama.

Foram tratadas diversos tipos de peles de animais de acordo com o processo descrito que foram depois submetidas a uma série de testes para avaliar as características e pôde constatar-se que em todos os casos as peles resultavam em conformidade com as normas de segurança americanas F.A.R. 25.853 F/l, tendo em vista o material a utilizar na indústria aeronáutica.

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Os testes foram depois repetidos após algumas semanas em peles, tanto em peles conservadas fechadas como expostas à luz e verifícou-se que em ambos os casos estas resultavam de acordo com as especificações acima indicadas.

Um perito no ramo poderá prever diversas modificações e variantes que deverão, no entanto, conservar-se todas compreendidas no âmbito do presente invento.

Claims (6)

1. REIVINDICAÇÕES

   1. Processo para tomar ignífugas peles de animais, caracterizado pelo facto de se prever, pelo menos, um tratamento das peles com tetrabromoftalato de sódio.
2. 2. Processo de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo facto de se prever um tratamento com tetrabromoftalato de sódio em três fases sucessivas, prevendo-se nas duas primeiras fases a imersão das peles numa solução contendo o produto ignifugante e prevendo-se na terceira a aplicação do produto por aspersão.
3. 3. Processo de acordo com a reivindicação 2, caracterizado pelo facto de se prever:

   - uma primeira fase de aplicação do produto durante a untura:

   - uma segunda fase de aplicação do produto em substituição da lavagem final;

   - uma terceira fase de aplicação do produto por aspersão, durante a fase de acabamento.
4. 4. Processo de acordo com a reivindicação 3, caracterizado pelo facto de a quantidade de produto, expressa em peso, utilizada nas duas primeiras fases variar de 6 a 8% em relação ao peso raso das peles a processar, prevendo-se em cada uma das duas fases a utilização de 50% desta quantidade do produto.
5. 5. Processo de acordo com a reivindicação 4, caracterizado pelo facto de a quantidade de produto utilizada na terceira fase variar de 1 a 5% do peso total da mistura de base de acabamento utilizada.
6. 6. Processo para tomar peles ignífugas, caracterizado por se utilizar o processo descrito nas reivindicações anteriores.