BRPI0902481B1 - composição farmacêutica compreendendo hemopressina e seu uso. - Google Patents

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Abstract

composição farmacêutica, método para tratamento de inflamação, método para tratamento de hiperalgesia e metodo para tratamento de distúrbio alimentar. a presente invenção refere-se a uma composição farmacêutica que compreende um ingrediente ativo endógeno, como um peptídeo, que atua como antagonista ei ou agonista inverso para o tratamento de uma condição médica, particularmente uma condição médica acompanhada de dor ei ou inflamação, de maneira preventiva e/ ou combativa. a presente invenção também refere-se a um método para tratar inflamações que compreende a administração de tal composição em um individuo que necessita de tal tratamento. a presente invenção também refere-se a um método para tratar hiperalgesia que compreende a administração de tal composição em um individuo que necessita de tal tratamento. a presente invenção também refere-se a um método para tratar distúrbios alimentares, especialmente a obesidade, que compreende a administração de tal composição em um individuo que necessita de tal tratamento.

Description

Relatório Descritivo da Patente de Invenção para COMPOSIÇÃO FARMACÊUTICA COMPREENDENDO HEMOPRESSINA E SEU USO.
[001] A presente invenção refere-se a uma composição farmacêutica que compreende um ingrediente ativo endógeno , como um peptídeo, que atua como antagonista e/ ou agonista inverso para o tratamento de uma condição médica, particularmente uma condição médica acompanhada de dor e/ ou inflamação e/ ou distúrbio alimentar, de maneira preventiva e/ ou combativa.
[002] A presente invenção também refere-se a um método para tratar hiperalgesia, que compreende a administração da referida composição em um indivíduo que necessita de tal tratamento.
[003] Além disso, a presente invenção refere-se a um método para tratar inflamação, que compreende a administração da referida composição em um indivíduo que necessita de tal tratamento.
[004] A presente invenção também refere-se a um método para tratar distúrbios alimentares, especialmente a obesidade, que compreende a administração da referida composição em um indivíduo que necessita de tal tratamento.
DESCRIÇÃO DA INVENÇÃO [005] A descoberta do antagonista e/ ou agonista inverso de receptores canabinoides CB1 e CB2 é extremamente importante na área médica, pois o sistema endocanabinoide está envolvido em uma ampla gama de doenças de relevância epidemiológica no mundo moderno; os compostos que modulam os receptores canabinoides são bons alvos para desenvolver medicamentos que poderiam ser úteis no tratamento de tais doenças. Recentemente tem havido interesse especial na antinocicepção induzida por canabinoides, que possui significativa relevância clínica.
[006] A maconha é um produto psicoativo da planta Cannabis
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2/25 sativa. O ingrediente ativo, tetrahidrocanabinol liga e ativa, pelo menos, dois tipos de receptores canabinoides CB1 e CB2, ambos acoplados a proteínas G.
[007] Tecidos de mamíferos contêm pelo menos dois tipos de receptores canabinoides, CB1 e CB2, ambos acoplados a proteínas G. Esses receptores CB1 se expressam principalmente por neurônios do sistema nervoso central e periférico, enquanto os receptores CB2 ocorrem centralmente e perifericamente em certos tecidos nãoneuronais, particularmente em células imunes. Um papel comum dos receptores CB1 e CB2 parecer ser a regulação da liberação contínua de mensageiros químicos, receptores CB1 principalmente de neurônios, e receptores CB2 de células imunes. A descoberta de que tecidos de mamíferos expressam receptores canabinoides foi acompanhada pela descoberta de ligantes endógenos para esses receptores denominados Endocanabinoides, que juntos com os receptores Canabinoides CB1 e CB2 constituem o sistema endocanabinoide. O sistema endocanabinoide está desafiando pesquisadores a estabelecerem seus papéis fisiológicos e patofisiológicos, paralelamente ao desenvolvimento de novos antagonistas e agonistas de receptores Canabinoides, incluindo aqueles com seletividade acentuada para receptores CB1 ou CB2.
[008] Descobriu-se que, em certos distúrbios, os níveis de endocanabinoides, a densidade do receptor Canabinoide e/ ou a eficiência de acoplamento dos receptores Canabinoides aumentam particularmente nos tecidos. Verifica-se que essa upregulation (suprarregulação) do sistema endocanabinoide frequentemente suprime sintomas e sinais indesejados, e portanto, sugere-se que o sistema endocanabinoide é autoprotetor. Há muitas condições patofisiológicas clinicamente relevantes em que ficou demonstrado que o sistema endocanabinoide desempenha um papel. Essas incluem doenças do Sistema
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Nervoso Central como o mal de Parkinson, de Alzheimer e depressão grave, e do Periférico, como dor inflamatória e neuropática, obesidade e comportamentos alimentares.
[009] Subsequentemente, há numerosos relatos em publicações especializadas que documentam a importância de antagonistas e/ ou agonistas inversos a receptores canabinoides no tratamento e/ ou profilaxia de várias doenças, incluindo, por exemplo, a obesidade e comportamentos alimentares.
[0010] O documento WO2006/1291193 refere-se a uma combinação farmacêutica de um antagonista do receptor canabinoide CB1 em associação com um inibidor de proteína de transferência de triglicéride microssomal que age no intestino, para tratar a obesidade ou distúrbios alimentares relacionados e/ ou reduzir o consumo de alimentos.
[0011] O documento WO2006/129178 refere-se a novos moduladores de receptores canabinoides e sua utilização para tratar doenças, condições e/ ou distúrbios modulados por um receptor canabinoide, como dor, distúrbios neurodegenerativos, distúrbios alimentares, controle ou perda de peso e obesidade. Este documento também se relaciona a outros documentos onde são revelados outros compostos moduladores de receptores canabinoides. As vias de administração citadas são: oral, nasal, subdérmica, intradérmica, transdérmica, parenteral, retal, depot, subcutânea, intravenosa, intrauretral, intramuscular, intranasal, oftálmica ou tópica.
[0012] O documento US2006100205 refere-se a uma composição que compreende um opioide e um antagonista ao receptor canabinoide. A composição é utilizada no tratamento de perda de peso significativa.
[0013] O documento US2005101542 refere-se a uma composição farmacêutica destinada a reduzir a ingestão de alimentos, álcool ou outras substâncias de ordem alimentar que possam causar a falta de
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4/25 controle durante a ingestão. Essas combinações podem ser utilizadas na redução de peso e no controle do metabolismo lipídico, sendo que a composição compreende: antagonistas de receptores canabinoides em combinação com agonistas de PPAR-alpha.
[0014] O documento WO03/082256 refere-se ao uso de um antagonista do receptor canabinoide CB1, especialmente o rimonabanto e ao N-piperidino-5-(4-bromofenil)-1-(2,4-diclorofenil)-4-etilpirazol-3carboxamida em preparo medicinal para tratar comportamentos sexuais e/ ou para melhorar o desempenho sexual.
[0015] O documento WO01/85092 refere-se ao uso de um antagonista do receptor CB1 para o preparo de produtos medicinais que são úteis no combate à diarreia.
[0016] O documento US6642258 refere-se ao uso de um antagonista do receptor canabinoide central para o preparo de produtos medicinais no tratamento e/ ou prevenção de patologias neuroinflamatórias.
[0017] O documento US6525087 refere-se ao uso de agonistas do receptor canabinoide CB1 para a profilaxia e o tratamento de distúrbios neurodegenerativos, particularmente para o tratamento de apoplexia cerebral e trauma crânio-cerebral.
[0018] O documento WO03084943 refere-se a derivados dos compostos de terfenil e suas preparações. Os compostos possuem atividade de antagonista do receptor canabinoide CB1.
[0019] O documento US 7094572 refere-se a polinucleotídeos que codificam polipeptídios HGPRBMY74, fragmentos e homólogos dos mesmos. Este documento refere-se a métodos diagnósticos e terapêuticos para aplicar esses novos polipeptídios HGPRBMY74 e refere-se ao diagnóstico, tratamento e/ ou prevenção de várias doenças e/ ou distúrbios relacionados a esses polipeptídios. O documento US7094572 refere-se a métodos de triagem para identificar agonistas
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5/25 e antagonistas de polinucleotídeos e polipeptídios da presente invenção.
[0020] O documento US7071213 refere-se a ligantes do receptor canabinoide e compostos que compreendem ligantes do receptor canabinoide e apresentam atividade anti-inflamatória e imunomodulatória.
[0021] O documento BR04101731 refere-se a uma composição farmacêutica cujo propósito é cessar ou reduzir o consumo de tabaco ou outras substâncias de natureza alimentar que possam causar falta de controle. A composição compreende um antagonista parcial do receptor nicotínico (NRPA) e um antagonista do receptor CB1.
[0022] O documento BR01144103 refere-se à combinação do antagonista do receptor canabinoide (CB1) e da sibutramina. A combinação farmacêutica é útil no tratamento da obesidade.
[0023] O documento WO9832441 refere-se a um preparo de produtos medicinais que são úteis no tratamento de distúrbios do desejo, tais produtos medicinais compreendendo um antagonista do receptor canabinoide central, sozinho ou aliado a um composto para regular distúrbios metabólicos.
[0024] O Sistema Canabinoide está envolvido em muitas doenças e é citado nos artigos: O sistema endocanabinoide: novo paradigma no tratamento da síndrome metabólica (Amélio F. de Godoy-Matos e outros) e Controle Neuroendócrino da Ingestão de Alimentos: Implicações na Gênesis da Obesidade (Rodrigues e outros).
[0025] A hemopressina (PVNFKFLSH) (SEQ ID NO: 1) foi identificada recentemente como novo peptídeo derivado da cadeia-α de hemoglobina; foi primeiramente identificada em homogenatos de cérebros de ratos. Originalmente, foi demonstrado que a hemopressina causa hipotensão em ratos anestesiados com pentobarbital e interage com as endopeptidases ep24.15 e ep24.16, e com ACE. O efeito hipo
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6/25 tensivo de uma dose baixa de hemopressina foi potencializado por enalapril. Esses resultados sugerem o papel da hemopressina como um novo peptídeo bioativo in vivo. A hemopressina também tem demonstrado ação anti-hiperalgésica. Na presente invenção, foi comprovado que a hemopressina é um antagonista e/ ou um agonista inverso do receptor Canabinoide, o que poderia levar ao tratamento de muitas patologias.
[0026] Na presente invenção, anticorpos com especificidade conformacional foram utilizados para examinar a suposta interação da hemopressina com GPCRs específicos (receptores acoplados à proteína G), como CB1, opioide mu e delta, angiotensina AT1 e AT2, adrenérgico alfa-2A e bradicinina B2. Descobriu-se que a hemopressina interage especificamente com o receptor CB1 como antagonista e agonista inverso.
[0027] Entretanto, o estado da técnica não contém nenhuma menção ou sugestão sobre o uso específico da hemopressina como antagonista e/ ou agonista inverso dos receptores canabinoides seja in vitro ou in vivo. Mais especificamente, a hemopressina representa o primeiro agonista inverso natural de receptores CB1.
OBJETIVO DA INVENÇÃO [0028] O objetivo da presente invenção é apresentar uma composição farmacêutica para o tratamento de inflamação e hiperalgesia e para o tratamento de distúrbios alimentares, especialmente a obesidade, de maneira preventiva e/ ou combativa, bem como os métodos terapêuticos para tratar tais distúrbios.
[0029] O objetivo da presente invenção é alcançado por uma composição farmacêutica que compreende um ingrediente ativo endógeno que atua como antagonista e/ ou agonista inverso de um receptor acoplado à proteína G e um veículo farmaceuticamente aceitável, o uso da hemopressina ou de seu fragmento para preparar tal composição
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7/25 farmacêutica destinada a tratar inflamações e/ ou a hiperalgesia de maneira preventiva e/ ou combativa, bem como um método para tratar inflamações e/ ou hiperalgesia e um método para tratar distúrbios alimentares de maneira preventiva e/ ou combativa que compreende a administração de uma quantidade eficaz da composição farmacêutica, como mencionado, em um indivíduo que necessita de tal tratamento.
BREVE DESCRIÇÃO DOS DESENHOS [0030] A seguir, faz-se referência aos desenhos anexos ao texto a seguir para melhor compreensão dos exemplos e concretizações apresentados, nos quais:
[0031] Figura 1A - ilustra um gráfico que mostra a identificação da hemopressina como peptídeo modulador do receptor CB1.
[0032] Figura 1B - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina se comporta de modo semelhante ao SR141716 (Rimonabanto) e representa um antagonista de receptores CB1.
[0033] Figura 1C - ilustra um gráfico que mostra a porcentagem de reconhecimento do receptor CB1 na relação de atividade-estrutura da hemopressina.
[0034] Figura 2A - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina é capaz de deslocar a ligação [3H]SR141716 de receptores CB1 com alta atração, de forma idêntica ao SR141716 (Rimonabanto).
[0035] Figura 2B - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina é capaz de bloquear o aumento mediado pelo agonista (Hu-210) em GTPyS.
[0036] Figura 2C - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina é capaz de bloquear diminuições mediadas por agonistas em níveis de cAMP com uma potência semelhante ao SR141716 (Rimonabanto).
[0037] Figura 2D - ilustra um gráfico que mostra que a hemopres
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8/25 sina é capaz de bloquear o aumento mediado por Hu-210 dos níveis de fosfo ERK1/2 de forma semelhante ao SR141716 (Rimonabanto).
[0038] Figura 3A - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina funciona como agonista inverso de receptores CB1 utilizando a ligação de GTPyS.
[0039] Figura 3B - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina funciona como um agonista inverso de receptores CB1 utilizando a atividade do adenilato ciclase.
[0040] Figura 3C - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina funciona como um agonista inverso de receptores CB1 utilizando a fosforilação de MAPK.
[0041] Figura 3D - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina bloqueia, de forma eficiente, o crescimento de neurito mediado pelo agonista em células Neurais 2A e que a hemopressina sozinha é capaz de diminuir o crescimento basal de neuritos.
[0042] Figura 4 - ilustra que os receptores CB1 se expressam em um tecido subplantar de ratos.
[0043] Figura 5A - ilustra um gráfico que mostra o efeito da hemopressina nas doses indicadas administradas oralmente na resposta hiperalgésica inflamatória induzida por carragena.
[0044] Figura 5B - ilustra um gráfico que mostra o efeito da hemopressina nas doses indicadas administradas por via intratecal, na resposta hiperalgésica inflamatória induzida por carragena.
[0045] Figura 5C - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina ou AM251, nas mesmas doses administradas por via intraplantar, reduziu a hiperalgesia induzida por carragena.
[0046] Figura 5D - ilustra um gráfico que mostra que a hemopressina diferente do antagonista-CB2 WIN55,212-3 reverteu eficazmente a hiperalgesia produzida pela administração intraplantar do antagonista-CB1 WIN55,212-2.
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9/25 [0047] Figura 6 - ilustra um gráfico que mostra o efeito da hemopressina à sensibilidade dolorosa de ratos avaliados no teste de dor.
[0048] Figura 7A - ilustra um gráfico que mostra o efeito da hemopressina em atividade motora espontânea e hipnoses com fenobarbital. Observa-se a frequência de perambulação (locomoção).
[0049] Figura 7B - ilustra um gráfico que mostra o efeito da hemopressina em atividade motora espontânea e hipnoses com fenobarbital. Observa-se a frequência de elevação.
[0050] Figura 7C - ilustra um gráfico que mostra o efeito da hemopressina em atividade motora espontânea e hipnoses com fenobarbital. Observa-se o período de tempo para perda do reflexo do lado direito.
[0051] Figura 7D - ilustra um gráfico que mostra o efeito da hemopressina em atividade motora espontânea e hipnoses com fenobarbital. Observa-se a duração do tempo de sono.
[0052] Figura 8 - ilustra um gráfico que mostra que um fragmento da hemopressina (NFKF) é suficiente para bloquear a hiperalgesia e a inflamação mediada por Cg.
[0053] Figuras 9A, 9B, 9C, 9D, 9E, 9F, 9G, 9H, 9I, 9J - São fotos que mostram a imuno-histoquímica no cérebro dos ratos e que a hemopressina pode ocorrer naturalmente nos neurônios de áreas diferentes do cérebro de ratos.
DEFINIÇÕES [0054] Na presente invenção, deve-se compreender que (i)
SR141716 significa o nome oficial do Rimonabanto, também indicado como SR, (ii) (PVNFKFLSH) (SEQ ID NO: 1) ou (HP) corresponde à hemopressina, (iii) (CTL) significa controle e (iv) (SP) é um peptídeo desordenado.
BREVE DESCRIÇÃO DA INVENÇÃO [0055] A presente invenção refere-se a uma composição farma
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10/25 cêutica que compreende um ingrediente ativo endógeno que atua como antagonista e/ ou agonista inverso de um receptor acoplado à proteína G e um veículo farmaceuticamente aceitável.
[0056] Preferencialmente, tal ingrediente ativo endógeno é a Hemopressina ou um fragmento de hemopressina ou uma imitação ou derivado da mesma, indicado como PVNFKFLSH (SEQ ID NO: 1), que apresenta propriedades hiperalgésicas.
[0057] Uma composição farmacêutica preferível contém cerca de
0,01 a aproximadamente 20,00 microgramas de Hemopressina, preferencialmente de aproximadamente 0,01 a cerca de 10,00 microgramas, em relação ao peso total da composição .
[0058] O veículo farmaceuticamente aceitável é preferencialmente uma solução estéril isosmótica com a mesma pressão osmótica de uma solução isotônica de sangue. É o caso da solução salina, que contém 0,9% de cloreto de sódio em água destilada a cada 100 ml de solução, ou uma solução que compreende solução salina tamponada com fosfato contendo 80 g de NaCl, 2 g de KCl, 14 g de Na2HPO4 e 2.4 g de KH2PO4 para cada 1 L de água destilada estéril. Entretanto, outros veículos podem ser utilizados desde que sejam compatíveis com o ingrediente ativo.
[0059] O receptor acoplado à proteína G pode ser um receptor canabinoide, como um receptor canabinoide CB1.
[0060] A presente invenção também refere-se ao uso da hemopressina no preparo de uma composição farmacêutica como definido acima para o tratamento de inflamações e/ ou hiperalgesia de forma preventiva ou combativa.
[0061] A presente invenção também refere-se ao uso da hemopressina no preparo de uma composição farmacêutica como definido acima para o tratamento de distúrbios alimentares; especialmente a obesidade, de forma preventiva ou combativa.
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11/25 [0062] A presente invenção também refere-se a um método para tratar inflamações e/ ou hiperalgesia de forma preventiva ou combativa, consistindo na administração de uma quantidade eficaz da composição farmacêutica, como definido acima, em um indivíduo que necessita de tal tratamento. A dose preferida varia de 0,05 pg de ativo/peso corporal/dia a 50 pg de ativo/peso corporal/dia.
[0063] A presente invenção também refere-se a um método para o tratamento de distúrbios alimentares, especialmente a obesidade, de forma preventiva ou combativa, que consiste na administração de uma quantidade eficaz da composição farmacêutica, como definido acima, em um indivíduo que necessita de tal tratamento. A dose preferida varia de 0,05 pg de ativo/peso corporal/dia a 50 pg de ativo/peso corporal/dia.
[0064] As opções de vias preferidas de administração incluem via oral, intramuscular, intraplantar, tópica, intraperiotoneal, intravenosa, intratecal.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO [0065] Os peptídeos funcionam em um grande número de processos fisiológicos e patofisiológicos, inclusive na regulação da alimentação e do peso corporal, na ingestão e retenção de fluidos, na dor, ansiedade, memória, ritmos circadianos e ciclos de sono/ despertar, e em vias de recompensa. Ao todo, há centenas de peptídeos que foram detectados no cérebro e em outros tecidos, embora apenas uma fração deles possua funções biológicas conhecidas. A atividade biológica dos peptídeos normalmente é mediada por receptores acoplados à proteína G, ou em alguns casos, por receptores ligados a enzimas (como o receptor de insulina). Como há um grande número de receptores órfãos acoplados à proteína G, é provável que haja muitos peptídeos biológicos relevantes com funções ainda não descobertas.
[0066] A fim de identificar os ligantes endógenos moduladores da
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12/25 atividade do receptor CB1, foram utilizados os anticorpos com especificidade conformacional recentemente caracterizados contra os receptores CB1 (Gupta e outros, 2007) para examinar ligantes endógenos. Foi examinado um grupo de peptídeos isolados do tecido adiposo de ratos e do cérebro de ratos, empregando-se o método descrito no pedido de patente BR 0301511-4 que emprega peptidases inativas para capturar supostos peptídeos bioativos de homogenatos de tecidos. Descobriu-se que, dentre todos os peptídeos testados, apenas um, a hemopressina (PVNFKFLSH) (SEQ ID NO: 1), conseguiu diminuir o reconhecimento pelo anticorpo; e a identificação da hemopressina como peptídeo modulador do receptor CB1 pode ser observada na figura 1A.
[0067] Na figura 1A, as membranas estriatais (5pg/poço) foram tratadas com 1μΜ de vários peptídeos e apenas a hemopressina (PVNFKFLSH) (SEQ ID NO: 1) conseguiu diminuir o reconhecimento pelo anticorpo.
[0068] Na figura 1B, as membranas estriatais ^g/peso) tratadas com 1μΜ, Hu-210 sem controle (CTL) ou com hemopressina (HP), Rimonabanto SR141716 (SR), um peptídeo desordenado (SP) mostram que, como esse anticorpo é sensível ao estado de ativação, examinouse o efeito da hemopressina no aumento induzido pelo agonista na ligação do anticorpo. SR141716 (Rimonabanto) foi utilizado como controle do antagonista do receptor CB1. Descobriu-se que o aumento induzido pelo agonista no reconhecimento do anticorpo pode ser significativamente bloqueado tanto pela hemopressina como pelo SR141716, sugerindo que a hemopressina se comporta de forma semelhante ao SR141716 e representa um antagonista de receptores CB1.
[0069] Na figura 1C, foram descritas membranas estriatais ^g/well) tratadas com peptídeos de hemopressina truncados de modo terminal-C e examinados com ELISA utilizando anticorpo receptor
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13/25 anti-CB1. Foi examinada a relação da estrutura-atividade da hemopressina utilizando-se peptídeos que são truncados de modo terminalC. Descobriu-se que a eliminação de 4 aminoácidos do terminal-C não afeta o reconhecimento do receptor CB1, sugerindo a exigência de 5 aminoácidos de terminal-N para essa atividade.
[0070] As análises das figuras 1A, 1B e 1C sugerem que a hemopressina representa um antagonista endógeno do receptor CB1.
[0071] Em seguida, foi examinada a seletividade da hemopressina para receptores CB1. Para isso, foram utilizados os anticorpos sensíveis à conformação a receptores opioides μ e δ □, receptores adrenérgicos O2a e β2, receptores angiotensina II tipo 1 e tipo 2 e receptores canabinoides CB2. Enquanto todos esses anticorpos apresentaram seletividade conformacional induzida pelo agonista, a hemopressina não foi capaz de modular o reconhecimento do anticorpo a nenhum desses receptores, com exceção dos receptores CB1. Na primeira tabela a seguir, fica claro que o anti-CB1 específico conformacional foi utilizado para examinar a capacidade da hemopressina em modular a atividade de CB1 em células SKNSH; o peptídeo desordenado não demonstrou nenhum efeito ao receptor CB1. É possível identificar, na segunda tabela, a especificidade da hemopressina para o receptor CB1 na célula SKNSH, que foi testada utilizando-se vários anticorpos conformacionais. A hemopressina age somente no receptor CB1, assim, parece que a hemopressina é altamente seletiva para receptores CB1.
% de Controle (nenhuma célula tratada)
Hu210 130,02 ± 5,91
Hp 72,30 ± 3,32
Hp + Hu210 102,06 ± 5,91
Scramble 107,08 ± 2,94
Scramble+Hu210 131,61 ± 5,36
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14/25
Agonista HP Agonista + HP
CB1 130,02 ± 5,91 72,30 ± 3,32 102,06 ± 5,91
μ Opioide 140,09 ± 6,01 105,62 ± 1,09 141,09 ± 6,46
δ Opioide 133,99 ± 10,16 100,65 ± 4,29 131,08 ± 3,35
a2A 125,43 ± 7,34 102,72 ± 2,00 130,05 ± 7,06
AT1 143,01 ± 4,26 109,65 ± 1,31 140,01 ± 1,21
AT2 134,01 ± 2,17 99,65 ± 4,71 137,10 ± 1,91
B2 153,07 ± 7,76 102,69 ± 5,31 148,81 ± 5,98
β2 150,44 ± 3,55 103,85 ± 9,29 157,40 ± 8,15
[0072] Portanto, o único modo de isolar supostos ligantes em combinação com uma análise baseada em um anticorpo específico conformacional é útil na identificação de novos ligantes de GPCR.
[0073] Como a hemopressina apresentou seletividade do receptor
CB1 e comportamento antagonista semelhante ao SR141716, um antagonista altamente seletivo de receptores canabinoides CB1; foi examinado se a hemopressina conseguiu deslocar a ligação SR141716 para receptores CB1. Descobriu-se que a hemopressina é capaz de deslocar a ligação [3H]SR141716 de receptores CB1 com alta atração, de forma idêntica ao SR141716, enquanto que um peptídeo desordenado não consegue. Os resultados podem ser observados na figura 2A onde as membranas estriatais (10 pg) foram incubadas com 3nM de [3H]SR141716 na ausência ou presença de diferentes doses (0-1 pM) de hemopressina, SR141716 ou peptídeo desordenado e na análise da ligação do ligante realizada conforme descrito (Gomes e outros, 2003).
[0074] Em seguida, examinou-se a capacidade de a hemopressina bloquear a sinalização do receptor CB1. Descobriu-se que a hemopressina é capaz de bloquear o aumento mediado pelo agonista (Hu210) na ligação de GTPyS com membranas estriatais de potência semelhante ao SR141716, como pode ser observado na Figura 2B, onde
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15/25 as Membranas Estriatais (10 pg) foram sujeitas à análise da ligação de GTPyS utilizando-se diferentes concentrações (0-1μΜ) de Hu-210, hemopressina, SR141716 ou diferentes concentrações de Hu-210 na ausência ou presença de 10 μΜ de hemopressina ou SR141716 conforme descrito (Gomes e outros, 2003; Unterwald e outros, 1999).
[0075] Descobriu-se também que a hemopressina é capaz de bloquear diminuições mediadas por agonistas em níveis de cAMP com uma potência semelhante ao SR141716, como pode ser visto na figura 2C, onde as membranas estriatais (10 pg) foram sujeitas a uma análise do adenilato ciclase utilizando-se diferentes concentrações (0-1μΜ) de Hu-210, hemopressina, SR141716 ou diferentes concentrações de Hu-210 na ausência ou presença de 10 μΜ de hemopressina ou SR141716 conforme descrito (Gomes e outros, 2003; Unterwald e outros., 1999).
[0076] Como a ativação do receptor CB1 leva a aumentos nos níveis de ERK1/2 fosforilada, também se examinou se a hemopressina poderia bloquear a fosforilação de ERK1/2 mediada por agonistas. Descobriu-se que a hemopressina é capaz de bloquear o aumento mediado por Hu-210 nos níveis de fosfo ERK1/2 de forma semelhante ao SR141716, como pode ser visto na figura 2D, onde as células HEK293 expressando receptores CB1 marcados por indicadores foram tratadas por 5 minutos com 100 nM de Hu-210 na ausência ou presença de 10μΜ de SR141716 ou hemopressina e níveis de MAP quinase fosforilada determinados como descrito (Gomes e outros, 2003); 1controle, 2-Hu-210, 3-SR141716, 4-hemopressina, 5-Hu+SR, 6Hu+hemopressina. Valores obtidos na ausência de tratamento com medicamentos foram considerados como 100%.
[0077] As análises das figuras 2A, 2B, 2C e 2D mostram resultados que demonstram que a hemopressina liga e funciona de modo semelhante ao antagonista do receptor CB1 sintético altamente seleti
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16/25 vo, o SR141716; que representa um antagonista endógeno de receptores canabinoides CB1.
[0078] Em estudos que examinam o efeito da hemopressina na sinalização, notou-se que a hemopressina, na ausência do agonista levou a diminuições na sinalização sugerindo que a hemopressina poderia funcionar como um agonista inverso. Isso foi melhor explorado utilizando-se a ligação de GTPyS, a atividade do adenilato ciclase e a fosforilação de MAPK. Em todos os casos, foi possível observar que a hemopressina, de forma semelhante ao SR141716, causa diminuições na sinalização abaixo dos níveis basais. Isso pode ser claramente observado nas figuras 3A, 3B e 3C, onde as membranas estriatais (10pg) foram sujeitas a uma análise da ligação de GTPyS (na figura 3A) ou a uma análise do adenilato ciclase (na figura 3B) utilizando-se 1μΜ de Hu-210, hemopressina ou SR141716 conforme descrito (Gomes e outros, 2003; Unterwald e outros, 1999). Na figura 3C, células HEK-293 expressando receptores CB1 marcados por indicadores foram tratadas por 5 minutos com 100 nM de Hu-210, 10μΜ de SR141716 ou hemopressina e níveis de MAP quinase fosforilada determinados como descrito (Gomes e outros, 2003).
[0079] Como demonstrado anteriormente, a ativação mediada por agonistas de receptores CB1 leva à indução do crescimento de neuritos em células Neurais 2A (Jordan e outros, 2004; He e outros, 2005). Essa análise funcional foi utilizada como resultado da atividade do receptor CB1 e examinou-se se a hemopressina é capaz de bloquear esse efeito. Descobriu-se que, como o SR141716, a hemopressina bloqueia, de forma eficiente, o crescimento de neuritos mediado por agonistas em células Neurais 2A (dados não mostrados) e que a hemopressina sozinha é capaz de diminuir o crescimento basal de neuritos, como pode ser observado na figura 3D, onde células Neurais 2A expressando, de forma endógena, receptores CB1 foram tratadas por
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17/25 horas com 100 nM de Hu-210, 10 μΜ de SR141716 ou hemopressina e a extensão de neuritos foi determinada conforme descrito (He e outros, 2005). Valores obtidos na ausência de tratamento com medicamentos foram considerados como 100%.
[0080] Portanto, a hemopressina, como o SR141716, age como agonista inverso de receptores CB1.
[0081] Em seguida, foram utilizados modelos in vivo de hiperalgesia para examinar a atividade antagônica da hemopressina. Para isso, foi utilizada a análise de pressão nas patas para testar a hiperalgesia induzida por carragena-(Cg). Nesse modelo, a hemopressina por si só não possui ação anti-hiperalgésica (Dale e outros, 2005). Primeiramente, mostrou-se que receptores CB1 estavam presentes no tecido subplantar dos ratos, como pode ser observado na figura 4.
[0082] Na figura 4, os receptores CB1 se expressam no tecido subplantar de ratos. A fração enriquecida da membrana (10 pg) obtida do tecido subplantar de ratos Wistar foi sujeita à análise Western blot, utilizando-se diluição de 1:500 do antissoro de anti-CB1 (Proteimax Biotechnology S/S LTDA, Cotia, SP, Brasil) e diluição de 1:10,000 de anticoelho IgG secundário da fosfotase alcalina. As reações foram desenvolvidas utilizando-se 1 etapa de NBT/BCIP (Pierce). Resultados semelhantes foram obtidos em todos os três experimentos independentes.
[0083] Ainda no teste in vivo, o limiar de dor foi avaliado antes (IM) e 3 horas após a hiperalgesia ter sido produzida pela administração via intraplantar de 0,1 ml de solução salina estéril contendo carragena (200 pg/pata; A, B e C) ou WIN55,212-2 (WIN; 10 pg/pata; D) na pata traseira direita. A hemopressina (10 pg/pata ou conforme indicado), AM251 (10 pg/pata) e/ ou WIN55,212-3 (10 pg/pata; WIN-3) foram administradas concomitantemente a carragena ou WIN55,212-2.
[0084] Descobriu-se que a hemopressina, nas doses indicadas
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18/25 administradas oralmente (Figura 5A) ou por via intratecal (Figura 5B), conseguiu bloquear, de forma eficiente, a hiperalgesia induzida por carragena-(Cg).
[0085] Em seguida, descobriu-se que a injeção intraplantar de hemopressina (10 pg/pata) bloqueou essa dor inflamatória da mesma forma que o antagonista de CB1 e AM251 (10 pg/pata) administrados via intraplantar reduziram a hiperalgesia induzida pela carragena (Figura 5C). Surpreendentemente, a administração intraplantar do agonista do receptor CB1 WIN55,212-2 (10 pg/pata) causa hiperalgesia semelhante a carragena (Figura 5D), que é revertida pela hemopressina e não pelo antagonista do CB2 WIN55,212-3 (Figura 5D). A injeção intraperitoneal de hemopressina (1 ou 10 pg) teve um efeito antinociceptivo notável no modelo de nocicepção visceral induzido por ácido acético nos ratos, como pode ser observado na figura 6. Na figura 6, o teste de dor foi realizado em ratos, com base em um procedimento descrito previamente (Koster e outros, 1959). Contorções abdominais resultantes da injeção intraperitoneal de 0,6% (v/v) de ácido acético (Merck, Darmstadt, Alemanha), a uma dosagem de 60 mg/kg por peso corporal, são contrações dos músculos abdominais juntamente com o estiramento dos membros traseiros. O número de contorções abdominais foi contado cumulativamente por um período de 20 minutos após a injeção do ácido acético. A hemopressina (1 ou 10 pg/0,5 mL de solução salina/ animal) foi injetada via intraperitoneal 1 hora antes da administração do ácido acético. A atividade antinociceptiva foi expressa como a redução do número de contorções abdominais entre animais tratados com o veículo e com hemopressina.
[0086] A administração intraperitoneal de hemopressina (10 pg/animal) nem prejudicou a atividade motora e nem alterou o metabolismo hepático relacionado ao tempo de sono causado por pentobarbital, indicando a ausência de anormalidades motoras ou sedativas que
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19/25 poderiam representar sua ação antinociceptiva (Figuras 7A, 7B, 7C e 7D).
[0087] Efeito da hemopressina na atividade motora espontânea e em hipnoses com pentobarbital. Possíveis mudanças na atividade motora provocadas pela hemopressina foram investigadas em um campo aberto (Broadhurst, 1960). Contadores manuais foram utilizados para registrar (figura 7A) a frequência de perambulação (locomoção) (número de pavimentos acessados) e (figura 7B) a frequência de elevação (número de vezes em que o animal permaneceu em pé apoiandose nas patas traseiras). Cada animal foi individualmente colocado no centro do campo aberto e os parâmetros comportamentais foram registrados durante 3 minutos. O campo aberto foi lavado com álcool (5%) antes que os animais fossem colocados nele, a fim de evitar possíveis efeitos tendenciosos devido a sinais de odor deixados por outros indivíduos anteriores. Esse teste foi aplicado 1 hora após a hemopressina ter sido injetada via intraperitoneal (10 pg/0.5 mL de solução salina/ animal). A tolerância metabólica à antinocicepção induzida pela hemopressina no período de sono induzido por pentobarbital foi determinada após a hemopressina ter sido injetada via intraperitoneal (10 pg/0,5 mL de solução salina/ animal). Os ratos receberam uma dose única equivalente a 45 mg/kg, via intraperitoneal, de pentobarbital sódico (Cristália®, Brasil). O período de tempo (figura 7C) para perder o reflexo do lado direito ou (figura 7D) a duração do período de sono, definido como o período desde a perda do reflexo do lado direito até sua volta, foram registrados conforme indicado anteriormente (Brigatte e outros, 2001).
[0088] Isso, aliado ao fato de que a hemopressina é capaz de exibir propriedades anti-hiperalgésicas quando administrada oralmente, gera uma base tentadora para desenvolver novos analgésicos baseados na hemopressina.
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20/25 [0089] A figura 8 mostra que um fragmento de hemopressina (NFKF) (SEQ ID NO: 2) foi suficiente para bloquear a hiperalgesia mediada por Cg. A administração intraplantar de WIN55,212-2 induziu a hiperalgesia de forma semelhante à carragena e é confirmada na figura 5D (a administração intraplantar de hemopressina (Hp; 10-20 pg/animal) bloqueou a hiperalgesia induzida por i.pl. Cg).
[0090] Portanto, a hemopressina possui maior potencial terapêutico sobre compostos já conhecidos, produzindo anti-hiperalgesia, seja administrada de forma sistêmica ou localmente.
[0091] Investigou-se o caminho envolvido na atividade antihiperalgésica da hemopressina ao examinar-se o papel dos canais de K+. Para isso, foi utilizada uma variedade de inibidores de canais de K+ (como bloqueador de glibenclamida-a de canal de K+ sensível a ATP, bloqueadores seletivos de apamina ou charybdotoxina de canais de K+ ativados por Ca2+ de grande ou pequena condução, respectivamente, e bloqueadores de 4-aminopiridina ou tetraetilamônio de canais de K+ dependentes de voltagem) em doses que foram eficazes em inibir os efeitos pré-juncionais in vivo da morfina em nervos sensoriais periféricos e os efeitos antinociceptivos da morfina no teste de formalina . Descobriu-se que a administração intraplantar de inibidores de canais de K+ ativados por Ca2+ de pequena condução, mas não canais de K+ dependentes de voltagem, reduziu significativamente o efeito da hemopressina na hiperalgesia induzida por Cg. Nenhum dos compostos, por si só, interferiram na hiperalgesia induzida por Cg. Esses dados sugerem que a hemopressina exibe seus efeitos antihiperalgésicos opondo-se ao receptor CB1 e bloqueando os canais de K+ ativados por Ca2+ de pequena condução. [Os canais de K+ recentemente foram indicados como agentes terapêuticos para modulação da dor, pois um grande número de subtipos de canais de K+ estão envolvidos na modulação de estímulos nocivos]. Estudos mostram que
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21/25 agonistas a muitos GPCRs, inclusive receptores opioides, abrem canais de K+ e isso leva à antinocicepção. Além disso, demonstrou-se que os efeitos anti-hiperalgésicos desses ligantes estão relacionados aos canais de K+ sensíveis a ATP. Um conjunto distinto de canais de K+ é ativado pela atividade do receptor CB1 e bloqueado pela hemopressina, sugerindo ser um alvo distinto para a modulação de inflamação.
[0092] A presente invenção mostra que a hemopressina é um peptídeo endógeno antagonista de receptores canabinoides CB1. Os ligantes endógenos do receptor CB1 identificados até agora são baseados em lipídeos. Embora a modulação de receptores CB1 por peptídeos tenha sido sugerida indiretamente por estudos funcionais, a identificação de tais ligantes foi elusiva até agora. A hemopressina é um ligante peptídico de receptores canabinoides CB1. A hemopressina é um peptídeo curto derivado da cadeia-β de hemoglobina.
[0093] A hemopressina foi isolada originalmente devido à sua ligação a uma oligopeptidase inativa, a partir de uma fração enriquecida de peptídeos obtida de homogenatos de cérebros de ratos (Rioli e outros, 2003). Para estabelecer que a hemopressina existe como um peptídeo nativo in vivo, foi realizada uma análise espectrométrica da massa de frações de cérebros de ratos obtidas por micro-ondas para minimizar proteólises post-mortem não específicas (Che FY, Lim J, Pan H, Biswas R, Fricker LD. Mol Cell Proteomics. 2005 Sep; 4(9):1391-405;LC/MS/MS; Heimann AS, Favarato MH, Gozzo FC, Rioli V, Carreno FR, Eberlin MN, Ferro ES, Krege JH, Krieger JE. Physiol Genomics. 2005 Jan 20;20(2):173-82). Foi possível identificar três novos peptídeos contendo hemopressina: VDPVNFKFLSH (SEQ ID NO: 3) (massa = 1302,684), RVDPVNFKFLSH (SEQ ID NO: 4) (massa =1458,758) e VDPVNFKFL (SEQ ID NO: 5) (massa = 1078,593). Esses peptídeos são derivados da cadeia-α de hemoglobina. A imuno
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22/25 histoquímica no cérebro dos ratos também sugeriu que a hemopressina pode ocorrer naturalmente nos neurônios de áreas distintas dos cérebros de ratos, como pode ser observado na figura 9, onde ratos Wistar machos pesando 150-200g foram adquiridos do alojamento de animais do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/USP, Sao Paulo) e mantidos com água e alimento ad libitum (à vontade) em um ciclo de luz/ escuridão de 12/12h. Os ratos foram anestesiados (10 mg de xilazina [Bayer, São Paulo]/ 5mg de ketamina [Virbac, São Paulo, Brasil] para 100g de peso, via intraperitoneal). Então, os ratos foram molhados com 50ml de 0,9% de NaCl contendo 100U/ml de heparina e, em seguida, com 60ml de uma solução fixadora contendo 3,75% de acroleína, 4% de paraformaldeído (PFA) em 0,1M de tampão de fosfato com pH 7.,4 (PB) e 400ml de 4% de PFA em PB. O cérebro foi dissecado e pós-fixado por imersão em 4% de PFA em PB 1h a 4 °C. Seções coronais (30pm de espessura) do cérebro foram obtidas em um vibratome; durante a divisão os pedaços foram mantidos em PB gelado. As seções do cérebro foram então tratadas com 1% de borohidreto de sódio em PB por 30 minutos, para bloquear os grupos de aldeídos livres. Após várias lavagens em PB, as seções foram incubadas em 0.3% de H2O2 em PB, para bloquear a peroxidase endógena, e em seguida, houve lavagem. As seções foram incubadas em 6% de albumina de soro bovino (BSA) e 5% de soro normal de cabra (NGS) em 0.1M de solução salina tris-tamponada com pH 7,4 (TBS). Então, as fatias do cérebro foram incubadas com anti-hemopressina de antissoro de ratos primária (Proteimax Biotechnology S/S LTDA, Cotia, SP, Brasil) diluída a 1:500 em TBS contendo 3% de NGS e 0,3% de triton X100 a 4 °C por 18 horas. Experimentos de controle (I e J) foram conduzidos de forma semelhante após a absorção do antissoro de antihemopressina em PB 6h a 4 °C com o peptídeo de hemopressina (1 mg/ml). Então, as fatias do cérebro foram lavadas e incubadas por 2
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23/25 horas à temperatura ambiente com anticoelho IgG de cabra com biotina (Sigma, Co) diluída a 1:100 em TBS contendo 1% de BSA. Após a incubação, as seções foram lavadas em TBS contendo 1% de BSA e incubadas por 1 hora com streptavidina-biotina-peroxidase (kit ABC, Laboratórios Vector). As seções foram lavadas com TBS contendo 1 % de BSA e incubadas em biotina-tiramina-peroxidase, reincubadas em ABC. Após a etapa de lavagem, a peroxidase foi desenvolvida utilizando-se 0,05% de 5',5' diaminobenzidina e 0,03% de H2O2 em TBS. As seções foram montadas em lâminas de vidro desidratadas em etanol graduado, tendo sua gordura removida em xileno e sendo cobertas por lâmina. A e B, MOp, área motora primária; C e D, MA, núcleo préóptico magnocelular; E e F, FS, fundo do striatum; G e H, ARH, núcleo arcado do hipotálamo. A, C, E, G e H, 40x de ampliação. B, D, F, I e J, 400x de ampliação da área dentro do quadrado.
[0094] Considerados juntos, esses dados sugerem que os peptídeos contendo hemopressina são gerados in vivo e representam um novo conjunto de neuropeptídeos com atividade do receptor CB1.
[0095] A presente invenção refere-se a um peptídeo com atividade de agonista inverso de receptores canabinoides CB1. Embora a modulação dos receptores CB1 por peptídeos tenha sido sugerida indiretamente por estudos funcionais, a identificação de tais ligantes foi elusiva até agora e os ligantes endógenos do receptor CB1 identificados até agora são baseados em lipídeos. A descoberta de que a hemopressina representa o primeiro peptídeo natural com atividade de agonista inverso de GPCR é animadora. O único outro caso de antagonista natural é o da proteína relacionada à cutia que funciona como um antagonista do receptor MC4 (Breit e outros, 2006 = J Biol Chem. 2006 Dec 8;281(49):37447-56). Trata-se da primeira documentação de um peptídeo que ocorre naturalmente com inquestionável atividade agonista inversa sobre um GPCR. Portanto, a hemopressina possui maior
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24/25 potencial terapêutico sobre compostos já conhecidos, produzindo antihiperalgesia quando administrada de forma sistêmica ou localmente. Além disso, a eficácia oral da hemopressina a torna uma forte candidata à nova terapia para dor em um futuro próximo.
[0096] Em uma composição farmacêutica da presente invenção, o ingrediente ativo endógeno é a Hemopressina ou um fragmento ou derivado ou imitação da hemopressina. Todas essas formas mostram um antagonista de CB1 e efeitos de agonistas reversos, bem como a hemopressina.
[0097] Formas mais curtas da hemopressina, como os peptídeos
PVNFKF (SEQ ID NO: 6) e PVNFKFL (SEQ ID NO: 7), bem como o peptídeo amidado, também mostram o antagonista de CB1 e os efeitos de agonistas reversos, de acordo com a tabela 2 a seguir:
SKNSH
SR141716A 97,42 ± 0,09
PVNFKFLSH(Hp) (SEQ ID NO: 1) 87,17 ± 0,01
PVNF (SEQ ID NO: 8) 98,21 ± 7,54
PVNFK (SEQ ID NO: 9) 111,87 ± 10,33
PVNFKF (SEQ ID NO: 6) 82,12 ± 1,37
PVNFKFL (SEQ ID NO: 7) 86,99 ± 6,24
PVNFKFLSH-NH2 (SEQ ID NO:10) 92,48 ± 1,10
FDLTADWPL (Distúrbio) (SEQ ID NO: 11) 107,08 ± 2,94
[0098] Para explorar esses resultados, uma curva de respostas às doses de HU210, HU210 mais hemopressina e de hemopressina sozinha foi analisada, mostrando que a hemopressina não é apenas um antagonista, mas também um agonista inverso do receptor CB1, como pode ser observado na figura 7, onde as células SKNSH foram tratadas com doses indicadas de cada ligante e examinadas com antissoro de CB1 por ELISA conforme descrito em Métodos. Dados de células tratadas com o veículo foram considerados como 100%. Na curva de Hu210+Hp, 1 μΜ de Hp foi acrescentado a todas as doses de Hu210.
Petição 870190042954, de 07/05/2019, pág. 29/36
25/25 [0099] Com relação ao método para tratar distúrbios alimentares abordado pela presente invenção, é necessário notar ele apresenta uma melhoria em comparação com os medicamentos já conhecidos, como o rimonabanto. Como se sabe, o rimonabanto está sendo desenvolvido como um antagonista do receptor CB1 para o tratamento da obesidade e da síndrome metabólica. Cada vez mais, seus efeitos de longo prazo parecem ser mediados perifericamente, com a diminuição mediada centralmente do consumo de alimentos sendo transitória. A hemopressina, composto peptídico utilizado na invenção, não deve apresentar penetração no sistema nervoso central e nem os indesejáveis efeitos centrais do rimonabanto, fazendo com que a Hemopressina seja uma abordagem terapêutica muito interessante (particularmente com sua atividade oral).
[00100] Embora a presente invenção e suas vantagens tenham sido descritas detalhadamente, é necessário compreender que várias mudanças, substituições e alterações poderão ser feitas sem se afastar do cerne e do escopo da invenção conforme definido pelas reivindicações apensas. Além disso, o escopo do presente pedido não pretende limitar-se às concretizações específicas do processo, máquina, fabricação, composição da matéria, meios, métodos e etapas descritas no relatório descritivo. Como um técnico no assunto apreciará, de imediato, a revelação da presente invenção; os processos, a composição da matéria, os meios, métodos e etapas, atualmente presentes ou a serem desenvolvidos mais tarde que produzam, substancialmente, o mesmo resultado que as concretizações correspondentes aqui descritas poderão ser utilizados de acordo com a presente invenção. Consequentemente, as reivindicações apenas devem ser incluídas no escopo.

Claims (6)

  1. REIVINDICAÇÕES
    1. Composição farmacêutica caracterizada pelo fato de que compreende: hemopressina e um veículo farmaceuticamente aceitável, em que a Hemopressina consiste na sequência de aminoácidos PVNFKFLSH (SEQ ID NO: 1).
  2. 2. Composição farmacêutica, de acordo com a reivindicação 1, caracterizada pelo fato de que a hemopressina é administrada em uma dose variando de 0,05 a 1,00 miligrama por kilograma de peso corporal.
  3. 3. Composição farmacêutica, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 ou 2, caracterizada pelo fato de que a hemopressina é administrada em uma dose variando de 0,05 a 50 microgramas por kilograma de peso corporal.
  4. 4. Composição farmacêutica, de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizada pelo fato de que o veículo farmaceuticamente aceitável é uma solução estéril isosmótica com a mesma pressão osmótica de uma solução isotônica de sangue.
  5. 5. Uso de uma composição farmacêutica conforme definida em qualquer uma das reivindicações 1 a 4, caracterizado pelo fato de ser para preparar um medicamento para o tratamento de inflamações e/ou hiperalgesia e/ou distúrbios alimentares de forma preventiva ou combativa.
  6. 6. Uso de acordo com a reivindicação 5, caracterizado pelo fato de que o medicamento é anti-hiperalgésico.
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