CONJUNTO PARA CORTE DE BASE RADIAL CONTÍNUO COMPOSTO POR DISCO DE MONTAGEM ESPAÇADOR, DISCO DE BASE PORTA-SERRA ALETADO E SEGMENTOS DE SERRA DE CORTE. 1. A presente patente de modelo de utilidade refere-se a soluções inovadoras para o corte de base realizado pelas colhedoras de cana-de-açúcar, consistente de um conjunto composto por disco de montagem espaçador, disco de base porta-serra aletado e segmentos de serra de corte; todo o conjunto é acoplado aos eixos rotacionais das máquinas colhedoras e permite a fácil e rápida substituição dos elementos cortantes, garantindo assim eficiência e produtividade a todo o sistema, além de assegurar maior longevidade às touceiras da cana, pois não há arranque por impactos ou estilhaçamento na porção basal da cultura. 2. O modelo de utilidade aqui detalhado pertence à área das necessidades humanas relativas à agricultura, especificamente para as necessidades de colheita de culturas verticais, como é o caso da cana-de-açúcar. 3. O Brasil tem se destacado na produção agrícola mundial alcançando, a cada ano, altos índices de produtividade e eficiência, sendo um dos grandes exportadores mundiais de alimentos. Na produção agrícola do país destaca-se a cultura de cana-de-açúcar, com vistas à produção de açúcar e de álcool combustível. 4. Nos últimos anos têm havido uma intensa mecanização de tal cultura, em especial no momento de sua colheita, que era realizada apenas com o emprego de trabalhadores braçais. 5. Com a introdução de máquinas colhedoras de cana-de-açúcar, melhorou significativamente a rapidez da colheita além de diminuir a quantidade de emissões poluentes na atmosfera, pois agora colhe-se sem a necessidade de queimar os canaviais. 6. Contudo, como não podia ser diferente, novos problemas surgiram, havendo inclusive perda de produtividade e, em especial, a questão da degradação precoce dos canaviais que, no sistema de corte manual, era replantado, em alguns casos, em até dez anos; agora, com o sistema de corte mecanizado, esse prazo tem sido reduzido, em muitas áreas, para apenas cerca de quatro anos, aumentando consideravelmente os custos de produção e a carga de emissão de poluentes e maior uso de agrotóxicos por conta desse replantio precoce. 7. É que os sistemas de corte-de-base empregados hoje utilizam-se basicamente de facas de corte acopladas aos sistemas rotacionais das colhedoras. Tais facas perdem rapidamente o fio de corte, acabando por literalmente arrancar a planta ou estilhaçar a soqueira da cana, em vez de simplesmente cortá-la. Esse arranque ou estilhaçamento incide diretamente na produtividade que, em poucos anos, precisa ser replantada. 8. É que esse sistema de corte, normalmente, é composto de um par de eixos rotativos aos quais são fixados, preferencialmente por parafusos, os discos de corte convencionais dotados de lâminas de corte. Esses discos são entrepostos horizontalmente e com rotação em sentidos opostos, de modo a puxar e cortar a haste da cana para o interior da máquina, sendo que o corte deve ser o mais próximo possível do solo, para um maior aproveitamento da planta. 9. As ditas lâminas de corte hoje utilizadas perdem o fio de corte aproximadamente após cerca de 3 horas de trabalho, passando a cortar a planta apenas aos golpes. Após apenas 10 horas trabalhadas, aproximadamente, essas facas convencionais exigem uma paralisação da máquina a fim de invertê-las, buscando a outra face da lâmina que não estava em uso, repetindo-se o ciclo de vida útil já descrito. Assim, do ciclo total de utilização de cada lâmina convencional, apenas 1/3 é trabalhado com o fio ainda cortante. Ou seja, nos outros 2/3 desse tempo, aproximadamente, a cultura é cortada a golpes, sendo praticamente arrancada ou estilhaçada, o que danifica a soqueira da cana-de-açúcar. 10. E, ainda que as lâminas do sistema atual fossem autoafiantes, isto é, mantendo-se o fio por maior tempo, esse sistema de corte por impactos permanecería, continuando a causar os problemas acima descritos. 11. Para solucionar estes e outros problemas é que desenvolvemos esse novo conjunto para o corte basal em serra circular segmentada, dotado de eficiente sistema de fixação que permite a troca rápida dos elementos cortantes. Além disso, por conta da disposição dos ditos elementos cortantes, a haste da cana-de-açúcar é efetivamente serrada, sem causar danos às soqueiras da cultura, evitando a degradação precoce da plantação. 12. O conjunto também permite a substituição apenas dos segmentos da serra circular que, por ventura, venham a ser danificados por tocos ou pedras, ou outras impurezas do solo, durante a operação. 13. Uma outra importante característica desse novo sistema é o corte suavizado, gradativo e mais efetivo, por verdadeiramente serrar a haste da cana, por conta da disposição de pontos de corte em toda a extensão da serra segmentada, conforme restará demonstrado. 14. Para melhor entendimento do sistema aqui desenvolvido nos valemos das figuras abaixo relacionadas: • As figuras 1, 2 e 3 mostram o disco de montagem espaçador(l), que é instalado em um dos eixos rotacionais da colhedora, apenas para prover a distância necessária à sobreposição das serras segmentadas de corte(3) propriamente ditos; • As figuras 4 e 5 mostram o disco de base(2) porta-serra aletado que é acoplado aos eixos rotacionais da colhedora e que recebe as serras segmentadas de corte(3); • A figura 6 mostra o mesmo disco de base(2) porta-serra aletado em vista lateral; • As figuras 7 e 8 mostram um segmento(4) da serra segmentada de corte(3); • O Detalhe A mostra os dentes de corte(5) do segmento (4); • A figura 9 mostra o segmento(ll) de serra de corte com dentes de secção variável; • O Detalhe B mostra porção dos dentes de secção variável(12) • A figura 10 mostra o conjunto completo, em sua vista inferior, pronto para ser acoplado ao eixo rotacional da colhedora de cana. 15. O disco de montagem espaçador(l) é construído em material resistente com 10 mm de espessura e 276 mm de diâmetro; tem uma circunferência vazada concêntrica de 200 mm, formando um aro com cerca de 76 mm de perfil(5). No ponto médio desse perfil são feitos 5 furos passantes(6) de 16 mm de diâmetro, dispostos de forma equidistante por toda a circunferência. 16. O disco de base(2) porta-serra aletado tem 542 mm de diâmetro, com uma circunferência concêntrica vazada de 200 mm. 17. Tendo por base o centro dessa circunferência, são feitos 5 furos passantes(óa), distribuídos de forma equidistante num raio de 119 mm a partir do centro; furos com a mesma medida do furo passante(6) do disco de montagem espaçador(l). 18. Também tendo por base o centro da circunferência, são feitos outros 6 furos passantes(ób), distribuídos de forma equidistante num raio de 252 mm a partir do centro, com diâmetro de 21,8 mm. 19. Na borda do disco de base(2) porta-serra aletado são feitas 6 aletas(7); essas aletas(7) são feitas com um corte em L a partir da borda do disco de base(6) porta-serra aletado em direção ao centro por 70 mm, formando um arco de 37°. Aparte sobressaltada dessa aleta(7) tem a função de proteger as porcas de fixação(8) de impactos e desgastes, bem como melhoram a vazão e direcionamento do material cortado para o seu devido processamento. 20. A serra segmentada de corte(3) é constituída por 6 segmentos de corte(4) em forma de arco tendo seus vértices 60° de distância um do outro, obviamente com os dentes de corte(5) no lado externo. 21. Esses segmentos de corte(4) são encaixados no disco de base(2) porta-serra aletado através dos semicírculos(9) existentes nas suas extremidades internas, com o uso do parafuso(lO) e porca de fixação(8). 22. Os dentes de corte(5) do segmento de corte(4) têm 5,12 mm de largura, 20 mm de profundidade de corte, e distam 5,12 mm entre si. 23. Uma variante do sistema pode ser obtida com o uso de segmentos(l 1) de serra de corte com dentes de secção variável. Esta geometria tem por objetivo tomar os dentes de secção variável(12) estruturalmente mais resistentes a pequenos impactos, tomando-os com vida útil de corte por todo o comprimento do dente, pois à medida que o mesmo é desgastado, novas secções assumem a afiação contínua para o prosseguimento eficaz da colheita. 24. Esse segmento(ll) de serra de corte com dentes de secção variável tem o mesmo formato do segmento de corte(4); a diferença está nos dentes de secção variável(12), justamente atingindo o objetivo proposto no fim do parágrafo anterior. 25. A montagem de todo o sistema é simples, devendo ser lembrado, apenas, que as serras segmentadas de corte(3) em cada um dos eixos rotacionais da colhedora, depois de montadas, ficam sobrepostos, isto é, em um dos eixos deve ser colocado o disco de montagem espaçador(l). 26. Essa sobreposição tem por objetivo a abrangência total de corte na linha de avanço da colhedora sobre a cultura, mesmo quando a circunferência das serras de corte é diminuída com o desgaste dos dentes de corte. Quando o desgaste for tal que não haja mais essa sobreposição das serras, indica a necessidade de substituição dos segmentos de corte. 27. Todas as peças podem ser fabricadas com ligas metálicas e os dentes de corte(5), tanto dos segmentos(4) convencionais de serra de corte, quanto nos segmentos(l 1) com dentes de secção variável, são revestidos superficialmente, em uma das faces, com ligas de alta resistência à abrasão como, por exemplo, carbeto de tungstênio. 28. As medidas aqui apresentadas são aproximadas, podendo variar de acordo com o modelo da colhedora de cana e, principalmente, de acordo com a distância entre os eixos rotacionais da mesma.