BR112021012593A2

BR112021012593A2 - Um tubo melhorado para um catéter uretral e um catéter que o compreende

Info

Publication number: BR112021012593A2
Application number: BR112021012593-0A
Authority: BR
Inventors: Jose Antonio Pacheco Dos Santos Dias
Original assignee: Jose Antonio Pacheco Dos Santos Dias
Priority date: 2018-12-27
Filing date: 2019-12-17
Publication date: 2021-09-08
Also published as: EP3902590B1; MA54603A; EP3902590C0; MA54603B1; WO2020136503A1; US20220072284A1; EP3902590A1

Abstract

um tubo melhorado para um catéter uretral e um catéter que o compreende. a presente invenção está inserida na área dos cateteres uretrais multidireccionais, que são adequados para drenar urina ou sangue da bexiga de um paciente. a presente invenção compreende um tubo para um cateter uretral (1) composto de pelo menos três canais, em que uma abertura de instilação (2), pelo menos uma abertura de drenagem (3), e um balão distal (4) são formados no tubo e ligados a diferentes canais, o balão distal (4) é formado na ponta do tubo e a abertura de instilação (2) é disposta de tal forma que o líquido de instilação que sai dessa abertura atinge diretamente o balão distal (4), quando o balão distal (4) é insuflado. o posicionamento relativo da abertura da instilação (2) e do balão distal (4), combinado com o balão distal (4) posicionado na ponta do tubo, prevê que o líquido de instilação que sai da abertura seja espalhado através da bexiga, depois de atingir o balão distal (4). um cateter uretral (1) que inclui esse tubo também faz parte da presente invenção.

Description

UM TUBO MELHORADO PARA UM CATÉTER URETRAL E UM CATÉTER QUE O COMPREENDE CAMPO DA INVENÇÃO

[01] A presente invenção está inserida na área dos cateteres uretrais multidireccionais, que são adequados para drenar urina ou sangue da bexiga de um paciente.

ANTECEDENTES DA TÉCNICA

[02] A formação de coágulos dentro da bexiga é um grande problema na medicina e, até agora, ainda não foi resolvido. A formação de coágulos ocorre pela presença de sangue dentro da bexiga, quer em doentes cateterizados ou não cateterizados, após cirurgia (urológica ou não) ou noutros contextos.

[03] O número de causas de hemorragia na bexiga é variado, desde tumores muito frequentes e graves da bexiga, rins ou ureteres, até doenças benignas, também muito vulgares, tais como doenças da próstata, litíase (pedras urinárias), infeções, outras doenças dos rins e ureteres, doenças sistémicas como sejam doenças hematológicas e secundárias a vários tratamentos e medicamentos, entre outras. Este tipo de hemorragia é quase universal no período pós-operatório de múltiplas cirurgias urológicas.

[04] Este problema ocorre tanto no ambiente hospitalar/de internamento como no ambiente ambulatório, fora do ambiente da unidade de saúde (i.e., com pacientes externos), o que resulta em muitos pacientes terem de ser tratados e cateterizados como resultado de hemorragias.

[05] Muitos são os casos em que os doentes são cateterizados porque não podem urinar, mas também muitas são as outras situações médicas em que tais dispositivos são necessários - por exemplo, para medir a quantidade de urina produzida. Atualmente, os doentes estão a receber medicamentos para combater a formação de trombos (que causam derrames), como sejam agentes antiplaquetários e anti- coagulantes. Estas drogas contribuem ainda mais para a hemorragia urinária e para um risco acrescido da formação de coágulos e entupimento dos cateteres.

[06] Um problema adicional, não resolvido, é a obstrução frequente e recorrente do cateter (cateteres para drenagem da bexiga, para drenar a urina dentro deste órgão), especificamente o entupimento causado por coágulos nestes cateteres, que consistem numa causa importante de sofrimento para o doente cateterizado, nomeadamente dor severa e desconforto devido à distensão da bexiga. Este entupimento aumenta significativamente o risco de traumatismo do trato urinário e infeção, pela manipulação que a limpeza do coágulo no cateter requer, nomeadamente através da lavagem vesical, instilação de líquido na bexiga, substituição do cateter, etc.

[07] Este problema aparentemente simples consome inúmeros recursos, tanto de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros, auxiliares de cirurgia) como de equipamentos, dispositivos e acessórios. Consiste, além disso, numa causa de sofrimento pronunciado dos doentes afetados (ao parar o correto esvaziamento da bexiga e a sensação de repleção que assim é causada), com dor intensa.

[08] Este problema também aumenta o risco de infeção hospitalar, o tempo de hospitalização e o número e gravidade das complicações associadas. Ao aumentar o tempo em que os pacientes estão acamados, o número de manobras e manipulações relacionadas com o cateter (tais como lavagens contínuas e manuais) desencadeia o risco de complicações trombo-embólicas, complicações infeciosas, traumáticas para o trato urinário e consumo de medicamentos, entre outras.

[09] Os cateteres que proprcionam a drenagem ativa da bexiga são conhecidos na técnica, nomeadamente os cateteres de três vias como a das soluções divulgadas no pedido de patente US 2006/0064065, em que um líquido de instilação é proporcionado através do cateter e para a bexiga, em que esse líquido e o conteúdo da bexiga saem em seguida da bexiga através de uma ou mais aberturas de drenagem formadas no cateter e ligadas a outra das vias. Tais cateteres também aplicam o princípio do cateter de Foley (como é também o caso das soluções da US 2006/0064065), no qual um balão formado no tubo do cateter é preenchido, de modo a que a ponta do cateter permaneça em posição, dentro da bexiga, durante a operação.

[010] No entanto, tais cateteres não permitem uma drenagem correta e eficaz da bexiga, especialmente em casos de hemorragia dentro da bexiga, ou seja, quando independentemente da causa há sangue neste órgão, o que pode levar à formação de coágulos.

[011] O tubo multicanal e o cateter da presente invenção, através das suas características inovadoras e diferenciadoras, superam estas questões, o que facilita uma eliminação contínua e abundante tanto do líquido dentro da bexiga como de quaisquer pequenos coágulos que se formem na bexiga.

RESUMO DA INVENÇÃO

[012] É, portanto, um objetivo da presente invenção um tubo para um cateter uretral (1) constituído por pelo menos três canais, em que: − uma abertura de instilação (2), − pelo menos uma abertura de drenagem (3), e

− um balão distal (4),

[013] são formados no tubo e ligados a diferentes canais, o balão distal (4) é formado na ponta do tubo e cada abertura de instilação (2) é disposta de tal forma que o líquido de instilação que sai dessa abertura atinge diretamente o balão distal (4), quando o balão distal (4) é insuflado, espalhando-se assim através da bexiga de um paciente, quando em operação. O posicionamento relativo da abertura da instilação (2) e do balão distal (4), juntamente com o facto do balão distal (4) ser posicionado na ponta do tubo, permite que o líquido de instilação que sai da abertura seja espalhado através da bexiga, depois de atingir o balão distal (4).

[014] O tubo da presente invenção limita assim a estase/ estagnação urinária na bexiga, em particular do sangue nela presente, o que impede a formação de coágulos e a consequente obstrução do cateter. Permite reduzir drasticamente a necessidade de cuidados médicos e de enfermagem em pacientes hospitalizados, seja em cirurgias urológicas pós-operatórias ou em outros contextos e situações clínicas.

[015] Numa configuração vantajosa do tubo da presente invenção, compreende ainda um balão proximal (5) que consiste num balão tipo Foley, em que a abertura da instilação (2) disposta entre os dois balões. Assim, o balão proximal (5) prevê que a ponta do tubo seja corretamente mantida numa posição desejada dentro da bexiga e não obstrui a referida operação da abertura da instilação (2).

[016] Num outro aspeto inventivo do tubo da presente invenção, o balão distal (4) tem uma forma com uma secção transversal circunferencial e a superfície do balão distal (4) é estriada por uma pluralidade de estrias e nódulos circunferenciais (6) dispostos nessa superfície, em que as estrias e os nódulos (6) dispostos longitudinalmente,

circunferencialmente ou em espiral. Tal forma e configuração estriada permitem que o líquido de instilação que penetra na bexiga adquira um movimento de redemoinho, em particular um movimento helicoidal ao bater nas estrias e nódulos (6) dispostos longitudinalmente, circunferencialmente ou em espiral na superfície. Preferivelmente, o balão distal (4) tem uma forma substancialmente cónica e a sua área de menor diâmetro está virada para o tubo. Tal forma proporciona um movimento de turbilhão melhorado do líquido da instilação. Alternativamente, e embora não seja eficiente mas mais fácil de produzir, o balão distal (4) tem uma forma esférica. O movimento de redemoinho permite reduzir altamente a estase/estagnação na bexiga.

[017] É também um objetivo da presente invenção um cateter uretral (1) que compreende pelo menos três aberturas externas (7) e um tubo como de qualquer uma das configurações descritas, em que cada canal do tubo se pode ligar a uma das aberturas externas (7). Este cateter prevê as vantagens descritas para o tubo da presente invenção.

DESCRIÇÃO DAS FIGURAS

[018] Figura 1 - representação de uma forma de realização do cateter uretral (1) da presente invenção, que compreende três aberturas externas (7) e o tubo da presente invenção com três canais, em que cada canal do tubo está ligado a uma das aberturas externas (7). O tubo compreende uma abertura de instilação (2), várias aberturas de drenagem (3) e um balão distal (4). Estes estão ligados a diferentes canais. Na figura 1, o cateter não é apresentado na sua totalidade, o qual pode ser mais longo ou mais curto. Os balões não são preenchidos. Embora não seja visto na presente figura, o cateter contém um balão distal (4) e um balão proximal (5) (ver Figura 2).

[019] Figura 2 - representação da mesma forma de realização do cateter uretral (1) da Figura 1, no presente caso em que o ar foi inserido através da abertura ligada por um canal aos balões distal e proximal (5), por meio de uma seringa (8) e os balões são assim enchidos.

[020] Figura 3 - representação da parte distal do cateter/tubo, que contém os balões distal e proximal (5). O balão distal (4), que tem uma forma com uma secção transversal circunferencial e a superfície do balão distal (4) é estriada por uma pluralidade de estrias e nódulos circunferenciais (6) dispostos nessa superfície, em que as estrias e os nódulos (6) estão dispostos em espiral. Tal forma e configuração estriada permitem que o líquido de instilação que penetra na bexiga adquira um movimento de redemoinho, em particular um movimento helicoidal, ao bater nas estrias e nódulos (6) dispostos em espiral na superfície. O balão distal (4) tem uma forma substancialmente cónica e a sua área de menor diâmetro está virada para o tubo.

[021] Figura 4 - representação da parte distal do cateter/tubo, que contém os balões distal e proximal (5). Neste caso e em relação à figura 3, as estrias e os nódulos (6) estão dispostos longitudinalmente.

DESCRIÇÃO DETALHADA

[022] As configurações mais gerais e vantajosas da presente invenção são descritas no Resumo da invenção. Tais configurações são detalhadas em seguida, de acordo com outras formas de realização vantajosas e/ou preferidas da aplicação da presente invenção.

[023] Numa forma de realização preferida e inventiva do tubo da presente invenção, compreende apenas três canais e os dois balões estão ligados a um mesmo canal, em que o balão distal (4) é insuflável ao mesmo tempo ou após a inflação do balão proximal (5) através desse canal. Portanto, um mesmo canal pode ser utilizado para inflar os dois balões, o que evita assim a formação (mais complicada) de um canal adicional (para o segundo balão) no tubo, o que diminuiria a secção do tubo disponível para drenagem. Alternativamente, e embora mais complicado de produzir, é também possível proporcionar um tubo que compreende pelo menos quatro canais e os dois balões estão ligados a dois canais diferentes, em que cada um dos dois balões é insuflável de forma independente através de cada um dos referidos dois canais diferentes.

[024] Preferivelmente, as aberturas de drenagem têm uma forma oval e/ou estão uniformemente dispostas/distribuídas entre os dois balões e sobre a circunferência da superfície do tubo. Entre os balões podem existir 2 ou 3 orifícios. No caso de dois orifícios, cada um deles está separado por 5 até 10 mm, em lados opostos do cateter, com o seu centro afastado 180° um do outro (visto de uma vista seccional do cateter). No caso de 3 orifícios, o seu centro está a 120° um do outro, quando visto de uma vista seccional do cateter. Uma abertura adicional pode ser localizada na ponta do tubo (no centro do cateter e do balão).

[025] Preferivelmente, o material do tubo é constituído por látex, silicone ou um polímero de silicone, opcionalmente um polímero de silicone inerte (ou seja, os mesmos materiais de que são feitos os outros cateteres normais da bexiga), ou outros materiais semelhantes.

[026] Preferivelmente, as aberturas de drenagem (3) são dispostas entre os dois balões, preferivelmente cada abertura de instilação (2) é disposta entre o balão distal (4) e as aberturas de drenagem (3). Pode haver um orifício adicional na ponta do cateter, dentro do balão distal (4).

[027] O cateter da presente invenção pode ter duas configurações principais no que respeita ao número de aberturas exteriores (7):

compreende apenas três aberturas exteriores (7) - que consistem em duas entradas e uma saída - e o tubo está de acordo com a reivindicação 6 ou compreende pelo menos quatro aberturas exteriores (7) - que consistem em três entradas e uma saída - e o tubo está de acordo com a reivindicação 7.

[028] Num aspeto inventivo do cateter da presente invenção, ele compreende um tubo com um balão distal e um proximal (5), e cada entrada que se pode ligar ao canal do tubo, que por sua vez está ligado aos dois balões, tem uma válvula, em que essa válvula é tal que tem um limiar mínimo de pressão que impede qualquer um dos balões de deflacionar. Assim, proporciona uma única entrada/canal para os dois balões. Alternativamente, o cateter compreende um tubo com um balão distal e um proximal (5), em que as aberturas externas (7) e o tubo com os balões são formados numa única peça ou as aberturas externas (7) são separadas do tubo com os balões, e podem ser ligadas ao tubo com os balões.

[029] Como será claro para um especialista na técnica, a presente invenção não se deve limitar às formas de realização aqui descritas neste documento e são possíveis algumas alterações que se mantêm no âmbito da presente invenção.

[030] Naturalmente, as formas de realização preferidas apresentadas anteriormente são combináveis, nas diferentes formas possíveis, sendo que se evita aqui a repetição de todas essas combinações.

Claims

REIVINDICAÇÕES:

1. Um tubo para um cateter uretral (1) caracterizado por compreender pelo menos três canais, em que: − uma abertura de instilação (2), − pelo menos uma abertura de drenagem (3), e − um balão distal (4), são formados no tubo e ligados a diferentes canais, o balão distal (4) é formado na ponta do tubo e cada abertura de instilação (2) é disposta de tal forma que o líquido de instilação que sai de tais aberturas atinge diretamente o balão distal (4), quando o balão distal (4) é insuflado.

2. Um tubo, de acordo com a reivindicação anterior, caracterizado por em que é ainda composto por um balão proximal (5) que consiste num balão tipo Foley, em que a abertura da instilação (2) está disposta entre os dois balões.

3. Um tubo, de acordo com qualquer das reivindicações anteriores, caracterizado por no qual o balão distal (4) tem uma forma com uma secção transversal circunferencial e a superfície do balão distal (4) é estriada por uma pluralidade de estrias e nódulos (6) dispostos nessa superfície, em que as estrias e os nódulos (6) estão dispostos longitudinalmente, circunferencialmente ou em espiral.

4. Um tubo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 2-3, caracterizado por em que o balão distal (4) tem uma forma substancialmente cónica e a sua área de menor diâmetro está virada para o tubo.

5. Um tubo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 2-4, caracterizado por em que o balão distal (4) tem uma forma esférica.

6. Um tubo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 2-5, caracterizado por em que compreende apenas três canais e os dois balões estão ligados a um mesmo canal, em que o balão distal (4) é insuflável ao mesmo tempo ou após a inflação do balão proximal (5) através do tal canal.

7. Um tubo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 2-6, caracterizado por em que compreende pelo menos quatro canais e os dois balões estão ligados a dois canais diferentes, em que cada um dos dois balões é assim independentemente insuflável através de cada um dos referidos dois canais diferentes.

8. Um tubo, de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizado por em que as aberturas de drenagem têm uma forma oval e/ou estão uniformemente dispostas/distribuídas entre os dois balões e sobre a circunferência da superfície do tubo.

9. Um tubo, de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizado por em que inclui ainda uma abertura de drenagem adicional, localizada na ponta do tubo.

10. Um tubo, de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, caracterizado por em que o material de que é feito consiste em látex, silicone ou um polímero de silicone, opcionalmente um polímero de silicone inerte.

11. Um tubo, de acordo com qualquer uma das reivindicações 2-10, caracterizado por em que as aberturas de drenagem (3) estão dispostas entre os dois balões, preferivelmente cada abertura de instilação (2) está disposta entre o balão distal (4) e as aberturas de drenagem (3).

12. Um cateter uretral (1) caracterizado por incluir pelo menos três aberturas externas (7) e um tubo de acordo com qualquer uma das reivindicações anteriores, em que cada canal do tubo pode ser ligado a uma das aberturas externas (7).

13. Um cateter, de acordo com a reivindicação anterior, caracterizado por em que compreende apenas três aberturas externas (7) e o tubo é de acordo com a reivindicação 6, ou compreende pelo menos quatro aberturas externas (7) e o tubo é de acordo com a reivindicação 7.

14. Um cateter, de acordo com qualquer uma das reivindicações 12- 13, caracterizado por em que o tubo está de acordo com qualquer uma das reivindicações 2-10 e cada entrada que se pode ligar ao canal do tubo que, por sua vez, está ligado aos dois balões, tem uma válvula em que essa válvula é tal que tem um limiar mínimo de pressão que impede qualquer um dos balões de deflacionar.

15. Um cateter, de acordo com qualquer uma das reivindicações 12- 14, caracterizado por em que o tubo está de acordo com qualquer uma das reivindicações 2-11 e as aberturas externas (7) e o tubo com os balões são formados numa única peça, ou as aberturas externas (7) são separadas do tubo com os balões, e podem ser ligadas ao tubo com os balões.