BR112018014384B1 - Macho de fundição refratário, e, método para fabricação de um aerofólio de motor de turbina oco - Google Patents
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Abstract
Um núcleo refratário (12) para fabricação de um aerofólio de motor de turbina oco (10) utilizando a técnica de fundição por cera perdida, o núcleo compreendendo um corpo principal (14) e pelo menos uma casca (16) conectada ao corpo principal (14) e definindo uma cavidade (18) entre o corpo principal e a casca, a casca (16) sendo configurada para entrar em contato com o aerofólio (10) durante a fabricação.
Description
[001] A presente invenção refere-se a uma fundição do tipo por cera perdida e, mais particularmente, a um macho de fundição refratário para a fabricação de um aerofólio de motor de turbina oco por meio de fundição por cera perdida.
[002] De um modo conhecido, um motor de turbina tem uma câmara de combustão na qual o ar e o combustível são misturados antes de serem aí queimados. O gás resultante desta combustão flui a jusante da câmara de combustão e alimenta, subsequentemente, uma turbina de alta pressão e uma turbina de baixa pressão. Cada turbina tem uma ou mais fileiras de aerofólios fixos que constituem palhetas-guia que se alternam com uma ou mais fileiras de aerofólios móveis que constituem lâminas (discos laminados ou discos integrados com lâminas) nos quais os aerofólios são separados circunferencialmente em torno de todo o rotor da turbina. Esses aerofólios da turbina são submetidos a temperaturas muito elevadas de gás de combustão, cujas temperaturas podem alcançar valores que estão bem acima das temperaturas que os aerofólios em contato com o gás podem suportar sem danos, o que implica que é necessário resfriá-los continuamente por meio de respectivos circuitos de resfriamento integrado, onde tal circuito inclui cavidades múltiplas quando se deseja prover resfriamento eficaz e preciso sem aumentar significativamente a taxa de fluxo de ar e sem prejudicar o desempenho do motor. Os aerofólios ocos formados desse modo são fabricados pelo chamado método de fundição “por cera perdida”, que requer o uso de um macho de fundição ou parte de modelo tendo uma superfície externa que corresponde à superfície interna do aerofólio que recebeu acabamento, conforme descrito no pedido FR 2 961 552 depositado no nome do requerente.
[003] Na técnica atualmente em uso, um macho de fundição refratário feito de cerâmica é colocado em um molde e, a seguir, um metal, ou liga de metal, é fundido entre o molde e o macho de fundição para formar o aerofólio. Ao resfriar, devido à diferença em coeficientes de expansão térmica para o metal e o macho de fundição, o aerofólio de metal encolhe mais do que o macho de fundição de cerâmica, de modo que o macho de fundição de cerâmica exerça, então, força sobre aerofólio de metal, o que induz a tensões no mesmo. Com os aerofólios monocristalinos, as tensões que são induzidas podem levar à recristalização, que é incompatível com o aerofólio que está sendo usado.
[004] A invenção procura solucionar tais desvantagens, pelo menos em parte.
[005] Para este fim, a presente descrição refere-se a um macho de fundição refratário para a fabricação de um aerofólio de motor de turbina oco que usa a técnica de fundição por cera perdida, o macho de fundição compreendendo um corpo principal e pelo menos uma casca conectada ao corpo principal e definindo uma cavidade entre o corpo principal e a casca, a casca sendo configurada para entrar em contato com o aerofólio durante a fabricação.
[006] Na presente descrição, o termo “refratário” designa um material que suporta altas temperaturas, de modo suficiente para ser adequado para uso em uma fundição por cera perdida de um aerofólio de motor de turbina. O material refratário que compõe o macho de fundição pode ser um material cerâmico, por exemplo, um material refratário baseado em alumina (Al2O3), em sílica (SiO2), ou em zircônia (ZrO2). O macho de fundição refratário também pode ser feito de metal refratário. Em um exemplo, o macho de fundição refratário pode compreender, essencialmente, um dos seguintes elementos: Si, Hf, Ta, B, W, Ti, Nb, Zr, Mo, V. Além disso, o macho de fundição refratário apresenta desempenho mecânico elástico e frágil.
[007] A menos que especificado de outro modo, o significado de “uma” ou “a” casca usado abaixo é pelo menos “uma” ou “a pelo menos uma” ou, na verdade, “cada” casca. De modo oposto, o uso genérico do plural pode incluir o singular.
[008] O macho de fundição estende-se em uma direção longitudinal. A direção longitudinal do macho de fundição corresponde à direção longitudinal do aerofólio, cuja direção se estende da raiz do aerofólio até a ponta do aerofólio. As seções perpendiculares à direção longitudinal são referidas como seções transversais. Vista em seção transversal, a cavidade é fechada, de modo que o metal possa ser fundido em torno do macho de fundição e, assim, em torno da casca, sem penetrar na cavidade.
[009] A casca pode se encaixar no corpo principal, ou pode ser feita integralmente com o corpo principal.
[0010] A cavidade formada pela casca e o corpo principal não é porosa, mas é uma cavidade macroscópica. Em particular, na seção transversal, o diâmetro médio da cavidade é da ordem de poucos décimos de um milímetro a poucos milímetros.
[0011] Devido à cavidade, a casca pode se retrair quando submetida a forças aplicadas na parte externa da cavidade, em particular forças causadas pelo encolhimento do metal quando este resfria. O rompimento da casca libera espaço que permite que o metal encolha livremente, tendo, então, o efeito de reduzir as tensões residuais no metal durante o resfriamento. Devido a tal macho de fundição, torna-se possível fundir os aerofólios monocristalinos ocos enquanto se evita qualquer recristalização devido a tensões excessivas no metal, mesmo para as formas do aerofólio que normalmente apresentam altas concentrações de tensão.
[0012] Além disso, a casca também é submetida a forças enquanto o metal está sendo fundido. Apesar disso, essas forças são muito menores do que as forças que atuam na casca durante o resfriamento do metal. Dado o conhecimento geral da pessoa versada na técnica, é possível, então, dimensionar a casca de modo que este suporte a fundição do metal e rompa a partir de um certo nível de tensão enquanto o metal é resfriado.
[0013] A presente descrição também provê a fabricação de um macho de fundição, conforme descrito acima, por meio de produção aditiva, por exemplo, estereolitografia.
[0014] Em algumas modalidades, a casca define um volume que é convexo. Deve-se lembrar que um volume (ou uma superfície) que é convexo é um volume (ou uma superfície) tal que, para quaisquer dois pontos de tal volume (ou de tal superfície), o segmento de linha reta que conecta dois pontos está contido inteiramente dentro do volume (ou da superfície). Em particular, vista em uma, ou qualquer, seção transversal, a casca define uma superfície que é convexa. Tal forma é vantajosa no sentido de que as tensões se concentram em zonas de curvatura elevada.
[0015] Em algumas modalidades, o corpo principal é sólido. Na presente descrição, o termo “sólido” significa que o corpo principal não tem quaisquer orifícios e não é poroso. Nessas modalidades, o corpo principal é denso e compacto. Assim, apesar da presença da cavidade, o macho de fundição refratário, como um todo, conserva rigidez suficiente na curvatura. Além disso, as zonas que apresentam cavidades, por exemplo, as cascas, são usadas apenas em zonas do aerofólio que são submetidas a altos níveis de tensão enquanto resfriam.
[0016] Em algumas modalidades, o corpo principal entra em contato com o aerofólio, em particular com as porções onde as tensões durante o resfriamento são menores do que nas porções que entram em contato com a casca. Por exemplo, o corpo principal pode ser para entrar em contato com partes do aerofólio que são substancialmente planas. Em tais modalidades, a casca não circunda todo o corpo principal.
[0017] Em algumas modalidades, o macho de fundição refratário compreende, ainda, pelo menos uma primeira peça de reforço disposta dentro da cavidade, que se estende de um ponto da casca até outro ponto da casca. A primeira peça de reforço é distinta do corpo principal e da casca. A primeira peça de reforço pode se estender sobre toda a altura do macho de fundição, ou apenas sobre uma fração da altura do macho de fundição. A primeira peça de reforço pode incluir uma ou mais reentrâncias. A primeira peça de reforço pode ser plana, ou não-plana. A forma da primeira peça de reforço pode ser determinada com base no conhecimento geral da pessoa versada na técnica como uma função dos valores desejados para certos critérios, tais como resistência à ruptura, limite elástico, etc. O macho de fundição refratário pode ter uma pluralidade de primeiras peças de reforço.
[0018] Em algumas modalidades, o macho de fundição refratário compreende, ainda, pelo menos uma segunda peça de reforço disposta dentro da cavidade e estendendo-se de um ponto da casca até um ponto da primeira peça de reforço. Assim, a primeira e segunda peças de reforço formam uma estrutura para reforçar a casca. A segunda peça de reforço pode ter algumas, ou todas as características mencionadas acima para a primeira peça de reforço. Em um exemplo, a primeira e segunda peças de reforço podem ser dispostas de modo que, juntas, a seção transversal das mesmas seja, geralmente, em forma de T.
[0019] Em algumas modalidades, pelo menos uma das peças de reforço inclui uma porção intermediária que forma uma zona de ruptura preferencial. A presença de uma zona de ruptura preferencial serve para controlar o ponto em que a peça de reforço se rompe e, assim, determina precisamente a resistência à ruptura da casca.
[0020] A porção intermediária pode formar parte da primeira peça de reforço e/ou da segunda peça de reforço. Por exemplo, a porção intermediária que forma uma zona de ruptura preferencial pode ser situada na interseção entre a primeira e a segunda peças de reforço. Assim, a estrutura de reforço que sustenta a casca rompe quando ocorre a ruptura da porção intermediária.
[0021] Por exemplo, a porção intermediária que forma uma zona de ruptura preferencial pode ser na forma de um afinamento na(s) peça(s) de reforço, ou até um entalhe em pelo menos uma das peças de reforço.
[0022] Em algumas modalidades, uma peça de reforço, ou cada uma delas, apresenta, em seção transversal, uma razão de aspecto de pelo menos 2, preferivelmente de pelo menos 2,5, mais preferivelmente de pelo menos 3, mais preferivelmente de pelo menos 3,5, mais preferivelmente de pelo menos 4. Além disso, é preferível que a razão de aspecto não seja superior a 50, mais preferivelmente não superior a 40, mais preferivelmente não superior a 30, mais preferivelmente não superior a 20, mais preferivelmente não superior a 10. A razão de aspecto é a razão do comprimento maior dividido pelo comprimento menor. Isso determina a resistência da peça de reforço, em particular quando é submetida a forças de compressão, tração e/ou curvatura.
[0023] Em algumas modalidades, a cavidade é geralmente em forma de um tubo, a cavidade sendo fechada próxima às extremidades do tubo. Preferivelmente, as extremidades da cavidade são fechadas em porções da casca que não irão entrar em contato com o metal. De modo oposto, é preferível que a casca permaneça localmente oca em suas porções que irão entrar em contato com o metal.
[0024] Assim, a cavidade pode ser fechada de modo que o metal não possa penetrar na parte interna das porções da casca que irão entrar em contato com o metal.
[0025] Por exemplo, quando o macho de fundição refratário é feito por produção aditiva, as extremidades da cavidade podem ser fechadas durante tal produção aditiva.
[0026] Em algumas modalidades, o corpo principal e a casca são uma peça única. O corpo principal e a casca são feitas do mesmo material, e entre eles, podem apresentar continuidade de material. De modo alternativo, a casca pode ser separada e encaixada no corpo principal.
[0027] A presente descrição também provê um método de fabricação para fabricar um aerofólio de motor de turbina oco usando a técnica de fundição por cera perdida com um macho de fundição refratário, conforme descrito acima.
[0028] Em algumas implementações do método, antes de se injetar cera no macho de fundição refratário, o macho de fundição refratário é manualmente revestido com cera. O revestimento prévio forma uma primeira camada de cera que pode cobrir o macho de fundição diretamente. Após ter sido resfriada, a primeira camada da cera forma uma camada de tampão que serve para atenuar as forças que agem de fato no macho de fundição refratário. Isso garante que o macho de fundição resista às tensões geradas pelo encolhimento da cera que é subsequentemente injetada no macho de fundição refratário em maior quantidade.
[0029] A invenção e suas vantagens ficarão mais claras após a leitura da seguinte descrição detalhada das modalidades da invenção, dadas como exemplos não-limitativos. A descrição refere-se aos desenhos em anexo, nos quais: a figura 1 é uma vista em seção transversal da fundição do aerofólio em torno do macho de fundição refratário em uma primeira modalidade; a figura 2 mostra um detalhe da figura 1; a figura 3 é uma vista similar à figura 2 quando o metal do aerofólio exerce forças no macho de fundição refratário durante o resfriamento que se segue à solidificação do metal; e a figura 4 é uma vista em detalhe diagramático de um macho de fundição refratário em uma segunda modalidade.
[0030] A figura 1 é uma vista em seção transversal diagramática de um aerofólio 10 fundido em torno de um macho de fundição refratário 12 em uma primeira modalidade. No presente exemplo, o aerofólio 10 é um aerofólio de turbina, porém, o macho de fundição refratário 12 poderia também ser usado para fundir outros tipos de aerofólio.
[0031] Na presente modalidade, o macho de fundição refratário 12 é feito de cerâmica e, assim, é referido abaixo como o macho de fundição “cerâmico” 12. Mais precisamente, neste exemplo, o macho de fundição refratário 12 tem a seguinte composição (percentagens por peso): sílica vítrea grosseira de 58% a 69%, sílica vítrea fina de 8 a 19%, zircônio (ZrSiO4), 20%, e cristobalita, 3%. Entretanto, conforme mencionado acima, o macho de fundição refratário 12 poderia ser feito, igualmente, de algum outro material, tipicamente um metal refratário ou uma liga de metal refratário.
[0032] Conforme mencionado acima, o aerofólio 10 é oco, de modo a permitir que seja resfriado por um fluxo interno de ar. O macho de fundição cerâmico 12 serve para formar as cavidades internas no aerofólio, a superfície externa do macho de fundição cerâmico 12 correspondendo substancialmente à superfície interna do aerofólio 10.
[0033] O macho de fundição cerâmico 12 compreende um corpo principal 14 e uma casca 16. Nesse exemplo, o macho de fundição cerâmico 12 inclui uma única casca 16, mas poderia ter mais de uma. O corpo principal 14 e a casca 16 são descritos em detalhes com referência à figura 2, que mostra um detalhe da figura 1.
[0034] A casca 16 é conectada ao corpo principal 14. Assim, a casca 16 coopera com o corpo principal 14 para definir uma cavidade 18. A cavidade é, então, situada entre o corpo principal 14 e a casca 16. A casca 16 forma uma parede que é relativamente fina, comparada com o corpo principal. Além disso, como mostrado na figura 2, a casca 16 é configurada para entrar em contato com o aerofólio 10 durante a fabricação. Além disso, diferente da casca 16, o corpo principal 14 é sólido.
[0035] Conforme mostrado na figura 1, a presença da casca 16 é vantajosa nas regiões de alta curvatura nos canais de resfriamento do aerofólio. Especificamente, as regiões de alta curvatura apresentam concentrações particularmente elevadas de tensão. Assim, a casca 16 define um volume que é convexo, ou pelo menos em seção transversal (isto é, no plano das figuras 1 e 2), a casca 16 define uma superfície que é convexa.
[0036] Na presente modalidade, o macho de fundição cerâmico 12 tem uma primeira peça de reforço 20 e uma segunda peça de reforço 22. A primeira peça de reforço 20 está disposta dentro da cavidade 18. Neste exemplo, a primeira peça de reforço 20 é retilínea em seção transversal. A primeira peça de reforço 20 estende-se de um ponto da casca 16 até outro ponto da casca 16, cruzando, assim, a cavidade 18. A segunda peça de reforço 22 está disposta dentro da cavidade 18. Neste exemplo, a segunda peça de reforço 22 é retilínea em seção transversal. A primeira peça de reforço 20 estende-se de um ponto da casca 16 até um ponto da primeira peça de reforço 20. Nesse caso, a primeira peça de reforço 20 e a segunda peça de reforço 20 apresentam, juntas, uma seção transversal que é geralmente, em forma de T. Além disso, a primeira peça de reforço 20 e a segunda peça de reforço 22, nesse exemplo, se estendem sobre todo o comprimento do macho de fundição cerâmico 12 (isto é, seu comprimento na direção longitudinal, ao longo de um eixo perpendicular ao plano da figura 2).
[0037] Na seção transversal mostrada na figura 2, a primeira peça de reforço 20 apresenta uma proporção de aspecto L/a de cerca de 6,6. A segunda peça de reforço 22 apresenta uma razão de aspecto de cerca de 4. De qualquer modo, é preferível que cada peça de reforço tenha uma proporção de aspecto que fique na faixa de 2 a 50.
[0038] Para impedir que o metal penetre na cavidade 18 durante a fundição do aerofólio 10, também é preferível fechar a cavidade 18. Além disso, para garantir que a porção fechada não resulte na possibilidade de a cavidade 18 se perder, é preferível que a cavidade seja fechada próxima às suas extremidades na direção longitudinal, preferivelmente nas porções da casca que não entram em contato com o metal enquanto o mesmo está resfriando. Em uma modalidade em que o macho de fundição cerâmico é feito por produção aditiva, as porções fechadas podem ser produzidas continuamente com a casca e o corpo principal, juntamente com quaisquer peças de reforço.
[0039] Durante o resfriamento do aerofólio 10 após o metal ter sido fundido, o aerofólio 10 e o macho de fundição cerâmico 12 encolhem de forma diferente devido a coeficientes diferentes de expansão térmica. O aerofólio de metal 10 encolhe mais do que o macho de fundição cerâmico 12 e exerce forças F no macho de fundição cerâmico, conforme mostrado em forma de diagrama na figura 3 que atua em direção ao corpo principal 14. Sob o efeito dessas forças, que são particularmente intensas em zonas de curvatura elevada no aerofólio 10, a casca 16 e as peças de reforço 20, 22 deformam. Em particular, a primeira e segunda peças de reforço apresentam uma porção intermediária 24 na interseção na qual uma zona de ruptura preferencial é formada. A porção intermediária 24 é dimensionada de modo a constituir o primeiro ponto de ruptura sob o efeito das forças devido ao encolhimento do aerofólio 10. Aqui, a natureza preferencial da zona de ruptura da porção intermediária 24 é garantida neste exemplo pela interseção em forma de T entre a primeira e a segunda peças de reforço 20 e 22, com a porção intermediária 24 sendo situada na interseção entre a primeira e a segunda peças de reforço 20 e 22.
[0040] Quando as forças F excedem um certo limiar, conforme predeterminado pela forma e pelos materiais do macho de fundição cerâmico 12, a porção intermediária 24 se rompe, enfraquecendo, assim, a estrutura de reforço formada pelas peças de reforço 20 e 22 e rompendo a casca 16. Como resultado, o macho de fundição cerâmico 12 não constitui mais um obstáculo que impeça que o aerofólio 10 encolha livremente no local onde a casca 16 está agora rompida. Consequentemente, as tensões residuais no aerofólio 10 são bastante diminuídas e o fenômeno de recristalização pode ser evitado.
[0041] O macho de fundição cerâmico 12 pode ser feito por produção aditiva ou por qualquer outro método adequado para fazer a casca 16 e suas peças de reforço 20, 22, se houver algum. Também é possível produzi-lo moldando-se por injeção a parte sólida do macho de fundição cerâmico 12 e a casca 16 separadamente de material cerâmico e ligando os mesmos, por exemplo, com um adesivo refratário.
[0042] Uma vez que o macho de fundição cerâmico 12 tenha sido feito, o método de se fabricar o aerofólio 10 por meio de fundição por cera perdida é convencional e consiste, inicialmente, em formar um molde por injeção dentro do qual o macho de fundição cerâmico 12 está disposto antes de se injetar a cera. O modelo de cera criado dessa forma é, então, imerso em pastas constituídas por uma suspensão da cerâmica a fim de fazer um molde de fundição (também referido como um molde de “casca”). Finalmente, a cera é eliminada e o molde da casca é queimado, de modo a possibilitar que o metal fundido seja aí fundido.
[0043] Enquanto o método é executado, após a cera ter sido injetada no macho de fundição cerâmico 12, o resfriamento do modelo de cera do aerofólio pode suscitar forças semelhantes às que aparecem durante o resfriamento do aerofólio de metal 10. Porém, a casca 16 não precisa se romper nesse estágio. Para este fim, uma primeira opção para a pessoa versada na técnica é proporcionar dimensões para a casca 16, por exemplo, por meio de estímulo digital para garantir que a mesma suporte as forças exercidas pela cera à medida que resfria e que se rompa apenas sob forças maiores, como as exercidas pelo metal enquanto este resfria.
[0044] Uma segunda opção que pode ser usada como uma alternativa ou, além disso, que consiste, antes de se injetar a cera no macho de fundição cerâmico 12, em revestir manualmente o macho de fundição cerâmico 12 com cera. Esta etapa é referida como “pré-aplicação de cera” no macho de fundição. Esse revestimento prévio pode ser feito diretamente na superfície do macho de fundição cerâmico 12. O revestimento pode ser feito por toda a superfície do macho de fundição cerâmico 12, apenas pela casca 16 ou, na verdade, por qualquer parte da superfície externa do macho de fundição cerâmico 12. Esse revestimento prévio forma uma camada amortecedora que serve para atenuar as forças que atuam, na verdade, sobre o macho de fundição cerâmico 12, protegendo, desse modo, a casca 16 contra ruptura. Além disso, o revestimento prévio de cera pode ser removido do macho de fundição ao mesmo tempo em que o modelo de cera completo é removido.
[0045] A figura 4 mostra outra modalidade do macho de fundição cerâmico. O macho de fundição cerâmico 112 da figura 4 é idêntico ao macho de fundição cerâmico 12 da primeira modalidade, exceto no que se refere às peças de reforço e aos aspectos definidos abaixo. Assim, o corpo principal 114, a casca 116 e a cavidade 118 não são descritos novamente.
[0046] O macho de fundição cerâmico 112 tem a primeira peça de reforço 120 que é substancialmente em forma de V. Além disso, a primeira peça de reforço inclui uma porção intermediária 124 que forma uma zona de ruptura preferencial. Especificamente, a porção intermediária 124 está na forma de um entalhe na primeira peça de reforço. A porção intermediária 124 forma, assim, uma zona na qual a tensão se torna concentrada, suscitando, então, uma zona de ruptura preferencial.
[0047] Além disso, nessa modalidade, o macho de fundição cerâmico 112 é obtido por um método no qual o corpo principal 114 e a casca 116 são fabricados separadamente, por exemplo, moldando-se por injeção o material cerâmico e, então, unindo-se o mesmo, por exemplo, por meio de adesivo.
[0048] Embora a presente invenção seja descrita em referência a um macho de fundição cerâmico e um aerofólio feito de metal ou liga de metal, diversas variações quanto à forma e ao material são possíveis, sendo que a invenção mantém a aplicabilidade sempre que os respectivos materiais do aerofólio e do macho de fundição apresentem o mesmo fenômeno de encolhimento diferencial.
[0049] Embora a invenção tenha sido descrita com referência a modalidades específicas, modificações podem ser feitas na mesma, sem que se afaste do âmbito geral da invenção, conforme definido pelas reivindicações. Em particular, as características individuais de várias modalidades mostradas e/ou mencionadas podem ser combinadas em modalidades adicionais. Consequentemente, a descrição e os desenhos devem ser considerados como sendo ilustrativos, e não restritivos.
Claims (11)
1. Macho de fundição refratário (12, 112) para fabricação de um aerofólio de motor de turbina oco (10) utilizando a técnica de fundição por cera perdida, o macho de fundição caracterizado pelo fato de que compreende um corpo principal (14, 114) e pelo menos uma casca (16, 116) conectada ao corpo principal (14, 114) e definindo uma cavidade (18, 118) entre o corpo principal e a casca, a casca (16, 116) sendo configurada para entrar em contato com o aerofólio (10) durante a fabricação, a cavidade (18, 118) sendo fechada de modo que o material de fundição não penetra na cavidade durante a fundição do aerofólio (10).
2. Macho de fundição refratário (12, 112) de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de que a casca (16, 116) define um volume que é convexo.
3. Macho de fundição refratário (12, 112) de acordo com a reivindicação 1 ou 2, caracterizado pelo fato de que o corpo principal (14, 114) é sólido.
4. Macho de fundição refratário (12, 112) de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, caracterizado pelo fato de que compreende adicionalmente pelo menos uma primeira peça de reforço (20, 120) arranjada dentro da cavidade (18, 118) que se estende de um ponto da casca (16, 116) a outro ponto da casca.
5. Macho de fundição refratário (12) de acordo com a reivindicação 4, caracterizado pelo fato de que compreende adicionalmente pelo menos uma segunda peça de reforço (22) arranjada dentro da cavidade (18) e que se estende de um ponto da casca (16) a um ponto da primeira peça de reforço (20).
6. Macho de fundição refratário (12, 112) de acordo com a reivindicação 4 ou 5, caracterizado pelo fato de que pelo menos uma das peças de reforço (20, 22, 120) compreende uma porção intermediária (24, 124) formando uma zona de ruptura preferencial.
7. Macho de fundição refratário (12, 112) de acordo com qualquer uma das reivindicações 4 a 6, caracterizado pelo fato de que cada peça de reforço (20, 22, 120) apresenta, em seção transversal, uma razão de aspecto compreendida na faixa de 2 a 50.
8. Macho de fundição refratário (12, 112) de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, caracterizado pelo fato de que a cavidade (18, 118) é em geral na forma de um tubo, a cavidade sendo fechada na vizinhança das extremidades do tubo.
9. Macho de fundição refratário (12, 112) de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 8, caracterizado pelo fato de que o corpo principal (14, 114) e uma casca (16, 116) são uma peça única.
10. Método para fabricação de um aerofólio de motor de turbina oco (10), caracterizado pelo fato de que utiliza a técnica de fundição por cera perdida com um macho de fundição refratário (12, 112) como definido em qualquer uma das reivindicações 1 a 9.
11. Método de acordo com a reivindicação 10, caracterizado pelo fato de que, antes da injeção de cera no macho de fundição refratário (12, 112), o macho de fundição refratário (12, 112) é manualmente revestido com cera.
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