ANTI-HELMÍNTICO DE LÁTEX SECO DE CARICA PAPAYA NANO OU MICRO ENCAPSULADO E PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LÁTEX SECO DE CARICA PAPAYA NANO OU MICRO ENCAPSULADO
CAMPO DE APLICAÇÃO DA INVENÇÃO A invenção se insere na área farmacológica e na área de nanotecnologia, mais especificamente na área de controle de helmintoses, uma vez que se refere a um .anti-helmíntico de látex seco de Carica papaya nano encapsulado e a um processo de obtenção de látex seco de Carica papaya nano ou micro encapsulado. DESCRIÇÃO DO ESTADO DA TÉCNICA Parasitoses Intestinais As parasitoses intestinais, ao lado da inadequada ingestão de alimentos, têm sido consideradas como fatores primordiais na fisiopatologia da anemia e da desnutrição proteico-calórica, constituindo sério problema de saúde pública. Mais de 50% da população mundial apresenta alguma parasitose, sendo que deste total, mais de 10% está infectado por pelo menos duas espécies concomitantemente.
Os portadores de verminoses não são apenas crianças ou moradores da zona rural, ainda que sua incidência seja maior nestes casos. De fato, há registros de casos em adultos das diversas classes sociais e moradores das grandes cidades. A contaminação por parasitas pode ocorrer de diferentes formas, sendo que a principal é a ingestão de alimentos ou água contaminada e também via cutânea. Os sintomas mais frequentes das verminoses são cansaço, falta de disposição, fraqueza, dores abdominais e enjoo. Por serem sintomas comuns, acabam sendo ignorados ou associados a outras doenças, como o estresse, de modo que as pessoas acabam convivendo com os parasitas sem tomar conhecimento da presença dos mesmos.
Tais distúrbios são resultantes das alterações morfofuncionais e lesões intestinais, que impedem a absorção dos nutrientes, bem como do aumento do gasto energético para propelir peristalticamente o bolo alimentar ao longo do tubo digestivo, consumindo muita energia que não seria despendida em situação de normalidade. A hipertrofia da túnica muscular e inflamação da camada intima, do tubo digestivo, evidenciam este dispêndio extra. Além disso, a planificação das microvilosidades, com a perda das suas características reentrâncias e saliências, diminui grandemente a superfície absortiva do trato, reduzindo sobremaneira a absorção de nutrientes por redução da superfície de contato. A perda devida ao desvio de nutrientes para nutrição da população de parasitas é relativamente pequena.
De uma maneira geral, o controle e tratamento das infecções provocadas em seres humanos por parasitas gastrintestinais consistem na administração de anti-helmínticos sintéticos, seguido da melhoria de condições de higiene, de distribuição de água tratada e canalização e tratamento da rede de esgotos, como também, através da melhoria da educação e conscientização das populações de zonas endêmicas. São problemas relevantes a adesão do paciente ao tratamento e a necessidade de rotação das drogas, devido à resistência dos parasitas, desenvolvida pela alta frequência de repetição de administração de anti- helminticos. Todos os fatores têm um papel importante a desempenhar no controle e redução das infecções com vermes gastrointestinais. No entanto, esse controle integrado nem sempre é atingido, solapado por inúmeros problemas, sendo os principais: (i) medicamentos quimioterápicos que são utilizados em demasia pela facilidade de aquisição para a população com maior poder financeiro; (ii) medicamento quimioterápicos são proibitivos financeiramente para comunidades carentes; (iii) muitas vezes faltam bom saneamento e cuidados com a saúde nas áreas mais infectadas; (iv) o desconhecimento da população acerca do desenvolvimento de resistência às drogas pelos parasitas, e seus métodos de controle; (v) o tratamento atual limitado por não conclusão, ou seja, com a melhora da sintomatologia, o tratamento é abandonado, às vezes como um resultado de efeitos colaterais desagradáveis; (vi) os episódios de imunodepressão e imunossupressão cada vez mais intercorrentes e recorrentes devido a processos terapêuticos, ou como parte da evolução clinica de múltiplas moléstias, como: alcoolismo, câncer, diabetes, leucemias, lúpus e finalmente a SIDA, além dos crescentes casos de transplantados, as helmintoses adquirem caráter dramático e de dificil controle, sendo por vezes, responsáveis diretas pelo óbito; (vii) não há vacinas disponíveis, pois estas ainda não foram desenvolvidas a um estágio comercialmente viável, e as desenvolvidas contra parasitas, ainda não estarão disponíveis em um futuro próximo. Dessa forma, resta, portanto, a busca por drogas alternativas. É válido mencionar que tanto a sobre quanto a sub administração são comuns, o que influencia na resistência dos parasitas aos fármacos, indicando em termos terapêuticos, a rotação das drogas, ou seja, mudança pura e simples para outro fármaco, ou associação com outros.
Atualmente, as infecções por helmintos intestinais de animais e seres humanos são predominantemente controladas por tratamento quimioterápico com três classes de drogas sintéticas, mas alguns nematoides já desenvolveram resistência a todas as três classes e há sinais de que uncinárias humanas estão se tornando menos sensiveis às duas classes (benzimidazóis e os agonistas de acetilcolina nicotinicos) que estão licenciados para o tratamento de seres humanos.
Dessa forma, novos anti-helminticos são urgentemente necessários, e ao mesmo tempo o desenvolvimento de novas drogas sintéticas em curso, é lento. Adicionalmente, não há sinais de que novos compostos que operam através de diferentes modos de ação, estarão disponíveis no mercado na década atual. O desenvolvimento de compostos que ocorrem naturalmente, como os medicamentos para utilização humana e para o tratamento de animais apresenta algumas dificuldades.
Fitoterapla no tratamento de vermínoses O uso da fitoterapia como alternativa para o tratamento das vermínoses tem sido cada vez mais relevante, uma vez que os parasitas têm mostrado resistência crescente às drogas sintéticas disponíveis no mercado. Além disso, fatores tais como o elevado custo e a indisponibilidade de produtos em algumas áreas rurais, desassistidas, ou distantes de centros comerciais, devem ser considerados para explicar a elevada prevalência de helmintoses na população, principalmente dos paises ditos em desenvolvimento. Relatórios de todo o mundo incluem listas exaustivas de plantas que têm sido relatadas por apresentarem propriedades medicinais.
Os antiparasitários geralmente são administrados por via oral em doses únicas, em cápsulas, tabletes, por via intramuscular ou injeção subcutânea, nos quais os ingredientes ativos são dissolvidos ou dispersados em um veiculo carreador. Uma das maiores desvantagens da posologia dos produtos antiparasitários convencionais é a necessidade de repetir as doses e o acúmulo residual da droga, os quais podem causar efeitos colaterais. Desta forma, um produto natural, obtido por extração direta do, fruto verde, que contenha quantidade suficiente do agente t antiparasitário, com ação farmacológica efetiva sobre o agente etiológico, com reduzida ou nula toxicidade, e de fácil obtenção, além de elevado.espectro de ação e de fácil administração, é de grande relevância para a melhora da Saúde Pública no mundo. Dessa forma, a presente invenção descreve uma formulação contendo o ativo, cisteino proteases - já farmacognosicamente reconhecidas cientificamente comprovado como eficaz "in vitro", conforme' a descrição dos exemplos da invenção a qual preenche tais, requisitos, e quando for devidamente verificada sua toxicidade, em doses eficazes ao uso humano, poderá ser extraido/produzido em doses utilizáveis repetidamente pela população em geral.
Sua grande diferença em relação aos benzimidazóis, imidotiazóis e lactonas macrocíclicas, moléculas hoje pertencentes ao arsenal terapêutico de combate a helmintos, é o relevante fato de não ter desenvolvido resistência junto aos principais helmintos que assolam homens e animais, apesar de largamente utilizado, mantendo seu padrão de eficácia intacto, ao longo do tempo, devido ao original modo de ação, sobre o tegumento dos parasitas, comparável às enzimas proteoliticas de nossos próprios eosinófilos, após sucessivas infestações.
Um modelo proposto para o mecanismo de ação aponta a ação sobre as camadas superficiais da cutícula, como aqui no caso de Strongyloides venezuelensis, onde microscopicamente pôde-se verificar que a superfície da camada tegumentar foi também o local principal e inicial de dano. Assim, a cisteíno protease de plantas, também contida no látex de mamão verde, tem um amplo espectro de atividade contra helmintos intestinais. Esta característica reforça a sua adequação para o desenvolvimento como um necessário e bem vindo novo tratamento contra helmintos gastrointestinais de seres humanos e animais. O redivivo interesse é em grande parte devido à necessidade de tratamentos alternativos, com novos mecanismos de ação, como resultado do desenvolvimento rápido e generalizado de resistência a todas as três classes de anti-helmínticos na atual conjuntura. Látex de Mamão Verde 0 látex de papaia e papaína são, desde o início de 1800, utilizados por médicos na Europa para o tratamento de verminoses em uma época em que havia poucas alternativas disponíveis e as drogas sintéticas não tinham ainda sido inventadas .
Entre outros relatos, Fernan-Nunez relatou um costume secular dos povos nativos na Colômbia, que usaram a seiva da figueira Ficus laurifolia (conhecido localmente como leche de Higuerón) como tratamento para infecções por vermes, especialmente Trichurís trichiura.
Dois novos relatórios a partir deste período, que não são baseados em publicações completas, mas são citados por outros, incluem a recuperação de até 500 pacientes, os quais expulsaram T. trichiura tratados com a seiva de Ficus elastica no Panamá por Schapiro e o uso eficaz de "Leche de Higuerón" por Hall contra a tricuríase na Nicarágua. Caldwell & Caldwell relataram o sucesso do tratamento de pacientes no Hospital Scarcy em Monte Vernon, Alabama, onde a tricuríase era extensa, com látex de Higuerón. Este relatório documenta a redução de contagem de ovos fecais de até 91%, e uma média de 89,5%, superando bastante a eficácia média de anti-helmínticos modernos para infecções de T. trichiura. Higuerón látex foi igualmente eficaz contra A. lumbricoides, reduzindo a contagem de ovos fecais em 89,7%.
Mais ' recentemente, o Vermizym formulação comercialmente disponível, fabricado na Alemanha, pela empresa Bittermedizin Arzneimittel-Vertriebs-GmbH (com base na papaína) foi mostrada ser eficaz contra Enterobius vermicularis e infecções por vermes Ascaris lumbricoides num teste envolvendo 60 indivíduos, que foram aparentemente completamente desparasitados em doses de 1025 mg, divididos em cinco tabletes de papaína de 205 mg cada, e no caso de não remoção total dos parasitas, repetição das doses por mais dois dias consecutivos.
Jonxis & Bekins, na Holanda, usaram uma preparação chamada Velardon, também baseada em papaína, para tratar crianças com menos de 8 anos de idade infectadas por Ascaris. Stransky & Reyes, trabalhando nas Filipinas, avaliaram Vermizyn, no tratamento de indivíduos com três doses em intervalos de meia hora, cada um com uma colher de chá de Vermizyn. Eles relataram uma muito alta eficácia que se reflete na redução de contagem de ovos nas fezes após o tratamento e eliminação de vermes adultos de Ascaris. Outro estudo com o mesmo produto mostra que ele curou 7 0% dos indivíduos com infecções por Trichurís tríchíura.
Um estudo na Amazônia na década de 1980 com o látex de F. glabrata (= F. laurifloria, a árvore OJE) indicou forte eficácia contra A. lumbricoides e Trichurís trichiura, e até mesmo Necator americanus em humanos, mas o estudo não atende aos padrões contemporâneos, pois em tais ensaios faltava a necessária análise estatística.
Quanto ao efeito sobre infecções por helmintos em animais de companhia, existem poucos relatos de utilização de Cisteíno Proteases para o tratamento de animais de companhia, mas o sucesso da utilização de látex de papaia (a 1,3 ml / kg) para remover provavelmente vermes Toxocara canis, embora avaliado como Ascaris, a partir de cães no Cairo foi relatada por Nagaty et al.
Quanto ao efeito sobre infecções por helmintos em animais, existem evidências de que o látex de papaia foi altamente eficaz contra Ascaris suum em porcos que foram fornecidas por Satrija et al, mas não temos conhecimento de quaisquer outros ensaios em animais monogástricos.
Quanto ao efeito sobre infecções por helmintos em ensaios experimentais de roedores, Satrija et al forneceram evidências de que papaia látex foi eficaz na remoção de H. bakeri de camundongos infectados experimentalmente. A resposta à dose relatados neste estudo indicam que um único tratamento, de 8 mg/kg de peso corporal do látex causou uma redução de 84,5% na carga de ve rme s.
Como visto acima, o látex de mamão verde Carica papaya é reconhecido, etnofarmacognósicamente há muitos séculos, como eficaz na eliminação dos principais parasitas intestinais animais e humanos.
Dessa forma, no desenvolvimento da presente invenção, o mesmo teve sua eficácia testada "in vitro", através da aplicação do mesmo sobre larvas vivas de Strongyloides venezuelensis, em protocolo de diluição seriada. As soluções do látex, puro e diluído, ficaram em contato direto com as larvas vivas em poços de placa, a fim de verificar por quanto tempo assim permaneceram, e até qual diluição, entre as experimentadas, apresentaram eficácia. Processo (preferencial) de Extração e Refino da papaína O processo que foi inicialmente descrito na década de 70, teve incluídos vários passos de filtração sob baixas temperaturas com uma secagem por pulverização final. Várias modificações foram introduzidas ao longo dos anos com base na evolução das técnicas de separação e filtração. O controle rigoroso da qualidade em matéria-prima recebida com perfeita identificação da área de coleta e limites de aceitação pré-definidos, permitem a melhor garantia de qualidade.
Um sistema de refrigeração de duplo circuito, preferencialmente, garante frescor desde o inicio do processo até o processo de secagem final.
Controles regulares sobre vários parâmetros de produção, tais como temperaturas, vazões, pressões, conteúdo de matéria seca e da atividade das proteases fazem parte do processo integral. O último passo é preferencialmente o spray-drying seguido por peneiramento e embalagem, amostragem e análises regulares em microbiologia e atividade de protease. O refino de papaina "in situ" é feita com látex de papaia coletado no mesmo dia, através de procedimentos como: bombeamento, refrigeração, filtração e secagem em dispositivos montados em sequências determinadas. A continuação do controle sobre o fluxo de material, pressão e temperatura, é determinante para o cumprimento dos requisitos pré-definidos sobre a atividade enzimática e microbiologia.
Papaina Refinada. A papaina é uma enzima proteolitica da familia das cisteino proteases. A análise eletroforética realizada a partir da papaina refinada mostra quatro cisteina proteinases principais: Papaina "stricto sensu", Quimo papaina, Glicil endopeptidases e Caricaina. A sequência de aminoácidos destes componentes da enzima é muito semelhante. A presença de pequenas quantidades de outras enzimas tais como a lisozima, glutamina ciclotransferase, glucanases e quitinases especificas, foram também encontradas.
As estruturas tridimensionais de todas as proteases de mamoeiro são muito semelhantes ao da papaina "stricto sensu". Os elementos da estrutura secundária, a conformação em torno do centro ativo, e para o ambiente assimétrico do resíduo aromático, foram consideradas quase idênticas. A estrutura secundária, em combinação com a presença de quatro pontes dissulfeto e uma multiplicidade de interações hidrofóbicas e de hidrogênio-eletrostático torna estas enzimas proteolíticas particularmente resistentes à desnaturação pelo calor e solventes caotrópicos.
Por razões ainda não completamente entendidas, a fração de quimo papaina é 'muito mais resistente à desnaturação de ácido do que as três outras proteases. A determinação da atividade de protease de papaina tem sido um tema amplamente disputado.
Os usuários estão principalmente preocupados com a capacidade da enzima para quebrar as proteínas ou ligações de proteínas de seu próprio processo. A eficácia real sò pode ser verdadeiramente mensurada em estudo de caso a caso entre os diversos produtos ou substratos sobre os quais as enzimas têm que agir.
Procedimentos laboratoriais padrão foram·desenvolvidos a fim de obter resultados reprodutíveis com baseem métodos simplificados e substratos prontamente disponíveis tais como o leite, a gelatina, a .hemoglobina, e caserna'.
Mais tarde, os novos produtos sintéticos, tais como PABA (benzoil-arginina-p-nitroanilida) e BAEE (benzoil-arginina-etílico) tornaram-se substratos populares devido à sua reprodução invariável. Várias instituições reconhecidas internacionalmente, como a USP-NF (Formulário Nacional da Farmacopéia dos Estados Unidos), o BPC (Bulk Pharmaceutical Chemical) e o FIP (International Pharmaceutical Federation) têm consistentemente descrito e apoiado procedimentos de testes específicos. Em alguns casos, existe uma correlação entre os dois métodos: Resultados podem ser expressos em TU (unidades de tirosina), unidades de PABA, GDU (unidades de digestão de gelatina), HDU (unidades de digestão de hemoglobina) e unidades FIP (Federação Internacional Farmacopeia). A papaína é utilizada numa vasta gama de indústrias: da Cerveja; da Carne; do Pescado; Farmacêutica e indústrias conexo-correlatas; de Panificação; de Alimentos para animais; do Couro; Têxtil è Cosmética.
Seu caráter vegetal, sendo organismo não geneticamente modificado, ligada a um processo de produção rastreável, adquire muitas vantagens sobre outras proteases. Sua atividade em ampla faixa de temperatura e de pH, de 4 a 10, varia de atividade, dando benefícios adicionais de processo para diversas indústrias.
Fjrutas medicinais que contêm as cisteíno proteases Alguns dos primeiros anti-helmínticos conhecidos entre as plantas medicinais incluem mamão (Carica papaya), figo (Flcus spp.) e abacaxi (Ananas comosus) . Relatos de seu uso para o tratamento de infecções por vermes pelos habitantes nativos do Panamá e da América do Sul remontam a mais de um século. Seus extratos mostraram-se altamente eficazes na eliminação do mais obstinado dos vermes intestinais humanos, Trichuris trichiura, na década de 1920 e mais eficaz do que qualquer uma das atuais drogas sintéticas. Na verdade, os médicos europeus usaram papaína e o látex para o tratamento de vermes no século 19, mas foi só em 1930 foi demonstrado serem realmente capazes de digerir os nematoides e sua base enzimática foi descoberta. Os princípios ativos são agora conhecidos por serem as cisteíno proteases que ocorrem naturalmente em várias partes da planta, e a Tabela 1 resume algumas das que são conhecidas. Por exemplo, em ananás, diferentes combinações de enzimas ocorrem na haste, e na fruta. O látex de mamão e figos também contém Cisteíno proteases.
Tabela 1 - As plantas que são conhecidas por conter cisteíno proteases com potencial atividade anti-helmíntica.
Estas cisteíno . proteases derivadas de plantas,' provavelmente, evoluíram principalmente para defender as plantas contra pragas de insetos, mas possivelmente também contra nematoides parasitas de plantas, contra o qual elas são também altamente eficazes. Entre as outras funções importantes das cisteíno proteases podemos mencionar a facilitação da coagulação do látex durante a selagem de feridas em plantas, senescência e possivelmente também no processo de amadurecimento.
Painéis de nematoides úteis para determinação da atividade anti-helmíntica Helmintos parasitas evoluiram para ocupar praticamente todos os nichos concebíveis no hospedeiro mamífero. Cada espécie de nematódeo intestinal é um especialista em algum grau e parasita uma região limitada do intestino. A tabela 2 não é uma lista exaustiva, mas dá alguns exemplos de espécies de nematoides importantes que afetam roedores, ovinos, bovinos, suínos e humanos. Drogas anti-helmínticas são claramente suscetíveis por ter eficácias diferentes em regiões diferentes do tubo digestivo, por causa das diferenças na fisiologia, incluindo o pH, teor de enzimas, o líquido e o conteúdo sólido, etc. Portanto a fim de avaliar as drogas candidatas, é importante avaliar as suas eficácias em sistemas de laboratório, com um espectro de espécies que ocupem nichos diferentes ao longo de todo o comprimento do intestino delgado. Os melhores sistemas adequados para esta aproximação são roedores de laboratório, e, fortuitamente, roedores de laboratório são hospedeiros de uma variedade de parasitas correspondentes, mantidas em diferentes laboratórios em todo o mundo.
Subir na escala evolutiva ''testando'' "in vivo" em diversos animais como ovinos, bovinos, suínos e finalmente ensaios pré- clínicos em humanos, pode dar uma boa ideia da eficácia das cisteíno proteases em diversos nematoides, em diversas situações diferentes, sejam fisiológicas, sejam biofísico-químicas, sejam particulares de cada hospedeiro ou de cada parasita alvo, demonstrando seu mecanismo de ação comum, ou seja, a proteólise dos tegumentos parasitários a partir de ação enzimática sobre a cisteina.
Tabela 2 - Exemplos de nematódeos parasitas que parasitam as diferentes regiões do trato intestinal de hnmãndç ^ m Th rn ç λ-πττπλί o Entre as espécies de roedores listadas na Tabela 2, Heiigmosomo ides bakeri é talvez o mais fácil de manter e de trabalhar. H. bakeri mudou de nome duas vezes nos últimos tempos, sendo formalmente conhecido como Nematospiroides dubius e H. polygyrus, mas agora é corretamente nomeado como H. bakeri.
Muitos dos problemas mais devastadores ém ruminantes são causados por nematoides que vivem no abomaso, o quarto estômago dos ruminantes, mas não existem modelos ideais destas espécies em roedores. Muitas espécies diferentes de nematoides exploraram o intestino grosso dos mamíferos e, em alguns hospedeiros, tais como cavalos, a lista é muito longa, nomeadamente os cyathostomins.
Trichuris spp. é uma espécie obvia para ser utilizada em pesquisas de eficácia de látex de papaia como anti helmíntico, por estar está intimamente relacionada com as que infectam os seres humanos, além de outras espécies a saber: em ratos, Trichuris muris, (T. trichiura) , cães (T. vulpis), suinos (T. suis) e ruminantes (Γ. ovis, T. globulosa) .
Objetivos da Invenção A invenção, aqui também denominada Papahelminth ou Fitohelminth (sinônimos), utiliza-se do conhecimento já existente na medicina com a mais moderna ferramenta para vetorização de ativos farmacêuticos atualmente conhecidos: a nanotecnologia. 0 Papahelminth, como é arbitrariamente denominada a invenção, é desenvolvida, portanto, enquanto um fármaco fitoterápico que é constituído de nano partículas de enzimas sinérgicas e completas, oriundas do látex de mamão verde Carica papaya, secas e recobertas com polímeros adequadamente planejados (engenheirados) para proteolizar helmintos na luz intestinal de animais, inclusive humanos.
Os quais, perniciosos, insistem em parasitar homens e animais, perpetuando um ciclo que impede aos hospedeiros uma vida plena, quando não, em muitos casos, sendo causa primária de outros quadros correlatos mais graves, e muitas vezes, levando ao óbito, nas populações mais carentes. A originalidade reside em nano encapsular o látex de mamão e a forma de fazê-lo. Além da inovação de nano encapsular com quitosana (que é bioaderente) , e aumentar a superfície (nano) o que deve tornar Papahelmint mais efetivo que os precedentes, o produto foi planejado para possuir a dose terapêutica e a posologia já consagradas na história.
Vantagens da Invenção Apesar de largamente citado anteriormente e do conhecimento prévio da existência de fármacos enzimáticos fitoterápicos desde o século passado, Papahelmint representa um passo adiante. Ao nano particular o látex seco aumentamos sua área de superfície, o que, se tratando de um catalisador orgânico como são todas as enzimas, aumenta sua velocidade de reação por permitir uma maior interação enzima/substrato, no sentido de que, pequenas porções de enzima, cineticamente falando, passam a agir sobre as moléculas de cisteína, desligando-se do substrato e imediatamente ligando-se a uma nova molécula de cisteína. Tal pulverização de ações continuadas, espalhadas em uma área maior sobre o tegumento do verme, levará a um mais rápido colapso da estrutura proteica de revestimento, permitindo a saída e entrada de fluidos, desconfigurando-o morfologicamente muito mais rápido do que- as grandes partículas de látex seco apresentadas em granulometria clássica. Sua ação farmacolõgica então é grandemente potencializada pelo aumento de área de superfície das partículas de látex seco (enzimas). O segundo grande diferencial respeita aós polímeros utilizados na confecção do envelope supramoíecular o qual involucra as enzimas .e adere às microvilosidades do epitélio intestinal, permitindo uma ação prolongada, pois é relativamente refratário ao fluxo do bolo alimentar e mais adiante da massa fecal.
Sua liberação continuada de enzimas, aderidas ao epitélio, permite, por exemplo, a ação tardia sobre ovos liberados por fêmeas agonizantes. Também espécimes que se refugiem ou enrolem-se ou mesmo perfurem a íntima, ao retornar ao habitat no lúmen serão digeridos, pois ali estarão enzimas provenientes do mecanismo de liberação prolongada.
BREVE DESCRIÇÃO DA INVENÇÃO A invenção se refere a um anti-helmíntico de látex seco de Carica papaya nano ou micro encapsulado e a um processo de obtenção de látex seco de Carica papaya nano ou micro encapsulado. A invenção se refere, portanto, a um fármaco fitoterápico que contém nano ou micro partículas de enzimas sinérgicas e completas, oriundas do látex de mamão verde Carica papaya, secas e recobertas com polímeros adequadamente planejados (engenheirados) para proteolizar helmintos na luz intestinal de animais, inclusive humanos.
BREVE DESCRIÇÃO DOS DESENHOS A figura IA é uma representação de micrografia que mostra a larva L3 ou forma infectante do parasito Srongyloides venezuelensis em inicio de processo de evisceração, ocasionado por ruptura teguméntar enzimática, imerso em solução 1/32 de látex de mamão verde Carica papaya. A figura 1B é uma representação de micrografia que evidencia na sequência, o inicio da saida de útero, ovários e ovos, aqui mostrados como a massa escura na parte inferior do verme. A figura 1C é uma representação de micrografia que mostra uma maior movimentação para o meio externo do aparelho reprodutor, consoante com a movimentação do parasita. A figura 1D é uma representação de micrografia que torna mais nítida a saida das vísceras numa maior proporção, contando com diversos pontos de escape dos fluidos intracorpóreos, com desfiguração do epitélio(synlophe)e engrossamento das paredes. A figura 1E é uma representação de micrografia que mostra ,alguns minutos depois, a digestão enzimática de grande parte do parasita, agora totalmente desfigurado, com digestão extracorpórea de intestinos, aparelho reprodutor e mais importante, ovos, que lançados ao meio externo, contaminariam novos hospedeiros. A figura 1F é uma representação de micrografia que evidencia o final do processo de ataque enzimático, restando a carcaça invadida por solução enzimática a qual será posteriormente totalmente absorvida pelo hospedeiro, uma vez que foi reduzida aos peptídeos constituintes. DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO A invenção se refere a um anti-helmíntico contendo látex seco de Carica papaya nano ou micro encapsulado, ou papaina refinada nano ou micro encapsulada, o que tecnicamente vem a ser a mesma coisa. A invenção se refere, portanto, a um fármaco fitoterápico contendo nano partículas de enzimas sinérgicas e completas, oriundas do látex de mamão verde Carica papaya, secas e recobertas com polímeros adequadamente planejados (engenheirados) para proteolizar helmintos na luz intestinal de animais, inclusive humanos.
Papaina Refinada A papaina refinada é um conjunto de enzimas vegetais naturais obtidas a partir do fruto verde do mamão papaia (Carica papaya), preferencialmente a partir da filtragem mecânica, seguida de secagem de látex recentemente colhido do fruto verde do mamoeiro. A papaina é uma enzima proteolítica da família das cisteíno proteases. A papaina refinada utilizada na presente invenção apresenta majoritariamente quatro cisteíno proteases diferentes, aqui caracterizados pelos seus crescentes pontos isoelétricos (Pi) : 1. Papaina "stricto sensu" (Pi: 8,7-8,9), 2. Quimo papaina (Pi: 10,4-10,7), 3. Glicil endopeptidase (Pi: 10,5-10,8), 4. Caricaina (Pi:> 11,0).
Pode gerar alguma confusão o fato do conjunto de enzimas constantes no látex de mamão verde seco, ou papaina refinada, ser chamado comercialmente de "papaina", denominando a parte pelo todo, ou seja, o que inapropriadamente é denominado como "papaina" é um conjunto de diversas enzimas, eclipsadas sob a denominação imprópria da "papaína". São elas: Papaina "stricto sensu", Quimo papaína, Glicil endopeptidases, Caricaina. A presença de pequenas quantidades de outras enzimas tais como a lisozima, glutaminas ciclotransferases, glucanases e quitinases especificas também são encontradas na "papaína".
Portanto do látex da fruta verde até a assim chamada "papaína", ou papaína refinada, a diferença é que foi retirada industrialmente a água, cerca de 85% em volume da composição do látex. Restam, portanto, no látex seco, ou papaína refinada, impropriamente comercialmente denominada de "papaína", 15% em volume de enzimas acima descritas mais pectina, além de isoprenóides característicos dos látexes.
Por esta razão na lista acima das principais enzimas constantes da papaína refinada, a papaína propriamente dita recebe o nome de papaína "stricto sensu", ou papaína propriamente dita, uma vez que aí se refere especificamente à dita cuja. A sequência de aminoácidos destes componentes da papaína refinada é muito semelhante. Como dito, a presença de pequenas quantidades de outras enzimas tais como a lisozima, glutaminas ciclotransferase, glucanases e quitinases específicas também foram encontradas.
As estruturas tridimensionais de todas as proteases de mamoeiro são muito semelhantes ao da papaína ”stricto sensu". Os elementos da estrutura secundária, a conformação em torno do centro ativo, e o ambiente assimétrico do resíduo aromático, foram considerados quase idênticos. A estrutura secundária, em combinação com a presença de quatro pontes dissulfeto e uma multiplicidade de interações hidrofóbicas e de hidrogênio-eletrostático, torna estas enzimas proteolíticas particularmente resistentes à desnaturação pelo calor e solventes caotrópicos.
Por razões ainda não completamente entendidas, a fração de quimo papaina é muito mais resistente à desnaturação de ácido do que as três outras proteases. Isso faz com que a papaina seca e refinada seja eficaz numa ampla faixa de pH.
Formulação contendo Látex seco de Carica papaya encapsulado A formulação do látex seco de Carica papaya encapsulado, aqui também denominado de forma arbitrária de Papahelmint, segue abaixo: Látex seco de mamão verde Carica Papaya (papaina refinada)............................................80 a 90% Quitosana............................................. 1 a 5% Surfactante............................................1 a 5% Agente basificante................................... 0,1 a 1% Agente de fluidez............................... 5 a 10% Agente de secagem....................................0,1 a 3% Veiculo de reação ...................................5 a 20%. Álcool.............................................. q. s . p .
Total.....................................................100% Sendo que a papaina refinada (látex de mamão verde seco) compreende: Papaina (EC3.4.22.2), Caricaina (EC3.4.22.30), Glicil endopeptidases (EC 3.4.22.25), Quimo papaina(EC 3. 4.22.6) e outros. A sequência de aminoácidos destes componentes da enzima é muito semelhante. Pequenas quantidades de outras enzimas tais como lisozima, glutamina ciclotransferase, glucanases e quitinases especificas também foram encontradas, mas não perfazem nem ao menos 1% da composição da papaína refinada. O conjunto seco de enzimas é aqui assumido como nanonizado, ou seja, micronizado submícrométricamente, por processo adequado descrito adiante, a fim de assumir granulometria adequada ao posterior revestimento. A quitosana é aqui assumida como quitina de-acetilada com graus de deacetilação que vão de 80 a 99% preferencialmente 90% bem como seus derivados carboxilados, ácidos ou não, preferencialmente a carboximetilquitosana micronizada, que pode ter variados graus de carboximetilação, preferencialmente acima de 70%, podendo ser de origem crustácea ou molusca, preferencialmente esta última.
Os surfactantes capazes de promover á reação podem ser todos os sorbitan poli etoxilados, como por exemplo, o comercialmente conhecido por Tween, 20, 60 ou mesmo, preferencialmente, o Tween 80.
Os agentes basificantes incluem os hidróxidos de sódio, potássio, cálcio ou uma mistura destes, preferencialmente o hidróxido de sódio.
Como agente de fluidez podem ser usados o talco, o óxido de zinco, óxido de magnésio, a maltodextrina, as lactoses, ou mesmo, preferencialmente o dióxido de silício, em sua granulometria habitual ou micronizados, preferencialmente, submícrométricamente, ou seja, abaixo de um micrometro.
Como agente de secagem, aqui refere-se aos fosfatos, carbonatos e óxidos, como por exemplo, os fosfatos tricálcicos, tripolifosfato de cálcio, óxido de zinco, magnésio, preferencialmente este último. O hidrogel de revestimento consiste de quitosana micronizada, preferencialmente carboximetilquitosana micronizada, adicionada de álcool fortemente basificado, por hidróxido de sódio (ou hidróxido de potássio ou hidróxido de cálcio) , aos quais se adiciona gota a gota o surfactante na proporção especificada acima.
Como veiculo para produção do hidrogel de quitosana podemos utilizar opcionalmente a água em seus vários graus de pureza como destilada, deionizada, preferencialmente esta última.
Para a promoção da secagem do hidrogel aderido a superfície das nano partículas de papaína, diversos álcoois com variados pontos de ebulição podem ser utilizados, preferencialmente o etílico absoluto. O Papahelmint, como é arbitrariamente denominada a invenção, é desenvolvido, portanto, enquanto um fármaco fitoterápico que é constituído de nano partículas de enzimas sinérgicas e completas, oriundas do látex de mamão verde Carica papaya, secas e recobertas com polímeros adequadamente planejados (engenheirados) para proteolizar helmintos na luz intestinal de animais, inclusive humanos. Processo de Nano Encapsulação do Látex O processo de nano encapsulação consiste nas seguintes etapas: a) Redução do látex seco de Carica papaya à escala nano ou submicrometrica; b) Transferência das partículas para recipiente contendo hidrogel de revestimento previamente preparado; c) Secagem; d) Nova Moagem; e e) Separação Granulométrica O processo deve ocorrer com temperatura controlada abaixo de 60°C a fim de evitar na desnaturação das enzimas. Etapa "a" A redução do látex seco, à escala nano ou submicromét r ica, numa faixa que pode ir de 1 a 1000 nanômetros, é feita por um processo de nano crio moagem que resumidamente é a micronização por arraste sob baixíssimas temperaturas, que vão de -190°C a -150°C, utilizando pressões que vão de 1 a 20 kgf/cm2, num ciclone, preferencialmente de aço inox, que fragmenta as partículas por cisalhamentos oriundos de choques frontais e /ou tangenciais, desbastando as partículas de látex até atingirem a escala sub micrométrica, ou nanométrica, prontas para a etapa "b".
Etapa "b" Essa etapa consiste na transferência das partículas nano métricas para um recipiente onde se encontra já pronto o hidrogel de revestimento A etapa "b" ocorre sob agitação moderada, que ocorre entre 100 e 1000 RPM, sendo preferencialmente de 495 RPM. O hidrogel de revestimento consiste de quitosana micronizada, preferencialmente carboximetilquitosana micronizada, adicionada de álcool absoluto fortemente basificado, por hidróxido de sódio (ou hidróxido de potássio ou hidróxido de cálcio), aos quais se adiciona lentamente o surfactante (gota a gota), Sorbitan poli etoxi etilado, conhecido comercialmente como Tween 80, ou outro surfactante com as mesmas características, na proporção especificada acima. Neste ponto da reação introduz-se o rotor com ultra rotação intensa entre 10.000 e 30.000 RPM, preferencialmente de 24.000 RPM.
Etapas "c" e "d" As partículas obtidas após a secagem e nova moagem, são da ordem de micrômetros preferencialmente na faixa de 50 a 250 microns, que são constituídas de aglomerados de nano partículas de látex revestido, estas na faixa de 100 a 900 nanômetros. A secagem ocorre em estufa na faixa de 40°C a 50° C preferencialmente a 45°C, por um período entre 44 a 54 horas (a variação ocorre de acordo com a temperatura das estufas, que pode ser diferente de acordo com o fabricante), ao término da qual o produto, agora sob a forma de um sólido esverdeado, é levado a um moinho sob-rotação adequada, entre 1000 e 3000 RPM, preferencialmente 1800 RPM, onde é reduzido a micropartículas, resultando finalmente em microgrânulos compostos por centenas de nano partículas de látex seco revestidas.
Etapa "e" É então feita a separação granulométrica, em tamis, na faixa adequada, entre 100 e 500 microns, preferencialmente entre 200 e 400 microns.
Aspectos Farmacocinétlcos da Formulação do Látex seco de Carica papaya encapsulado 0 principal componente do .Papahelminth, o látex seco de Carica papaya não é absorvido a partir do trato gastrointestinal por ser nano revestido. Pelos os polímeros que constituem a membrana, é protegida dos sucos gástricos, sendo as nano partículas de látex liberadas pela ação dos sucos pancreáticos. Não sendo absorvidas as nano partículas de látex limitam a sua ação farmacológica sobre a porção do lúrrien do ileo, jejuno e. cólon, onde atua pela liberação controlada continuada, na cutícula dos helmintos, por ação enzimática das cisteíno proteases, na proteína constituinte da cobertura dos vermes. Não se espalha para outros sistemas do organismo, sendo totalmente eliminado pelas fezes, cerca de 24 horas após a administração.
Aspectos Farmacodlnâmicos da Formulação do Látex seco de Carxca papaya encapsulado As cisteíno proteases são filogeneticamente classificadas em nove famílias ou clãs, que não mostram nenhuma relação evolutiva entre elas, o que sugere que a capacidade de utilizar o ânion tiolato de um resíduo de cisterna como o' nucleófilo na hidrólise da ligação peptídica, pode tèr surgido independentemente em nove ocasiões. Cinquenta e oito famílias de Cisteíno Proteases (CPs) são organizados dentro desses clãs, e as CPs que demonstraram ser anti-helmínticás estão na família Cl, a família da papaína, no clã CA.
Muito se sabe sobre como essas enzimas exercem sua atividade. Elas têm uma ranhura no sítio ativo no qual os polipeptídios alvo se ligam. Encontra-se ai o local ativo onde cisteína e histidina se ligam, sendo tão crucial para o processo de hidrólise do polipeptídio alvo. Os resíduos de aminoácidos que revestem o sulco determinam quais ligações peptídicas nas proteínas são susceptíveis de hidrólise, através de ligações complementares com as cadeias laterais do substrato de aminoácidos.
Uma propriedade importante das CPs é que a atividade pode ser facilmente quantificada. Como já foi dito anteriormente, uma propriedade útil de qualquer anti-helmintico que ocorre naturalmente é ter um ensaio da sua atividade, que é independente da eficácia, in vivo, mas correlaciona-se bem com a mesma. No caso das CPs, o inibidor especifico de E-64 pode ser utilizado para medir a concentração molar operacional da atividade da enzima em qualquer preparação. Para este ensaio, os substratos convenientes também são necessários e, para muitas das enzimas, substratos de amida com grupos de saida de cor ou fluorimétrica podem ser utilizados, tal como, por papaina, quimopapaina em bruto e do látex, benzoil-(D, L)-arginina -p -nitroanilida (Bz-Arg-pNA). Por digestão, o grupo de nitroanilina é libertado, o que pode ser quantificado com precisão com a utilização de um espectrofotômetro. A ação f armacológica do látex de Carica papaya nano encapsulado, Papahelmint, ocorre no lúmen intestinal, a partir da libertação enzimática pelo suco pancreático, depois de passar através do duodeno, que liberta as cisteina proteases encapsuladas, que imediatamente começam a agir sobre a cutícula dos helmintos ligando-se a suas proteínas do tegumento. Nesta fase, como observado nos ensaios in vitro, há uma forte diminuição da motilidade dos vermes e a ruptura estrutural da camada exterior, o inchamento, e finalmente a diluição das estruturas. A evisceração ou saída do aparato digestivo e sistemas reprodutivos para o exterior do seu corpo, expondo-os à ação das cisteíno proteases, as quais continuam sua ação sobre a proteína exposta do substrato visceral da maceração do verme, o qual se desconfigura terminando por perder sua morfologia normal, resultando em um conjunto informe, sem função ou motilidade, com destruição completa por proteólise.
Aspectos Faxrmacológicos O látex de caricáceas é uma fonte tradicional de enzimas proteoliticas que são amplamente utilizadas na indústria e na forma de preparações farmacêuticas. Relatórios indicam que etnofarmacológicamente o Carica papaya é utilizados no tratamento de desordens gástricas.
Como visto anteriormente, é atribuída às cisteino proteases defensivas do látex diversas funções da planta. Após a lesão do fruto epicarpo, estas enzimas iniciam o processo de coagulação semelhante ao observado em mamíferos. É importante mencionar que o látex seco tem cerca de 15 % de teor enzimático.
Entre as diferentes enzimas da papaína refinada, as principais são endopeptidases com um peso molecular de cerca de 23 K Daltons, e associações de 212-218 aminoácidos, sendo que mais do que 40 % destas são classificadas como cisteino endopeptidases. A título meramente exemplificativo, vale ressaltar que, no teste de diluição em série, a partir de látex com um controle de água pura, aplicado às larvas, verificou-se que a mortalidade estava completa após 12 horas, nos poços a uma concentração de 0,015 % a 50 % de látex. Os helmintos do grupo controle, imersos em água, ainda estavam vivos após 12h. A mortalidade foi observada a partir da primeira hora de exposição, e foi significativa durante 12 horas, em todos os seus efeitos morf ológicos, em todas as concentrações. Sobre a destruição de helmintos, a cutícula mostra alterações nas células musculares, as células epiteliais do trato cuticulo-tegumentar tem inchaço interno, com menor coloração dos núcleos, e perda de morfologia celular normal e ovos e útero. Já com 0,1% de concentração de látex foram observados distúrbios na cutícula, intestinos e ovários. Em concentrações mais elevadas também foram destruídas células musculares.
Exemplo de Concretização da Invenção - Teste da eficácia do látex de mamão verde como antiparasitário "in vitro", puro e em diluição seriada, verificando mobilidade e integridade das larvas,· e morfologia do tegumento das larvas, sob microscopia óptica. Látex: O látex foi colhido "in natura", poucos momentos antes da aplicação nos poços das placas.
Originaram-se de frutos verdes da espécie Carica papaya, recém colhidos na região rural de Jundiaí, São Paulo, cujas cascas foram higienizadas com solução de álcool 70, escarifiçadas no sentido longitudinal e colocados, apoiados sobre copos de Becker, onde escorreram seu látex até esgotar. Este foi, em seguida, pipetado do fundo do Becker, e/ou gentilmente raspado das escaras com lâminas de microscopia óptica comum, e transferido para microtubos tipo eppendorf até a aplicação, puro e em diluição seriada, cerca' de dois a três minutos depois, sdevido à rápida coagulação.
Larvas: No caso das larvas, foram obtidas por "incubação in vivo" através de inoculação subcutânea de 1500 larvas infectantes L3 de Strongyloides venezuelensis em seis ratos machos Rattus norvegicus da linhagem Wistar, com oito semanas de idade e peso médio de 250g cada. O controle da infestação deu-se por análise direta em microscopia óptica, durante o período de uma semana, com a coleta diária de amostras fecais, até que não fossem mais encontrados ovos, indicando o estágio infectante das larvas. A retirada das larvas foi efetuada pelo método de Rugai, Matos e Brisola, quando, em seguida um micro litro foi pipetado diretamente da base do copo de fundo cônico, retirando as larvas e coradas com lugol. Foram espalhadas em lâmina de microscópio e contadas, cinquenta por micro litro, para cálculo de seu numero médio por volume, e após a contagem repetida por três vezes, constatou-se 100 espécimes em dois microlitros de solução, conforme Nakai e Amarante.
Aplicação: Foram depositados em placas acrílicas com micro poços, dois micro litros da solução de larvas por poço, contendo 100 larvas cada, com repetição de 4 vezes no total, perfazendo um total de 32 poços (4 linhas por 8 colunas) . Em seguida, a cada poço contendo dois micro litros da solução com 100 larvas, a partir da segunda coluna, foram adicionados, cem micro litros, trezentos micro litros, setecentos micro litros, mil e quinhentos micro litros, três mil e cem micro litros (em micro tubo tipo eppendorf à parte, pois o limite do poço é de dois mil micro litros) , e finalmente, seis mil e trezentos micro litros(idem anterior, retirando-se dois mil microlitros desta solução do eppendorf) sucessivamente de água de torneira, e em seguida, adicionados cem micro litros de látex puro em todos, e assim até a 7acoluna de 4 poços na placa, caracterizando uma diluição seriada, onde a partir do 2a coluna de 4 poços, tínhamos látex diluído à 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32 e finalmente 1/64 na 7a coluna de 4 poços. Na 8 a coluna de 4 poços, foi mantido o grupo controle de larvas, onde apenas foram adicionados 2 micro litros de solução de larvas, com dois mil micro litros de água de torneira. O limite temporal do experimento, neste caso, é o tempo em que as larvas controle permaneceram vivas em solução aquosa, sendo que, após este tempo, a morte das larvas não pode ser creditada ao látex.
Tabela 3. Número de larvas de Strongyloid.es venezuelensis remanescentes vivas ao longo de 5 horas com a adição de látex de Carica papaya, puro e em diluição seriada com água de torneira, em cada poço com 100 larvas.
Em seguida observamos as placas, sob microscópio óptico, com aumento de 40 X, 100 X e 400 X, cada poço que continha as larvas, por 5 horas, de hora em hora, verificando mobilidade, padrão de movimentação, alterações de cor, espessura, textura e forma tegumentar. Procedendo à contagem das remanescentes vivas, da forma já descrita anteriormente. Os resultados podem ser visualizados na tabela 3.
Verificamos em cada poço a mobilidade e tônus, tegumento, enfim a manutenção da estrutura original das larvas, filarióides e rabditóides. Foram captadas microfotografias em ½ hora, 1 hora, 1 e % hora e 2 horas após a aplicação das soluções, algumas são apresentadas nas figuras IA, 1B, 1C, 1D, 1E e 1F. A figura IA mostra larva L3 ou forma infectante do parasito Srongyloides venezuelensis em inicio de processo de evisceração, ocasionado por ruptura tegumentar enzimática, imerso em solução 1/32 de látex de mamão verde Carica papaya. Note-se na porção média onde internamente limitam-se aparelho reprodutor e intestino uma solução de continuidade por onde começam a sair as vísceras. A figura 1B evidencia na sequência, o inicio da saída de útero, ovários e ovos, aqui mostrados como a massa escura na parte inferior do verme. A figura 1C mostra uma maior movimentação para o meio externo do aparelho reprodutor, consoante com a movimentação do parasita. Em seus estertores, a movimentação acaba auxiliando a ação enzimática, evidenciada aqui por diversos pontos de ruptura tegumentar, no ânus (terminal inferior), primórdio genital (porção média, entre ruptura maior e extremidade inferior). A figura 1D torna mais nítida a saída das vísceras numa maior proporção, contando com diversos pontos de escape dos fluidos intra corpóreos, com desfiguração do epitélio(synlophe)e engrossamento das paredes. A figura 1E demonstra alguns minutos depois a digestão enzimática de grande parte do parasita, agora totalmente desfigurado, com digestão extracorpórea de intestinos, aparelho reprodutor e mais importante, ovos, que lançados ao meio externo, contaminariam novos hospedeiros. Podem-se notar outros vermes, no entorno, também em estágio avançado de decomposição enzimática. A figura 1F evidencia o final do processo de ataque enzimático, restando a carcaça invadida por solução enzimática a qual será posteriormente totalmente absorvida pelo hospedeiro, uma vez que foi reduzida aos peptídeos constituintes.
Com base em ensaios na mobilidade "in vitro" e observação sob microscopia óptica, verificou-se o efeito anti-helmíntico do látex de Carica papaya verde, puro e em diluição seriada até 1/64, no tempo, constatando sua eficácia decrescente com a diluição, o que foi evidenciado pelo tempo dilatado conforme aumentava a quantidade de água na solução, contudo, foi observada a eliminação de quase todas as larvas ao cabo de 5 horas. 0 grupo controle permaneceu vivo, confirmando o látex puro e diluído como agente efetivo da morte das larvas do parasita. A escolha de Strongyloid.es venezuelensis deveu-se principalmente à facilidade de manutenção do ciclo de vida do parasita em ratos e a relativa facilidade de separação por Rugai. Além disso, o fato de não contaminar seres humanos, o que aumentou a biossegurança do experimento. A espécie venezuelensis mantida em roedores tem possibilitado os estudos de biologia molecular, interação parasito/hospedeiro, ensaios terapêuticos, como este, e fonte de antigeno heterólogo para padronização de novas técnicas de imunodiagnóstico de estrogiloidose humana (15, 16, 17), a qual está entre as mais resistentes à ação dos anti-helminticos, a ponto de exigir o emprego da Ivermectina na clínica humana, droga originalmente desenvolvida para o gado bovino e ovino, tal é o nível de resistência adquirido' ao tiabendazol, cambendazol e albendazol.
Percebeu-se a causa de tantos trabalhos com helmintos de roedores, dada à dificuldade de manutenção das larvas, fora do hospedeiro humano.
Conclui-se que: os resultados obtidos com a aplicação do látex sobre as larvas vivas de Strongyloides venezuelensis demonstram sua eficácia in vitro, mesmo sob diluição, apesar das dificuldades técnicas oriundas da escolha pelo látex integral, sem isolamento da enzima ativa, estimulando a verificação dos resultados "in vivo"., podendo vir, no futuro, a constituir-se em alternativa à profilaxia e terapia clássica das helmintiases, em homens e animais.
Embora a invenção tenha sido amplamente descrita, é óbvio para aqueles versados na técnica que várias alterações e modificações podem ser feitas visando aprimoramento do projeto sem que as referidas alterações não estejam cobertas pelo escopo da invenção.