“PROCESSO UTILIZADO PARA A PRODUÇÃO DE CARBONATO DE LÍTIO, A PARTIR DE UMA SALMOURA RICA EM CA E MG” [001] O Lítio (Li) ocorre, primariamente, em pegmatitos incomuns de lítio ou em alguns depósitos de salmoura.
[002] Em virtude de sua reatividade química, o Lítio encontra-se distribuído em diversos minerais. O mineral portador de lítio mais abundante é o espodumênio, que é um silicato duplo de lítio-aluminío, LiAlSi2O6, um piroxênio de lítio contendo até 3,73% de Lítio (8,03% de Li2O), com um depósito de alto teor que, geralmente, varia de 1,35% a 3,56% de Lítio (2,9% a 7,7% de Li2O) e 0,007% a 0,03% de Fe2O3. A rota de processo padrão que é comumente usada para produzir carbonato de lítio (Li2CO3), a partir de depósitos de espodumênio, tem custo muito alto em virtude do alto consumo de energia. A rota comumente aplicada representa uma combinação dos seguintes estágios: ustulação, lixiviação por ácido sulfúrico e precipitação de carbonato de lítio com carbonato de sódio e cristalização de Na2SO4.
[003] O Carbonato de Lítio também pode ser produzido a partir de salmouras. Embora a produção de Li2CO3 seja mais econômica com a utilização de salmouras ao invés de minério (mineral espodumênio), em geral, as salmouras apresentam um nível de impurezas solúveis mais elevado, como sódio, boro, cálcio, sulfato e magnésio, que exige maior esforço técnico para alcançar o produto desejado. As salmouras são bombeadas para piscinas de evaporação para que haja remoção da água adicional e cristalização da maior parte dos sais presentes. Na sequência, a salmoura final é processada para a remoção de algumas impurezas, tais como boro (B), pequenas quantidades de sulfato (SO4-2), magnésio (Mg) e cálcio (Ca) e, então, o carbonato de lítio se precipita com carbonato de sódio (Na2CO3).
[004] As rotas de processo em operação no Salar de Atacama, Chile, e no Salar de Hombre Muerto, Argentina, produzem carbonato de lítio a partir de salmouras, com baixo teor de impurezas e baixa relação Mg/Li. O sulfato
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 8/40 / 26 presente na salmoura alimentada nas piscinas de evaporação é eliminado através da mistura com uma salmoura contendo cálcio.
[005] No Salar de Atacama, o boro da salmoura é precipitado como ácido bórico por meio de cristalização, ao passo que a eliminação de magnésio e cálcio se dá pela precipitação com carbonato de sódio. No Salar de Hombre Muerto utiliza-se uma resina para a adsorção seletiva do lítio. Porém, mesmo assim, a evaporação solar ainda é necessária para concentrar a solução de lítio diluída, antes que seja enviada para a precipitação de carbonato de lítio com carbonato de sódio ou antes de ser usada para produzir cloreto de lítio por meio de evaporação e cristalização. As relações Ca/Li e Mg/Li nas salmouras do Salar de Atacama e Hombre Muerto são muito baixas e variam, respectivamente, de 2 a 4 e de 1 a 2. No Salar de Atacama, o sulfato da salmoura é eliminado através da mistura da salmoura contendo cálcio. ao passo que o sulfato não constitui problema no caso do Salar de Hombre Muerto, em virtude das diferenças entre as rotas de processos usadas em cada caso.
[006] A patente US 201220328498 A1 descreve uma rota de processo diferente, que adsorve de forma seletiva o lítio de salmoura isenta de magnésio e desorve o lítio com uma solução ácida. Posteriormente o lítio é precipitado na forma de carbonato de lítio com a adição de carbonato de sódio, ou a solução contendo cloreto de lítio é evaporada produzindo cristais de cloreto de lítio.
[007] A patente US 20120189516 A1 corresponde à outra rota de processo na qual se adiciona KCl em uma salmoura pobre em cálcio, a fim de precipitar os sais de carnalita (KCl.MgCl2.6H2O) e produzir uma salmoura isenta de magnésio para ser usada na produção de sais de lítio.
[008] A patente US 8309043 descreve uma rota de processo diferente, mediante a qual é utilizada resina com pelotas de alumínio hidratadas, a fim de extrair, de forma seletiva, o lítio da salmoura saturada de
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 9/40 / 26 cloreto de sódio, sem magnésio e cálcio, mas, com sulfato. Esse processo não pode ser utilizado com salmoura rica em cálcio e magnésio.
[009] A patente US 8057764 B2 se refere a uma única rota de processo, utilizada na produção de sais de lítio de baixo teor de sódio, a partir da salmoura concentrada com baixo teor de cálcio e magnésio.
[0010] A patente US 4261960A descreve uma rota de processo diferente que produz carbonato de lítio, a partir da salmoura contendo magnésio e sulfato, porém, sem cálcio, utilizando cloreto de cálcio e óxido de cálcio para precipitar hidrato de borato de cálcio.
[0011] A patente CN101712481A se refere a uma rota de processo que produz sais de lítio a partir de salmoura com cálcio, magnésio e boro que são eliminados por meio de acidificação ou precipitação. Essa rota difere da rota proposta, uma vez que não envolve evaporação, cristalização e extração por solvente, ao passo que a salmoura de alimentação da patente contém uma relação muito baixa de Mg/Li e Ca/Li quando comparada com o que está sendo proposto.
[0012] A patente US 5993759A descreve uma rota de processo diferente para a produção de carbonato de lítio, a partir de salmoura com boro, sem cálcio e com baixo teor de magnésio. Envolve a precipitação de magnésio com óxido de cálcio ou carbonato de sódio e o cálcio remanescente com carbonato de sódio.
[0013] A patente CA 2729886A1 envolve a produção de cloreto de lítio, a partir de salmoura residual, com diferentes contaminantes, envolvendo uma rota de processo diferente.
[0014] A patente CN 102602966A descreve uma rota de processo diferente, mediante a qual cloreto de magnésio é adicionado a uma salmoura rica em magnésio com lítio, porém, sem cálcio, a fim de precipitar carnalita de lítio, LiCl.MgCl2.6H2O, incluindo um passo adicional para separar magnésio de lítio.
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 10/40 / 26 [0015] A patente CN 102491378A descreve uma rota de processo diferente porque mistura salmouras de carbonato e sulfato para precipitar carbonato de magnésio, a fim de eliminar o magnésio da salmoura de alimentação, sem cálcio e boro.
[0016] As patentes CN 1024322044, CN 101698488A, CN
101508450A, US 2011/0305624, US 6048507 e US 6764584 descrevem rotas de processo diferentes para produzir sais de lítio, a partir de salmoura com diferentes teores de contaminantes.
OBJETIVOS DA INVENÇÃO [0017] A presente invenção refere-se a uma rota de processo cujo objetivo é produzir borato de sódio e carbonato de lítio, a partir de salmoura contendo boro e lítio, bastante rica em Ca e Mg, sem qualquer sulfato, com elevadas relações de Ca/Li e Mg/Li, respectivamente, entre 35 a 50 e de 8 a 11 p/p.
DESCRIÇÃO RESUMIDA DA INVENÇÃO [0018] A presente invenção propõe uma rota de processo complexa, vantajosa e eficaz para obtenção de borato de sódio e carbonato de lítio a partir de uma salmoura muito rica em Ca e Mg, contendo quantidade significativa de lítio e boro. O objetivo é superar os cenários técnicos e econômicos demonstrados pelas tecnologias e rotas de processos já conhecidas.
[0019] De acordo com a presente invenção, o processo utilizado para a produção de carbonato de lítio compreende os seguintes passos: (i) filtragem da salmoura rica em Ca e Mg; (ii) tratamento do filtrado com ácido clorídrico;
(iii) extração por solvente (SX); (iv) primeira purificação do filtrado; (v) segunda purificação do filtrado; (vi) terceira purificação do filtrado; (vii) reação do filtrado com carbonato de sódio supersaturado; (viii) espessamento e filtragem da polpa resultante, obtida no final do passo (vii); e (ix) lavagem e secagem do carbonato de lítio.
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 11/40 / 26 [0020] Também de acordo com a presente invenção, o processo utilizado para a produção de borato de sódio compreende os seguintes passos:
(i) filtragem da salmoura rica em Ca e Mg; (ii) tratamento do filtrado com ácido clorídrico; (iii) produção de Na2B4O7 por meio de extração por solvente (SX) da salmoura acidificada, obtida ao final do passo (ii); (iv) redução da quantidade de água na solução, a fim de chegar a uma condição saturada, obtida no final do passo (iii) por meio de energia solar; (v) cristalização do Na2B4O7 produzido no passo (iii), utilizando um evaporador e vapor para aquecer a solução e evaporar a água, bem como para cristalizar Na2B4O7; (vi) cristalização de Na2B4O7 por resfriamento; (vii) reciclagem do licor-mãe para alimentar o evaporador usado no passo (v).
[0021] Outras vantagens e novidades dos aspectos da invenção serão apresentadas na descrição que se segue.
DESCRIÇÃO RESUMIDA DOS DESENHOS [0022] Vários aspectos exemplificando os sistemas e métodos serão descritos de forma detalhada a seguir:
[0023] FIG. 1 ilustra a rota de processo proposta.
[0024] FIG. 2 ilustra as isotermas de extração de boro com salmoura sintética.
[0025] FIG. 3 ilustra o padrão de difração de raios X de sólidos formados durante a remoção de magnésio e cálcio.
[0026] FIG. 4 ilustra o padrão de difração de raios X dos sólidos na precipitação de cálcio.
[0027] FIG. 5 ilustra o padrão de raios X de sólidos formados durante a precipitação de Mg(OH)2.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO [0028] Conforme pode ser visto na figura 1, o processo de produção de carbonato de lítio a partir de salmoura rica em Ca e Mg compreende os seguintes passos:
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 12/40 / 26 (i) Filtragem da salmoura rica em Ca e Mg;
(ii) Tratamento do filtrado com ácido clorídrico, com o pH variando de 1 a 3;
(iii) Extração por solvente (SX) da salmoura acidificada, obtida ao final do passo (ii);
(iv) Primeira purificação da salmoura isenta de boro, obtida ao final do passo (iii);
(v) Espessamento e filtragem da polpa resultante, obtida ao final do passo (iv), seguida de uma segunda purificação do filtrado.
(vi) Espessamento e filtragem da polpa resultante, obtida ao final do passo (v), seguida de uma terceira purificação do filtrado.
(vii) Reação da salmoura isenta de boro, cálcio e magnésio, obtida ao final do passo (vi), com carbonato de sódio supersaturado;
(viii) Espessamento e filtragem da polpa resultante, obtida ao final do passo (vii);
(ix) Lavagem e secagem da torta do filtrado contendo carbonato de lítio obtido ao final do passo (viii).
[0029] De acordo com a presente invenção, o passo (i) compreende a filtragem da salmoura rica em Ca e Mg para eliminar os sólidos, sais cristalizados ricos em Ca e Mg. O passo (ii) inclui o tratamento do filtrado com ácido clorídrico, e não ácido sulfúrico, a fim de evitar a precipitação de cálcio, com o pH variando de 1 a 3. O pH é medido pela diluição da salmoura em água deionizada, a uma proporção de salmoura e água de 1 para 9 volume/volume. A acidificação permite transformar os boratos em ácido bórico.
W2B4O7 + 2HCl + 5H2O 4H3BO3 + 2NaCl (1)
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MgBqO? + 2HCl + 5 H2O 4H3BO3 + MgCl2(2)
LÍ2B4O7 + 2HCl + 5H2O -> 4H3BO3 + 2LiCl(3)
K2B4O7 + 2HCl + 5H2O -> 4H3BO3 + 2KCl(4) [0030] Em virtude da baixa concentração de boro na salmoura acidificada, não é possível cristalizar o ácido bórico por resfriamento, assim como ocorre no Salar de Atacama, no Chile. Verificou-se que 25% a 35% de boro presente na salmoura de alimentação se perde ao longo da fase de evaporação forçada, pois cristaliza junto com cálcio. Para que a recuperação de boro seja otimizada, o passo (iii) compreende a extração por solvente (SX) da salmoura acidificada, obtida ao final do passo (ii). Primeiramente, o boro é recuperado da salmoura por meio de extração por solvente (SX) antes da etapa de evaporação forçada. Dessa forma, o boro, na forma de ácido bórico é extraído por extração por solvente (SX). A fase de extração por solvente inclui uma primeira extração de ácido com o pH variando de 0 a 5, e uma reextração alcalina, utilizando uma solução de hidróxido de sódio na proporção de orgânico/aquoso de 1/5 a 5/1, isto é, quantidade suficiente de NaOH para reagir com H3BO3 que foi extraído, para formar Na2B4O7 em solução e regenerar o orgânico. A recuperação total de boro está entre 90% a 99%.
[0031] Na sequência, purifica-se a salmoura isenta de boro, a fim de eliminar os metais contidos que ainda restaram, tais como magnésio e cálcio, antes da precipitação do carbonato de lítio.
[0032] O passo (iv) envolve uma primeira purificação da salmoura isenta de boro, obtida ao final do passo (iii). Na primeira purificação, a salmoura isenta de boro passa por um evaporador e cristalizador, nos quais são eliminados da salmoura cerca de 10% de cálcio e 60% de magnésio, preferivelmente, 35% e 85%, respectivamente. Na sequência, os sais ricos em Ca e Mg, tais como MgCl2.6H2O, CaCl2.MgCl2.12H2O e CaCl2.xH2O são cristalizados, onde x=2, 4 ou 6. A perda de lítio nesse estágio está entre 20% e
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30%, preferivelmente, entre 10% e 20%.
[0033] A salmoura isenta de boro, com menor teor de cálcio e magnésio, produzida durante a etapa de evaporação e cristalização, passa por uma reação com uma solução supersaturada de sulfato de sódio, de 30% a 40% em peso, em temperatura ambiente, por um período de 5 a 120 minutos, preferivelmente, de 15 a 45 minutos. Sob tais circunstâncias, 90% a 95% do cálcio contido na salmoura é precipitado na forma de sulfato de cálcio, ao passo que a perda de lítio fica entre 10% e 15%. A reação encontra-se descrita a seguir.
CaCl2 + N2SO4 CaSO4 + 2NaCl (5) [0034] O passo (v) envolve espessamento e filtragem da polpa resultante, obtida ao final do passo (iv), seguido de uma segunda purificação do filtrado. A torta rica em sulfato de cálcio do filtro é descarregada, ao passo que a salmoura overflow do espessador é misturada com o filtrado.
[0035] A salmoura isenta de boro e com teor bem baixo de cálcio, mas com alto teor de magnésio, é levada para um reator onde reage com uma solução de hidróxido de cálcio supersaturada, com teor de sólidos suspensos entre 10% a 30%, sob temperatura ambiente, por um período de 5 a 120 minutos, preferivelmente, de 15 a 45 minutos. Sob tais circunstâncias, de 95% a 99% do magnésio contido na salmoura é precipitado na forma de hidróxido de magnésio, ao passo que a perda de lítio fica entre 7% e 9%. A reação encontra-se descrita logo a seguir.
MgCl2 + Ca(OH)2 Mg(OH)2 + CaCb (6) [0036] O passo (vi) envolve espessamento e filtragem da polpa resultante, obtida ao final do passo (v), seguidos de uma terceira purificação do filtrado. A torta do filtro, rica em hidróxido de magnésio, é descarregada, ao passo que a salmoura overflow do espessador é misturada com o filtrado. Em virtude do uso de hidróxido de cálcio na segunda purificação, o teor de cálcio na salmoura aumenta um pouco, de modo que, na terceira purificação,
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 15/40 / 26 a salmoura isenta de boro e magnésio, com baixo teor de cálcio, passa novamente por uma reação com uma solução de sulfato de sódio supersaturada, com teor de sólidos suspensos entre 10% a 30%, sob temperatura ambiente, por um período de 5 a 120 minutos, preferivelmente, de 15 a 45 minutos. Sob tais circunstâncias, de 95% a 99% do cálcio contido na salmoura é precipitado na forma de sulfato de cálcio, ao passo que a perda de lítio fica entre 2% e 4%. A reação encontra-se descrita logo a seguir.
CaCl2 + N2SO4 CaSO4 + 2NaCl (7) [0037] O passo (vii) inclui reagir a salmoura isenta de boro, cálcio e magnésio, obtida ao final do passo (vi), com uma solução supersaturada de carbonato de sódio, com teor de sólidos suspensos entre 20% e 30%, sob temperatura de 60° C a 100° C, por um período de 5 a 160 minutos, preferivelmente, de 15 a 45 minutos. A reação encontra-se descrita logo a seguir.
2LiCl + N2CO3 U2CO3 + 2NaCl (8) [0038] O passo (viii) inclui o espessamento e a filtragem da polpa resultante, obtida ao final do passo (vii). A salmoura overflow do espessador é misturada com o filtrado e reciclada para o processo, ao passo que parte dela é purgada, a fim de controlar o teor de contaminantes.
[0039] O passo (ix) compreende lavar e secar a torta rica em carbonato de lítio, obtida ao final do passo (viii). A torta do filtro (carbonato de lítio) é lavada com água desmineralizada ou água mole, a uma temperatura de 50° C a 70° C, e em seguida passa pelas etapas de secagem, classificação, compactação, resfriamento, recobrimento e armazenamento. Todos esses processos são triviais para pessoas versadas nessa disciplina.
[0040] De acordo com a figura 1, o processo de produção de borato de sódio a partir de salmoura rica em Ca e Mg compreende os seguintes passos:
(i) Filtragem da salmoura rica em Ca e Mg;
(ii) Tratamento do filtrado com ácido clorídrico;
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 16/40 / 26 (iii) Produção Na2B4Ü7 por meio de extração por solvente (SX) da salmoura acidificada, obtida ao final do passo (ii);
(iv) Redução da quantidade de água na solução, para chegar a uma condição saturada, obtida no final do passo (iii) por meio de energia solar;
(v) Cristalização de Na2B4Ü7 produzido no passo (iii), em um evaporador que utiliza vapor para aquecer a solução e ocasionar a evaporação de água, bem como para cristalizar Na2B4Ü7;
(vi) Cristalização de Na2B4Ü7 por resfriamento;
[0041] Reciclagem do licor obtido após a separação sólido líquido dos sais de Na2B4Ü7 (licor mãe) para alimentar o evaporador usado no passo (v).
[0042] O boro, como ácido bórico, presente na salmoura rica em Ca e
Mg, é extraído da salmoura por meio de extração por solvente, ao passo que a estripagem é feita utilizando uma solução de NaOH com concentração suficiente para reagir com ácido bórico, esta concentração pode variar de 10 a 50% de NaOH na solução, com objetivo de gerar tetraborato de sódio (Na2B4O7) em solução.
[0043] A salmoura não saturada em NaB4O7 alimenta uma pequena piscina de evaporação, a fim de obter a condição saturada, utilizando suficiente energia solar para reduzir a quantidade de água na solução e saturar a salmoura em Na2B4O7.
[0044] Próximo ao ponto de saturação, a salmoura de Na2BaO7 entra em um evaporador e, a fim de cristalizar Na2B4O7, utilizando vapor para aquecer a solução e evaporar a água a uma temperatura variando entre 70° C e 100° C. O vapor gerado é resfriado a cerca de 20° C ou 30° C por meio de água ou outro líquido, para recuperar energia.
[0045] Em virtude de sua alta temperatura, a solução saturada gerada
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 17/40 / 26 passa por resfriamento até atingir uma temperatura de 20° C, a fim de cristalizar o restante de Na2B4O7. Depois dessa fase, o licor-mãe da solução é reciclado para o evaporador.
[0046] Os estágios utilizados para obter carbonato de lítio e borato de sódio de uma salmoura rica em Ca e Mg encontram-se descritos na figura 1.
[0047] A tabela 1 mostra a típica composição química e física da salmoura rica em Ca e Mg.
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Tabela 1 - Características químicas e físicas da salmoura rica em Ca e Mg.
Sódio (Na) |
De 2,1 a 2,2 g/L |
Ou 0,15% a 0,16% p/p na salmoura |
Potássio (K) |
De 4,2 a 4,4 g/L |
ou 0.30 a 0.32% |
De 42,5 a 44,7 |
p/p na salmoura ou 3.07 a 3.16% |
Magnésio (Mg) |
p/p na salmoura |
g/L |
Lítio (Li) |
De 4,2 a 5,3 g/L |
ou 3,033 a 3,731 |
Cálcio (Ca) |
De 176 a 182 g/L |
ppm na salmoura
ou 12.7 a 12.9% |
Cloretos (Cl-) |
De 463 a 487 g/L |
p/p na salmoura ou 33.5 a 34.4% |
Boro na forma de Ácido |
De 18,5 a 24,5 |
p/p na salmoura ou 1.51 a 1.73% |
Bórico (H3BO3) |
g/L |
p/p na salmoura |
|
De 0,16 a 0,27 |
Ou 0.01 a 0.02% |
Sulfatos (SO4-2) |
|
g/L |
p/p na salmoura |
Proporção Ca/Li |
De 33 a 46 |
- |
Proporção Mg/Li |
De 8 a 11 |
- |
pH |
De 6,5 a 7,5 |
- |
Condutividade elétrica |
De 55 a 65 |
|
Viscosidade |
mS/cm
De 40 a 60 cP |
-
|
Densidade (20°C) |
De 1,350 a 1,420 |
|
g/L |
|
[0048] A tabela 2 mostra os principais resultados obtidos em testes de escala de bancada.
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Tabela 2 - Características químicas e físicas da salmoura rica em Ca e Mg.
|
Consumo específico |
Salmoura contendo Li e B e rica em Ca e Mg |
De 42 a 52 m3/t de U2CO3 |
Na2SO4, 100% |
De 15 a 21 t/t de U2CO3 |
Ca(OH)2,100% |
De 1,2 a 2,2 t/t de U2CO3 |
Na2CO3, 100% |
De 1,8 a 2,6 t/t de U2CO3 |
Ácido hidroclorídrico (37%p/p) |
De 0,10 a 0,22 t/t U2CO3 |
NaOH (50% p/p) |
De 0,30 a 0,46 t/t de LÍ2CO3 |
Resíduos sólidos |
De 55 a 71 t/t de U2CO3 |
Resíduos líquidos |
De 30 a 40 m3/t de U2CO3 |
Gás natural |
De 80 a 120 MMBTU/t de
U2CO3 |
Energia elétrica |
De 0.700 a 0.900 MWh/t de
U2CO3 |
Água de processo |
De 20 a 32 m3/t de U2CO3 |
Recuperação de Lítio |
De 55% a 61% |
Recuperação de boro |
De 90% a 96% |
EXEMPLO 1
Tabela 3 - Composição sintética da salmoura % p/p
CaCl2 |
33.50 |
MgCl2 |
1.93 |
LiCl |
4.02 |
H3BO3 |
1.96 |
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KCl
NaCI
H2O
1.12
0.12
57.3
Total 100.00
2.33
1.47 pH Densidade (g/mL) [0049] Foi usado isooctanol como extrator nos experimentos de extração por solvente, além de ter sido misturado com o solvente Exxsol D80 (ExxonMobil) na proporção de 1:9 de extrator-solvente. As soluções de salmoura sintética apresentadas na tabela 3 foram preparadas e acidificadas com HCl, até atingir um pH de 2,33. Em experimentos separados, os licores da salmoura preparada foram misturados com orgânico a uma proporção de volume de orgânico-aquoso (O/A) de 2:1 por quatro minutos, com velocidade tangencial de ponta de cerca de 350 pés/minuto. Na sequência, o rafinado intermediário foi estocado e o orgânico parcialmente carregado entrou novamente em contato com salmoura inicial. O processo foi repetido até que o orgânico entrasse em contato com sua respectiva salmoura inicial por um total de cinco vezes. Os experimentos com extração por solvente foram realizados a uma temperatura de 42° C para as duas salmouras. A tabela 5 e a figura 2 mostram as isotermas para extração de boro para as duas composições de salmoura.
Tabela 4 - Dados analíticos de extração de salmoura sintética para caso expandido
Ensaios líquidos, g/L
Densidade, g/mL pH
Li B Na Mg K Ca
Salmoura inicial
1,471 2,22 4,85 3,45 2,04 40,00 4,39 173
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Rafinado, Contato 1 |
1,434 |
2,46 |
4,80 |
0,49 |
2,08 |
38,90 |
4,15 |
168 |
Rafinado, Contato 2 |
1,487 |
2,35 |
4,91 |
2,47 |
2,07 |
40,10 |
4,38 |
170 |
Rafinado, Contato 3 |
1,502 |
2,39 |
4,95 |
3,45 |
2,07 |
41,00 |
4,33 |
174 |
Rafinado, Contato 4 |
1,502 |
2,38 |
4,97 |
3,54 |
2,05 |
40,05 |
4,22 |
175 |
Rafinado, Contato 5 |
1,471 |
2,42 |
4,97 |
3,57 |
2,15 |
40,50 |
4,30 |
174 |
Tabela 5 - Composição sintética da salmoura
Concentração de boro na fase orgânica (g/L) |
0,00 |
1,50 |
2,00 |
1,95 |
1,90 |
1,84 |
Concentração de boro na fase aquosa (g/L) |
0,00 |
0,52 |
2,50 |
3,40 |
3,48 |
3,54 |
[0050] As isotermas indicam uma concentração de saturação de boro orgânico, entre 1,91 e 1,97 g/L. Em nenhuma das composições de salmoura foi observada qualquer coextração significativa de lítio, potássio, sódio, magnésio ou cálcio. O período da fase de desagregação foi similar para os dois experimentos, variando entre 7 e 18 s. Em nenhum dos contatos foi verificada a formação de camadas de emulsão. O boro extraído no primeiro contato foi 85%.
[0051] Foi gerado um diagrama McCabe-Thiele, a partir de dados de isotermas, a fim de determinar que apenas quatro estágios de extração são suficientes para reduzir a concentração de boro a 4 ppm no rafinado. Para gerar o diagrama citado, foi utilizada uma proporção de 2:1 de O/A, presumindo que a concentração inicial de salmoura tenha sido de 3,45 g/L. Presumiu-se, também, que o orgânico poderia ser estripado até 0.006 g/L B, com uma densidade final de rafinado de 1.498 g/mL.
EXEMPLO 2:
[0052] O pH de duas bateladas da salmoura foi ajustado de 6,6 para
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 22/40 / 26 cerca de 2,3, com HCl tendo passado por extração sob condições-alvo idênticas ao teste de extração em pequena escala, com o pH em 2,3. Depois de três contatos com orgânico fresco, a uma proporção de orgânico-aquoso de 2:1, as concentrações de boro no rafinado para a batelada 1 e 2 foram de 8,8 e 14,4 ppm, respectivamente. Os carregamentos de orgânicos para a batelada 1 e 2 foram de 1,22 e 1,15 g/L, respectivamente. Não houve evidência de aparente coextração de lítio, potássio, cálcio ou sódio, o que concorda com os testes de extração por solvente de salmoura sintética. O orgânico carregado do primeiro teste de extração nas bateladas 1 e 2 foi usado em testes de estripagem. Duas soluções de estripagem foram preparadas com concentrações de 5 e 100 g/L de NaCl, cujo pH foi ajustado para 3 com HCl. Duas concentrações de NaCl foram utilizadas para investigar o efeito da força iônica em estripagem de H3BO3. O pH da solução de estripagem foi alterado para ácido, a fim de assegurar a presença de boro estripado na forma de H3BO3. O orgânico carregado da batelada 1 foi estripado com licor de estripagem de 5 g/L NaCl, ao passo que o orgânico carregado da batelada 2 foi misturado a 100 g/L de solução de estripagem de NaCl. Em ambos os testes, o orgânico e as soluções de estripagem foram aquecidos a 42° C e misturados a uma proporção de orgânico-aquoso de 2,1, em uma caldeira de resina com revestimento, por quatro minutos.
[0053] Ambas as bateladas de soluções orgânicas carregadas foram tratadas por cinco contatos sucessivos com solução fresca de estripagem. A concentração de boro orgânico da batelada 1 foi reduzida de 1,22 para 0,027 g/L, utilizando a solução de estripagem de 5 g/L de NaCl. De modo similar, a concentração de boro orgânico da batelada 2 foi reduzida de 1,15 para 0,009 g/L, com o licor de estripagem de 100 g/L de NaCl. A concentração máxima de boro foi de 1,86 g/L no licor de estripagem de 5 g/L de NaCl, e de 1,48 g/L, na solução de estripagem de 100 g/L. Com base nas isotermas, parece que a solução de estripagem de 5 g/L não remove por completo o boro da fase
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 23/40 / 26 orgânica, porém, há uma concentração maior de boro quando comparada com o licor de estripagem de 100 /g/L de NaCl.
Tabela 6 - Dados analíticos de extração da salmoura da batelada 1
Ensaios líquidos, g/L
|
Densidade, g/mL |
pH |
Li |
B |
Na |
Mg |
K |
Ca |
Salmoura inicial |
1,420 |
2,27 |
4,05 |
2,99 |
2,92 |
29,1 |
10,5 |
134 |
Rafinado, Contato 1 |
1,420 |
2,19 |
3,91 |
0,55 |
2,85 |
29,2 |
10,1 |
134 |
Rafinado, Contato 2 |
1,420 |
2,35 |
3,85 |
0,08 |
2,85 |
29,3 |
10,1 |
135 |
Rafinado, Contato 3 |
1,420 |
2,35 |
3,92 |
0,02 |
2,89 |
29,4 |
10,2 |
135 |
Tabela 7 - Dados analíticos de extração da salmoura da batelada 2
Ensaios líquidos, g/L
|
Densidade, g/mL |
pH |
Li |
B |
Na |
Mg |
K |
Ca |
Salmoura inicial |
1,390 |
2,29 |
4,07 |
2,87 |
3,06 |
28,6 |
10,3 |
132 |
Rafinado, Contato 1 |
1,400 |
2,22 |
4,08 |
0,57 |
3,13 |
28,7 |
10,3 |
12 |
Rafinado, Contato 2 |
1,400 |
2,16 |
4,12 |
0,07 |
3,10 |
28,8 |
10,4 |
133 |
Rafinado, Contato 3 |
1,400 |
2,29 |
4,14 |
0,02 |
3,16 |
30,1 |
10,5 |
141 |
Tabela 8 - Dados analíticos da estripagem da salmoura da batelada 1, solução de estripagem de 5 g/L de NaCl.
Ensaios líquidos, g/L
|
Densidade g/mL |
pH |
Li |
B |
Na |
Mg |
K |
Ca |
Salmoura inicial |
1,000 |
3,03 |
<0,0005 |
<0,0002 |
1,89 |
<0,001 |
<0,001 |
<0,001 |
Estripagem
Contato 1 |
gasta, |
1,000 |
2,92 |
<0,0005 |
1,860 |
1,89 |
0,002 |
0,002 |
0,003 |
Estripagem
Contato 2 |
gasta, |
1,000 |
3,03 |
<0,0005 |
0,400 |
1,89 |
0,006 |
0,006 |
<0,001 |
Estripagem
Contato 3 |
gasta, |
1,000 |
3,00 |
<0,0005 |
0,101 |
1,91 |
0,002 |
0,002 |
0,002 |
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 24/40 / 26
Estripagem
Contato 4 |
gasta, |
1,000 |
3,06 |
<0,0005 |
0,029 |
1,89 |
0,005 |
0,005 |
0,002 |
Estripagem
Contato 5 |
gasta, |
1,000 |
3,01 |
<0,0005 |
0,010 |
1,90 |
0,004 |
0,004 |
<0,001 |
Tabela 9 - Dados analíticos da estripagem salmoura da batelada 2, solução de estripagem de 100 g/L de NaCl
Ensaios líquidos, g/L
|
Densidade, g/mL |
pH |
Li |
B |
Na |
Mg |
K |
Ca |
Salmoura inicial |
1,06 |
3,05 |
<0,001 |
0,005 |
37,1 |
0,005 |
<0,02 |
0,019 |
Rafinado, Contato 1 |
1,07 |
3,08 |
<0,001 |
1,480 |
37,8 |
0,005 |
<0,02 |
0,019 |
Rafinado, Contato 2 |
1,06 |
3,04 |
<0,001 |
0,550 |
38,0 |
0,005 |
<0,02 |
0,019 |
Rafinado, Contato 3 |
1,06 |
3,02 |
<0,001 |
0,188 |
37,6 |
0,005 |
<0,02 |
0,020 |
Rafinado, Contato 4 |
1,06 |
3,02 |
<0,001 |
0,063 |
37,3 |
0,005 |
<0,02 |
0,019 |
Rafinado, Contato 5 |
1,06 |
3,03 |
<0,001 |
0,027 |
37,8 |
0,005 |
<0,02 |
0,020 |
EXEMPLO 3:
[0054] Após a extração por solvente, os sais de CaCl2 e de MgCl2 foram removidos do rafinado da extração por solvente por meio de evaporação forçada e cristalização. A operação foi conduzida a uma temperatura de 60° C em um recipiente de resina, vedado, com dois estágios de condensação. No caso do experimento em batelada, o recipiente recebeu uma carga de 1,160 g de rafinado de salmoura e foi aquecido a vácuo (20 in. Hg). A quantidade de água a ser evaporada foi proporcional à quantidade de salmoura utilizada no experimento. Para o tamanho da batelada, 175 g de água foram evaporados para a cristalização de sais de magnésio-cálcio. A tabela 10 mostra a salmoura de alimentação e as composições finais da salmoura.
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 25/40 / 26
Tabela 10 - Composições do fluxo do processo de evaporação
|
Composição da salmoura
(%p/p) |
Rafinado |
Final |
CaCl2 |
25,4 |
36,9 |
MgCl2 |
8,07 |
8,04 |
LiCl |
1,74 |
2,66 |
H3BO3 |
0,01 |
0,004 |
KCl |
1,4 |
1,91 |
NaCI |
0,56 |
0,53 |
H2O |
62,8 |
50 |
Total
Densidade (g/mL)
pH |
100,0
1,42
2,18 |
100,0
1,66
2,83 |
[0055] Cerca de 30 g de cristais foram recuperados no experimento.
Os cristais foram lavados com água desmineralizada e secados em dissecadores a vácuo. Em virtude da formação teorizada de tacahidrita, esperava-se que os cristais tivessem um comportamento instável e que, potencialmente, fossem absorver a umidade atmosférica ao serem expostos ao ar. Por medida de precaução, uma amostra desses cristais foi dissolvida em uma determinada quantidade de água e ensaiada, a fim de determinar o teor de cálcio, lítio, magnésio, potássio e sódio. Também foi analisada outra amostra dos cristais, utilizando difração de raios X. De forma surpreendente, o material cristalino submetido à análise de difração de raios X não apresentou propriedades deliquescentes e, portanto, permaneceu estável durante o procedimento com raios X. A tabela 11 mostra os ensaios dos cristais e a
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 26/40 / 26 figura 3 mostra a análise com difração de raios X.
Tabela 11 - Ensaio de cristais de cálcio-magnésio
Ensaio, % (p/p) base úmida
Ca
3,75
Mg
Li
K
8,16
0,002
4,04
Na
2,48
Proporção molar de Mg/Ca [0056] Os padrões de difração de raios X do cristal mostram que foram detectadas tacahidrita (CaCÍ2.MgCA12l tO), carnalita (KMgCl3^6H2O), e halita. Não foi detectado qualquer CaCl2^2H2O. A composição do cristal foi calculada com base em sais identificados pela análise de difração de raios X. A tabela 12 mostra os ensaios analíticos.
Tabela 12 - Estimativa da composição do cristal
Sais em cristais |
Composição % p/p base úmida |
CaMgCl4.12H2O |
48,39 |
MgCl2.6H2O |
9,19 |
KMgCl3.6H2O |
28,70 |
CaCl2.2H2O |
0,00 |
LiCl |
0,02 |
NaCl |
6,30 |
Balanço |
7,40 |
Total |
100,00 |
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 27/40 / 26 [0057] A presença de halita deve-se, provavelmente, ao licor residual que não foi completamente eliminado dos sólidos com a lavagem. A partir da avaliação dos sólidos ajustados, a remoção de cálcio, magnésio e sódio ficou em 13%, 40% e 20%, respectivamente. Tendo como base a composição dos sólidos, a remoção de sódio ficou em 6.5%, 42% e 49%, respectivamente. Usando as avaliações do licor e presumindo uma eficiência de lavagem da torta do filtro da ordem de 100%, os resultados laboratoriais indicam que, aproximadamente, 2.7% do lítio relaciona-se ao sólido cristalizado. Particularmente, o efeito dos fluxos de reciclagem, que não foram incorporados nos experimentos realizados em laboratório, poderia exercer um papel significativo na formação de sólidos de magnésio e cálcio.
[0058] O balanço geral de massa para a fase de evaporação ficou abaixo de 88.4%. No entanto, a salmoura evaporada foi filtrada sob temperatura de 60° C, a fim de manter a estabilidade do equilíbrio do cristal. Provavelmente, as perdas incorridas tiveram sua origem na evaporação de água durante a fase de filtragem a vácuo. Essa conclusão encontra apoio nas recuperações mais altas, que variaram de 97%, no caso de lítio, a 100%, no caso de potássio. A recuperação de boro ficou em apenas 44%, porém, as concentrações extremamente baixas, algumas das quais abaixo dos limites de detecção, dificultam o fechamento do balanço de massa. Após a evaporação e a cristalização para a remoção de cálcio e magnésio, a maior parte do cálcio restante foi removida utilizando Na2SO4.
EXEMPLO 4:
[0059] A salmoura evaporada foi tratada com uma solução saturada de W2SO4, a fim de precipitar cálcio na forma de gesso (CaSO4 2H2O). A salmoura foi tratada com W2SO4, usando os 110% de proporção estequiométrica de Na2SO4 para CaCl2 na salmoura evaporada. A reação de precipitação foi realizada em um recipiente, provido de agitação, com a salmoura sendo aquecida a 60° C e uma solução saturada de Na2SO4, com
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 28/40 / 26 excesso de Na2SÜ4 sólido preparado a 45° C. Assim que a solução de Na2SÜ4 foi adicionada à salmoura, a reação continuou por uma hora. Na sequência, a polpa foi filtrada, para recuperar o precipitado de gesso. Segue abaixo a reação da precipitação:
CaCl2 + Na2SO4 + 2H2O -> CaSCU^O + 2NaCl (9) [0060] Os sólidos filtrados foram lavados com água desmineralizada, depois secados à temperatura de 80° C e, então, preparados para o ensaio. O precipitado também foi submetido à análise por difração de raios X. O filtrado primário e a solução de lavagem foram igualmente amostrados e ensaiados. A tabela 13 mostra a composição do filtrado da salmoura, ao passo que a figura 4 mostra a análise de difração de raios X.
Tabela 13 - Composição da salmoura antes e depois da precipitação de cálcio
|
Inicial % p/p |
Final %p/p |
CaCl2 |
36,9 |
2,01 |
MgCl2 |
8,04 |
4,24 |
LiCl |
2,66 |
1,47 |
H3BO3 |
0,004 |
0,007 |
KCl |
1,91 |
0,67 |
NaCI |
0,53 |
10,5 |
H2O |
50 |
81,1 |
Total |
100,0 |
100,0 |
Densidade (g/mL) |
1,66 |
1,2 |
pH |
2,83 |
11 |
[0061] O balanço geral de massa para a fase de precipitação de cálcio foi de 99,5%. Após a fase das supostas perdas de filtragem na cristalização de
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 29/40 / 26 magnésio e cálcio, o filtrado primário da polpa de precipitação foi recolhido em um vaso resfriado, a fim de minimizar as perdas por evaporação a vácuo. No entanto, as recuperações ficaram mais dispersas, variando de 79,8%, no caso de potássio, a 99,9%, no caso de cálcio. A recuperação do boro foi significativamente afetada pelas baixas concentrações de boro em todos os fluxos. Presumindo que 100% da lavagem tenha sido eficaz no caso da torta do filtro, as perdas de lítio ficaram em torno de 16,5%. Depois das correções em relação aos sais solúveis de lítio, sódio, magnésio, potássio e cálcio, (LiCl, NaCl, etc.) na torta do filtro, a remoção estimada de cálcio foi de 99%. A difração de raios X da torta demonstrou a presença de bassanita (CaSO.rCI LO) e halita. Provavelmente, a halita detectada nos sólidos deve-se ao arraste de licor de filtrado da salmoura nos sólidos.
EXEMPLO 5:
[0062] Na fase subsequente, o magnésio foi removido da salmoura na forma de Mg(OI)2 com a adição de polpa de Ca(OI)2. O Ca(OI)2 foi misturado na água desmineralizada, a fim de criar uma polpa sob temperatura de 36° C, e adicionado à salmoura, com temperatura aquecida até 45° C. Veja a seguir a reação da precipitação:
MgCl2 + Ca(OH)2 Mg(OH)2 + CaCL (10) [0063] Foi adicionado polpa de cal à salmoura, com 12% a mais do estequiométrico tendo como base a concentração de MgCl2. Assim que a polpa de Ca(OI)2 foi adicionada, a polpa da salmoura mudou para a cor branca. A mistura foi agitada por uma hora. A polpa resultante foi, então, filtrada e o filtrado foi coletado em um recipiente resfriado, a fim de reduzir as perdas por evaporação durante a filtragem a vácuo. O filtrado transparente foi amostrado e reservado para ser, posteriormente, submetido a teste. Os sólidos foram lavados com água desmineralizada e secados durante a noite a uma temperatura de 80° C. Assim que ficaram secos, os sólidos foram preparados e submetidos à análise. A tabela 14 mostra a composição do
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 30/40 / 26 filtrado da salmoura e a figura 5 mostra a análise dos sólidos por difração de raios X.
Tabela 14 - Composição da salmoura antes e depois da precipitação de Mg(OH)2
|
Inicial
%p/p |
Final %p/p |
CaCl2 |
8.93 |
11.5 |
MgCl2 |
4.24 |
0.001 |
LiCl |
1.47 |
1.24 |
H3BO3 |
0.007 |
0.007 |
KCl |
0.67 |
0.61 |
NaCI |
10.5 |
9.29 |
H2O |
74.2 |
77.4 |
Total |
100.0 |
100.0 |
Densidade (g/mL) |
1.23 |
1.19 |
pH |
4.17 |
10.9 |
[0064] O balanço geral de massa para o processo de remoção de magnésio ficou em 97,8%. As recuperações tiveram uma melhora quando comparadas com a precipitação de cálcio, com uma variação entre 86.1% e 92,9% para lítio e potássio, respectivamente. A remoção de magnésio ficou em torno de 95%%. Durante a precipitação, 12% do lítio foi perdido para a torta do filtro. Uma análise com difração de raios X dos sólidos indicou a presença de Mg(OH)2, conforme mostra a figura 5. A detecção de cloreto de sódio nos sólidos deve-se, provavelmente, ao arraste de licor de filtrado que não havia sido inteiramente removido durante a lavagem. O filtrado da salmoura passou, então, pelo processo de remoção de cálcio, utilizando Na2CO3, conforme descrito na próxima seção.
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 31/40 / 26
EXEMPLO 6:
[0065] No processo de precipitação de L12CO3, acrescentou-se
Na2CO3 à salmoura, a fim de precipitar o lítio da solução, tendo como base a seguinte reação:
2LiCl + N2CO3 LÍ2CO3 + 2NaCl (11) [0066] Foi necessário cerca de 130% da quantidade estequiométrica de Na2CO3, tendo como base a concentração de LiCl na salmoura. Antes da adição da solução de W2CO3, a salmoura foi aquecida a 60° C. Na sequência, a polpa foi aquecida a 90° C quando, então, a precipitação foi conduzida por uma hora.
[0067] Depois da precipitação de lítio, a polpa foi filtrada e o filtrado da salmoura foi reservado para testes futuros. Adicionalmente, os sólidos de LÍ2CO3 foram lavados três vezes, utilizando água desmineralizada à temperatura de 22° C, a fim de remover sais solúveis de cloreto que foram arrastados. Primeiro, os sólidos filtrados foram lavados na proporção de massa de sólidos e água de 2,45:1. Na sequência, os sólidos foram lavados na forma de polpa com a adição de água desmineralizada, na proporção de massa de sólidos e água da ordem de 2,88:1 e, então, foram filtrados. Na fase final de lavagem, os sólidos retidos foram lavados com água desmineralizada na proporção de massa de sólidos de lavagem/umidade da ordem de 2,34:1.
[0068] O balanço geral de massa foi de 96,4% e as recuperações variaram de 83%, no caso de cálcio, a 98%, no caso de sódio. A recuperação do boro foi baixa por razões similares às já discutidas anteriormente no relatório. Logo após a lavagem de três estágios, foram produzidas apenas 2,66 g de Li2CO3 da torta do filtro, com uma recuperação de lítio da solução da salmoura de 15,2%.
[0069] Antes das etapas de lavagem, a recuperação de lítio era de
20,2%, porém, em virtude da solubilidade de Li2CO3, as etapas extras de lavagem contribuíram, adicionalmente, para reduzir a recuperação de lítio. A
Petição 870190063427, de 08/07/2019, pág. 32/40 / 26 recuperação total de lítio nos sólidos ficou bem abaixo da estimativa de 82,3%. Na falta de lavagem de sólidos reciclados, as recuperações de lítio em laboratório não foram uma surpresa, em virtude da baixa concentração de lítio na salmoura e o equilíbrio do carbonato de lítio na salmoura. Considerando o baixo índice de recuperação de lítio e a presença de cálcio na salmoura, a pureza dos sólidos também foi severamente reduzida no que diz respeito ao Li2CO3.
[0070] Não surpreendeu o fato de que os sólidos purificados registraram 99,5% do cálcio residual que permaneceu no licor da salmoura. Em virtude do excesso de Na2CO3 e a baixa concentração de lítio, foi inevitável a co-precipitação de CaCO3. Será necessário mais trabalho no futuro, com reciclo de alguns fluxos, a fim de melhorar a remoção de cálcio, antes da precipitação de Li2CO3, e, também, para reduzir as perdas de lítio durante o processo de purificação. Além disso, recomenda-se que seja levada em conta a temperatura da água de lavagem das tortas contendo carbonato de lítio. O uso de água quente de lavagem contribuirá para a redução de perdas de lítio, em virtude da solubilidade inversa de Li2CO3.