PT108840B - Método para produção de micélio de macrofungos através da bioconversão de sorelho e resíduos de maçã provenientes da indústria de lacticínios e da fruta - Google Patents

Método para produção de micélio de macrofungos através da bioconversão de sorelho e resíduos de maçã provenientes da indústria de lacticínios e da fruta Download PDF

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Abstract

ESTE DOCUMENTO DIZ RESPEITO A UM NOVO MÉTODO DE PRODUÇÃO DE MICÉLIO DE MACROFUNGOS QUE PERMITE O TRATAMENTO, VALORIZAÇÃO E REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE PROCESSAMENTO DA INDÚSTRIA DE LACTICÍNIOS, E DE VALORIZAÇÃO E REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE FRUTA. ASSIM, APRESENTA-SE UM MEIO DE CULTURA INOVADOR PARA A PRODUÇÃO DE MICÉLIO DE MACROFUNGOS À BASE DE SORELHO E RESÍDUOS DE MAÇÃ, PERMITINDO O CULTIVO DE DIVERSAS ESPÉCIES DO FILO BASIDIOMYCOTA E ASCOMYCOTA. ESTA INVENÇÃO DEMONSTRA SER POSSÍVEL OBTER UMA PRODUÇÃO MICELIAL DE ELEVADA QUALIDADE COM BAIXO CUSTO DE PRODUÇÃO, USANDO RECURSOS NATURAIS NORMALMENTE DESPERDIÇADOS, PERMITINDO ATINGIR VELOCIDADES DE CRESCIMENTO MICELIAIS SEMELHANTES OU SUPERIORES AOS MEIOS CONVENCIONALMENTE USADOS. COMO TAL, O MÉTODO ALIA A VANTAGEM DE VALORIZAR FLUXOS DE MASSA RESULTANTES DESTAS ATIVIDADES ECONÓMICAS PARA PRODUÇÃO DE UM PRODUTO COM ELEVADO INTERESSE A NÍVEL ALIMENTAR, MEDICINAL, INDUSTRIAL E BIOLÓGICO.

Description

DESCRIÇÃO
Método para produção de micélio de macrofungos através da bioconversão de sorelho e resíduos de maçã provenientes da indústria de lacticínios e da fruta
Domínio técnico da Invenção:
A presente proposta de criação refere-se a um método de produção de micélio de macrofungos através do aproveitamento e rentabilização de resíduos provenientes da indústria de lacticínios e de frutas, respetivamente sorelho e resíduos de maçã. Propõe-se um metódo que engloba a utilização de um meio de crescimento 100% natural, isto é, contendo apenas subprodutos industriais, sem aditivos químicos e sem préprocessamentos químicos ou físicos destes subprodutos.
A técnica anterior:
Um dos principais problemas da indústria dos lacticínios diz respeito aos efluentes líquidos gerados durante a produção, originados pelo fluxo de meios líquidos e sólidos resultantes do processo de transformação. Devido ao seu potencial poluente quando descarregados no meio hídrico ou quando submetidos a um tratamento inadequado, os efluentes produzidos em queijarias podem levar à contaminação e desoxigenação dos cursos de água, provocando consequentemente um aumento de concentração de compostos como azoto e fósforo, entre outros, em águas subterrâneas ou de superfície.
A indústria dos lacticínios é responsável pela produção de diferentes tipos de efluentes líquidos, entre eles o soro (resultante do processo de moldagem e prensagem aquando da produção de queijo), o sorelho (resultante da produção de requeijão) e as águas de lavagem. Estes efluentes, por serem ricos em proteínas, açúcares, óleos e gorduras, necessitam de um tratamento adequado antes de serem depositados no meio hídrico. O processamento destes efluentes encontra-se já implementado nas estações de tratamento de águas residuais que, recorrendo a diferentes métodos de tratamento biológico e químico, são capazes de remover a matéria orgânica presente de modo a reduzir os custos ambientais. No entanto, verifica2 se que durante este tratamento são geradas elevadas quantidades de subprodutos indesejados; e, por outro lado, as estações de tratamento muitas vezes não têm capacidade para responder ao elevado caudal orgânico gerado pelas queijarias. Adicionalmente, estes fluxos de massa representam um importante valor económico, biológico e medicinal na medida que apresentam constituintes de base que podem ser usados noutros processos industriais, artesanais ou semi-industriais, necessitando de soluções de valorização e aproveitamento em formato de economia circular.
Uma das hipóteses para solucionar esta problemática consiste em valorizar os fluxos de massa líquidos e sólidos, de forma a diminuir o seu potencial poluidor. Apesar de o soro de leite ser considerado como o principal responsável pela elevada carga orgânica dos efluentes provenientes de queijarias, este subproduto pode ser valorizado em diversas aplicações, das quais se destacam a produção de requeijão, a incorporação nas rações para animais, o uso em processos fermentativos, e a valorização e posterior reintrodução nos processos produtivos. Pelo contrário, o sorelho não tem atualmente aplicações alternativas, sendo normalmente processado para posterior descarregamento, permitindo em alguns casos o aproveitamento de concentrados de lactose, aminoácidos livres e alguns sais, recorrendo a processos de ultrafiltração e centrifugação. 0 uso deste fluxo de massa como substrato de crescimento para produtos com valor elevado a nivel económico, biológico e medicinal, apresenta-se como uma alternativa apelativa.
A nivel da indústria da fruta, especificamente o processamento da maçã para produção de sumos e outros produtos resulta em toneladas de resíduos sem interesse, dos quais 25-30% correspondem a uma mistura de casca, polpa e sementes. Em 2008, tendo em conta uma produção mundial de 69,603,640 toneladas de maçã, foram geradas entre 10 a 17 milhares de toneladas de resíduos de maçã. A libertação deste tipo de subprodutos para o meio ambiente consiste numa das maiores fontes de poluição ambiental, ao mesmo tempo que representa uma perda de biomassa que de outra forma poderia ser usada para a produção de produtos de elevado valor.
Tradicionalmente, estes resíduos são depositados na terra, incinerados, ou usados para alimentação animal ou como fertilizante. No entanto, os impactos para a sociedade são severos: produção de gases de estufa, efeitos nefastos para a saúde humana, entre outros. Surgiram alternativas eficazes que permitem aliar um correto processamento destes resíduos com a obtenção de produtos de elevado valor. Para além de serem usados como substratos para crescimentos microbianos, os resíduos da maçã são largamente usados em processos de fermentação recorrendo a diferentes micro e macrofungos para a obtenção quer de enzimas, quer de ácidos orgânicos entre outros. A sua utilização a nível de crescimento micelial de cogumelos apresenta-se, igualmente, como uma alternativa de valor acrescentado para a produção de micélio.
A juntar à importância do reaproveitamento de resíduos industriais, surge o crescente interesse público por compostos bioativos de origem biológica. De fato, a ideia de alimentos funcionais surgiu há várias décadas, e os consumidores estão cada vez mais interessados em compostos de origem culinária com benefícios para a saúde humana, nomeadamente para a redução do risco de doenças. Um dos alimentos funcionais mais proeminentes são os cogumelos, os quais têm sido alvo de um interesse crescente por constituírem produtos de elevado valor, não apenas a nível culinário mas também a nível biológico. Se por um lado a nível nutricional apresentam diversas vantagens graças ao seu elevado teor em proteínas, aminoácidos, hidratos de carbono, entre outros; por outro lado o seu conteúdo em sal, açúcar e calorias é reduzido. Adicionalmente, os cogumelos constituem uma boa fonte de nutrientes como fósforo, ferro e vitaminas, incluindo tiamina e ácido ascórbico. Paralelamente, quer os cogumelos selvagens quer os cultivados apresentam uma enorme diversidade de biomoléculas com propriedades medicinais variadas, sendo alvos de cada vez maior atenção como uso de materiais base para formulação de produtos farmacêuticos.
Os cogumelos possuem uma grande variedade de compostos bioativos com atividades antimicrobianas, antioxidantes, antitumorais, anti-inflamatórias, entre outras. Estas propriedades têm origem em compostos presentes quer nos corpos frutíferos, quer no micélio e/ou nos esporos de diferentes cogumelos. Para alguns compostos, como é o caso de alguns polissacarídeos, o micélio é a fonte principal de extração e permite purificações mais eficazes quando comparado com o corpo frutífero. Por outro lado, a obtenção de compostos a partir do corpo frutífero é um processo demorado e trabalhoso, apesar de atualmente constituir o processo mais usado. Sendo assim, a purificação de compostos bioativos de macrofungos a partir da biomassa micelial e dos metabolitos excretados em culturas líquidas surge hoje em dia como uma opção vantajosa, aliando a rapidez do crescimento da biomassa à eficiência dos produtos obtidos.
Em conclusão, os extratos miceliais e respetivos compostos excretados apresentam diversas atividades que são de extrema importância em diversas áreas, quer alimentar quer farmacêutica e medicinal. É como tal fundamental a criação de um método de produção rápido, eficaz e económico, adaptado a diferentes espécies de macrofungos e com base na valorização de fluxos de massa de outras atividades económicas, como por exemplo das indústrias de lacticínios e da fruta.
crescimento de micélio de macrofungos em meio sólido tem sido baseado no uso do meio tradicional constituído por Agar Batata Dextrose (meio padrão), suplementado com determinados compostos de modo a balançar as possíveis necessidades de cada espécie (Publicação N° CN 101875572 A). No entanto, o recurso a compostos de origem natural tem sido cada vez mais alvo do interesse na área da produção micológica. Encontramse já estabelecidos métodos de produção micelial usando meios à base de águas de lavagem industriais (Publicação N° US 6737065 B2), à base de sumos ou restos de frutas (Publicação N° US 2693665 A e N° US 20140065263 Al), ou até usando produtos lácteos (Publicação N° US 3086320 A).
De forma a valorizar e a solucionar a problemática do tratamento dos efluentes do processamento do queijo, foram investigadas as soluções existentes atualmente para o tratamento de efluentes líquidos e sólidos gerados na indústria dos lacticínios. A investigação realizada revelou que diversos fluxos de massa obtidos durante o processo de fabrico do queijo, nomeadamente o soro e as águas de lavagem, podem ser usados para a produção de micélio, quer como componente principal do meio (Publicação N° US 2004/0035047 Al) quer como aditivo para promoção do crescimento micelial (Publicação N° W01982000637 Al).
O uso do resíduos de maçã como substrato para crescimento de micélio de macrofungos também tem vindo a ser estudado por diversos autores e com diferentes objetivos (Villas-Boas et al., 2003, Iandolo et al., 2011, Park et al., 2012), particularmente recorrendo à espécie P. ostreatus. Todos os estudos comprovam que o uso destes resíduos como meio de crescimento micelial resulta em crescimentos eficazes e que se traduzem em subprodutos valorizáveis, como é o caso do aumento da produção de lacases e xilanases aquando do crescimento da espécie P. ostreatus em meio contendo resíduos de maçã (Iandolo et al., 2011) . No entanto, têm-se verificado limitações na sua utilização, nomeadamente a nível da concentração de resíduos no meio de crescimento, verificando-se inibições de crescimento para concentrações elevadas. Adicionalmente, este resíduo industrial tem sido estudado com este fim meramente como substrato único ou com adição de suplementos químicos.
Como tal, é o objetivo da presente invenção apresentar um método biológico de reaproveitamento e valorização destes resíduos ao mesmo tempo que se pretende a produção de elevadas quantidades de biomassa, a qual poderá ser usada posteriormente em diversas áreas, nomeadamente na área farmacêutica e medicinal. Paralelamente, outro dos objetivos passa pela redução dos custos de produção de micélio e aumento da eficiência do mesmo, através da substituição de fontes de açúcar químicas por compostos naturais (resíduos de maçã) aliada com a adição de um subproduto industrial com elevada carga orgânica (sorelho). Isto irá permitir o estabelecimento de processos industriais para produção de compostos bioativos com elevados rendimentos e baixos custos, quando comparados com as técnicas anteriores. Por último, pretende-se com esta invenção reduzir as externalidades negativas inerentes aos processos alternativos.
Descrição das Figuras:
Fig. 1 - Crescimento do micélio de Pleurotus ostreatus ao longo do tempo em diferentes meios sólidos: meio padrão (Agar Batata Dextrose - círculos pretos); meio contendo sorelho diluído 1:10 (S10 - círculos cinzentos); meio contendo sorelho diluído 1:100 (S100 - quadrados cinzentos); meio contendo sorelho diluído 1:10 e glucose (S10G - triângulo cinzento); meio contendo sorelho diluído 1:10, glucose e extrato de levedura (S10GY - quadrado preto); e meio contendo sorelho diluído 1:10 e resíduos de maçã (SlOAp - triângulo preto) .
Fig. 2 - Crescimento do micélio de Fistulina hepatica ao longo do tempo em diferentes meios sólidos: meio padrão (Agar
Batata Dextrose - círculos) ; meio contendo sorelho diluído
1:10, glucose e extrato de levedura (S10GY - quadrados); e meio contendo sorelho diluído 1:10 e resíduos de maçã (SlOAp
- triângulos) .
Fig. 3 - Crescimento do micélio de Macrolepiota procera ao longo do tempo em diferentes meios sólidos: meio padrão (Agar Batata Dextrose - círculos); meio contendo sorelho diluído 1:10, glucose e extrato de levedura (S10GY - quadrados); e meio contendo sorelho diluído 1:10 e resíduos de maçã (SlOAp
- triângulos).
Fig. 4 - Crescimento do micélio de Ganoderma applanatum ao longo do tempo em diferentes meios sólidos: meio padrão (Agar Batata Dextrose - círculos); meio contendo sorelho diluído 1:10, glucose e extrato de levedura (S10GY - quadrados); e meio contendo sorelho diluído 1:10 e resíduos de maçã (SlOAp
- triângulos).
Fig. 5 - Crescimento do micélio de Laetiporus sulphureus um ao longo do tempo em diferentes meios sólidos: meio padrão (Agar Batata Dextrose - círculos); meio contendo sorelho diluído 1:10, glucose e extrato de levedura (S10GY quadrados); e meio contendo sorelho diluído 1:10 e resíduos de maçã (SlOAp - triângulos).
Fig. 6 - Representação do índice de Crescimento Micelial nos diferentes meios de interesse: meio padrão (Agar Batata Dextrose - barra lisa); meio contendo sorelho diluído 1:10, glucose e extrato de levedura (S10GY - barra com pintas); meio contendo sorelho diluído 1:10 e resíduos de maçã (SlOAp
- barra com quadrados), para as diferentes espécies usadas como exemplo.
Fig. 7 - Crescimento do micélio de Pleurotus eryngii ao longo do tempo em diferentes meios líquidos: meio padrão (Glucose, Extrato de Levedura e Peptona de Caseína - círculos); meio contendo sorelho diluído 1:10, glucose e extrato de levedura (S10GY - quadrados); e meio contendo sorelho diluído 1:10 e resíduos de maçã (SlOAp - triângulos).
Fig. 8 - Crescimento do micélio de Pleurotus eryngii ao longo do tempo em diferentes meios sólidos contendo apenas sorelho diluído 1:10 e 1:100, respetivamente (S10 - quadrados e S100
- círculos) e comparação com o meio padrão (Agar Batata Dextrose - triângulos).
Descrição pormenorizada da invenção:
Esta invenção refere-se a um método biológico de produção de micélio de macrofungos a partir de recursos naturais, eficaz para micélios pertencentes a diferentes Ordens e Famílias dentro do filo Basidiomycota e Ascomycota. Mais propriamente, o método indica uma nova forma de aproveitar e rentabilizar: o sorelho, resultante do processo de produção de um produto tradicional português, o requeijão, o qual consequentemente, pelo processo de produção tipíco da região portuguesa, confere a este subproduto potencialidades diferenciadoras a nível de crescimento micelial pelas características químicas exclusivas; e os resíduos do processamento da maçã, em fresco ou desidratado. 0 uso destes resíduos como meio de crescimento permite atingir crescimentos miceliais comparáveis ou superiores ao meio padrão Agar Batata Dextrose e a um meio contendo aditivos químicos como a glucose e o extrato de levedura. Ao mesmo tempo, a presente invenção apresenta uma alternativa economicamente rentável para a produção de micélio, um produto de elevado valor hoje em dia em diversas áreas.
Na presente invenção o micélio de cogumelos foi cultivado em diferentes meios contendo fluxos de massa de fruta ou da indústria de lacticínios, respetivamente resíduos de maçã e sorelho. 0 sorelho foi obtido numa queijaria local (Oliveira do Hospital), não tendo sido realizados quaisquer processos químicos ou físicos de preparação. Os resíduos de maçã foram usados quer em fresco quer em desidratado, apresentando-se aqui a título de exemplo os resultados obtidos com as espécies de maçã Bravo de Esmolfe e/ou Golden, não servindo estes para limitar o uso da invenção. Servem os seguintes exemplos para explicar a invenção e comprovar a sua eficiência na cultura de macrofungos. As espécies, condições e resíduos aqui apresentados servem como exemplos ilustrativos e não para limitar o uso da invenção apresentada.
Modo de realização
Exemplo de aplicação do método para produção de micélio de macrofungos através da bioconversão de sorelho e de resíduos de maçã provenientes da indústria de lacticínios e da fruta, respetivamente.
Espécies usadas e manutenção micélio usado foi obtido a partir de cogumelos recolhidos nas zonas rurais adjacentes ou comprados em estabelecimentos locais. Para armazenagem e manutenção dos respetivos micélios foi usado o meio padrão Agar Batata Dextrose, com repicagem mensal. A tabela 1 indica algumas das espécies usadas no desenvolvimento do trabalho presente, assim como algumas das suas caraterísticas gerais e classificações científicas. As espécies apresentadas foram selecionadas como exemplos ilustrativos de forma a demonstrar a aplicabilidade deste método a cogumelos com diferentes caraterísticas ecológicas, propriedades nutracêuticas, formas de crescimento, entre outras.
Exemplos de algumas espécies usadas Ordem Família Caracterís tica s gerais
Pleurotus ostreatus Agaricales Pleurotaceae • Sapróbio; por vezes parasitas • Fungo decomposito r de material lenhoceluló sico
Fistulina hepática Agaricales Fistulinaceae • Parasita • Fungo decomposito r de material lenhoceluló sico
Macrolepiota procera Agaricales Agaricaceae • Sapróbio
Ganoderma applanatum Polyporales Ganodermataceae • Sapróbio / parasita • Fungo decomposito r de material lenhoceluló sico
Laetiporus sulphureus Polyporales Polyporaceae • Sapróbio • Fungo decomposito r de material lenhoceluló sico
Preparação de meio de crescimento
Para análise do uso de sorelho e de resíduos da maçã como meio de crescimento, foram preparados diversos meios contendo estes fluxos de massa. 0 meio S10GY contém sorelho diluído em água destilada suplementado com glucose (2 a 60 g/1) e extrato de levedura (0,5 a 10 g/1), de forma a garantir a presença de fontes de hidratos de carbono, azoto e biomoléculas, necessárias a um crescimento micelial rápido. Por outro lado, o meio SlOAp constitui um meio completamente natural, produzido a partir de sorelho diluído e usando, por exemplo, resíduos de maçã desidratada como fonte de açúcar natural (15 a 150 g/1). Este último resíduo pode ser usado quer na forma de resíduo de maçã em fresco ou desidratado, quer na forma de fruta completa fresca ou desidratada. Ambos os meios foram suplementados com agar (6-15 g/1) para formulação de meio sólido quando necessário; e o pH foi medido e mantido entre 4-8, valores aceitáveis para crescimento de macrofungos. Todos os meios foram esterilizados.
De forma a poder avaliar a velocidade de crescimento micelial nos meios acima indicados, foram preparados vários meios controlo: meios com apenas sorelho diluído 1:10 (S10) a 1:100 (S100), e meio com sorelho diluído 1:10 e glucose (2 a 60 g/1). Como controlo positivo foram usados meios que permitem um crescimento micelial rápido e eficaz: para culturas sólidas usou-se o meio padrão Agar Batata Dextrose; e para culturas líquidas uma mistura contendo glucose, extrato de levedura, fosfato monopotássico, sulfato de magnésio heptahidratado e peptona de caseína, denominado meio Glucose, Extrato de levedura e Peptona de caseína.
Análise de crescimento micelial em meio sólido
Durante esta fase analisou-se o crescimento do micélio em diferentes meios contendo sorelho e resíduos de maçã, de forma a selecionar as condições ótimas para produção micelial. Para tal, inóculos de micélio de cada espécie foram repicados para placas de Petri contendo o meio desejado, e o crescimento foi medido ao longo do tempo até atingir o diâmetro final de aproximadamente 80 mm. As velocidades de crescimento foram comparadas com as observadas no meio padrão, o Agar Batata Dextrose.
O crescimento em meio contendo apenas sorelho foi fraco para a maior parte das espécies, aqui apresentado apenas para a espécie P. ostreatus na Figura 1 e para P. eryngii na Figura 8. Em termos de suplementos não naturais, as espécies testadas cresceram preferencialmente em presença de glucose e extrato de levedura, quando comparado com meios suplementados apenas com glucose. Em meio apenas suplementado com glucose também se observou o crescimento do micélio, apesar de se verificar uma menor eficácia, velocidades de crescimento menores, e os micélios finais eram mais fracos e finos. Estes resultados estão apresentados apenas para a espécie P. ostreatus na Figura 1.
As Figuras 2 a 5 representam o crescimento do micélio ao longo do tempo nos meios contendo sorelho e compostos químicos ou resíduos de maçã (S10GY e SlOAp, respetivamente) e em Agar Batata Dextrose, para as espécies P. ostreatus, G. applanatum, F. hepatica, L. sulphureus e M. procera. De notar que todas as espécies atingem o diâmetro máximo aproximadamente ao mesmo tempo em todos os meios, apesar de o tempo variar de espécie para espécie. Ambos os meios S10GY e SlOAp garantem um crescimento rápido e eficaz do micélio de cada espécie, permitindo obter velocidades comparáveis às observadas em Agar Batata Dextrose. O meio SlOAp demonstra ser comparável ou superior aos restantes meios, mostrando ser possível obter crescimentos utilizando meios contendo apenas subprodutos industriais, sem aditivos químicos, e sem processamentos químicos ou físicos.
Para comparar os crescimentos foi determinado o índice de Crescimento Micelial (ICM), calculado segundo a fórmula ICM = Σ D/N, em que D é o diâmetro do micélio em determinado dia e N o número de dias após inoculação. Estes valores constituem um indicativo das velocidades de crescimento em cada meio, para cada espécie, calculado usando os valores até ao dia em que o micélio atingiu o diâmetro máximo. 0 número de valores usado no cálculo varia entre as diversas espécies, uma vez que atingem crescimentos máximos em diferentes dias. 0 ICM encontra-se indicado na Figura 6. Uma vez mais, o meio SlOAp contendo apenas subprodutos industriais, sem aditivos químicos, e sem processamentos químicos ou físicos, revelou um ICM comparável ou superior aos restantes meios.
Todas as espécies adaptaram-se ao meio SlOAp, e os micélios formados apresentaram elevada qualidade. De elevada importância é o facto de um meio contendo apenas compostos naturais como o SlOAp, composto apenas por sorelho e resíduos de maçã, ser um meio que garante crescimentos altamente eficazes e rápidos, originando micélios fortes e saudáveis, com eficiências iguais ou superiores ao meio usado normalmente.
Análise de crescimento micelial em meio líquido
Para cada espécie, discos miceliais foram cortados e usados para inocular um Erlenmeyer com meio líquido. Cada espécie foi inoculada em meio Glucose, Extrato de levedura e Peptona de caseína (meio padrão líquido) e nos meios apresentados S10GY e SlOAp, e incubada a temperaturas promotoras do crescimento. 0 crescimento foi seguido por pesagem da biomassa fresca e seca, observando-se um crescimento rápido e eficaz para ambos o meio contendo sorelho e resíduos de maçã (Figura 7). De facto, a presença da maçã no meio SlOAp é capaz de substituir a adição de compostos químicos como a glucose e o extrato de levedura no meio S10GY, permitindo igualar o crescimento observado neste último. Os resultados provam ser possível usar meios contendo sorelho e resíduos de maçã para crescimento de micélio em meio líquido, com elevada eficiência biológica.
Vantagens técnicas do método método apresentado permite a produção de micélio de macrofungos de forma rápida e eficaz, com produções miceliais traduzidas em elevadas quantidades de biomassa, quando comparado com outras técnicas usadas regularmente. A invenção apresenta um processo de crescimento de baixo custo, usando resíduos sem aproveitamento e sem necessidade de processamento, que constituem uma fonte de biomoléculas importante para o desenvolvimento micelial.
Todas as espécies de Basidiomicetes e Ascomicetes testadas cresceram com elevada eficiência, a velocidades comparáveis às observadas no meio usado normalmente. De notar que o crescimento micelial foi eficaz para cogumelos de diferentes Ordens e Famílias, nomeadamente da ordem Agaricales e Polyporales. Adicionalmente, os meios apresentados foram também validados para crescimento de micélio em culturas líquidas, para todas as espécies usadas.
Patente Data de Data de Requerente Título
citada apresent ação public ação
CN 101875572 A 28.04 09 .20 3.11.2 010 WM&T Improved edible fungi culture médium
US 18.08 .20 26.02. Envitech, Biotreatment of
2004/0035047 AI 03 2004 Inc. , Postech Foundation cheese-processing wastewater by cultivating mushroom mycelia
W01982000637 AI 25.08 80 .19 4.03.1 982 Holtz R Mushroom growth enhancers and method for preparing same
US 3086320 A 8.08. 1 196 23.03. 1963 Producers Creamery Company Process and composition for growing mushroom mycelium submerged fermentation
US 6737065 B2 5.10. 1 200 18.05. 2004 Jae-Mahn Song, C.A. Biotech Co., Ltd. Method for producing mushroom mycelia and uses thereof
US 2693665 A 23.01 48 .19 9.11.1 954 Harry Humfeld Production of mushroom mycelium by submerged culture in a liquid médium
US 9.04.201 6.03.2 Mycotechnolo Method of
20140065263 3 014 gy, Inc. myceliation of
AI agricultural substrates producing for
functional foods
and nutraceuticals
Artigo citado
Ano de Autores publicaç ão
Revista
Fungai solid State 2011 Iandolo, D., Bioresour
fermentation on Amore, A. , Technol, 102,
agro-industrial Birolo, L. , 7603-7.
wastes for acid Leo, G.,
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decolorization in a continuous flow packed-bed bioreactor. Faraco, V.
Apple pomace 2012 Park, Y.-J., African
increases mycelial Park, H.-R., Journal of
growth of Kim, S.-R., Microbiology
Pleurotus Yoon, D.-E., Research, 6,
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Bioconversion of 2003 Villas-Boas, World Journal
apple pomace into S. G., of
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de outubro de 2017

Claims (7)

  1. REIVINDICAÇÕES
    1. Método para a produção de micélio de macrofungos caracterizado por bioconversão de sorelho e de resíduos de maçã para diferentes espécies do filo Basidiomycota e Ascomycota, onde se inclui:
    a) Meio de cultura ou aditivo para crescimento micelial à base de sorelho proveniente da indústria dos lacticínios, diluído em água entre 5 a 50%;
    b) Meio de cultura ou aditivo para crescimento micelial suplementado com resíduos de maçã provenientes da indústria da fruta, desidratados ou secos, como fonte de açúcar natural, a concentrações entre 15 a 150 g/1;
    c) Preparação de meio líquido ou sólido estéril constituído por sorelho e suplementado com resíduos de maçã;
    d) Inoculação dos referidos meios com amostras de micélio de macrofungos obtido previamente a partir de amostras de cogumelos selvagens ou comerciais;
    e) Incubação dos meios inoculados a temperaturas entre 15 a 35°C.
  2. 2. Método para a produção de micélio de macrofungos de acordo com a reivindicação n repicagem do inoculo por isolamento e macrofungos para contendo sorelho
    1 caraterizado de micélio de diferentes meios sólidos:
    a) Preparação de meios estéreis suplementados com resíduos de maçã;
    b) Inoculação com micélio de diversas espécies do filo Basidiomycota e Ascomycota, nomeadamente Pleurotus ostreatus ou Fistulina hepática ou Macrolepiota procera ou Ganoderma applanatum ou Laetiporus sulphureus;
    c) medição do diâmetro do micélio para seguimento do crescimento ao longo do tempo.
  3. 3. Método para a produção de micélio de macrofungos de acordo com a reivindicação n° 1 caraterizado por inoculação de meios líquidos:
    a) Preparação de meios estéreis contendo sorelho suplementados com resíduos de maçã;
    b) Inoculação com micélio de diversas espécies do filo Basidiomycota e Ascomycota, nomeadamente Pleurotus eryngii;
    c) Pesagem da biomassa fresca e seca para análise do crescimento.
  4. 4. Método para a produção de micélio de macrofungos de acordo com as reivindicações n° 1, 2 ou 3 caraterizado pelo crescimento em meios em que o pH é mantido no intervalo entre 4 e 8.
  5. 5. Método para a produção de micélio de macrofungos de acordo com as reivindicações n° 1, 2 ou 3 caraterizado por crescimento de culturas sólidas e liquidas a temperaturas entre 15 e 35°C.
  6. 6. Método para a produção de micélio de macrofungos de acordo com as reivindicações n° 1 ou 2 caraterizado por preparação de meios sólidos através da adição de agar.
  7. 7. Método para a produção de micélio de macrofungos de acordo com as reivindicações n° 1, 2 ou 3 caraterizado por armazenagem e manutenção dos micélios das espécies de interesse em meio constituido por Agar Batata Dextrose.
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