PROCESSO DE OBTENÇÃO DE UM CORANTE AZUL NATURAL DE FLORES DE CLITÓRIA TERNÁTEA L. AZUL
Campo da invenção
[001] Refere-se ao processo de obtenção de um corante azul natural de flores de Clitória ternátea L. azul, adequado para o uso em produtos alimentícios e agente de coloração, em produtos cosméticos, farmacêuticos e em tinturas em geral.
Fundamentos da invenção
[002] A Clitória ternatea L. azul é uma planta de flor comestível pertencente à classe das leguminosas. Tem ação medicinal devido à presença de quantidades significativas de compostos bioativos, que atuam na prevenção de doenças relacionadas ao estresse oxidativo no organismo dos seres humanos e animais (BARROS, N. N.; ROSSETI, A. G.; CARVALHO, R. B. Feno de cunhã (Clitoria ternatea L.) para acabamento de cordeiro. Ciência Rural, v.34, n.2, p.499-504, 2004).
[003] Também conhecidas como feijões-borboleta, as flores têm uma cor azul brilhante e são geralmente cultivadas para uso ornamental. O pigmento azul extraído desta flor foi usado por muito tempo na Malásia para tingir esteiras e bolos de arroz e na Tailândia para colorir confeitaria.
[004] Os corantes alimentares são pigmentos que podem ser: naturais, artificiais ou sintético. Á medida que os consumidores vão aprofundando os seus conhecimentos sobre a relação entre alimentação e saúde, há uma necessidade de explorar mais os pigmentos naturais como corantes. Mais especificamente, há extensa pesquisa para encontrar pigmentos azuis naturais adequados como aditivos de cor.
[005] A presente inveção se refere em particular a um corante de antocianina azul obtido por extração da Clitoria ternatea (L). Embora os corantes azuis sejam conhecidos, os corantes azuis convencionais não fornecem tonalidades de azul estável em pH baixo e não fornecem boa estabilidade ao calor e à luz, apresentado tons de roxo a vermelho de pH 3 a pH 7; ou até mesmo mudando de cor sob a luz ou em temperaturas diferentes.
[006] Consequentemente, existe uma necessidade de corantes azuis que não apenas forneçam tonalidades de azul estáveis em baixos níveis de pH, mas também possuam boa estabilidade ao calor e à luz.
[007] O corante natural da Clitoria ternatea (L), além de alternativa aos corantes sintéticos, possui bioativos de grande importância na manutenção da saúde humana. Os compostos antioxidantes, por exemplo, auxiliam na prevenção de várias doenças ligadas ao coração, a exemplo de acidente vascular cerebral e infarto.
[008] A invenção PH20192001249U intitulada “Processo melhorado de produção de um corante azul - em pó de flores de Clitória ternatea através de secagem” de 18 de maio de 2020, refere-se a um processo aprimorado de produção de um corante em pó azul a partir de flores frescas de Clitoria tematea que se concentra inteiramente no processo de extração e microencapsulação através da técnica de secagem por pulverização, o que difere do proposto neste documento que é um corante líquido.
[009] A invenção CN109400569 (A) intitulada “Método para extrair antocianina purificada de Clitoria ternatea” de 01 de março de 2019, refere-se a um método enzimático para extrair antocianina purificada de clitoria ternatea, o que difere do proposto neste documento que retrata uma extração em meio aquoso por ultrassom.
[0010] A invenção JP2004187524A intitulada “Método de produção de clitoria ternatea l. extrato de flor” de 09 de dezembro de 2002, refere-se a um método para produção de um extrato de feijão-borboleta como um pigmento comestível natural em alta concentração, sem qualquer modificação de seus componentes endógenos, onde o extrato de flor de feijão borboleta é adsorvido em um adsorvente sintético aromático e/ou um adsorvente sintético modificado aromático e misturado com um solvente orgânico não ácido e/ou um solvente orgânico não ácido misturado com água, o que difere do proposto neste documento que não faz uso de nenhuma resina sintética e/ou natural e sim um ultrassom.
[0011] A invenção US20160032105 intitulada “Corante azul e método de fabricação do mesmo” de 21 de abril de 2014, refere-se a composição de um corante azul com características melhoradas, extraído da erva tropical Clitoria ternatea pelo contato de flores liofilizadas com etanol aquoso com densidade inferior a 0,96 em uma temperatura não superior a 50-60 graus Celsius, o que difere do proposto neste documento onde é realizada a extração a partir de flores frescas em meio aquoso utilizando um ultrassom.
[0012] A invenção BR 102017015271-5 A2 intitulada “Processo de obtenção do corante azul em pó extraído do fruto verde de jenipapo (genipa americana l.), por meio da secagem em leito de jorro com auxílio de material inerte e inserção de agente carreador” de 17 de julho de 2017, refere-se a processo de obtenção de corante azul de Jenipapo, o que difere do proposto neste documento que obteve um corante azul a partir da clitoria ternatea.
[0013] O invento em questão difere das demais patentes e/ou pedidos de patente, disponíveis até o momento, devido ao seu caráter inovador para desenvolvimento de um corante natural azul líquido e com propriedades nutricionais. Além disso, a grande vantagem do processo de extração em meio aquoso por ultrassom, é de não necessitar de solventes tóxicos que podem gerar danos à saúde poluir o ambiente.
Breve descrição das Figuras
A Figura 1 apresenta os resultados da variação de cor da Clitoria ternatea em diferentes pH.
A Figura 2 apresenta o corante líquido de Clitória ternátea engarrafado
Descrição da invenção
[0014] Para o desenvolvimento do corante natural líquido são utilizadas amostras frescas de clitória ternátea L azul. As flores foram despetaladas, selecionadas as que não apresentavam injurias e higienizadas (etapa de seleção).
[0015] Na etapa de preparo de extrato, as pétalas obtidas na etapa de seleção foram maceradas na presença de água, na proporção de 1:10 (uma parte da pétala da flor e 10 do solvente).
[0016] Na etapa de extração, o extrato proveniente da etapa de preparo do extrato foi transferido para um béquer envolvido em papel alumínio e colocado em um aparelho de ultrassom (Unique Ultrasonic Cleaner USC-2800) por 20 min. Todas as etapas foram realizadas a temperatura ambiente de 25ºC.
[0017] Quando o extrato completou o período de extração do ultrassom, foi realizada a etapa de filtragem, que ocorreu à vácuo com papel filtro.
[0018] Para armazenamento do corante, foram utilizados frascos âmbar e estes foram mantidos a -18°C por um período de 24 horas para estabilização do corante.
Exemplos de concretizações da invenção
[0019] Resultados do estudo sobre a caracterização físico-química da clitória ternatea L. azul sugerem que a flor apresenta a água como conteúdo majoritário. É uma flor de baixo teor de acidez e fibras e elevado teor de sólidos solúveis e lipídeos quando comparado a outras flores comestíveis. Quanto ao teor de cinzas, pondera-se, de acordo com os valores diários recomendados preconizados pela legislação, que são fontes de minerais.
[0020] Ao analisar a viabilidade econômica de extração, o solvente água obteve um rendimento significativo comparando a solventes hidroalcoólicos a 50, 60, 60 e 80% de etanol. Assim, como o método que utiliza ultrassom apresentou melhor eficiência que o método extrativo por agitador magnético.
[0021] Devido aos altos conteúdos de vitamina C, carotenoides totais, compostos fenólicos, flavonoides, taninos e antocianinas, as pétalas das flores avaliadas podem ser consideradas como excelentes fontes de compostos bioativos, podendo assim, serem consideradas potencialmente como alimento com propriedades funcionais. Aspecto reforçado pela elevada capacidade antioxidante determinada pelos métodos de ABTS e de FRAP.
[0022] Os resultados obtidos abrem a perspectiva de se utilizar flores comestíveis como alimentos que apresentam, na sua composição, compostos importantes para a formulação de uma dieta saudável.