BR102016015590B1 - Implantes intravitreos de ácido polilático-co-glicólico (alga) contendo lupeol ou derivados aplicados ao tratamento de doenças oculares com base angiogênica como a retinopa tia diabética - Google Patents

Implantes intravitreos de ácido polilático-co-glicólico (alga) contendo lupeol ou derivados aplicados ao tratamento de doenças oculares com base angiogênica como a retinopa tia diabética Download PDF

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Abstract

IMPLANTES INTRAVÍTREOS DE ÁCIDO POLILÁTICO-CO-GLICÓLICO (PLGA) CONTENDO LUPEOL OU DERIVADOS APLICADOS AO TRATAMENTO DE DOENÇAS OCULARES COM BASE ANGIOGÊNICA COMO A RETINOPATIA DIABÉTICA. A presente invenção objetiva tratar doenças oculares com base angiogênica como retinopatia diabética e a degeneração macular por meio da utilização de um implante constituído de material polimérico biodegradável (PLGA) e lupeol. Tendo conhecimento que os tratamentos para doenças oculares são bastante evasivos ou necessitam de uma dose elevadas de fármacos, e que o lupeol, uma substância natural isolada de diversas plantas, apresenta uma atividade antiangiogênica elevada, esta invenção tem como objetivo obter um material polimérico entre lupeol ou seus derivados com o ácido polilático-co-glicólico, um polímero biodegradável. Este material polimérico permitirá a liberação controlada do lupeol ou de seus derivados para o tratamento de doenças oculares. Os resultados obtidos demonstraram que o lupeol associado ao implante de PLGA produz boa atividade antiangiogênica e a interação entre os componentes foi apenas física. Além disto, os experimentos em modelo in vivo não indicaram citotoxicidade relevante do implante de PLGA associado ao lupeol. Os resultados também sugerem a liberação gradativa do lupeol do implante de PLGA. A obtenção de similar material polimérico com os derivados (...).

Description

CAMPO DA INVENÇÃO:
[001] Oftalmologia: tratamento das patologias associadas às retinopatias com base angiogênica como a retinopatia diabética.
FUNDAMENTOS DA INVENÇÃO / TÉCNICA RELACIONADA
[002] O lupeol é um produto natural formado por cinco anéis fundidos, dos quais quatro são de seis membros e o último de cinco, pertencente ao grupo dos triterpenos penlacíclicos de esqueleto lupano. É encontrado em diversos vegetais, incluindo: repolho branco, pimenta, pepino, tomate, cenoura, ervilha e soja (Siddique e Saleem, 2011). Além dessas fontes, pode ser amplamente isolado de outras plantas, como por exemplo, das espécies da família Celastraceae (Silva et al., 2011). O potencial terapêutico do lupeol tem sido explorado em diversos estudos e os resultados mostram diversas atividades biológicas para este composto. Essas atividades estão relacionadas com: inflamação, artrite, diabetes, doenças cardiovasculares, desordem renal, infecções microbianas e câncer. Além disso, de acordo com estudos realizados por Siddique e Saleem (2011), o lupeol não apresentou toxicidade sistêmica em cobaias com doses variando entre 30 e 2000 mg/kg.
[003] As retinopatias proliferativas, como a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade, trazem efeitos visuais devastadores aos pacientes por induzirem a neovascularização de forma exacerbada (DAMICO, 2007). A angiogênese, neste contexto, é o processo natural ou patológico da formação de vasos sanguíneos. A forma fisiológica, pode ser exemplificada pela embriogênese, reparo tecidual ou do ciclo reprodutivo da mulher. No entanto, quando o organismo perde a capacidade de regular o processo angiogênico, diversas patologias podem surgir tais como o câncer, endometriose, artrite reumatoide, retinopatia diabética e a degeneração macular relaciona a idade (GRIFFIOEN E MOLEMA, 2000; POLVERINI, 2002; TONINI e'. al., 2003; HARPER E MOSES, 2015).
[004] Os pacientes com retinopatia diabética podem perder de forma irreversível a visão. Isto ocorre como resultado do desenvolvimento de edema macular diabético e/ou retinopatia diabética proliferativa (LOIS et al., 2014). A retinopatia diabética proliferativa é caracterizada pela formação de novos vasos na retina que crescem em direção à interface vítrea, podendo evoluir para a perda irreversível da acuidade visual (AVARD et al., 1996). Esta enfermidade é a principal causa de cegueira em todo o mundo e por 12% de todos os casos de novos cegos ao longo do ano (FREITAS et al, 2002; LOIS et al., 2014). A fotocoagulação por laser é um dos principais tratamentos para os pacientes com retinopatia diabética proliferativa. No entanto, este procedimento pode induzir em longo prazo a dificuldade para leitura, aceleração da catarata e principalmente na perda da visão periférica ou diminuição do campo visual (BOSCO et al., 2005). Outras formas de tratamento são: vitrectomia e a injeção intravítrea de corticosteroidcs e antiangiogênicos (AVARD et al., 1996)
[005] A degeneração macular relacionada à idade é a principal causa de cegueira em indivíduos acima de 60 anos em países industrializados. A prevalência da perda visual varia entre 10 e 15 % dos indivíduos acometidos pela doença, e estimativas indicam que essa taxa pode dobrar até o ano de 2030 (DORRELL et al., 2007). Atualmente, os tratamentos disponíveis para essa doença são paliativos, incluindo: terapia fotodinâmica com verteporfma, injeção intravítrea de corticosteroides, antiangiogênicos e fotocoagulação a laser.
[006] A fotocoagulação a laser de argônio ou kriptônio foi desenvolvida a fim de destruir a membrana neovascular coroidal, identificando os neovasos por meio de angiografia, e assim impedir a progressão da doença. Porém, por ser um método destrutivo e não seletivo, a fotocoagulação a laser pode lesionar a parte externa da retina, incluindo os fotorreceptores que estão justapostos ao epitélio pigmentado da retina e à membrana neovascular coroidal, levando à formação de cicatriz fibroglial e escotoma no local tratado, além de haver uma alta recorrência ou persistência da ncovascularização e aceleração da catarata. (MPS Group, 1991). Dessa forma, as lesões a serem tratadas devem ser bem delimitadas e em localização extrafoveal ou justafoveal para evitar a formação de um escotoma central (Brasil, 2008).
[007] A retinopatia diabética proliferativa é caracterizada pela formação de novos vasos na retina que crescem em direção à interface vítrea, podendo evoluir para a perda irreversível da acuidade visual, principalmente pelo descolamento tracional da retina. As principais formas de tratamento são: a fotocoagulação a laser, vitrectomia e a HYl injeção intravítrea corticosteróides e anti-angiogênicos (AVARD et al., 1996). Dessa forma, a inibição da angiogênese é uma importante estratégia para o tratamento dessas doenças intraoculares (GRIFFIOEN E MOLEMA, 2000).
[008] As características anatômicas e fisiológicas dos olhos são fatores que limitam a administração de medicamentos oftálmicos. Estimativas indicam que menos de 5% da dose administrada por meio de colírios é absorvida pelos tecidos intraoculares, o que inviabiliza o seu uso no tratamento de doenças do segmento posterior do olho. As outras formas de tratamento disponíveis requerem a administração de doses elevadas ou são muito invasivas, com por exemplo, a injeção intravítrea. Essas terapias podem provocar sérias efeitos adversos, contribuindo assim para a não adesão do paciente ao i tratamento (LEE et al., 2010). Buscando contornar estes problemas, pesquisas têm sido realizadas a fim de desenvolver novos sistemas de administração intraocular que permitam liberar concentrações terapêuticas dos fármacos de forma mais seletiva e prolongada. Fialho e colaboradores (2007) desenvolveram e avaliaram um implante biodegradável contendo dexametasona e PLGA preparado com a finalidade de tratar doenças inflamatórias do segmento posterior do olho. Nesse estudo, a taxa de liberação do fármaco, avaliada in vivo, foi considerada adequada e nenhum sinal de citotoxicidade foi observado, demonstrando a viabilidade do sistema desenvolvido. Na presente invenção, os autores desenvolveram um implante semelhante contendo moléculas de lupeol, um produto natural com atividade anliangiogênica. O fármaco pegaptanibe sódico foi o primeiro inibidor da angiogênese utilizado na farmacoterapia intraocular. É um aptâmero que se liga com uma alta afinidade e especificidade ao domínio de ligação da heparina da molécula de VEGF165, impedindo a sua ligação com o receptor. O pegaptanibe é administrado por meio de injeção intravítrea em intervalos de seis semanas para o tratamento de retinopatias prol iterativas sendo as repetidas administrações um dos inconvenientes da técnica.
[009] O Bevacizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado, produzido por tecnologia de DNA recombinante que assim como o ranibizumabe, se liga a todas as isoformas do VEGF (Vascular endotelial growth factor),inibindo desta forma sua ligação aos seus receptores na superfície das células endoteliais. Este anticorpo é constituído por 214 aminoácidos e tem uma massa molecular de aproximadamente 149 kDa (FDA, 2004). O Bevacizumabe foi aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) em fevereiro de 2004. em janeiro de 2005 pela European Agency for the Evaluation of Medicinal Products (EMEA) e está registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANV1SA) desde maio de 2005. Esse fármaco foi aprovado pelo FDA para o tratamento de carcinoma colorretal metastatizado e é utilizado como um agente quimioterápico em vários tipos de tumores (Prasad et al., 2010), no entanto, a terapia por via sistêmica está associada ao aumento do risco de eventos tromboembólicos (Schouten et al., 2009).
[010] O ranibizumabe, um anticorpo monoclonal humanizado recombinante, foi desenvolvido a partir da fragmentação do bevacizumabe e se liga com alta afinidade 37 a todas as isoformas do VEGF. Com massa molecular reduzida em relação ao bevacizumabe, o ranibizumabe pode penetrar mais rapidamente no espaço subretiniano e coroideano. O tratamento é realizado por meio de injeções inlravítreas mensais, sendo o paciente monitorado quando à sua acuidade visual. Assim como o pegaplanibe, o ranibizumabe não apresenta efeitos adversos estatisticamente relevantes, porém foi demonstrado um aumento no risco de doenças tromboembólicas.
[011] A administração de uma preparação terapêutica pela via ocular tópica, por meio de colírios, é o tratamento mais utilizado em oftalmologia, principalmente quando a doença acomete o segmento anterior do olho. Essa via apresenta maior facilidade de aplicação e comodidade para o paciente, entretanto, as preparações tópicas são, muitas vezes, ineficazes em razão de sua baixa biodisponibilidade devido a fatores biológicos que protegem o olho e, consequentemente, limitam a entrada dos fármacos. Tais fatores incluem a impermeabilidade relativa do epitélio corneano, a drenagem nasolacrimal e as características físico-químicas implícitas ao fármaco. Estimativas indicam que menos de 5% da dose administrada por meio de colírios é absorvida pelos tecidos intraoculares, o que inviabiliza o seu uso no tratamento de doenças do segmento posterior do olho. As outras formas de tratamento disponíveis requerem a administração de doses elevadas ou são muito invasivas, com por exemplo, a injeção intravítrea (Fialho e Cunha Junior, 2007; dei Amo e Urtti, 2008; Eljarrat-Binstock et al., 2010).
[012] Os fármacos administrados pela via sistêmica atingem o segmento posterior do olho por meio da circulação sanguínea e encontram um obstáculo anatômico importante para o tratamento de doenças oculares que é a barreira hematoocular, compreendida pelas barreiras hematoaquosa e hematorretiniana. Por esta razão, a utilização dessa via na terapêutica ocular requer, geralmente, a administração de doses elevadas visando a manutenção de níveis terapêuticos intravítreos adequados por períodos prolongados, o que pode levar a sérios efeitos adversos, contribuindo assim para a não adesão do paciente ao tratamento.
[013] Os termos liberação prolongada, lenta ou sustentada são aplicados às formas farmacêuticas desenvolvidas para liberarem o fármaco gradualmente, mantendo a concentração no local de ação dentro de níveis terapêuticos, por período de tempo prolongado. Essas formas farmacêuticas requerem administrações menos frequentes se comparadas às convencionais, aumentando a adesão do paciente ao tratamento.
[014] Sistemas compostos por polímeros não-biodegradáveis, principalmente, os derivados de celulose, silicones, polímeros acrílicos, polivinil-pirrolidona e copolímeros dos óxidos de etileno e propileno, embora apresentem uma taxa de liberação relativamente constante, precisam, geralmente, ser removidos posteriormente, o que requer processos cirúrgicos. Já os biodegradáveis podem apresentar vantagens sobre os anteriores, pois são totalmente absorvidos pelo organismo, não necessitando de uma remoção .posterior, o que proporciona melhor aceitação e adesão do paciente ao tratamento.
[015] Entre as diferentes classes de polímeros biodegradáveis, a dos polímeros e copolímeros derivados dos ácidos lático e glicólico, como o ácido poli-lático (PLA), o ácido poliglicólico (PGA), e especialmente copolímero de ácido lático e glicólico o ácido polilático-co-glicólico (PLGA) têm gerado enorme interesse devido às suas propriedades favoráveis, tais como biocompatibilidade, cinética previsível de biodegradação c resistência mecânica. A biodegradação desses polímeros ocorre por erosão, por meio de clivagem da cadeia polimérica por hidrólise, liberando os ácidos lático e glicólico. Esses ácidos, por serem metabólilos naturais do organismo, são eliminados pelo ciclo de Krebs na forma de gás carbônico e água
[016] Doenças decorrentes de processos de neovascularização no segmento posterior do olho são patologias de difícil tratamento. A administração intravítrea é um dos caminhos .mais eficientes para o tratamento das doenças do segmento posterior do olho, mas geralmente os fármacos administrados são eliminados rapidamente pela vascularização local, dificultando o tratamento e exigindo esquemas posológicos de administrações frequentes. Assim, o desenvolvimento de sistemas de liberação prolongada para o Lupeol, com o intuito de minimizar ou suprimir os efeitos adversos, aumentar o tempo de residência do fármaco no segmento posterior do olho constituem o principio terapêutico da presente invenção.
[017] Considerando todo o contexto acima exposto, a presente invenção objetiva tratar doenças oculares com base angiogênica como retinopatia diabética e a degeneração macular por meio da utilização de um implante constituído de material polimérico biodegradável (PLGA) e lupeol.
SUMÁRIO:
[018] Tendo conhecimento que os tratamentos para doenças oculares são bastante evasivos ou necessitam de uma dose elevadas de fármacos, e que o lupeol, uma substância natural isolada de diversas plantas, apresenta uma atividade antiangiogênica elevada, esta invenção tem como objetivo obter um material polimérico entre lupeol ou seus derivados com o ácido polilático-co-glicólico, um polímero biodegradável. Este material polimérico permitirá a liberação controlada do lupeol ou de seus derivados para o tratamento de doenças oculares. Os resultados obtidos demonstraram que o lupeol associado ao implante de PLGA produz boa atividade antiangiogênica e a interação entre os componentes foi apenas física. Além disto, os experimentos em modelo in vivo não indicaram citotoxicidade relevante do implante de PLGA associado ao lupeol. Os resultados também sugerem a liberação gradativa do lupeol do implante de PLGA. A obtenção de similar material polimérico com os derivados do lupeol, obtidos sinteticamente, apontam para obtenção de novos materiais com potencial atividade angiogênica ou antiangiogênica.
BREVE DESCRIÇÃO DAS FIGURAS
[019] Figura 1- Estrutura química do lupeol, e espectros na região do infravermelho.(a) e por ressonância magnética nuclear de hidrogênio (b).
[020] Figura 2- Imagem de microscopia de varredura de implantes de PLGA
[021] Figura 3- Curva de Calorimetria Diferencial de Varredura dos implantes de PLGA branco.
[022] Figura 4- Curva de Calorimetria Diferencial de Varredura do lupeol com elevado grau de pureza.
[023] Figura 5- Curva de Calorimetria Diferencial de Varredura da mistura física do PLGA e lupeol na proporção 3:1.
[024] Figura 6- Curva de Calorimetria Diferencial de Varredura da mistura liofilizada do PLGA e lupeol na proporção 3:1.
[025J Figura 7- Espectroscopia na região do infravermelho da mistura física do PLGA e lupeol.
[026] Figura 8- Espectroscopia na região do infravermelho da mistura liofilizada do PLGA e lupeol.
[027] Figura 9- Redução ou aumento da área total dos vasos presentes na membrana corioalantoica dos grupos: PBS (controle negativo), lupeol nas concentrações de 100 e 250'μg/mL, AvastinIM na concentração de 250 μg/mL (controle positivo), água ultrapura contendo álcool a 10% (controle de citotoxicidade), implante de PLGA 75:25 associado ao lupeol na proporção de 3:1 e implante de PLGA 75:25. Cada grupo contou um N= 20 e os resultados estão expressos em pixels. (* Diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo controle negativo, ** Diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo água ultrapura contendo álcool a 10%; aonde P>0,05).
[028] Figura 10- Redução ou aumento da área total dos vasos presentes na membrana corioalantoica, expressa em percentual, dos grupos: PBS (controle negativo), Lupeol nas concentrações de 100 e 250 μg/mL, Avastin™ (controle positivo) na concentração de 250μg/mL, agua ultrapura contendo álcool a 10 por cento (controle de citotoxidade), implante de PLGA 75:25 associado ao Lupeol na proporção de 3:1 e implante de PLGA 75:25. A média de cada grupo foi calculado a partir de um N= 20.
[029] Figura 11- Imagem obtida do ensaio de membrana corioalantoica de ovo - Controle com positivo realizado com o medicamento Avastin1X1
[030] Figura 12- Imagem obtida do ensaio de membrana corioalantoica de ovo - Amostra tratadas com implante de PLGA puro.
[031] Figura 13- Imagem obtida do ensaio de membrana corioalantoica de ovo - Amostra tratadas com lupeol.
[032] Figura 14- Imagem obtida do ensaio de membrana corioalantoica de ovo - Amostra tratada com implante de PLGA contendo lupeol.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO
[033] A presente invenção objetiva tratar doenças oculares com base angiogênica como retinopatia diabética e a degeneração macular por meio da utilização de um implante constituído de material polimérico biodegradável (PLGA) e lupeol. Tendo conhecimento que os tratamentos para doenças oculares são bastante evasivos ou necessitam de uma dose elevadas de fármacos, e que o lupeol, uma substância natural isolada de diversas plantas, apresenta uma atividade antiangiogenica elevada, esta invenção tem como objetivo obter um material polimérico entre lupeol ou seus derivados com o ácido polilático-co-glicólico, um polímero biodegradável. Este material polimérico permitirá a liberação controlada do lupeol ou de seus derivados para o tratamento de doenças oculares. Os resultados obtidos demonstraram que o lupeol associado ao implante de PLGA produz boa atividade antiangiogênica e a interação entre os componentes foi apenas física. Além disto, os experimentos em modelo in vivo não indicaram citotoxicidade relevante do implante de PLGA associado ao lupeol. Os resultados também sugerem a liberação gradativa do lupeol do implante de PLGA. A obtenção de similar material polimérico com os derivados do lupeol, obtidos sinteticamente, apontam para obtenção de novos materiais com potencial atividade angiogênica ou antiangiogênica.
[034] -Os implantes da presente invenção contêm lupeol em concentrações que podem variar entre 5 e 90% em peso/peso e são moldados à quente na faixa de temperatura de 55 a 60 graus Celsius, com dimensões de 0,1 a 5,0 milímetros de diâmetro e de 0,1 a 23 milímetros de comprimento, preferencialmente calibrados com as dimensões de 0,45 milímetros de diâmetro e de 6 milímetros de comprimento, facilitando assim as aplicações.
[035] Na presente invenção, o lupeol pode ser substituído em parte ou completamente, respeitando a faixa de concentração entre 5 a 90%, por seus derivados como n-alquilato de lupeolila, caprilato de lupeolila, caproato de lupeolila, palmitato de lupeolila, miristato de lupeolila, estereato de lupeolila, tricloroacetato de lupeolila, benzoato de lupeolila, 3,4-dimetoxibenzoato de lupeolila, 3,4,5-trimetoxibenzoato de lupeolila, 3,5-dinitrobenzoato de lupeolila, 2-bromoacetato de 3β-lup-l 3(18)-enila, 2- nitro-acetato de 3b-!up-13(18)ene.
[036] A patente US 8,618,082 B2 de 31 de dezembro de 2013 relata a atividade antitumoral do lupeol associados a formulações farmacêuticas e nutracêuticas. Nesta patente, os autores aplicam a invenção a inibição, recorrência de tumores de pele, próstata oü pancreáticos com foco ainda na quimioprevenção dos tipos de câncer citados. Entretanto, nenhuma citação foi encontrada nesta patente em relação ao uso do lupeol para tratamento de doenças oculares, especificamente para patologias com envolvimento angiogênico. Ainda sobre a referida patente, não foi encontrada qualquer menção ao uso do Lupeol associado a implantes poliméricos de PLGA, ainda que seja para o tratamento dos tipos de câncer aclamados. Não foi encontrada qualquer referencia do uso do implante de PLGA contendo lupeol para o tratamento de patologias oculares.
[037] A patente US 8,747,815 B2 de 10 de junho de 2014 relata o uso do Lupeol na melhoria do processo de cicatrização e reestruturação da pele ou membranas de mucosas danificadas. Além disso, os autores clamam o uso do Lupeol para melhoria da flacidez da pele e membranas de mucosas. Não foi encontrada qualquer menção ao uso do Lupeol associado a implantes poliméricos de PLGA, ainda que seja para o tratamento'dos tipos de câncer aclamados. Não foi encontrada qualquer referência do uso do implante de PLGA contendo Lupeol para o tratamento de patologias oculares.
[038] Diferentemente dos documentos supracitados, a matéria tratada apresenta um novo produto baseado em um polímero biodegradável que permite a liberação controlada de um fármaco ativo, o Lupeol, contra o crescimento de novos vasos sanguíneos, que atua como uma alternativa as terapias convencionais de tratamento de doenças oculares baseadas em angiogênese já mencionadas. A matéria tratada pode ser mais bem compreendida a partir dos seguintes exemplos, não limitantes:
EXEMPLO 1 - PREPARAÇÃO DE IMPLANTES DE PLGA CONTENDO LUPEOL
[039] Inicialmente o lupeol foi extraído e purificado da planta Maytenus Salicifolia. Os resultados revelaram elevada pureza do produto obtido e a estrutura molecular do lupeol foi confirmada através das técnicas de Espectroscopia de Ressonância Nuclear Magnética e Espectroscopia na região do infravermelho e está apresentado na Figura 1.
[040] Na sequência, implantes intraoculares de PLGA foram confeccionados com Lupeol. Os sistemas foram preparados, inicialmente, pela incorporação do lupeol ao polímero até se obter uma solução com proporção adequada entre o lupeol e PLGA. Esta solução foi submetida ao congelamento. Despois, o material foi lioíilizado até que se obteve uma massa homogênea contendo o Lupeol, que foi moldada a quente na temperatura entre 55°C e 60°C na forma de implantes com aproximadamente 0,45 mm de diâmetro e 6 mm de comprimento, cilíndricos, compactos e homogêneos. Como objetivo de padronizar a espessura dos implantes foi utilizado um Trocater Transescleral (Accurus® 25 - Gauge System, Alcon, Inc, EUA).
EXEMPLO 2 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MORFOLÓGICA DOS IMPLANTES DE PLGA CONTENDO LUPEOL
[041] A Figura 2 apresenta a Imagem de microscopia de varredura de implantes de PLGA contendo lupeol. A caracterização físico-química dos implantes foi realizada utilizando.calorimetria exploratória diferencial e espectroscopia no infravermelho. O comportamento térmico do polímero associado ao Lupeol foi avaliado utilizando calorímetro, de acordo com a norma ASTM D3418 que regulamenta os procedimentos de análise por DSC. Foram pesados cerca de 4 mg das amostras do Lupeol, do PLGA e da mistura física e liofilizada do polímero contendo lupeol, os quais foram selados em um cadinho de alumínio semihermético. As amostras foram submetidas ao aquecimento de 25 a 400 °C, com a razão de aquecimento de 10°C/min e atmosfera inerte de nitrogênio. O resultado obtido para a curva DSC referente ao PLGA branco está apresentado na Figura 3 e apresenta duas reações endotérmicas. A primeira ocorreu na temperatura de 56,57°C, o que é característico da transição vítrea do polímero. A segunda reação endotérmica iniciou-se com a temperatura de 290°C e prosseguiu com múltiplos picos até a temperatura de 330°C, ocorrendo a degradação térmica do polímero acima desses valores.
[042] A Figura 4 apresenta a curva DSC obtida para o Lupeol. Quando submetido à técnica do DSC, apresentou duas reações endotérmicas. A primeira curva obteve um pico máximo em 187,1 °C. Na segunda curva, o pico foi obtido na temperatura de 212,38°C, o que provavelmente levou a degradação do fármaco.
[043] A Figura 5 apresenta a curva DSC obtida para a mistura física do lupeol e PLGA.A mistura física do PLGA com o Lupeol, quando submetida ao DSC, obteve uma única curva referente a uma variação endotérmica com um pico a 180°C e que se refere à degradação do fármaco.
[044] Na curva de DSC para a mistura liofilizada de Lupeol e PLGA é possível observar, a partir da Figura 6, uma pequena variação cndotérmica a 57,81 °C referente à transição vítrea do polímero. Houve um segundo pico que ocorreu a 183,65°C e que está relacionada à termodegradação do fármaco e do polímero.
[045] O espectro na região do infravermelho da mistura física do PLGA e lupeol está apresentado na Figura 7 e mostra bandas características tanto observadas no PLGA quanto-no lupeol, quando analisados isoladamente. A banda que ocorre em 3280 cm'1 pode estar relacionada ao grupo álcool (O-H), que está presente na molécula de Lupeol. Por outro lado, a banda presente em 1950 cm'1 está relacionada com o grupo carbonila (C=O) que compõe a estrutura química do PLGA. Dessa forma, observa-se que não houve diferença na posição dos grupos funcionais na mistura física entre o PLGA e o lupeol. Esses dados ratificam que a mistura física entre o fármaco e o polímero não induz interação física e/ou química.
[046] Na Figura 8 está apresentado o espectro da mistura liofilizada do PLGA e do lupeol e os resultados mostram semelhança quando comparado com espectro da mistura física sem liofílização. Dessa forma, pode-se afirmar que não houve deslocamento das bandas dos grupos funcionais das moléculas. As bandas centradas em 3279 e 2946 cm’1 são referentes aos grupos álcool (O-FI) e metila (C-H), respectivamente, e estão mais discretas quando comparadas ao espectro do lupeol e da mistura física.-A banda centrada em 1087 cm'1 presente na mistura liofilizada está mais larga e mais intensa quando comparada com os espectros do lupeol, PLGA e mistura física do PLGA e lupeol. Este fato ocorreu porque houve sobreposição de bandas referentes a um estiramento assimétrico de C=C presente no lupeol com grupos metila (C-H) presentes no PLGA.
[047] A partir dos dados obtidos conclui-se que o processo de liofílização para obter a mistura liofilizada do PLGA e lupeol preservou as estruturas químicas tanto do polímero quanto do fármaco.
EXEMPLO 3 - AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA ANTIANGIOGÊNICA IN VIVODOS IMPLANTES DE PLGA CONTENDO LUPEOL
[048] A avaliação da atividade antiangiogênica da presente invenção foi conduzida em modelo in vivo de membrana corioalantoica (MCA) de ovo de galinha (Gallus gallus domesticus) e estão apresentados na Figura 9 e expressam a redução ou o aumento da área total dos vasos presentes na MCA, convertidas em pixel para cada um dos grupos tratados de forma particular. Os resultados demonstraram que houve diferença estatisticamente significativa quando comparado o grupo do controle negativo em relação aos grupos lupeol nas concentrações de 100 e 250 μg/mL, Avastin™ 250 μg/mL e ao grupo do implante de PLGA associado ao Lupeol. Todos os grupos, quando comparados ao grupo de água ultrapura contendo álcool a 10%, apresentaram diferença estatisticamente significativa.
[049] Os resultados da avaliação da atividade antiangiogênica do lupeol em MCA associado ou não a implante de PLGA também foram expressos em percentual (Figura 10). O grupo contendo água ultrapura suplementada com 10% de álcool etílico apresentou um aumento de 42,67% na área total dos vasos quando comparado ao grupo controle negativo. No entanto, para todos os demais grupos foi observada uma redução dos vasos quando comparados ao controle negativo. Para os grupos que continham Lupeol nas concentrações de 100 e 250 μg/mL, as reduções foram de 36,75% e 44,84%, respectivamente. O grupo referente ao controle positivo (Avastin™) registrou uma redução de 26,43%. O grupo do implante polimérico que continha o Lupeol alcançou uma redução de 30,77%. Por fim, no grupo contendo somente o implante de PLGA houve uma pequena diminuição de 8,89% no percentual de vasos na MCA, porém não significativa estatisticamente e, portanto, relevante para o resultado final.
[050] Desse modo, os resultados obtidos a partir da análise da Figurai2 demonstram o bom potencial que implantes de PLGA contendo Lupeol podem ter como indutor antiangiogênico quando estudados em modelo de MCA

Claims (5)

1) Implantes intravítreos de ácido polilático-co-glicólico (PLGA) para tratamento de doenças oculares com base angiogênica caracterizados por conter lupeol ou derivados deste.
2) Implantes intravítreos de ácido polilático-co-glicólico (PLGA) para tratamento de doenças oculares com base angiogênica, de acordo com a reivindicação 1, caracterizados pela concentração de lupeol ser entre 5 e 90% (p/p).
3) Implantes intravítreos de ácido polilático-co-glicólico (PLGA) para tratamento de doenças oculares com base angiogênica, de acordo com a reivindicação 1, caracterizados por serem moldados a uma temperatura entre 55oC e 60oC.
4) Implantes intravítreos de ácido polilático-co-glicólico (PLGA) para tratamento de doenças oculares com base angiogênica, de acordo com a reivindicação 1, caracterizados por serem cilíndricos, compactos e homogêneos c apresentarem de Ó,I a 5,0 mm de diâmetro e 0,1 a 23 mm de comprimento, preferencialmente com dimensões de 0,45 mm de diâmetro e 6 mm de comprimento.
5) Implantes intravítreos de ácido polilático-co-glicólico (PLGA) para tratamento de doenças oculares com base angiogênica, de acordo com a reivindicação 1, caracterizados pelos derivados de lupeol serem selecionados do grupo compreendendo n-alquilato de lupeolila, caprilato de lupeolila, caproato de lupeolila, palmitato de lupeolila, miristato de lupeolila, estereato de lupeolila, tricloroacetato de lupeolila, benzoato de lupeolila, 3,4-dimetoxibenzoato de lupeolila, 3,4,5-trimetoxibenzoato de lupeolila, 3,5-dinitrobenzoato de lupeolila, 2-bromoacetato de 3β-lup-l3(18)-enila, 2-nitro-acetato de 3b-lup-l3(18)ene.
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