BR102013011129A2 - Composição antisséptica para o tratamento da mastite bovina - Google Patents

Abstract

COMPOSIÇÃO ANTISSÉPTICA PARA O TRATAMENTO DA MASTITE BOVINA. É descrita uma composição antisséptica para o tratamento da mastite bovina que compreende o extrato aquoso de Hedychium coronarium, popularmente conhecida como "lírio-do-brejo", que apresenta ação biológica contra micro-organismos encontrados na pele de tetos de vacas produtoras de leite, tal como Staphylococcus aureus e Escherichia coli, se constituindo em uma alternativa aos produtos químicos convecionalmente utilizados, permitindo o consumo do leite produzido pelos animais sem riscos a saúde humana.

Description

COMPOSIÇÃO ANTISSÉPTICA PARA O TRATAMENTO DA

MASTITE BOVINA

CAMPO DA INVENÇÃO A presente invenção descreve uma composição antisséptica para o tratamento da mastite bovina. Mais especificamente compreende uma composição à base de extrato aquoso de Hedvchium coronarium, conhecida popularmente como “lírio-do-brejo”.

ANTECEDENTES DA INVENÇÃO A mastite bovina, enfermidade de alta prevalência nos rebanhos leiteiros, produz inflamação na glândula mamária, ocorrendo principalmente pela infecção ascendente de microrganismos da pele do teto via canal mamário. A doença pode provocar diminuição da produção, morte ou descarte precoce de animais e queda na qualidade do produto final. Além das perdas, a infecção pode representar risco à saúde humana devido à eliminação de microrganismos e toxinas no leite consumido. O uso de antissépticos para o controle da transmissão de agentes mastitogênicos é uma prática comum. A aplicação de agentes desinfetantes pode ser anterior ou após a ordenha, compreendendo composições à base de iodo, cloro, clorexidina, ácido sulfônico, peróxidos, lauricidina ou ácido cloroso, associados a bases e emolientes, como a glicerina, lanolina, propilenoglicol, sorbitol, óleos vegetais, minerais e colágeno, com objetivo de minimizar a irritação e condicionar a pele dos tetos (Santos M.V. & Fonseca L.F.L. 2006. Estratégias para Controle de Mastite e Melhoria da Qualidade do Leite. Editora Manole, Barueri. 314p.). O cloro utilizado como agente desinfetante de uso comum, apresenta baixo custo. Entretanto, tem como desvantagem a sua pouca estabilidade, além da não observação dos produtores dos critérios de uso, sem análise do efeito residual ou da sua eficiência, o que pode interferir na qualidade do processo de desinfecção das teteiras, fator este muito importante na prevenção da mastite. O cloro utilizado na desinfecção das teteiras não é eficiente na redução dos microrganismos presentes em virtude da adesão das bactérias à superfície interna das tetas, que dificulta a ação do desinfetante (Amaral L.A, Romano A.P.M., Nader Filho A. & Rossi Jr O.D. 2004. Avaliação da eficiência da desinfecção de teteiras e dos tetos no processo de ordenha mecânica de vacas. Pesq. Vet. Bras. 24(4):173-177). O uso de plantas no tratamento e prevenção de doenças veterinárias representa uma importante alternativa, permitindo o consumo do leite produzido pelos animais sem riscos a saúde humana.

Dessa forma, é objeto da presente invenção uma composição antisséptica para o tratamento da mastite bovina à base de extrato aquoso de Hedychium coronarium, uma planta originária da Ásia Tropical e aclimatada nas Américas, principalmente no Brasil (IO CORREA, M. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1969. v.4, p.674-5) e (LORENZI, H.; SOUZA, H.M. Plantas ornamentais no Brasil. 3.ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2001. 1118p.). Na medicina popular brasileira, o extrato de Hedychium coronarium é usado no tratamento de dores, ferimentos, infecções em geral, inflamações na garganta e reumatismo (IO CORREA, M. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1969. v.4, p.674-5) e (FACUNDO, V.A.; MOREIRA, L.S. Estudo fitoquímico e farmacológico dos constituintes fixos e voláteis de Hedychium coronarium J. Koen. (Zingiberaceae). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 45., 2005, Belém. Anais. Belém, Associação Brasileira de Química, 2005).

SUMÁRIO É característica da invenção uma composição antisséptica para o controle da mastite bovina que utiliza um extrato vegetal de uma planta perene. E característica da invenção uma composição antisséptica para o controle da mastite bovina que se constitui em uma alternativa aos produtos químicos convencional mente utilizados, permitindo o consumo do leite produzido pelos animais sem riscos a saúde humana.

DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO A composição antisséptica para o controle da mastite bovina, objeto da presente invenção, compreende uma composição de uso tópico na forma líquida ou gel à base de Hedychium coronarium que apresenta ação biológica contra microrganismos encontrados na pele de tetos de vacas produtoras de leite, tal como Staphylococcus aureus e Escherichia coli.

A composição antisséptica compreende o extrato aquoso de Hedychium coronarium na concentração de 25%, apresentando ação biológica antibacteriana na pele de bovinos de raças leiteiras, contribuindo na redução de novas infecções na glândula mamária. TESTES O produto da cocção (decocto) da planta Hedychium coronarium passou por testes in vitro para determinação de concentração de inibitória minima com atividade antimicrobiana frente aos indicadores Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia co/i (ATCC 11229). A dose inibitória que apresentou melhor ação nos testes foi a de 25 gramas do rizoma da planta Hedychium coronarium para cada 100 ml de água destilada, durante 15 minutos em fogo brando, com posterior recomposição de volume inicial, com água destilada estéril. O extrato foi submetido a controle microbiológico através de cultivo em meio nutritivo líquido.

Nos testes in vivo foram utilizados cinco bovinos das raças Holandesa e Jersey e suas cruzas, em período de lactação, num total de 10 coletas em cada animal, em intervalos de 7 dias. Para observação da ação do extrato da planta, foram convencionados três tratamentos, que foram aplicados de forma igual nos animais, onde o tratamento T1 compreendeu a aplicação do decocto da planta no teto anterior direito, o tratamento T2 compreende a aplicação de gluconato de clorexidina 1% no teto anterior esquerdo e no tratamento T3 foi utilizada água destilada estéril no teto posterior esquerdo (controle negativo).

Nas coletas foram utilizados swabs estéreis sob a superfície da pele dos tetos, sendo o local demarcado com auxílio de folha de alumínio estéril, fenestrada no centro, com um campo de 1x1 cm. Foram realizadas duas coletas na pele dos tetos dos animais em teste, a primeira coleta ocorreu logo após a ordenha e a segunda 30 minutos após a aplicação dos produtos.

Os swabs foram introduzidos em tubos contendo meio de transporte Stuart e acondicionados em caixa isotérmica. Posteriormente, todas as placas semeadas contendo o meio nutritivo foram incubadas em estufa bacteriológica com temperatura controlada de 36 graus por 24 horas. Após esse período foram contadas as unidades formadoras de colônias.

Conforme a metodologia aplicada nos testes foi possível observar que o extrato da planta apresentou atividade antibacteriana igual ao produto industrializado, de reconhecido poder saneante (tratamento T2), o qual foi comprovado através de análise de estatística, onde os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas entre si pelo teste de Duncan em nível de 5% de probabilidade do erro. Para as análises foi utilizado o pacote estatístico SAS, versão 6.08 (SAS, 1997).

Claims (3)

1. COMPOSIÇÃO ANTISSÉPTICA PARA O TRATAMENTO DA MASTITE BOVINA caracterizado por compreender o extrato aquoso de Hedychium coronarium na concentração de 25%.

2. COMPOSIÇÃO ANTISSÉPTICA PARA O TRATAMENTO DA MASTITE BOVINA, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de ser aplicada na forma tópica.

3. COMPOSIÇÃO ANTISSÉPTICA PARA O TRATAMENTO DA MASTITE BOVINA, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de ser apresentada a forma líquida ou gel.